quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

I GET BY WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS...

 Acredito que a felicidade passe, entre outras coisas, por termos uma postura positiva na vida. Todos passamos por fases extremamente duras. É preciso termos consciência de que acima das núvens o céu está sempre azul e o sol brilha. Também isto há de passar. 
Neste momento não é o individuo que está a atravessar uma fase difícil, é a humanidade. Estamos todos no mesmo barco.
Tal como, imagino, a maioria de vocês, por razões várias e a vários níveis, também estou a sofrer pa caramba com esta m*** O sentimento actual do mundo é de sofrimento. Estamos todos a tentar adaptar-nos a uma nova realidade, para tentarmos sobreviver.
No outro dia alguém, referindo-se à vida social que todos perdemos e tanta falta nos faz, pergunta-va-se se alguma vez voltaríamos ao antigamente, àquela descontracção alegre e ligeira de partilhar espaços com outros seres humanos.  Respondi-lhe que não tenho qualquer dúvida de que, mais tarde ou mais cedo, essa “normalidade” regresse. A questão é quem é que ainda cá está para a viver. Há portanto que fazer por isso.
Sou uma pessoa extraordinariamente social. Não o social da festa, do evento, da discoteca... social “en petit comité”, encontros mais caseiros, mais íntimos. Tenho-me aguentado que nem uma leoa. Desde que tudo isto começou, exptuando o verão em que estivemos com mais gente, tirando um que outro membro da família  demo-nos sempre com as mesmas 6 pessoas. Foram as únicas com quem privámos no "olho do tornado" e com quem mantivemos contacto regular por telefone quando a coisa começou a virar negra.
Porquê estes? Não sei... aconteceu.
Isto não quer dizer que não falemos regularmente com outras pessoas, mas com menos frequência.  Esta pandemia tem aliás trazido uma que outra surpresa. Ás tantas damos por nós a comunicar frequentemente com pessoas com quem não o fazíamos tanto antes e, por outro lado, pessoas que faziam parte do nosso dia a dia “do antigamente” vão-se desvanecendo por falta de contacto. É assim uma espécie de selecção natural.
Dito isto andava, confesso, a trepar ás paredes com falta do social, do espírito de matilha, do grupo. Os grupinhos de WhatsApp, dos quais todos nós devemos ter uma data deles, não são a mesma coisa. Trocar uns memes, uns vídeos de gatos, umas gajas nuas e mandar umas bocas, não tiram a barriga de misérias, sabe a pouco.
De repente, dei-me conta de que não eram só os abraços que faziam falta. Faz falta o granel, várias pessoas a falar, o entrelaçar de conversas. Faz falta a “orgia” social!
Se há coisa que me ajuda a ultrapassar as agruras, é sentir-me extraordinariamente  grata por tudo o que tenho de bom na vida. Comparando-me com os outros, que seja sempre para baixo, nunca para cima, não me passa pela cabeça quem tem mais, melhor ou mais fácil mas sim quem está pior, em maior sofrimento, com mais dificuldades. Compreender que pode sempre ser pior é meio caminho andado para nos sentirmos melhor com a nossa situação.
Assim, inevitavelmente, penso muitas vezes na gripe espanhola. Sem telefone, sem televisão, computadores, smartphones...  De repente, senti-me a pessoa mais sortuda do mundo.  Criei então um grupo de Messenger e acrescentei os seis...
Desde então, falamos diariamente aos fins de tarde (enganei-me a escrever o nome do grupo e ficou “Funs de tarde” mas deixei porque me pareceu apropriado).
Umas vezes estão uns, outras vezes estão outros, não marcamos faltas. Nalguns dias a conversa é mais séria noutros mais parva. Cada um continua com o que estava a fazer no momento, a trabalhar ao computador, a cozinhar, a passear o cão... a malta entra e conversa.  
Não preciso de vos contar o que se passa num grupo de amigos, todos o sabemos, é fixe, aquece o coração. Pois, acreditem ou não, exceptuando a parte física, consegue-se ter essa sensação remotamente. É tão booom!!!
Estes nossos encontros diários, aos quais eu própria me baldo volta não volta porque, por alguma razão, não deu jeito, são actualmente o grande pilar da minha sanidade mental.

Aqui fica a prova de que estamos todos cheios de sanidade mental.








COM MUSICA
 

quinta-feira, 4 de junho de 2020

O MEU CABELO AZUL



Mais um post sobre cabelo, qualquer dia estou a falar de maquilhagem…  
Nãããã… acaba por ter pouco a ver com aparência, verão.  ;)

Mas, antes, uma coisa que me parece importante dizer.
Dei-me conta de que os meus posts acabam por ser sempre muito “eu isto, eu aquilo”. Pensei um bocadinho e compreendi porquê; é que não gosto de partilhar coisas como quem partilha uma receita sem a ter provado, razão pela qual uso as minhas próprias experiências.
Há tempos, numa entrevista, o autor de um livro sobre a felicidade, de que muito gostei, à pergunta “e o senhor, é feliz?”, respondeu “não sei, pergunte aos meus amigos…”. 
Aos amigos?! Como se a felicidade fosse um Ferrari estacionado à porta ou um monumental par de mamas, que os amigos estivessem fartos de ver (e talvez até de cobiçar) podendo assim atestar da sua existência?! Que sabemos nós sobre a felicidade alheia?! Senti-me enganada, apeteceu-me mandar o livro para o lixo.
Aqui não partilho teorias, partilho ideias associadas a experiências de vida, que valem o que valem, mas cuja análise poderá fazer sentido para mais alguém.

Regressando ao início, comecei a pintar o cabelo muito tarde e rapidamente me aborreci, pelo que há uns anos atrás passei a pinta-lo de azul. Durante a quarentena, que respeitámos rigorosamente, entre 13 de Março e 18 de Maio de 2020 fomos verdadeiros eremitas, lol, não o fiz, poupei dinheiro e trabalho. Para além disso, lavei-o com um champô que tinha por cá, que vai atenuando a tinta.
Quando se abriram as portas,  tinha assim uma mão travessa do meu cabelo natural (muito grisalho) junto ás raízes e um azul desbotado com partes verde alourado no resto. Não perguntem, não percebo nada disto, deve ter a ver com o tal champô.
Ando seriamente a pensar em voltar a assumir as brancas. Não é, no entanto, uma transição fácil e este cabelo tricolor, gerado pela pandemia, é único, extremamente tentador.
Decidi então voltar ao azul, sim, mas em "madeixas". Claro que fui aconselhada a ir ao cabeleireiro dado que, não só não as sei fazer, como nunca usei madeixas na vida. Deves… eu ia lá deixar passar uma oportunidade destas de brincar. Para além de que, se isto fosse feito por uma profissional, ia ficar igual ás outras peruas todas. Quer dizer, as peruas tendem a pintar mais de louro do que de azul, mas percebem o que quero dizer.
Decidi assim ir brincando, fazendo experiências, tratando o cabelo como se fosse uma peça de fiber art capilar,  encaminhando-o lentamente para a brancura, sem ter de passar pelo clássico corte radical. Um projecto para vários anos, certamente.
Sou um #workinprogress... lol
Girooo! :)))

O Zé, a quem pedi ajuda para as partes que não conseguia ver,  estava muitíssimo mais nervoso do que eu que, na realidade, não o estava de todo. Se a coisa corresse mal, pintava tudo de azul como antes e o assunto ficava arrumado.
Em tudo na vida tendo a pôr as decisões numa balança e, se o risco calculado me parecer aceitável, atiro-me de cabeça. Neste caso o risco era voltar a ficar igual a antes do Covid... uiii, ca medooo...
Acontece, com alguma frequência (sobretudo tendo em conta que não sou de planear muito as coisas mas de navegar ao sabor do vento) que o  resultado final de alguma coisa nada tenha a ver com o esperado. Nesses casos, das duas uma, ou o assumo porque, não sendo o que tinha em mente, até me agrada, ou, se não gostar, mexo e remexo  até ficar contente. 
Faço isto com a minha arte, na cozinha, na bricolage, com a roupa, faço isto com tudo na minha vida, tenho ideias, arrisco po-las em pratica e lido com o resultado. No fear!!! 
E a realidade é que dá geralmente óptimos resultados, fico quase sempre satisfeita… Chamam-lhe sistema imunitário emocional, não sei se protege do Covid, mas protege bastante bem da infelicidade.

Voltando ao cabelo, ao facto de ser azul, não é de forma alguma um acto de rebeldia. Se é verdade que não tenho grandes preconceitos, por outro lado, acredito na importância das regras sociais como facilitadoras de um bom relacionamento entre seres humanos e não vejo qualquer interesse em chocar por chocar.
Acreditem que, se a rainha de Inglaterra me convidasse para jantar (olhem aí o pesadelooo!!!) não apareceria de fato de macaco das pinturas. Sou um verdadeiro carroceiro entre amigos mas sei comportar-me como uma princesa quando é necessário.
Acompanho as mudanças dos tempos, dentro dos meus próprios limites, como qualquer um de nós, e aplicando-lhes sempre bom senso.  
Para mim, um corpo tatuado da cabeça aos pés ou uma cara pejada de piercings, por exemplo, nunca será ok.  Estou consciente de que, para muita gente, incluindo algumas pessoas que me são próximas, cabelo azul e tatuagens (tenho duas ) também não o são. Cada cabeça, sua sentença.
É a história da minha vida, aos olhos de uns sou uma queque, aos de outros uma ganda maluca... lol



Os que não gramam, aguentem-se, não é excessivo, não revela nenhum problema psicológico, há muito tempo que as velhas pintam o cabelo de (outro tom) de azul e brincos são piercings, sim!!! 


 COM MÚSICA


quarta-feira, 15 de abril de 2020

VIDAS

Candidatura à CONTEXTILE 2020- Lugares da memória
VIDAS (100x150 cms)
   “No mapa do nosso cérebro, apenas fica impresso o que provoca impacto emocional, positivo ou negativo. Pessoas, lugares e experiências, que nos deixem indiferentes, deslizam para o esquecimento no longo prazo. São assim as emoções, de todos os tipos e intensidades, que definem os lugares da memória que nos é possível revisitar.
   Nesta escultura mural, entrego-me a uma divagação estética, numa matriz de várias vidas, sobre este conceito de sistema binário, aqui representado pela utilização do preto (tristeza, dor, sofrimento...) e do branco (alegria, prazer, bem-estar...).
   O observador pode assim dar asas à sua imaginação e, com base neste diagrama de emoções, criar histórias de vida para cada cordão.

   Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma... Assumindo uma postura reativa contra o chocante desperdício da sociedade atual, vou guardando todas as sobras aproveitáveis dos meus trabalhos. Delas é maioritariamente composta esta peça, formada por cerca de 20 000 pedaços de lã feltrada, enrijecida, cortados manualmente, um a um.


   Passei perto de três meses a trabalhar nesta peça dedicando-lhe, em média, 10/12 horas por dia, sete dias por semana, para me candidatar à bienal internacional de arte têxtil de Guimarães. Depois de uma longa espera saiu, finalmente, na semana passada, a lista dos 50 artistas selecionados, da qual não consta o meu nome.
   Já tinha concorrido anteriormente mas, desta vez, estava com uma grande fezada de que seria aceite. Foi um enorme balde de água fria. Há uns anos atrás, uma coisa destas teria tido em mim um efeito devastador, do qual teria demorado algum tempo a recuperar… Felizmente, aquela que sou hoje nada tem a ver com a pessoa que fui.
   A idade concede-nos alguma serenidade e sabedoria mas, sobretudo, fiz, faço e tenciono continuar a fazer, até ao meu último folego, um esforço consciente por viver cada vez melhor, por ser cada vez melhor. Dedico-me muito ao meu jardim, lutando contra as ervas daninhas e cuidando das outras plantas. É um trabalho sem fim, que não se pode nunca descurar.
   Assim, uma das coisas que decidi erradicar foi a autocomiseração, que não tem qualquer função positiva. É um sentimento que surge naturalmente em determinadas situações mas que não tem a mais pequena utilidade pelo que mais vale não o alimentar. A nossa vida está nas nossas mãos, o nosso caminho é aquele que escolhemos e, quando pelo meio encontramos obstáculos, temos de arranjar forma de os ultrapassar.
   Porque é que ser incluída nesta mostra de arte têxtil era importante?! Porque era uma forma de ganhar visibilidade e credibilidade. Se é verdade que, actualmente, graças à internet, os artistas já não precisam de andar com as suas obras debaixo do braço a bater às portas, a realidade é que somos sete cães a um osso e continua a não ser nada fácil ganhar reconhecimento público. Assim, qualquer validação de entidades oficiais que possamos incluir no nosso curriculum, é valiosa.
   Apesar do caminho me ter sido apontado com setas de néon e de ter feito um percurso académico ligado às artes, só recentemente vi a luz. Mais vale tarde do que nunca, é certo, mas não tenho o tempo a meu favor. Olho para os meus primeiros trabalhos e para aquilo que faço hoje e custa-me a acreditar que ainda nem três anos passaram desde que comecei. Ainda estou, no entanto, longe de conseguir viver da minha arte e voltar para a frente de um computador não é para mim opção. Descobri que isto não é aquilo que FAÇO, é aquilo que SOU e lutarei, de unhas e dentes, pelo meu lugarzinho ao sol.
   Sim, a Contextile era importante, era uma ajuda… mas imaginem lá que uma mascara que fiz, por graça, para um pequeno concurso de arte têxtil, anda a correr a internet, está por todo o lado com, literalmente, milhares de visualizações, likes, comentários, partilhas. Dizem que quando Deus fecha uma porta, abre uma janela… quem sabe se esta brincadeira não irá propulsionar, de alguma forma, o meu trabalho mais sério…


   Uma coisa é certa, não tenho intenções de baixar os braços e continuarei caminho alegremente, que tristezas não pagam dívidas. ;)




COM MÚSICA

quinta-feira, 2 de abril de 2020

PANDEMIA – pequeno manual de sobrevivência emocional


   Não sei se terá passado pela cabeça de algum de nós a possibilidade de vir a viver o que vivemos neste momento. Num abrir e fechar de olhos, quase sem pré-aviso, encontramo-nos perante um cenário apocalíptico. Parece que, estilo Rosa purpura do Cairo mas ao contrário, entrámos para um daqueles filmes catástrofe de qualidade duvidosa. Julgo que não restem dúvidas para ninguém de que isto é mau e de que o pior ainda está para vir.
   Apesar de ser uma situação que, pela sua globalidade, nenhum ser humano vivo tinha experienciado até ao momento, não é a primeira pandemia que a humanidade enfrenta. A realidade é que nenhum de nós sabe como encarar uma situação destas e isso pode tornar-se aterrorizador, mais do que a própria doença. Acredito que, mais do que nunca, todos vivamos numa autêntica montanha russa emocional.
   Cada um terá a sua forma de lidar com esta provação. Partilho convosco a minha, as 3 regras de ouro que muito me têm ajudado a não descarrilar, a não ceder aos ataques de ansiedade e angústia que me batem regularmente à porta.
   A primeira é não lhes dar importância. Dada a gravidade da situação, é mais do que natural que nos assaltem, a sua duração e intensidade dependem no entanto de nós. Neste ponto do campeonato há que assumir que a humanidade está em sofrimento, que não há como escapar-lhe e, como tal, enfrenta-lo com coragem. Não é tempo para pieguices. Doi?! Aguenta! Dói ter um filho, partir uma perna, perder alguém que nos é querido, sentir amor não correspondido, a vida está cheia de dor… eventualmente passa. Tenhamos sempre presente que por cima das nuvens o céu está azul e o sol brilha. A pior coisa que podemos fazer são conjecturas sobre o futuro. Adivinhamo-lo muito difícil mas, no que toca a detalhes, a nossa imaginação apresentar-nos-á mil e um cenários dantescos, a maior parte dos quais não se virá a concretizar. Este é o momento de seguir a sábia frase; prognósticos, só depois do jogo!
   A segunda é; não se pré-ocupem, ocupem-se. Ocupem-se muito, não se deem descanso, não baixem os braços. Quer andem na rua (por não terem outra opção, espera-se) ou estejam fechados em casa, há sempre muito que possam fazer. Passar o dia colados às notícias não me parece, nitidamente, a opção mais saudável. Limpem, arrumem, organizem, criem, inventem, estudem, mas não parem, não se entreguem ao ócio. Dediquem-se áquilo que antes não tinham tempo para fazer. Aprendam coisas novas, explorem a vossa curiosidade, os vossos dotes, ponham projectos em marcha. Cansem o corpo e ocupem a mente, não deixem espaço para o disparate, para pensamentos parvos que não levam a lado nenhum.  
   Finalmente, calma aí com o distanciamento social. Podem estar momentaneamente proibidos os abraços e os beijinhos mas as palavras continuam a ter uma enorme importância, um enorme peso. Não se isolem, não se afastem, continuem a relacionar-se, mesmo que à distância. Temos o privilégio de, neste sentido, viver numa época maravilhosa, com uma série de ferramentas ao nosso dispor. Aproveitemo-las, não para ajudar a difundir fake news, ou espalhar o pânico mas para nos apoiarmos uns aos outros. Para compreendermos que estamos todos no mesmo barco e não nos sentirmos sós. Para conservarmos o imprescindível calor humano. 

Não sei se, tal como alguns esperam, o mundo vai mudar para melhor a seguir a isto, dado que


Mas






COM MÚSICA

quarta-feira, 17 de julho de 2019

BYE, BYE, BEN




      Conheci o Ben, há 11 anos, através da rede de antigos alunos do Liceu Francês.
   Entrou a matar… veni, vidi, vici, rapidamente se tornando um dos membros mais activos, participando em tudo quanto era evento, grupo, discussão no fórum, votações, etc… Ajudou a moldar aquilo que foi o nosso Ning. Conquistou a simpatia de uma data de gente, de várias idades. Reatou relações com ex-colegas que não via há décadas.
   Esta enorme presença deveu-se, essencialmente, à distância. Na altura em que apareceu o site, o Ben estava a viver em Luanda, sentia-se sozinho, tinha saudades de casa, para ele foi ouro sobre azul.
   Achei-lhe graça, com o seu magnifico bigode do antigamente e o seu feitio intempestivo. Tenho respeito por “pelo na venta”, gosto de pessoas com caracter, coerentes, directas. Dei-lhe trela…
   O que eu fui fazer!!! Rapidamente começou a assediar-me pelo Skype.
   Estou a brincar quanto ao assediar, tinha muito gosto em falar com ele. Às tantas, começámos a fazê-lo numa base quase diária. Parecíamos duas BFFs, a partilhar as nossas experiências do dia, a fofocar, a cortar na casaca, a queixarmo-nos da porca da vida ou a rir a bandeiras despregadas dos nossos próprios disparates. Passámos por situações absolutamente caricatas, por momentos de cumplicidade, de tristeza, de aflição, de alegria… e tudo fomos partilhando em directo, na maior parte do tempo, mas não só, graças à internet. 
   O Ben nunca foi bom a dar-se conta de quando estava a ser invasivo. Se, por acaso, por um período mais longo, eu não conseguia falar com ele, ficava amuado, fazia birrinha, punia-me com “silent treatment” durante uns tempos. Eu acho que o nosso Ben era um menino um bocadinho mimado. Ainda nos pegámos, à séria, uma vez que outra, por causa disto.
   Por outro lado, apanhei um que outro susto, quando ia para zonas de conflito armado. Dizia que ia ficar incontactável durante uns quantos dias e, ás vezes, ao fim desse tempo não dava sinais de vida. Suei umas quantas vezes.
   Ao longo destes últimos onze anos, o Ben apoiou-me, ajudou-me, divertiu-me, fez-me surpresas, mexeu-me com os nervos, enterneceu-me, ensinou-me, esteve lá… esteve lá como só um amigo com A grande está.
   Não conheci de todo o Benjamim Formigo piloto de helicóptero, herói da guerra, já estava muito para trás quando nos encontrámos. Soube de uma que outra história.
   O Benjamim Formigo jornalista conheci-o um pouco porque lhe criei e alimentei um blog, dado que era demasiado calão para querer aprender a fazê-lo ele próprio. Para quê chatear-se, se lhe bastava olhar de baixo para cima, com aqueles olhões azuis e ar de Coker Spaniel e pedir com jeitinho…
   O Benjamim ser humano, conheci-o bem. Não conheci, certamente, o mesmo Ben que outros conheceram, cada um de nós tem um eu diferente para cada relacionamento, para cada papel, mas conheci bem o meu Ben. Era um homem colérico, irrascível, indomável, mas era tudo fogo-de-vista. Sabendo dar-lhe a volta, descobríamos que era na realidade um doce. Era deixá-lo ladrar para os pneus, conscientes de ser um cão fiel e amigo. E se conheci alguém com uma profunda noção de amizade , foi o meu grande amigo Benjamim Formigo.
   Vai fazer-me falta. Já me está a fazer falta. Acho que vai fazer falta a uma data de gente. O mundo precisa de Benjamins Formigos, era um homem bom,  com um coração do tamanho do mundo.
   Há muitos anos, em conversa da treta, fez-me prometer que, no seu funeral, poria a tocar o “My Way”. Hoje, cumpri a minha promessa, despedimo-nos dele ao som de Frank Sinatra.
   Bye, bye, blue eyes…
  

FRANK SINATRA - MY WAY
                                                                    

sábado, 6 de julho de 2019

A MINHA ARTE




   Quando, há cerca de dois anos, decidi atirar-me de cabeça, aventurando-me no mundo das artes, fartei-me de procurar o significado da palavra. Não consegui encontrar uma definição “universal” do que é a arte, só opiniões diversas. Pessoalmente não tenho opinião formada sobre o assunto, só sei que é o que quero fazer para o resto da minha vida.
   Encaro, no entanto, esta recém descoberta vocação de forma completamente diferente do que provavelmente o teria feito se a tivesse descoberto na juventude. Quando temos a vida pela frente, cheios de sonhos, de objectivos, parecemos uns touros, levamos tudo à frente. Se tivesse vinte anos, estaria provavelmente a candidatar-me a tudo quanto é concurso, a sonhar com exposições internacionais, a tentar ganhar nome no meio. Só que entretanto percebi o que, para mim, é realmente importante na vida e fama e riqueza estão longe do topo da lista.
   Como não me farto de repetir neste blog, há muito que me dei conta de que a coisa mais preciosa que temos na vida é o tempo, não só o nosso como o que partilhamos com os outros. É finito e  não sabemos quando se esgotará, pelo que o melhor é aproveita-lo bem. O meu, quero gasta-lo na companhia das pessoas de quem gosto, mantendo um ritmo de vida pouco acelerado, quero gozar a minha casa, a minha família, os meus animais, as minhas plantas.
   Se não tivermos muito cuidado, uma vocação engole-nos. Dantes, ai de quem me falasse de trabalho nos momentos de lazer. Ficava logo virada do avesso, ansiosa, desconfortável. Hoje em dia a minha cabeça não trabalha, diverte-se, só ao meu corpo pesa a actividade. Sou eu que agora me torno chata, sempre a falar dos meus projectos. 
   Trabalho muito, muito mesmo, trabalho muitas horas por dia, todos os dias. Quando não estou a “fazer” estou a criar na minha cabeça, a planear, a investigar, a estudar, a organizar, a divulgar.  Nunca antes tinha tido quaisquer problemas de sono, agora tenho agora terríveis “insónias criativas”, como lhes chamo. Dei-me conta no outro dia de que adquiri uma adicção, não sou capaz de passar um dia sem meter mãos à massa, sem fazer alguma coisa. Uma amiga tem a teoria de que é o meu equivalente de meditação.
   A realidade é que, a ideia de voltar a fazer seja o que for na vida que não seja isto, não é para mim opção. Descobri uma parte do meu ser que desconhecia e que não quero voltar a perder. Hei-de fazer tudo o que estiver ao meu alcance, apostar tudo o que tiver para apostar, para levar a água ao meu moinho, para conseguir um dia viver da minha arte, humildemente, sem luxos, holofotes ou manias das grandezas.
   Apesar de ainda ter muito para aprender, aliás, na minha opinião, devemos aprender até morrer, dei agora nitidamente um salto na direcção de uma identidade como artista. De todas as técnicas que utilizo, a feltragem molhada é, sem qualquer sombra de dúvida, a minha preferida. Ultimamente, não tenho praticamente feito outra coisa. Estou, neste momento, a preparar a minha próxima exposição, que será no final de Setembro. Partilharei detalhes mais tarde, dado que ainda estou em combinações com a galeria. Irá chamar-se “Lã & Luz” e será uma colecção de peças iluminadas. Não sei se será um resquício dos meus tempos da fotografa ou uma inspiração do que me vai na alma, no coração, sinto-me iluminada por dentro, com um quentinho bom como o da lã…
   Se não conhece ainda o meu trabalho, pode passar a conhecê-lo no meu site, onde encontrará também links para as redes sociais. Gostos e partilhas são muito bem vindos. ;) Quer já esteja familiarizado com ele ou não, sugiro que venha ver as minhas peças ao vivo, pois faz toda a diferença.
   Dedico este post a todos aqueles que possam ainda estar à procura do seu chamamento. Sejam pacientes, nunca é tarde e sabe bem em qualquer altura. ;)


  
  

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Doze velinhas...




Um ano, três posts... que vergonha. :(
Não foi por falta de ideias ou vontade de escrever, simplesmente não arranjei tempo nem disponibilidade mental.
2018 não foi, decididamente, dos anos mais fáceis da minha vida... 
O lado bom, maravilhoso,  foi a minha arte, que tão realizada me faz sentir. :)))
Um ror das mais diversas dificuldades, problemas, tristezas, inquietações... ia, literalmente, dando cabo de mim. Acabei o ano num estado absolutamente deplorável. Como me é característico, fui aguentando valentemente  enquanto o meu cérebro, lenta mas seguramente, ia destruindo o meu corpo.
No more! Estou farta... 
Ninguém disse que a vida era fácil. Enfrento-a com coragem e sem nunca baixar os braços. Agora chegou o momento de confiar, de ter realmente fé, em como tudo se resolve. 
Entretanto, quero viver em paz, porque nunca sabemos se há amanhã, a vida é hoje.
É para isso que vou trabalhar em 2019. 
Irei dando notícias... ;)

Parabéns Sopa!




 COM MÚSICA


domingo, 14 de outubro de 2018

BAs






   Todos os Sábados o meu pai passava no “Dimas” a comprar o seu tabaquinho, umas quantas revistas e tudo o que tivesse saído desde a semana anterior de “Tio Patinhas”, não só para nós mas porque ele próprio era leitor compulsivo dos “patos”, como lhes chamava.
(as saudades que me atacaram agora… )
   Algumas das histórias eram sobre as aventuras do Huguinho, do Zezinho e do Luisinho, sobrinhos do Donald, nos escuteiros Mirins.  Estas, giravam recorrentemente  à volta da BA (boa acção) do dia. Acho que acabei de me dar conta (Dahaaaaaa!) que aqueles livros tinham mais profundidade do que a que eu lhes atribuía na altura. Bem, uns aprendem estas coisas no catecismo, eu aprendi nos livros aos quadradinhos... lol
   Dito isto, há já uns anos que me esforço, activa e conscientemente, por pôr em prática este “conceito”. Por BA, para que não haja dúvidas, entenda-se qualquer acto altruísta,  sem esperarmos nada em troca. Todos o fazemos espontaneamente de vez em quando, suponho eu.
   A questão é que a vida anda difícil para todos nós. Pode ser que esteja redondamente enganada, mas a sensação que tenho é de que estes possam ser (internamente, para cada individuo) os tempos mais complicados que se viveram nas últimas dezenas, senão mesmo centenas de anos. Não tenho memória de sentir este desconforto, esta ansiedade no ar, quando era pequena. Julgo que as pessoas, no geral, viviam a vida mais descontraidamente.
   O tempo parece ter sido uma das maiores perdas na evolução humana, ninguém tem tempo para nada, andamos todos sempre a correr. Com as novas tecnologias de comunicação, somos requisitados por N vias, N vezes por dia, o tempo de resposta esperado sendo sempre “já”. Novos e velhos debatem-se com problemas financeiros, crises de identidade, num mundo cada vez mais fundamentalista em tantos aspectos, enfim…  
   Costuma dizer-se que “de boas intenções está o inferno cheio”… acredito que ainda haja neste mundo muita gente cheia delas, constato no entanto que, na maioria dos casos, não chegam a passar disso. Infelizmente, não é difícil compreender porquê; andamos tão focados a tratar das nossas próprias vidas, que muitas vezes nos esquecemos de levantar os olhos do nosso umbigo.
   Não vou, no entanto, sequer abordar a questão de que o mundo seria muito melhor se fossemos todos “uns para os outros”. Parece-me tão óbvio que até dói.
   Não, o que venho partilhar hoje convosco, e que não posso demonstrar, não consigo provar, nem sequer me vou dar ao trabalho de tentar, é que a vida nos corre muito melhor se regularmente praticarmos BAs. Sei que para alguns isto é uma evidência, tão básica que nem precisava de ser referida, e que outros são muito mais cépticos em aceitar uma relação de  causa e efeito.  Enquadro-me, obviamente, na primeira categoria.
   A boa acção não precisa de ser a doação de um rim e a melhoria de vida não será provavelmente o Euromilhões… embora qualquer uma das coisas seja possível. Não, podem ser actos muito mais insignificantes e as consequências muito mais subtis.
    Oferecer um sorriso e retribuir os bons dias à senhora que nos atende algures,  olhando-a nos olhos é, infelizmente, hoje em dia uma boa acção. Vá-se lá entender porquê, a cortesia parece ter passado de moda, mas continua a saber bem. Ligar para saber de amigos ou familiares com quem não falamos há algum tempo, dispensar-lhes alguns minutos e dois dedos de conversa, também já não acontece frequentemente.   O céu é o limite… pequenos gestos, grandes ajudas… maior ou menor sacrifício pessoal… as boas acções vêm em todas as cores e tamanhos.
   O problema é que, se não nos obrigarmos a “ser” assim, a ter este hábito, tal como quem se obriga a fazer ginástica ou a lavar os dentes, o mais provável é que nos baldemos… não por mal, não por falta de intenção, mas a vida mete-se pelo meio, o tempo vai parar não sabemos onde, e quando damos por nós percebemos que não temos feito nada pelos outros.
   Acredito do fundo do coração que, tal como na tabuleta do café acima, a vida nos saia um bocadinho “mais barata” se oferecermos regularmente um bocadinho de nós ao próximo.

terça-feira, 10 de abril de 2018

História de um processo criativo



Várias pessoas me têm perguntado como é que  “funciono”, como me vêm as ideias, se sei há partida o que quero fazer, se as coisas saem sempre como as imaginei, etc… para esses, decidi escrever este post. ;)
Para a minha exposição, decidi fazer um quadro onde constassem todas as técnicas que utilizo. Como poderão imaginar, não é fácil…
Nota: Isto sendo uma história, se saltarem já para o fim do post, para verem o dito cujo, é como se fossem ler o fim do livro… tsss tsss
Comecei por pensar no macramé, talvez o mais difícil de misturar com tudo o resto, e vieram-me imediatamente à cabeça cortinas vermelhas. Confesso que foi no mínimo estranho, dado não apreciar grandemente o macramé colorido, preferindo-o sempre naquele branco sujo clássico. Atribuo-o assim a uma qualquer inspiração divina. lol
Cortinas vermelhas, cortinas vermelhas… Teatro!!! Teatro, de caras… uma boca de cena… um palco de madeira tosca… um cenário naif qualquer ao fundo, uma(s) figura(s) em primeiro plano…  Teatro, que fez tão intensamente parte do fim da minha adolescência, o ambiente dos camarins, o público a chegar, o trac antes do espectáculo… sim, que mesmo só tendo feito parte da equipa dos cenários e guarda roupa, também sentia trac antes da estreia… Está decidido, vai ser uma boca de cena!
Notem que esta decisão demorou várias semanas, muitas noites passei sem conseguir adormecer, a matutar sobre o assunto…
Já tinha decidido o tamanho do quadro, 50x40, antes de saber o que lá iria montar, pelo que meti logo mãos à obra sem fazer, nesse momento, a mais pequena ideia do que iria representar no palco, logo se veria.
Comecei então com um crochézinho para a cortina superior, achei que iria lindamente com o macramé nas laterais. Fiz assim uma tira rectangular.


Apesar de lhe ter feito umas ondas em baixo, achei que estava pobre… Queria um teatro majestoso... Pronto, estava definido o rumo, estava criado o ambiente, podia começar, enquanto ia adiantando serviço, a pensar no que lá iria pôr. Para embelezar a cortina superior, decidi assim fazer-lhe umas franjas e um cordão em frioleira… Cortei centenas de bocadinhos de fio para fazer as micro-franjas.



Depois, foi preciso coloca-las, uma a uma, para não dar um aspecto tosco, cerca de 6 a 8 fios em cada buraco da agulha. Nesta altura andava com o trabalho para todo o lado. Aqui estou eu na lavandaria… lol





A seguir fiz o cordão. A frioleira, em Portugal, faz-se tradicionalmente com uma navete. Nunca consegui utilizar aquele utensílio do demo. Tive ataques de raiva quando me tentaram ensinar, só me apetecia pegar na tesoura e cortar aquilo tudo… Só que gostava do efeito, pelo que fui pesquisar na Net se não haveria alguma forma de o simular. Então não é que também se faz frioleira com agulha?! Mandei logo vir umas quantas do eBay.



Depois de acabado o cordão foi cose-lo à parte de baixo da cortina, o que não só a embelezava mas também servia para tapar a base das franjas.



Para acabar, cortei as franjas.



Preparei então os “cabos” (lol) para o macramé. Como não sou, nem pouco mais ou menos, experiente nesta técnica, liguei à minha professora (hehe), a perguntar de que tamanho os cortar. Expliquei-lhe os nós que estava a pensar utilizar e ela disse-me a multiplicação. Depois perguntou de que tamanho era o projecto. Notem que estive a trabalhar para ela há uns tempos, na execução de peças para uma feira, que tinham seis metros de altura…  Quarenta centímetros, respondi. Nunca fiz nada tão grande, brincou ela. ;)




Só nesta altura me ocorreu um probleminha técnico; como que raio ia eu prender isto tudo à tela sem se ver?! Decidi assim cozer velcro à parte de cima da tela e ao crochet, o que iria também tapar a fixação das laterais em macramé.



Depois fiz mais uns cordões de frioleira e umas borlas, para prender as cortinas.



Neste ponto do campeonato já tinha uma ideia de como prosseguir. Primeiro pensei numa Columbina, com uma saia de balão, aos losangos de cores retro… Mas queria à força utilizar todas as técnicas e estava a faltar-me a tecelagem, que queria redonda. Pensei numa foca com uma bola mas cheirava-me demasiado a circo e eu detesto circo. Tive então a segunda inspiração divina… lol… Um alvo de atirador de facas. Veio-me à cabeça, por associação de ideias, quando estava a ver um filme sobre mágicos. Esqueci-me de tirar fotografias a todo este processo, às vezes acontece, quando me entusiasmo a trabalhar, depois fico furiosa porque me falta a documentação de parte do processo.  O resultado foi este.



Até aqui tinha sido trabalhoso, agora começava a ser difícil… A menina, como que raio vou eu fazer a menina...? O processo escolhido foi a feltragem com agulha, o mais versátil para este tipo de coisas. Mas como que raio se faz uma forma humana?! Lá fui eu à Net ver imagens de meninas várias... Na feltragem com agulha, tal como na pintura, começa-se com um “esboço” rápido e parte-se depois para o detalhe. Decidi meter mãos à obra sem a mais pequena noção de se ia conseguir produzir algo que se assemelhasse remotamente a um ser humano.






Nesta altura já lhe tinha espetado com a cabeça, que feltrei à parte. A rapariga mais parecia uma aranha com falta de patas… Ainda inspirada pelo filme de mágicos, serrei-a ao meio para lhe acrescentar o tronco.



                Fiz os pezinhos e as mãozinhas, juntei-os ao corpo e dei forma ao conjunto.




A menina estava nitidamente indecente, pelo que lhe tricotei um vestidinho.





Parecia a Sinead o'Connor, coitadinha. Bolas, o cabelo, a mulher precisa de cabelo, como é que não me lembrei antes?! Como que raio lhe vou eu fazer um capachinho? Fiz outra cabeça, para testes, e espetei-lhe com uns fios. Ficou horrível!!! (também me esqueci de fotografar…) Decidi assim pôr lã cardada, mais uma experiência falhada, parecia uma bruxa…  Surge  então outra ideia iluminada; se entrançar a lã, já fica com um ar arranjadinho. É isso, vai ser uma índia.







E pimba, com isto está definido o cenário. É um número de saloon, é só chutar-lhe com umas nuvens e um cacto. Ataquei-me então à feltragem molhada, que consiste em espalhar várias camadas de lã cardada, muito fininha, como base.



Depois faz-se o desenho com as cores por cima, fica assim com um ar esborratado.



A seguir tapa-se com uma rede, molha-se com água com sabão, e acaricia-se e esfrega-se com jeitinho, durante uma hora e tal, duas horas.



Depois enrola-se num rolo de piscina (há variantes) e fazem-se quatro sessões de meia hora a rola-lo para trás e para a frente, mudando de direcção entre cada uma. Passa-se por água quente, por água fria com vinagre, para cortar o sabão, espreme-se bem numa toalha... tudo isto sem fotos… ups...  e deixa-se secar.



Depois disto  estava pronto, era “só” montar, cozer tudo à tela.





Ups, faltam as facas… fazem-se umas com palitos pintados de preto, cartolina e papel de alumínio…




Depois de pronto, o quadro só me fazia pensar no Ritz Club, no Ritz Club da minha adolescência, antes de ser comprado pelo Vitorino e pelo Janita, nem sei se ainda existe. Muito gostava eu daquela grandeza decadente, do ambiente um bocado bas fond, da stripper velha e gorda, do malabarista que deixava cair os pratos, do galã com pinta de Rudolfo Valentino que cantava mal… nunca lá vi um atirador de facas, mas pode ter havido… Nomeei assim o  quadro, em homenagem.



Apresento-vos o RITZ CLUB



 Técnicas utilizadas:
  • Macramé
  • Crochet
  • Tricot
  • Tecelagem
  • Frioleira
  • Feltragem com agulha
  • Feltragem molhada