Gentes, sentem-se e apertem os cintos que este post vai ser longo...
No outro dia diziam-me "a cabeça das pessoas anda toda f..."
Pudera!!! Já pensaram com o que as pessoas têm de lidar hoje em dia?
Nos últimos, digamos trinta anos, as coisas mudaram a uma velocidade alucinante... é sobre isso que vou falar hoje.
A ideia não é "dizer mal"... como se costuma dizer "não há bela sem senão" e se calhar este estado das coisas é transitório e quando as gerações se habituarem a ele volta a haver harmonia.
Mas que os entretantos são complicados...
Senão vejamos:
Vivemos hoje na era da informação e da comunicação, temos dezenas de canais de televisão, internet, telemóveis...
A abundante informação a que temos acesso é no entanto frequentemente falsa, manipulada através de meios tecnologicamente avançados e dificilmente detectável. Dantes o que ouvíamos no telejornal, o que líamos nos jornais, era geralmente verdade, hoje em dia é difícil "separar o trigo do joio" e saber de facto com o que estamos a lidar.
Os computadores já conseguem atingir uma imitação tal da realidade que qualquer dia é difícil de distinguir.
As imagens entram-nos pela vida a dentro, constantemente nos deparamos com cenas violentas, com a miséria humana, com a desgraça. Já não há qualquer tipo de "pudor social", se existe é para se ver e aparece nos telejornais, nos outdoors, nas revistas, na internet, nos mails, sem pedir licença. Dantes ouvíamos falar das coisas, agora temos uma visualização das mesmas quer queiramos quer não.
Graças à internet toda a gente (que tenha tido aulas comigo, claro... LOLOLOLOLOL) tem acesso a todo o tipo de informação. Até a bomba atómica é explicada online... Se este exemplo não é propriamente muito preocupante outros há que já o serão mais...
Podemos comunicar com pessoas que não conhecemos de lado nenhum, tornar as nossas ideias públicas, mas se não tivermos cuidado acabamos completamente devassados sem saber ler nem escrever...
Fazemos um videozinho porno caseiro ou tiramos umas fotos porcas com o telemóvel (eu não faço nada disso, é só um exemplo... LOLOLOLOLOLOLOLOL) e acabamos por eventualmente aparecer online... dantes eventualmente o amiguinho dava umas risadas e a coisa ficava-se pelo bairro...
As coisas entram-nos pela vida a dentro sem pedir autorização... dantes, para estarmos informados sobre determinado assunto tínhamos de ir à procura da informação, ou pelo menos de estar atentos aos meios de comunicação. Hoje em dia, não só nos referidos meios de comunicação mas também através dos mails que recebemos, somos informados sobre o que queremos e sobre o que não queremos... que os cães e gatos na china são transportados para abate em condições insustentáveis, que as mulheres em certos países sofrem mutilações terríveis, e sei lá mais oquê... coisas relativamente ás quais pouco ou nada podemos fazer e se calhar éramos mais felizes se não tivéssemos de visualizar.
As figuras públicas não podem dar um peido sem que haja vinte mil sites a cagar sentença sobre o assunto. Públicas, públicas, mas há limites...
Por outro lado certos valores imemoriais foram completamente alterados. Um exemplo flagrante disso é que em termos tecnológicos os mais velhos já não ensinem nada aos mais novos, antes pelo contrário. Isto confunde-se facilmente com os mais velhos já não terem NADA para ensinar aos mais novos, o que é obviamente uma coisa completamente falsa.
Os mais velhos sentem-se no entanto inseguros, têm de lidar com uma realidade que disparou para uma velocidade alucinante e sentem-se a perder o barco. Não conseguem acompanhar o ritmo e muitos estão completamente perdidos já não sendo capazes de efectuar as tarefas que dantes lhes eram corriqueiras.
As pessoas, não só em termos de trabalho como de hobbies, de interesses, etc... estão cada vez mais especializadas, a tendência parece-me mais no sentido de se saber muito de uma coisa do que pouco de muitas. Isto isola as pessoas, limita o universo em que se conseguem mover confortavelmente.
O facto de se poder fazer tanta coisa online também vai afastar as pessoas do convívio umas com as outras. Mandam-se mails, fazem-se compras, faz-se pesquisa, até se joga online (Oh my God, é o fim do nosso Casino... LOLOLOLOLOLOLOL) qualquer dia as pessoas não precisam de falar umas com as outras... logo tornam-se cada vez mais individualistas.
Mas por outro lado cada vez menos têm direito a momentos a sós consigo próprias... começou com o telemóvel e já vai na Internet Móvel, estamos contactáveis de várias formas em qualquer lado. Qualquer dia nem na praia temos desculpa para não enviar "aquele relatório de excel"...
Tudo parece tecnologicamente possível hoje em dia, já muito pouco nos surpreende.
Por outro lado, coisas que tínhamos como certas no passado são postas em questão por estas avançadas tecnologias.
Vive-se num clima de total insegurança... Terrorismo, pedofilia, violência, tudo pode estar ao virar da esquina. Continua a haver locais mais perigosos do que outros mas em todo o lado se sente a ansiedade. A pequena Maddie desapareceu de Portugal, já não é só nos Estados Unidos que há assassinatos nas escolas ou atentados terroristas.
Por outro lado passamos a vida a ser assediados por causa das Vacas Loucas, da Gripe das Aves, sei lá mais oquê. Já ninguém sabe bem o que é realmente seguro comer, ou fazer...
Até no que diz respeito à saúde as coisas estão diferentes... dantes tínhamos o nosso médico, que íamos consultar quando qualquer coisa não estava bem. Ele anunciava-nos o seu diagnóstico e receitava-nos um tratamento que nós seguíamos.
Hoje em dia já conhecemos montes de sintomas de tudo e mais alguma coisa, quando vamos ao médico já vamos cheios de certezas ou de dúvidas relativamente a casos terríveis de que ouvimos falar ("será urina de rato?"LOLOLOLOL). Depois de ele nos dar o seu veredicto vamos investigar à Net e decidir se ele nos diagnosticou como deve de ser. Se não gostamos do diagnóstico teremos de procurar outro médico. No que diz respeito ao tratamento também teremos de ir verificar se é de facto o adequado, afinal de contas hoje em dia somos todos "quase médicos"... O problema é quando deparamos com informações contraditórias, aparentemente todas elas de fontes fiáveis e credíveis, aí é que a porca torce o rabo.
Dantes havia menos tratamentos para as doenças, mas será que havia tantas?
Garantidamente não se espalhavam pelo mundo como agora, com o intercâmbio rápido de gente que há com a facilidade em viajar de hoje em dia.
E a quantidade de crianças que pela lei da selecção natural não estariam cá?! O sofrimento a que todos estamos sujeitos...
Por outro lado dá-se um regresso ao naturalismo. Algumas pessoas estão por exemplo a deixar de vacinar as crianças. Mas como disse alguém num comentário ao assunto, "a percentagem da população vacinada também funciona como um factor que dificulta a propagação da doença", ora ao não vacinarem as criancinhas estão a fazer um retrocesso na erradicação da doença.
Por outro lado dão-se antibióticos por tudo e por nada, qualquer dia quando for realmente necessário não fazem efeito.
Não fomos nós pessoalmente que fodemos (pardon my french) o planeta... mas sentimo-nos como se tivéssemos sido. Não dá para voltar para trás de um momento para o outro nos disparates ecológicos que temos cometido ao longo da história da humanidade, não estamos mentalmente preparados para isso. Fazem-nos sentir culpados por consumir recursos como se tivéssemos sido nós a fazer o buraco na camada de ozono. Há cada vez mais gente extremista... Há quem se choque porque "os leds dos telemóveis gastam muita água"... Quem se angustie porque não percebeu bem se os pacotes de leite deveriam ir para o papel ou para as embalagens visto que têm metal por dentro.
Há cada vez mais uma noção de globalização que, se por um lado é verdadeira, por outro ainda não é... o facto é que não temos todos os mesmos problemas ou simplesmente as mesmas realidades. Logo não conseguimos sentir-nos iguais ao resto do mundo. Mas hoje em dia, para além dos problemas pessoais e locais, sentimo-nos com o peso dos problemas mundiais nos ombros... é muita coisa para carregar.
Disto veio também o politicamente correcto, não se pode mencionar o facto que "todos diferentes, todos iguais" é uma ganda treta, e que há diferenças grandes sim, entre homens e mulheres, entre pretos e brancos, entre povos, entre pessoas... o medo de ofender chamando as coisas pelos nomes, admitindo que elas existem e resolvendo o que houver a resolver. Acham que por não falar nas coisas elas deixam de existir.
Apagam-se as Torres Gemeas do filme do Homem Aranha e o 11 de Setembro nunca aconteceu...
Isto leva à censura e á castração das liberdades individuais que tanto defende.
Altera a vivência das coisas.
Uma educadora de infância contou-nos há uns tempos que em Inglaterra elas não podem tocar nas crianças, pode ser considerado assédio, se uma criança se magoar não podem po-la no colinho para lhe dar mimo porque podem ser processadas pelos pais...
Por outro lado a defesa dessas liberdades individuais leva a extremismos assustadores... as tatuagens e piercings radicais que já todos recebemos por mail, é o desespero de ser diferente, de dar nas vistas...
Está a haver paralelamente um culto obsessivo do corpo (ginástica, dietas, operações plásticas) e da mente, cada vez se fala mais em espiritualidade.
Mas cada vez é mais difícil seguir um caminho espiritual, há demasiada escolha... faz-me lembrar a primeira vez que entrei numa Fnac em Paris, fui à secção da fotografia e havia tantos livros que não consegui decidir-me por nenhum e acabei por sair de mãos a abanar...
Anyway... cada vez há mais religiões e seitas. As pessoas já não sabem em que acreditar...
As religiões ancestrais foram criadas para lidar com um estado das coisas que está hoje em dia completamente alterado. Muitas coisas em que continuam a "teimar" deixaram de fazer sentido à muito tempo... Veja-se o caso do Vaticano no que diz respeito ao uso do preservativo e aos riscos de Sida.
Por outro lado tudo é posto em questão como na história do Codigo Davinci por exemplo.
As pessoas andam tão desesperadas por acreditar, por ter fé em seja o que for, que muitas vão parar a cultos duvidosos onde o seu desespero é chulado até à medula.
Este excesso de escolha é cada vez mais comum em todos os campos da nossa vida.
A escolha profissional era dantes muito mais fácil, não havia tantas opções, os miúdos acabam ás vezes por se sentir perante uma escolha de estudos como eu me senti na Fnac perante os livros de fotografia.
Também já não há tempo para nada.
A vida corre tão depressa que tudo hoje em dia é feito para poupar tempo.
Os carros estão mais rapidos, os aviões, os computadores... Cada vez vamos portanto "metendo mais coisas" no nosso dia a dia ficando com horários cada vez mais apertados.
Depois falta tempo para coisas como a educação das crianças, por exemplo. Temos de trabalhar, de ir ao super-mercado, de tratar da casa, quando é que vamos arranjar energia para os educar? E não só para os educar mas sobretudo para perceber como...
Hoje em dia fica-se arrasado só com a energia necessária para conseguir manter os padrões de vida que os nossos filhos esperam que lhes proporcionemos. Os Gameboys, as Playstations, os telemóveis, as roupas de marca... porque sem eles se vão sentir infelizes nesta sociedade cada vez mais consumista.
E podia estar aqui a massacrar-vos durante mais umas horas... LOL
Sei que este post foi muito longo... peço desculpa pela seca a quem conseguiu chegar até aqui ; ). Propuseram-me dividi-lo em vários posts mas achei que não fazia sentido.
A ideia era apresentar o que disse como um todo, como um conjunto incompleto de alterações à realidade a que a maior parte de nós estava habituada.
Quis só demonstrar que é mais do que normal que a cabeça das pessoas ande toda f... e que tenham dificuldades em ser felizes. O mundo de hoje não ajuda... mas é possível ; )))
No outro dia diziam-me "a cabeça das pessoas anda toda f..."
Pudera!!! Já pensaram com o que as pessoas têm de lidar hoje em dia?
Nos últimos, digamos trinta anos, as coisas mudaram a uma velocidade alucinante... é sobre isso que vou falar hoje.
A ideia não é "dizer mal"... como se costuma dizer "não há bela sem senão" e se calhar este estado das coisas é transitório e quando as gerações se habituarem a ele volta a haver harmonia.
Mas que os entretantos são complicados...
Senão vejamos:
Vivemos hoje na era da informação e da comunicação, temos dezenas de canais de televisão, internet, telemóveis...
A abundante informação a que temos acesso é no entanto frequentemente falsa, manipulada através de meios tecnologicamente avançados e dificilmente detectável. Dantes o que ouvíamos no telejornal, o que líamos nos jornais, era geralmente verdade, hoje em dia é difícil "separar o trigo do joio" e saber de facto com o que estamos a lidar.
Os computadores já conseguem atingir uma imitação tal da realidade que qualquer dia é difícil de distinguir.
As imagens entram-nos pela vida a dentro, constantemente nos deparamos com cenas violentas, com a miséria humana, com a desgraça. Já não há qualquer tipo de "pudor social", se existe é para se ver e aparece nos telejornais, nos outdoors, nas revistas, na internet, nos mails, sem pedir licença. Dantes ouvíamos falar das coisas, agora temos uma visualização das mesmas quer queiramos quer não.
Graças à internet toda a gente (que tenha tido aulas comigo, claro... LOLOLOLOLOL) tem acesso a todo o tipo de informação. Até a bomba atómica é explicada online... Se este exemplo não é propriamente muito preocupante outros há que já o serão mais...
Podemos comunicar com pessoas que não conhecemos de lado nenhum, tornar as nossas ideias públicas, mas se não tivermos cuidado acabamos completamente devassados sem saber ler nem escrever...
Fazemos um videozinho porno caseiro ou tiramos umas fotos porcas com o telemóvel (eu não faço nada disso, é só um exemplo... LOLOLOLOLOLOLOLOL) e acabamos por eventualmente aparecer online... dantes eventualmente o amiguinho dava umas risadas e a coisa ficava-se pelo bairro...
As coisas entram-nos pela vida a dentro sem pedir autorização... dantes, para estarmos informados sobre determinado assunto tínhamos de ir à procura da informação, ou pelo menos de estar atentos aos meios de comunicação. Hoje em dia, não só nos referidos meios de comunicação mas também através dos mails que recebemos, somos informados sobre o que queremos e sobre o que não queremos... que os cães e gatos na china são transportados para abate em condições insustentáveis, que as mulheres em certos países sofrem mutilações terríveis, e sei lá mais oquê... coisas relativamente ás quais pouco ou nada podemos fazer e se calhar éramos mais felizes se não tivéssemos de visualizar.
As figuras públicas não podem dar um peido sem que haja vinte mil sites a cagar sentença sobre o assunto. Públicas, públicas, mas há limites...
Por outro lado certos valores imemoriais foram completamente alterados. Um exemplo flagrante disso é que em termos tecnológicos os mais velhos já não ensinem nada aos mais novos, antes pelo contrário. Isto confunde-se facilmente com os mais velhos já não terem NADA para ensinar aos mais novos, o que é obviamente uma coisa completamente falsa.
Os mais velhos sentem-se no entanto inseguros, têm de lidar com uma realidade que disparou para uma velocidade alucinante e sentem-se a perder o barco. Não conseguem acompanhar o ritmo e muitos estão completamente perdidos já não sendo capazes de efectuar as tarefas que dantes lhes eram corriqueiras.
As pessoas, não só em termos de trabalho como de hobbies, de interesses, etc... estão cada vez mais especializadas, a tendência parece-me mais no sentido de se saber muito de uma coisa do que pouco de muitas. Isto isola as pessoas, limita o universo em que se conseguem mover confortavelmente.
O facto de se poder fazer tanta coisa online também vai afastar as pessoas do convívio umas com as outras. Mandam-se mails, fazem-se compras, faz-se pesquisa, até se joga online (Oh my God, é o fim do nosso Casino... LOLOLOLOLOLOLOL) qualquer dia as pessoas não precisam de falar umas com as outras... logo tornam-se cada vez mais individualistas.
Mas por outro lado cada vez menos têm direito a momentos a sós consigo próprias... começou com o telemóvel e já vai na Internet Móvel, estamos contactáveis de várias formas em qualquer lado. Qualquer dia nem na praia temos desculpa para não enviar "aquele relatório de excel"...
Tudo parece tecnologicamente possível hoje em dia, já muito pouco nos surpreende.
Por outro lado, coisas que tínhamos como certas no passado são postas em questão por estas avançadas tecnologias.
Vive-se num clima de total insegurança... Terrorismo, pedofilia, violência, tudo pode estar ao virar da esquina. Continua a haver locais mais perigosos do que outros mas em todo o lado se sente a ansiedade. A pequena Maddie desapareceu de Portugal, já não é só nos Estados Unidos que há assassinatos nas escolas ou atentados terroristas.
Por outro lado passamos a vida a ser assediados por causa das Vacas Loucas, da Gripe das Aves, sei lá mais oquê. Já ninguém sabe bem o que é realmente seguro comer, ou fazer...
Até no que diz respeito à saúde as coisas estão diferentes... dantes tínhamos o nosso médico, que íamos consultar quando qualquer coisa não estava bem. Ele anunciava-nos o seu diagnóstico e receitava-nos um tratamento que nós seguíamos.
Hoje em dia já conhecemos montes de sintomas de tudo e mais alguma coisa, quando vamos ao médico já vamos cheios de certezas ou de dúvidas relativamente a casos terríveis de que ouvimos falar ("será urina de rato?"LOLOLOLOL). Depois de ele nos dar o seu veredicto vamos investigar à Net e decidir se ele nos diagnosticou como deve de ser. Se não gostamos do diagnóstico teremos de procurar outro médico. No que diz respeito ao tratamento também teremos de ir verificar se é de facto o adequado, afinal de contas hoje em dia somos todos "quase médicos"... O problema é quando deparamos com informações contraditórias, aparentemente todas elas de fontes fiáveis e credíveis, aí é que a porca torce o rabo.
Dantes havia menos tratamentos para as doenças, mas será que havia tantas?
Garantidamente não se espalhavam pelo mundo como agora, com o intercâmbio rápido de gente que há com a facilidade em viajar de hoje em dia.
E a quantidade de crianças que pela lei da selecção natural não estariam cá?! O sofrimento a que todos estamos sujeitos...
Por outro lado dá-se um regresso ao naturalismo. Algumas pessoas estão por exemplo a deixar de vacinar as crianças. Mas como disse alguém num comentário ao assunto, "a percentagem da população vacinada também funciona como um factor que dificulta a propagação da doença", ora ao não vacinarem as criancinhas estão a fazer um retrocesso na erradicação da doença.
Por outro lado dão-se antibióticos por tudo e por nada, qualquer dia quando for realmente necessário não fazem efeito.
Não fomos nós pessoalmente que fodemos (pardon my french) o planeta... mas sentimo-nos como se tivéssemos sido. Não dá para voltar para trás de um momento para o outro nos disparates ecológicos que temos cometido ao longo da história da humanidade, não estamos mentalmente preparados para isso. Fazem-nos sentir culpados por consumir recursos como se tivéssemos sido nós a fazer o buraco na camada de ozono. Há cada vez mais gente extremista... Há quem se choque porque "os leds dos telemóveis gastam muita água"... Quem se angustie porque não percebeu bem se os pacotes de leite deveriam ir para o papel ou para as embalagens visto que têm metal por dentro.
Há cada vez mais uma noção de globalização que, se por um lado é verdadeira, por outro ainda não é... o facto é que não temos todos os mesmos problemas ou simplesmente as mesmas realidades. Logo não conseguimos sentir-nos iguais ao resto do mundo. Mas hoje em dia, para além dos problemas pessoais e locais, sentimo-nos com o peso dos problemas mundiais nos ombros... é muita coisa para carregar.
Disto veio também o politicamente correcto, não se pode mencionar o facto que "todos diferentes, todos iguais" é uma ganda treta, e que há diferenças grandes sim, entre homens e mulheres, entre pretos e brancos, entre povos, entre pessoas... o medo de ofender chamando as coisas pelos nomes, admitindo que elas existem e resolvendo o que houver a resolver. Acham que por não falar nas coisas elas deixam de existir.
Apagam-se as Torres Gemeas do filme do Homem Aranha e o 11 de Setembro nunca aconteceu...
Isto leva à censura e á castração das liberdades individuais que tanto defende.
Altera a vivência das coisas.
Uma educadora de infância contou-nos há uns tempos que em Inglaterra elas não podem tocar nas crianças, pode ser considerado assédio, se uma criança se magoar não podem po-la no colinho para lhe dar mimo porque podem ser processadas pelos pais...
Por outro lado a defesa dessas liberdades individuais leva a extremismos assustadores... as tatuagens e piercings radicais que já todos recebemos por mail, é o desespero de ser diferente, de dar nas vistas...
Está a haver paralelamente um culto obsessivo do corpo (ginástica, dietas, operações plásticas) e da mente, cada vez se fala mais em espiritualidade.
Mas cada vez é mais difícil seguir um caminho espiritual, há demasiada escolha... faz-me lembrar a primeira vez que entrei numa Fnac em Paris, fui à secção da fotografia e havia tantos livros que não consegui decidir-me por nenhum e acabei por sair de mãos a abanar...
Anyway... cada vez há mais religiões e seitas. As pessoas já não sabem em que acreditar...
As religiões ancestrais foram criadas para lidar com um estado das coisas que está hoje em dia completamente alterado. Muitas coisas em que continuam a "teimar" deixaram de fazer sentido à muito tempo... Veja-se o caso do Vaticano no que diz respeito ao uso do preservativo e aos riscos de Sida.
Por outro lado tudo é posto em questão como na história do Codigo Davinci por exemplo.
As pessoas andam tão desesperadas por acreditar, por ter fé em seja o que for, que muitas vão parar a cultos duvidosos onde o seu desespero é chulado até à medula.
Este excesso de escolha é cada vez mais comum em todos os campos da nossa vida.
A escolha profissional era dantes muito mais fácil, não havia tantas opções, os miúdos acabam ás vezes por se sentir perante uma escolha de estudos como eu me senti na Fnac perante os livros de fotografia.
Também já não há tempo para nada.
A vida corre tão depressa que tudo hoje em dia é feito para poupar tempo.
Os carros estão mais rapidos, os aviões, os computadores... Cada vez vamos portanto "metendo mais coisas" no nosso dia a dia ficando com horários cada vez mais apertados.
Depois falta tempo para coisas como a educação das crianças, por exemplo. Temos de trabalhar, de ir ao super-mercado, de tratar da casa, quando é que vamos arranjar energia para os educar? E não só para os educar mas sobretudo para perceber como...
Hoje em dia fica-se arrasado só com a energia necessária para conseguir manter os padrões de vida que os nossos filhos esperam que lhes proporcionemos. Os Gameboys, as Playstations, os telemóveis, as roupas de marca... porque sem eles se vão sentir infelizes nesta sociedade cada vez mais consumista.
E podia estar aqui a massacrar-vos durante mais umas horas... LOL
Sei que este post foi muito longo... peço desculpa pela seca a quem conseguiu chegar até aqui ; ). Propuseram-me dividi-lo em vários posts mas achei que não fazia sentido.
A ideia era apresentar o que disse como um todo, como um conjunto incompleto de alterações à realidade a que a maior parte de nós estava habituada.
Quis só demonstrar que é mais do que normal que a cabeça das pessoas ande toda f... e que tenham dificuldades em ser felizes. O mundo de hoje não ajuda... mas é possível ; )))