quinta-feira, 26 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Cada coisa a seu tempo...

COM MÚSICA


No fim-de-semana passado houve a festa anual da escolinha do mê filhote…pré-primária e primeiro ciclo no Sábado, Sarau dos mais crescidos na Sexta à noite.
Da mesma forma que não acho graça a bebés (sim, sou um monstro…), confesso que nunca achei grande piada a este tipo de espectáculos, que acabo por suportar mais do que apreciar. Maternidade a quanto obrigas… lol

O Pedro ainda só estando no 4º ano, não tinha nenhuma “obrigação” de presença nesse dia, decidi no entanto também ir na Sexta-feira, pois o meu sobrinho querido do meu coração, já “mais grande”, ia tocar.
Preparei-me portanto para uma seca com putos com uns centímetros a mais do que os outros.

Pois que fui agradavelmente surpreendida e adorei! ;)
Foi, na realidade, um espectáculo de “variedades” bastante bem apresentado, em que os miúdos tocaram, cantaram, dançaram, tudo isto com um guarda-roupa e umas coreografias giros e música à maneira.
Não foi comparável àquelas apresentações fantásticas que estamos habituados a ver nas séries e filmes americanos, mas também não envergonhou ninguém.

Mas o que mais me empolgou, para dizer a verdade, foi o ambiente que por ali reinava. Não sei se terei olhado mais para o palco ou, feita mirone, para aquela fauna que me rodeava.
De repente senti-me transportada para o passado, como que numa maquina do tempo. Tal como o Pierre de “Les choses de la vie”  revivi mentalmente a minha própria adolescência, voltando-me à memória pessoas e situações, há muito abandonadas no sótão das recordações.

Aquela ilusão de que já sabemos/percebemos tudo, a rebeldia e irreverência naturais da idade, os primeiros passos a caminho da independência. A quase absoluta falta de responsabilidades, de reais preocupações, de encargos. As festas “de garagem”, os primeiros copos, as primeiras bebedeiras. Os grupos, a “melhor amiga”, os flirts, as paixões. O despontar da sexualidade, o primeiro beijo, a curiosidade, a intensidade, a experimentação, a consumação. A firmeza das carnes, a lisura da pele, a inesgotável energia. Aquela fantástica sensação de estarmos ainda a começar o resto da nossa vida…
Tudo isto voltei a sentir na pele naquela noite.
E tive saudades, muitas saudades…

Mas depois, alguma coisa me chamou de volta à terra e senti também o reverso da medalha.
Os ups and downs de emoções, com picos fantásticos mas também terríveis buracos negros. A sensação de que tudo é a preto e branco, as pessoas ou são boas ou más, as situações maravilhosas ou absolutamente terríveis, os sentimentos extremos, em que tão depressa adoramos como odiamos. Os medos, as inseguranças, as depressões. A noção de que não temos a vida nas mãos, de que muitas das decisões que nos dizem respeito não são tomadas por nós. Aquele mal estar de nos sentirmos desadaptados, de já não sermos crianças mas também ainda não sermos adultos, sem que saibamos bem onde nos enquadramos.

Tive então a nítida noção de que, se pudesse, não voltaria atrás.
Como dizia o José Mário Branco, “eu vim de longe, de muito longe, o que eu andei para aqui chegar…” ;)
Sim, tenho cabelos brancos, rugas e as peles flácidas e volta não volta começo a parecer-me com o Condor… com dor aqui, com dor ali… A idade não perdoa. lol
Sim, já tenho muito provavelmente menos tempo de vida pela frente do que pelas costas e, fisicamente, a sua qualidade só tenderá a decair.
Mas céus, como me sinto melhor do que naquela altura!!!

Não consigo sequer imaginar-me a passar outra vez por tudo aquilo por que tive de passar para conseguir chegar onde estou. Não é de todo fácil, ou pelo menos para mim não foi, atingir a paz de espírito que sinto hoje em dia. Bati muito com a cabeça nas paredes, cai e levantei-me várias vezes, sofri, fiz sofrer, e foi tudo isto, sentido na pele, que me permitiu aprender.
Repetir?! Não, obrigada.
Já dei para as montanhas russas, agora quero é sossego… lol









sexta-feira, 6 de abril de 2012

Minha vida, minha responsabilidade

COM MÚSICA


A esmagadora maioria das coisas que nos “acontecem” na vida são consequência, directa ou indirecta, dos nossos actos.
A todo o momento somos confrontados com pequenas ou grandes decisões que irão determinar o nosso caminho. Tudo aquilo que fazemos ou dizemos ou, pelo contrário, optamos por não fazer ou dizer, irá de alguma forma alterar o nosso futuro.

Embora, dito assim, isto possa parecer uma verdade de La Palice, a realidade é que muitos não se dão realmente conta de até que ponto a sua vida está efectivamente nas suas mãos.

Muitas destas causas/consequências são difíceis de analisar, há no entanto quem nem sequer se dê ao trabalho de o tentar fazer.
As pessoas não gostam geralmente de falar em “culpas”, a realidade é que muitas das coisas que nos acontecem são “culpa” nossa, sim, de uma forma ou de outra.
Alguns conseguem ver isso claramente, outros sacodem a água do capote e culpam o Cavaco, o Socrates, o vizinho, o tempo, a sorte… ;)

Era bom que conseguíssemos constantemente ter a atitude correcta, fazer a escolha certa, dizer a coisa adequada… infelizmente e por variadíssimas razões nem sempre assim é. Afinal de contas “errar é humano”.
Podemos ter mil e uma desculpas, justificações, atenuantes, para a merda que fazemos, mas uma coisa é quase certa, se não a encararmos como tal, é meio caminho andado para a repetirmos.

Identificar e assumir a responsabilidade pelos nossos actos parece-me portanto uma postura fundamental para que possamos evoluir e evitar futuros erros.
Apesar de também o considerar importante, não estou a falar de assumir perante os outros mas, sobretudo e antes do mais, para nós próprios.

O meu filho comeu lindamente até ao ano de idade, altura em que tudo mudou drasticamente e cheguei a pô-lo na cama há noite com um Danoninho no bucho, sem que tivesse comido mais nada o dia inteiro.
Stressei pra caraças transformando assim a hora das refeições num verdadeiro inferno, tanto para mim como para ele.
Quando me dei conta do meu erro, o mal já estava feito e só agora, com a sua entrada na pré-adolescência, a situação está a melhorar.
Podia simplesmente concluir que era um pisco e encolher os ombros.
No entanto, embora não tenha sem dúvida provas disso, estou profundamente convencida de que foi a minha atitude que gerou este mini-drama.
Assim, se tivesse tido outro filho, teria certamente reagido de uma forma totalmente diferente, para tentar evitar este tormento que durou quase dez anos.

Todos conhecemos certamente casos de pessoas que, no tempo das vacas mais rechonchudas, tinham uma rica vida e estão neste momento a fazer mais furos no cinto. Algumas delas, no entanto, viviam nitidamente acima das suas possibilidades, acumulando créditos ou dívidas. Agora culpam a crise. Ou pais que se descartam completamente da educação dos filhos e depois culpam a escola. Gente que se envolve sucessivamente com as pessoas “erradas” e depois culpa o outro da relação não ter dado certo. Malta que anda sem cinto de segurança ou capacete e depois culpa a mancha de óleo na estrada. Etc, etc, etc…

Não temos sem dúvida total controlo sobre as nossas vidas, não conseguimos prever tudo, não podemos garantir de antemão que estamos no caminho certo.
Podemos no entanto analisar os nossos erros e tentar não os repetir.
Só o conseguiremos no entanto fazer se os assumirmos como tal e aceitarmos carregar nos ombros a responsabilidade das suas consequências.