Durante a juventude, o tempo não é assunto em que muito
pensemos. A partir do momento em que nos damos conta que provavelmente já
teremos mais pelas costas do que pela frente, não só ganha bastante importância
como passamos a considera-lo de forma totalmente diferente.
Ao tomarmos realmente consciência da nossa própria
mortalidade, apercebemo-nos que o tempo que achamos que potencialmente ainda temos
é “na melhor das hipóteses”. Passa assim de repente a fazer muito mais sentido o
“vive cada dia como se fosse o último” do que quando ainda nos sentíamos
imortais.
Quando a malta mais velha diz que já não tem “paciência”
para isto ou para aquilo, julgo que o que quer geralmente dizer é que já não
está disposta a gastar o seu precioso tempo com isso. Quando um bem se torna
escasso tendemos a poupa-lo.
Quando somos novos vamos a todas, queremos fazer tudo, experimentar,
testar… ao longo dos anos vamo-nos tornando mais selectivos.
Julgo que qualquer um de nós, a determinada altura, pensou “e
se o tempo pudesse voltar para trás, se eu pudesse regressar à minha juventude…”,
o que faríamos diferente?
Se soubesse o que sei hoje, teria garantidamente dado outro
rumo à minha vida. Teria feito coisas que já não me sinto com ânimo ou sequer
vontade de fazer. Teria tomado decisões muito diferentes de algumas que tomei, dado
muito mais atenção a determinados aspectos e questões.
Then again, foi exactamente
por não o saber que tive a experiência de vida que tive, que me conduziu ao que
sou hoje. Somos o resultado das nossas vivências, dos nossos erros, dos nossos
sucessos.
Contrariamente ao dinheiro por exemplo, o nosso tempo é
finito, nunca cresce só encolhe, conforme vai passando vai restando sempre cada
vez menos. É portanto fundamental que saibamos geri-lo, organiza-lo, destina-lo,
da melhor forma possível, para que não seja esbanjado.
Também não é elástico, embora às vezes possa não parecer uma
hora tem sempre sessenta minutos e um dia vinte e quatro horas … quando afirmamos
não ter tempo para alguma coisa é simplesmente porque o utilizámos noutra. É
tudo uma questão de escolhas e prioridades, embora nem sempre tenhamos noção
disso.
Da mesma maneira que o que decidimos fazer com o nosso tempo
é importante, também a forma como nos sentimos ao fazê-lo o é. Se fizermos
alguma coisa supostamente agradável com um estado de espírito negativo,
dificilmente a poderemos apreciar em pleno.
Torna-se assim igualmente importante aprender a gerir os
sentimentos, no sentido de cultivar e desenvolver os que são positivos, nos fazem
sentir bem e afastar os que de alguma forma nos incomodam ou atormentam, para
que o tempo de que dispomos seja vivido com qualidade e prazer.
Aos poucos vamos ganhando a noção de que, por muito que as quiséssemos
imediatamente resolvidas, há coisas relativamente ás quais é mesmo preciso “dar
tempo ao tempo”.
A vida não é um pacote “instantâneo” ao qual basta juntar
água, nem uma planta cresce num dia, nem uma ferida se cura.
Por outro lado, há coisas que se desenvolvem e outras que
atrofiam, golpes que deixam marcas e outros que desaparecem. O turbilhão de
emoções que as vivências às vezes provocam, não nos permite aperceber no
presente do verdadeiro impacto que terão na nossa vida, que só com o recuo conseguimos
realmente avaliar.
Quantas vezes esquecemos coisas que pareciam na altura de
uma importância vital ou pelo contrário continuamos, muitos anos volvidos, a
sentir dor ao pensar noutras.
Uma coisa é certa, o tempo não pára nem volta para trás, mal
ou bem o que está feito está feito. Quanto ao que não está, quem sabe se ainda
haverá tempo de o fazer, mais vale portanto “não deixar para amanhã o que podemos
fazer hoje”… ;)
COM MÚSICA