terça-feira, 28 de abril de 2009

Sim, maaas...

COM MÚSICA

No domingo de Pascoa a família perguntava-me… “Porque estás com essa cara de enjoada?!”
Adivinhem… porque estava de facto enjoada que nem uma pescada… lol … ás vezes dois e dois são mesmo quatro.

Pois é… há anos que sofro de problemas de estômago. Mas, como sempre consegui dar-lhes a volta confesso, envergonhadamente, que não lhes dei grande importância até agora…
Desta vez a coisa foi mais berolha do que de costume e, por grande insistência de um amigo -sinceramente acho que a arma não estava carregada… ;) - lá me decidi a ir ver uma gastroenterologista.

Simplesmente pelos sintomas que descrevi e sem qualquer sombra de dúvida na voz, afirmou que estava com uma Ursula (não, felizmente não é Andress!) .
E vai de mandar fazer análises, ecografia, endoscopia…
Já fizeram alguma endo-cuspia?!
Eu já tinha feito uma, há cerca de vinte anos, não posso dizer que seja o fim do mundo, mas é assim tipo encontro íntimo com o John Holmes, coisa agradável pertantes.
Maaas…
Descubro que agora já se fazem endoscopias com sedação… Yééé!
Põem-nos a dormir e quando acordamos já o Jonh foi para casa.
Digamos que, assim, custa tanto como fazer uma sestinha… hehe

O relatório da dita cuja está evidentemente cheio de palavrões médicos; mucosa hiperémiada, erosões pré piloricas várias, lesão escavada, mucosa edemaciada e de aspecto pseudopolipoide, gastrite erosiva, úlcera bulbar, bulbite, duodenite... lol
É lá!!! Qué isto?! Estou cheia de “coisas”…
Maaas…
Segundo a médica tenho uma úlcera “enorme” (12mm, grande?! Hum…ok, ela é que sabe…) e toda a zona num estado absolutamente deplorável, deveria andar cheia de dores.
A realidade é que, mesmo antes da consulta, já nem grande incómodo sentia.

Entretanto, no relatório da eco, descobre-se que tenho não um, nem dois, mas quatro quistos no fígado… Não gramei, confesso… Não é preocupante, temos só de ficar em cima do assunto a ver se não há alterações e coiso e tal… Pois sim ó abelha, mas eu cá não gosto da ideia de ter a figadeira cheia de grumos…
Senti-me um bocado como quando o pediatra me anunciou que o meu filho tinha um sopro no coração. É “inocente”, passa com a idade, não tem importância. Tá bem, mas a malta não gosta de ver as palavras filho e coração utilizadas na mesma frase, dá assim um arrepio.
Maaas…
Dias antes uma amiga tinha-me apresentado um amigo que é médico. No dia em que soube dos quistos… soube também qual era a especialidade dele… adivinhem?! Cirurgião hepatobiliar!!!!!! Hehe

Com alguma apreensão, confesso, embora não muita pois tendo a confiar nos diagnósticos, se confio no médico, lá fui consultar o Sr. Dr. por uma questão de descargo de consciência.
Maaas…
Os quistos são “puros” (a única coisa pura que tenho devem ser mesmo os quistos no fígado…lol) uma banalidade, ao que parece, não há de facto qualquer causa para alarme.

Entre consultas, análises, exames, farmácia, etc… a minha condição financeira, já de si bastante precária, tende para o descalabro.
Maaas…
Eis senão quando um bom samaritano me faz uma doação que me tira a corda do pescoço, permitindo-me respirar por mais uns tempos.

Como se tudo isto não chegasse para “machadar” a minha conta bancária, ainda tenho de ir com o meu filho ao pediatra.
Maaas…
Nessa consulta descubro que já não tem o tal sopro no coração. :)))

Como não tenho tido preocupações que cheguem… volta este fim de semana a atacar o catraio a sinuvite transitória da anca, de que padeceu há uns meses.
Maaas…
Desta vez passa num só dia, sem espinhas, afirmando o médico que não há de todo causa para alarme.

Tem também queixas relativamente à visão… há muito tempo que se anda a queixar de que quando fixa alguma coisa durante algum tempo, depois vê tudo desfocado. A coisa parece estar agora (logo agora, claro está, senhor Murphy) a piorar sensivelmente.
Maaas…
Descobri recentemente que uma membra do nosso sitezinho é oftalmologista. Explica-me que “pode ter o que nós chamamos espasmos de acomodação, coisa sem importância e que se resolve facilmente com uns simples óculos” e diz-me para marcar uma consulta com ela.

Enfim…
Tenho ainda pela frente pelo menos três meses de consultas, exames e tratamentos… uma colonoscopia (aaarrrggghhh!... maaas, com sedação… hehe)… tenho de dar cabo do Helicobacter, e sabe-se lá mais oquê…

A vidinha não anda fácil por estas bandas, não.
Maaas…
Porque vos apresento eu este rol de maleitas, amiguinhos?!
Será para armar em vítima?
Será para me lamuriar da minha triste sorte?
Será para que tenham pena de mim, coitadinha da desgraçadinha?

lol
Não, pá… é porque de facto estas coisas são normais. Estas ou outras, acontecem a todos nós em certas alturas da vida.
Julgam por acaso que seja possível viver uma vida inteira sem chatices e preocupações?
Acham que se safam completamente a problemas de saúde, financeiros, emocionais, yada yada?!
Calha-nos a todos, a questão é como reagimos a eles.

Importante é levar a coisa na desportiva, um passo de cada vez, não entrando em parafuso a cada contrariedade.
E, se virem bem as coisas, ão de sempre encontrar lados positivos no que vos acontece (caso não tenham percebido, era o que estava a tentar transmitir com os meus “maaas”… duh! lol). Acreditem ou não, as coisas podem sempre ser piores do que são.

Que me dizem?!
Eu acho que o meu copo está bastante meio cheio, não?! ;)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Estar vivo é o contrário de estar morto..."

COM MÚSICA


Morreu ontem outro membro do nosso sitezinho… neste caso uma membra.
Já é a segunda morte, desde que o site nasceu, em Junho… Isto para falar em “membros”, porque ex-alunos e professores, não inscritos, já tive de acrescentar vários ao memorial. Em dez meses…

Não conhecia a rapariga que nos deixou ontem, apesar de ter a minha idade. Conheço superficialmente um dos irmãos.
Segundo a pessoa que me informou: “Foi de repente. Há um mês teve uma dor no peito, foi ao hospital e ficou, com um diagnóstico de cancro no pulmão e metástases espalhadas pelo corpo todo. Nunca fumou, fazia uma vida saudável e não teve qualquer sintoma.”
Ainda há pouco tempo participava activamente no site, ia aos jantares, fazia parte de alguns grupos. Agora é um nome no memorial, uma página, a que não sei o que fazer… como já não o sabia relativamente ao caso anterior…
E pronto… foi-se, assim, sem pré-aviso, sem hipótese de luta.
Felizmente não deixou filhos, que tendo-os seriam provavelmente pequenos.
Estou genuinamente chocada.

Chocada estou também com a história da Marta… uma adorável menina de 4 anos a lutar contra uma leucemia. Precisa desesperadamente de um transplante de medula e ninguém na família é compatível.
Há apelos por todo o lado, muita gente a tentar ajudar. Já recebi mails de várias pessoas, pessoas que conheço pessoalmente e que também a conhecem a ela.
Quando as coisas estão assim próximas parece que ainda custam mais…
Dedicaram-lhe uma página no Facebook, na esperança de angariar potenciais doadores. Também eu reencaminhei o mail e coloquei apelos no site do Liceu…
Sinto-me frustrada porque tenho menos de 50 kg, não posso candidatar-me. Muitos sentem o mesmo por terem mais de 45 anos.
Soube no entanto, viver e aprender, que as hipóteses de compatibilidade com alguém que não seja da família são praticamente nulas. Estão pessoas inscritas há anos na base de dados nacional de doadores de medula, que está aparentemente ligada ao resto do mundo, sem que nunca tenham sido chamadas.
Não consigo sequer começar a imaginar a dôr daqueles pais, o desespero, a sensação de impotência…

Há pouco tempo um grande amigo meu esteve envolvido numa situação de conflito armado.
Sim, há quem viva, em pleno século XXI, em zonas assim… Quem tenha de lidar com campos de refugiados, com a miséria humana, com a fome, com a doença, os estropiamentos, as violações, a violencia, o homem na sua forma mais primitiva e cruel… Quem ponha de facto a sua própria vida em risco numa tentativa de melhorar a face do mundo.
Dito isto tendo conseguido saír ileso, apesar das condições adversas e dos riscos que correu, por pouco não morreu, devido a um amigo que manejou uma arma irresponsávelmente.
O tiro apanhou-o de raspão no braço, podia te-lo apanhado em cheio na cabeça.
E assim, no espaço de um segundo, por pouco não ficámos sem ele. Sobreviveu a tanta coisa e podia-se ter ficado por uma estupidez destas.
Quando soube, tremi retrospectivamente…

Compreendo que este post vos esteja a parecer um pouco tetrico… é um facto que estes três acontecimentos recentes mexeram bastante comigo… e é verdade que estou triste, estas coisas, mesmo não tendo directamente a ver comigo deitam-me um bocado abaixo.

Mas o que estou a tentar transmitir é que para morrermos basta estarmos vivos.
Não há garantias… não há pré-avisos… Ás vezes podemos dar luta à morte, outras vezes nem por isso. Nunca sabemos, ao despedirmo-nos de uma pessoa se a voltaremos a ver. Não sabemos o que será o amanhã e quem estará por cá para o partilhar connosco, ou mesmo se nós próprios cá estaremos.

Não deixem para amanhã o que podem fazer hoje. Sejam pessoas decentes agora. Tratem bem o próximo. Ponham-se de bem convosco e com os outros, com quem é de facto importante para vocês. Não sejam fortes , digam o que sentem, não deixem ninguém na ignorância de saber que é amado. Aproveitem quem têm ao vosso lado como se não houvesse amanhã, porque pode de facto não haver. Entreguem-se, dêem, não desperdicem um minuto de qualidade de vida.

E sobretudo, tomem consciência de que as nossas maleitas não são nada comparadas com a dor que certas pessoas estarão a sentir neste preciso momento. Aproveitem esse pensamento para ser felizes, agora, já.
Pois todos nós iremos, tarde ou cedo, fatalmente, passar por situações realmente duras, dolorosas, difíceis de ultrapassar.
Mas enquanto o pau vai e vem…

terça-feira, 14 de abril de 2009

Ser forte...

COM MÚSICA

Sou daquelas pessoas que lêem, vêem, ouvem, de facto, os mails que lhes mandam.
Inclusivamente os PPS (apresentações de PowerPoint, para quem não saiba) que tanta gente manda directamente para o lixo.
Ok, confesso que de alguns só vejo o princípio e se me cheira a treta fecho ou vejo a abrir clicando frenéticamente na setinha da direita. lol

Tenho recebido repetidamente um que me tira do sério… desta vez saltou-me a tampa, estou farta!
Recebo-o com comentários do estilo: “Para ler e meditar…” - “Lição para a vida!” - “Lindoooooooooooooooooo !!!!!!”
Santa paciência, mas o que se passa com esta gente?
Peço desde já desculpa aos eventuais leitores que me tenham enviado o mail em questão ou simplesmente aos que o tenham recebido e achado lindooo… mas… que caraças de mensagem é que esta trampa deste PPS passa???!!! Brinquemos ou quê?!

Ok… para perceberem do que estou a falar, passo a transcrever.
(não têm evidentemente direito ás fotos foleiras dos meninos giros que o acompanhavam…)

“Ser forte é amar alguém em silêncio
Ser forte é irradiar felicidade quando se é infeliz
Ser forte é tentar perdoar alguém que não merece perdão
Ser forte é esperar quando não se acredita no retorno
Ser forte é manter-se calmo no momento de desespero
Ser forte é demonstrar alegria quando não se sente
Ser forte é sorrir quando se deseja chorar
Ser forte é fazer alguém feliz quando se tem o coração em pedaços
Ser forte é calar quando o ideal seria gritar a todos a sua angústia
Ser forte é consolar quando se precisa de consolo
Ser forte é ter fé naquilo em que não se acredita
Por isso mesmo, diante da dura realidade e por mais difícil que a vida possa parecer; ame-a e seja forte.”
Autor desconhecido

Agora digam-me… sou só eu ou há mais alguém que ache estes “ensinamentos” completamente débeis mentais?! Não, agora a sério… será que estou a ver mal as coisas? Como é que alguém pode achar isto lindooo?!

Ser forte é amar alguém em silêncio?
Para que serve amar em silêncio?! Para que a outra pessoa não saiba que é amada?! Para não partilhar esse amor? O importante não é exactamente a partilha? Não vos parece fundamental, ao contrário, quando se ama alguém, dizer-lho vezes sem conta?
Será que o senhor autor desconhecido estaria a pensar em amores não retribuidos?! Hum… nesse caso talvez devessemos antes falar em frustação… Ou em cobardia, talvez… Se guardarmos silêncio como iremos saber se por acaso não haveria por ali alguma janela de oportunidade?
Se calhar trata-se de alguém comprometido, do padre da aldeia, de uma paixão incestuosa, mas que específico então que este autor é… e é um bom conselho, todos nós passamos a vida com “amores proíbidos”, ainda bem que nos ensina a superar a coisa.

Ser forte é irradiar felicidade quando se é infeliz?
Ok… e a finalidade é?! Induzir toda a gente em erro? Não dar parte fraca?
É alguma vergonha ser/estar infeliz?!
Já agora, se calhar poderia acrescentar “e irradiar saúde quando se está doente”… parece-me igualmente fazível…
Qual é o propósito, por favor digam-me, que sinceramente não percebo… Não incomodar o próximo? Não trazer sombra à sua eventual felicidade?
Acham mesmo que é isso que os nossos amigos querem? Que façamos de conta que está tudo muito bem obrigado, quando não é o caso? Ou será que é exactamente para isso que eles servem, para nos proporcionar um ombro nessas ocasiões?!

Ser forte é tentar perdoar alguém que não merece perdão?
Mas afinal merece ou não merece?! Quem é que decide se merece ou não? Somos nós?! E decidimos que não merece… mas tentamos perdoar à mesma… Ah… ok… e porquê? Porque sim?! Está bem, então…
Tipo, o empregado merece a gorja ou não?! Não, não merece, atendeu-nos mal e porcamente… mas vamos lá procurar uns trocozitos na carteira para lhe deixar… Faz imenso sentido.

Ser forte é esperar quando não se acredita no retorno?
Para começar, esperar oquê exactamente? Esta deve ser uma frase altamente filosófica que ultrapassa a capacidade dos meus pequenos neurónios. Bem…mas isso agora não interessa nada… ser forte é esperar uma coisa que não acreditamos que vamos receber é isso?! Isso é porreiro. Deve ser daqui que vem a expressão “esperar sentado”, não?!

Ser forte é manter-se calmo no momento de desespero…
Bem, vá lá, uma que passa… manter-se calmo sempre, diria mesmo, que enervar-mo-nos não serve para nada. Daaaaaahhh!

Ser forte é demonstrar alegria quando não se sente?
Mais um grande conselho. Um bocado parecido com o irradiar felicidade quando se é infeliz, não?! Se bem que nesta afirmação é mais obvia a mensagem do “faça de conta”, engane, mostre uma coisa que não é.
Mas depois não se queixem de repetir programas que detestaram, de estar com malta que não gramam, etc… “Estavas tão contente da outra vez…”

Ser forte é sorrir quando se deseja chorar?
Esta, também é boa… Estás triste? Estás em baixo? Alguma coisa te anda a chatear? Então ri-te a bandeiras despregadas!
Yá… Sobretudo não deixes ninguém perceber que não estás bem. E não chores, chorar é para mariquinhas pá, caguinchas. Nem te passe pela cabeça libertar essa tensão…

Ser forte é fazer alguém feliz quando se tem o coração em pedaços?
E quem é que o despedaçou? Foi aquele que temos de fazer feliz? É o que parece… É justo, se alguém nos despedaça o coração a atitude logica é fazê-lo sentir-se bem.
Ai não foi esse? É outro que temos de fazer feliz? Então o que é que isso tem a ver com o nosso coração despedaçado?

Ser forte é calar quando o ideal seria gritar a todos a sua angústia?
Hum… então e “o ideal” quer dizer oquê?! Definam lá ideal, por favor, que devo ter uma interpretação errada da palavra… Que era o que nos fazia bem? Que era o que deviamos fazer? Ah pois, mas não o fazemos, porque somos fortes… e quando somos fortes fazemos o contrário do que achamos correcto.

Ser forte é consolar quando se precisa de consolo?
E uma coisa impede a outra? Não dá para partilhar um cadinho? Não?!
Pois… temos de consolar e abdicar de ser consolados, não é?! Somos fortes. Arranjamos forças para nós e para os outros, não precisamos de ninguém, aguentamo-nos sozinhos que nem uns herois, assim é que é. Ah leão!

Ser forte é ter fé naquilo em que não se acredita?
Espera aí, esta está-me a deixar mesmo baralhada… Atão ter fé não é acreditar em alguma coisa? Então como é que acreditamos em alguma coisa em que não acreditamos? É tipo sentir que é real uma coisa que achamos não ser verdadeira? Expliquem-me lá esta como se fosse loira…

Desculpem… este autor desconhecido (que suspeito sériamente seja uma autora…) é, na minha opinião, do mais negativista que há.
Anulem-se, dêem tudo e não peçam nada, abdiquem do amor próprio, não mostrem os vossos sentimentos, não hajam em consciência, não demonstrem humanidade…
Como diria uma pessoa que eu cá sei: Grrrrrrrrrrrrrrrrr!

Lindooo?! Haja pai!