quinta-feira, 31 de julho de 2008

O meu amigo "o tótó"...

COM MÚSICA

Não há como exemplificar o que se quer dizer… decidi então dar-vos um exemplo concreto relativamente ao meu último post.
O meu amigo “o tótó” está entre as pessoas mais irritantes que conheço…
Comigo, dadas a longevidade e proximidade da nossa relação, é especialmente aplicado na arte da irritação. Digamos que parece um amante de longa data, toca nos pontos chave e eu entro em órbita… lol
Notem que nada disto é inocente… fa-lo consciente e voluntariamente, pelo simples gozo de irritar… deve ter tirado um curso com os Monty Python . E não se coíbe de o fazer com “first timers”, se for caso disso, o que o torna ás vezes muito difícil de gostar à primeira volta.
Senão vejamos… adora gerar discórdia. Se vir uma hipótese de pôr o pessoal todo a pegar-se sobre algum tema, não perde a oportunidade. Depois encosta-se e só volta a participar na “discussão” se vir que as coisas estão a amainar. A expressão “pôr achas na fogueira” diz-vos alguma coisa?
O “perseguir X” é também desporto favorito, (inútil será dizer que grande parte das vezes X é aqui o mexilhão…Grunf!), ai de quem tenha esqueletos no armário… Ele saca-os de lá, espeta-os num pauzinho e persegue-nos com eles o resto do dia. E mais uma vez, quando por milagre alguém consegue desviar do assunto, lá vem ele re-agitar a marioneta à frente dos nossos narizes. Digamos que é o campeão mundial do “hoje X está na berlinda”…
A jogar… ó céus, a jogar… não há mais irritante… Gaba-se, vangloria-se, faz a festa, manda os foguetes, apanha as caninhas, e faz caretas insuportáveis, quando ganha… Mas se perde a culpa nunca é dele. Foi a sorte, os dados, as cartas ou mais provavelmente o parceiro, que não tinha jogo ou pior ainda, não sabia jogar…
As criancices… para as criancices também não há cu, um matulão quase na terceira idade… as birrinhas… “já acabei o meu jogo, agora quero ir para casa… acabas de ver o filme noutro dia…”, os ataques de tótózice em certas e determinadas situações, regressos à infância em que fica mais imaturo do que o meu filho… parece que de repente lhe cai o QI.
Enfim… podia aqui estar o dia todo a descrever o ser encanitante que é… nada políticamente correcto… cheio de malícia, de maldizência encapuçada. lololololololololololololololol
A realidade é que ele é, também e sem qualquer sombra de dúvida, a “melhor pessoa” que alguma vez conheci… Este ser inominável é o ser humano mais “caring” que alguma vez encontrei ao vivo e a cores…
Esteve presente em todos os momentos chave da minha vida, activamente, para o melhor e para o pior. Esteve ao meu lado quando me casei e quando me separei. Foi o primeiro a chegar no dia em que nasceu o meu filho. Quando a minha empresa estava a caminhar lenta mas seguramente para o precipicio, assegurou-nos os custos fixos durante seis meses. Sem papeis, sem assinaturas, sem planos de pagamento. Só porque acreditou… Quando morreu o meu pai, esteve sempre “around”, transparente no meio da multidão… mas sempre atento a qualquer necessidade, sempre pronto a agir se fosse preciso. Deu-me de comer quando nem eu percebia que tinha fome… Organizou coisas que eu não tinha capacidade de organizar, nem tão pouco pedir… Está sempre lá quando preciso dele e sabe que preciso dele antes de eu própria saber…
Está sempre atento. Mal detecta sofrimento entra em acção. É o primeiro a candidatar-se a todas aquelas coisas que os outros evitam… ir ao supermercado, ir comprar qualquer coisa à farmácia, levar alguém ao hospital. Chega-se à frente por nós, pelos nossos pais, pelos nossos irmãos, pelos nossos amigos e, se for caso disso, por pessoas que nem sequer conhece, simplesmente porque se sentir que pode ajudar, amparar, ele fa-lo… Tão facilmente é capaz de passar uma noite em branco para apoiar alguém como de aplicar uns trocos nalguma acção de salvamento. Usa a cabeça, os conhecimentos, os músculos, o seu tempo ou a carteira com o mesmo desprendimento, se puder fazer a diferença para alguém… Não tem conta o número de pessoas que lhe vão pedir conselho, opinião, ajuda de alguma forma… E a todos “atende” com a mesma prontidão, simpatia e disponibilidade. Alguns discutem teorias sobre compaixão, generosidade, altruísmo… ele poe-nas em prática, chega-se à frente, arregaça as mangas e ajuda de facto o próximo… com palavras, com acções.
Se a alguém se pode aplicar o termo “bom coração” é ao meu tótó… e no entanto, como puderam verificar, é uma espécie de bola de “poil à gratter”… lololololololol
As iludências aparudem… ;)

domingo, 13 de julho de 2008

Madre Teresa

COM MÚSICA

Conhecem isto?
“Os palavrões não nascem por acaso”…
Concordo plenamente. lol
A realidade é que dá a sensação que, para se ser “boa pessoa”, tem de se ser uma Madre Teresa.
Não podemos utilizar palavrões.
Temos de ser politicamente correctos.
Não podemos praticar a maldizência.
Não devemos ter malícia.
Devemos falar calma e pausadamente.
Não podemos discriminar.
Etc, etc, etc…
Bull Shit!!!
Pode-se ser boa pessoa sem se parecer uma mosquinha morta, sim…
Eu sou uma excelente pessoa. Podem gozar à vontade, mas sou.
Preocupo-me com os outros, faço o que está ao meu alcance pelo seu bem estar. Tenho respeito e consideração pelo próximo. Sou atenciosa… e podia estar aqui a noite toda a “gabar-me” das minhas qualidades altruístas… lol
No entanto pratico todos os “pecados” supra-citados…
Dado que a utilização de palavrões é natural na minha pessoa, quando o meu filho começou a falar, comecei a perguntar-me como poderia lidar com o assunto…
Expliquei-lhe o seguinte:
“Os palavrões são como as facas… só quem sabe é que as pode utilizar.
Por muito que queiras, com a tua idade, não podes utilizar uma faca afiada, que te cortas. Podes no entanto utilizar uma faca de manteiga, que não tem mal, dificilmente vais magoar alguém com ela.
Com os palavrões é a mesma coisa.
Tu és pequenino, podes utilizar palavrões pequeninos (há que ser coerente, não lhe podia proibir todos…lol) podes dizer bolas, chiça, caramba… e coisas do género.
Depois há os palavrões médios e os palavrões grandes. Estes estás proibido de os utilizar. Quando fores maiorzinho podes começar a utilizar os médios e quando fores adulto os grandes.”
E prontes… ele percebeu perfeitamente e segue à risca.
Volta não volta pergunta-me: “Mãe, posso dizer um palavrão só para saber se é grande? … Posso dizer merda?” – “Não Pedro, merda é um palavrão médio, ainda não podes dizer…” ; )
A utilização de palavrões é uma arte que é preciso saber dominar. Não me passaria nunca pela cabeça, num jantar de cerimónia, dizer “foda-se que a sopa está quente…”
É preciso controlar o que se diz, quando se diz e a quem se diz…mas não posso deixar de concordar com o Sr.Millôr Fernandes quando diz que o palavrão liberta.
É como a malícia… ou o que lhe queiram chamar…
Eu cresci no meio de homens. No fim da infância e início da adolescência, nada me fazia mais feliz do que “hang around” como o meu pai e os amigos.
Os homens, como toda a gente sabe, puxam sempre tudo para a cueca… e assim cresci também, e assim sou, tudo provoca em mim a piscadela de olho marota.
Um dia o meu pai e um amigo vieram jantar comigo e com vários amigos meus. No fim do jantar um deles disse-me “Porra, tu cresceste com estes dois gajos?! Já percebo porquê que és assim…” lol
Sim. E qual é o mal?
Porque é que eles, entre eles, podem mas nós não?
E porque é que não se há de poder cortar na casaca?
Ou “dizer mal” de alguém?
Há pessoas que, como dizem os franceses, “nous tapent sur les nerfs”, sim. Ou que têm a chamada “tête à claques”…
Porque raio é que havíamos de ter de meter isso para dentro? Não me venham com histórias, toda a gente pensa o mesmo volta não volta, a diferença é que uns exteriorizam e outros não.
Desde que se não ofenda ou agrida ninguém directamente, há algum mal em dar um bocado de rédea solta aos nossos instintos de maldizência? Bah…
O politicamente correcto… como já devem ter percebido, se seguem minimamente este blog, é uma coisa que me irrita solenemente…
Frazesinhas do estilo “A minha Aninha não te adora…” tiram-me do sério.
A gaja não te grama, não te pode ver nem com molho de tomate… isso sim.
Chamemos as coisas pelos nomes, caraças.
Uns são filhos, outros enteados… Pois com certeza. E não temos direito ás nossas preferências? Os seres humanos são todos iguais, por acaso? Há características que não gramo e tenho todo o direito a discriminar sim. A pôr de parte a malta que não me diz nada, a não confraternizar com ela…
And so on…
Volta não volta, corre mal?
Soltamos um palavrão sem querer na altura errada?
Cometemos gafes?
Julgamos mal alguém?
E então?! Alguém morre por isso? Paciência. Meia bola e força.
Viver e aprender, para a próxima teremos mais cuidado…
Não é preciso ser freira para se praticar o bem…
Estou farta daquela malta insípida, que parece que passa pela vida sem a viver, que não é carne nem é peixe.
A vida é para se viver intensamente, com fogo, com paixão, só temos uma…
Dasssssss!!! ; )
LOL


segunda-feira, 7 de julho de 2008

O fenómeno LF

Faz amanhã três semanas que, por sugestão de um amigo e ex-colega, criei uma Network para os Antigos (alunos e professores) do Liceu Francês de Lisboa…
Neste momento somos quase 600 membros, "vindos" de 37 países!!!
Está a ser um sucesso estrondoso, tanto em termos de adesão como de participação no site …
Desde que sai de lá que não paro de me admirar com este fenómeno…
Quando encontramos alguém que também lá andou, senti-mo-nos como se reencontrássemos um amigo de infância. Perguntamos pelos outros, combinamos coisas, partilhamos histórias “d’anciens combatants”, como dizem os francius. ; )
Tanto pode ser um antigo colega de turma como alguém que só conhecíamos de vista ou de nome, a quem nunca tínhamos sequer dirigido a palavra.
Isto não acontece relativamente a nenhuma das outras “escolas” onde andei (Iade, Arco, etc…) nem nunca sequer ouvi pessoas que frequentaram outros sítios mencionar nada de parecido. Com excepção talvez para o Colégio Militar…
Vários dos meus amigos mais chegados também lá andaram, dou-me com alguns já vai para trinta anos… Aliás, entre os antigos alunos há imensos que continuam a dar-se, a manter contacto regular.
Os que não se dão, não perdem uma ocasião de combinar coisas, de se voltarem a ver…
Ao jantar de comemoração dos 50 anos do Liceu acorreram (se não estou em erro) cerca de 1.500 pessoas… tiveram de alugar uma sala no pavilhão atlântico.
Os que foram adoraram, os que não conseguiram ir tiveram pena…
Os que lá não andaram explicam isto dizendo que somos uma cambada de cagões, que temos a mania que somos especiais, que temos sempre de ser diferentes, que aquilo é uma escola elitista, etc, etc, etc…
Pôr um filho no Liceu Francês é uma decisão de peso, um compromisso com a sua escolaridade.
Opta-se por um tipo de ensino, uma língua, etc.
Há coisas importantes que se decidem em função disso.
Eu, por exemplo, só “fugi” para Sintra porque o meu filho não entrou para lá.
Se ele tivesse entrado eu provavelmente nunca teria saído (de Lisboa, claro… LOL).
Normalmente, quem entra, fica até ao fim.
Claro que há excepções… pessoas que vão pra fora... que são “convidadas a saír” (naquele Liceu ninguém é expulso, parece mal… LOL)... A realidade é que, anos depois, até essas pessoas, algumas delas que odiaram lá andar, sentem carinho por aquela “casa” e pelos que lá andaram…
Acho no fundo que o Liceu Francês funciona como uma grande família… Há irmãos, primos, primos afastados... Que é como quem diz amigos, colegas, pessoas que nos habituámos a ver “por lá”. Até há pais, tios e padrinhos... professores, contínuos, senhoras do bar.
Enquanto lá estávamos isso não parecia ter importância nenhuma, sentia-mo-nos num liceu como outro qualquer.
Quando saímos o espírito de clã vem ao de cima.
Criámos laços que nem sabíamos que existiam e que, cá fora, se tornam evidentes.
Não tenho, pessoalmente, nenhuma simpatia especial pelo povo francês, não mais do que por qualquer outro. Mas a sua cultura está entranhada em mim e os antigos alunos hão de sempre ocupar um lugar muito especial na minha vida.
Penso que isto aconteça com quase todos nós...
É a este espírito, e a mais nada, que se pode agradecer todos os reencontros que se estão a dar neste momento ...