segunda-feira, 30 de junho de 2008

Generosidade condicional

A generosidade é, na minha opinião, uma das mais importantes virtudes do ser humano… dar sem esperar nada em troca…
Tão bonito, não é?!

BATATAS!!! É o que é…

Por definição a generosidade é SEM ESPERAR NADA EM TROCA...
Incrivelmente os actos generosos são muitas vezes também muito egoístas.

Quantas pessoas conhecem que dêem moedinha ao arrumador por simples generosidade? Hein?!
O acto é sem dúvida “generoso”, teoricamente…
A realidade é que a maior parte o faz na esperança de que assim não lhes lixem o carro… LOL

Embora não devesse ser assim, à frente da maior parte dos actos “generosos” há um “se” implícito…

Conheço casos em que é mesmo explícito…
Por exemplo, um pai propõe-se generosamente a pagar metade do carro que o filho precisa de comprar. SE fôr o carro escolhido por ele… sendo outro, azarete, paga-o tu.
Casos deste género conheço resmas.

Há também aquelas pessoas que oferecem qualquer coisa e depois cobram por ela.
Lembro-me, quando era miúda, da minha avó se ter proposto a fazer-me uma saia. Saiu-me cara a brincadeira… a seguir não parou de se queixar que lhe tinha custado imenso, que se tinha deitado tardíssimo para a acabar, que tinha ficado cheia de dores nos dedos (tinha reumático), etc… Já nem tinha vontade de vestir a porra da saia.

Outros anúnciam logo de caras o “preço” da sua generosidade. Tipo “Eu compro-te essa mala se me deres aquela tua de que eu gosto tanto” ou “Se me convidares para padrinho ofereço-te a viagem de núpcias”.

Noutros casos, o aceitar das generosas ofertas torna-nos “escravos morais” da pessoa em questão. Estas são à borliu enquanto tivermos o tipo de comportamento que esperam de nós. No dia em que sairmos da linha, na optica do mecenas, cai o Carmo e a Trindade.

Depois há os que se ofendem se recusarmos a sua generosidade. “Eu vou-te ajudar com a mudança” – “Deixa estar, não vale a pena, já arranjei montes de gente…” – “Pois… eu propus-me a ajudar… e ela não quis… não percebo… de vez em quando tem destas… para a próxima já nem digo nada…”

Ou as que medem as consequências da sua generosidade ou falta dela… “Está um dia do caraças, não me apetece nada ir ajudar/dar apoio moral/confortar/tomar conta de/etc X, vou mas é para a praia…” Isto, claro está, se por isso não vierem a ter “chatices” de maior, senão mais vale de facto serem generosos. ; )

Finalmente, o “generoso da treta” quer que se saiba que o foi… Generoso claro, não da treta… LOL
Por exemplo, entre amigos, quando alguém faz anos, costumamos fazer “vaquinhas” em vez de cada um oferecer a sua prenda. Normalmente alguém se encarrega de reunir o guito (call me mexilhão… LOL) e depois o traduzir num cheque, vale, transferência, whatever…
Uma vez achámos mais simpático colocar uma caixinha de cartão à entrada onde as pessoas depositariam a sua dádiva. Guess what?! Qual vaquinha, qual carapuça, não deu nem para um bezerro. Já que é “anónimo”… ninguém vai saber que não pus lá um charuto. LOL

Fazendo só um pequeno à parte, notem que as doações anónimas têm ás vezes enormes vantagens… Não resisto a contar-vos isto. LOL
Há muitos anos, um primo meu esteve internado no hospital dos Capuchos. Eu ia visita-lo sempre que possível e de cada vez, via um senhor velhinho, sosinho a uma mesa, descalço, com os pés muito enrroladinhos um no outro, nítidamente com frio. Perguntei o que se passava e o meu primo disse-me que o desgraçado do velhote andava à que tempos a pedir uns chinelos mas que não lhe ligavam nenhuma.
Eu, cheia de pena, quando saí dali passei por uma sapataria e comprei-lhe uns. No dia seguinte entreguei-os ao meu primo mas pedi-lhe para não dizer de quem vinham…
Quando lá voltei, não vi o velhote. Perguntei se já tinha tido alta, ao que o meu primo respondeu: “Xiiii, tu nem queiras saber… o velhote está na enfermaria… dei-lhe os chinelos, ele ficou todo contente, calçou-os logo mas mal se pôs em pé escorregou e partiu-se todo…”

LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
Doações anónimas, muito sensato… LOL
(Sorry… LOL)


Bem, mas voltando ao nosso assunto…

Felizmente, conheço uma que outra pessoa realmente, diria mesmo “puramente” generosa, que faz as coisas exclusivamente pelos outros.
A realidade é que a maior parte das pessoas quando dá, seja o que fôr, prendas, dinheiro, coisas, tempo, ajuda… acha sempre que tem direito a alguma coisa em troca ou fá-lo por medo das consequências de não o fazer.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O pescador mexicano


Sempre que me queixo da vida porca e miserável que levo (em termos de guito, claro… LOL) alguém me sugere que arranje um emprego.
Eu não preciso de emprego, preciso de trabalho.
(hum… normalmente costuma dizer-se o contrário, não é?!)
Um emprego, a não ser que muito bem pago, não ia aumentar em nada a minha qualidade de vida, antes pelo contrário…
 
Faz-me sempre pensar naquela história do pescador mexicano:
Numa aldeia de pescadores da costa do México, um pequeno barco volta do mar. Um turista americano aproxima-se e curioso, pergunta:
“Quanto tempo levou para pescar esses peixes?”.
“Não muito”, responde o mexicano.
“Então por que não ficou mais tempo no mar e apanhou mais peixes?”
O mexicano explicou que aquela quantidade bastava para atender às necessidades da família.
“Mas o que faz com o resto do seu tempo?”, indaga o americano.
“Durmo até tarde, pesco um bocado, brinco com meus filhos, passo tempo com a minha mulher, à noite vou até a vila ter com os meus amigos … tenho uma boa vida...”
O americano interrompe: “Pois eu posso ajuda-lo a ter uma vida realmente boa. Faça o seguinte: comece a passar mais tempo na pesca todos os dias. Depois venda todo o peixe extra que conseguir pescar. Com o dinheiro, compre um barco maior. Ás tantas pode comprar um segundo e um terceiro barco, e assim por diante até ter uma frota. Em vez de vender o peixe a um intermediário, negoceie directamente com as fábricas, quem sabe pode até abrir sua própria indústria. Então pode deixar esta vila e ir morar na Cidade do México, Los Angeles ou até mesmo em Nova Iorque!!”
“E depois?” Pergunta o mexicano
“Depois, quando seu negócio começar a crescer, faz milhões!!!”
“Milhões? A sério? E depois?”
“Depois reforma-se e pode morar numa vilazinha da costa mexicana, dormir até tarde, apanhar uns peixinhos, passar tempo com a sua mulher e com os seus filhos, e passar as noites a divertir-se com os amigos…”


A qualidade de vida não passa obrigatoriamente por se ter muito dinheiro. A maior parte das coisas boas da vida são à borla.
Ok, os que me conhecem dirão que não posso falar, visto que aparentemente nasci com o cu virado para a lua… é uma realidade que nunca me faltou nada de essencial. (pronto, lá vou eu receber mapinhas sobre a miséria no mundo e tal e coiso… LOL)
Não julguem no entanto que não me custa este electrocardiograma que tem sido a minha vida financeira…
Viver constantemente a contar tostões é cansativo pra caraças!!!
Tenho a perfeita noção de que a minha vida poderia ser muito mais completa e interessante se tivesse dinheiro para fazer coisas básicas das quais há muitos anos me tenho visto privada…

Aliás, no que diz respeito a este assunto, quero desde já aqui fazer uma correcção… já não sou uma “perfeita anormal”… LOL
(Óvistes Ó Universo?! Caga lá no que disse anteriormente e chuta para cá o Euromilhões!!! LOL)
Um dia, se tiver pachorra, volto a dissertar sobre o tema.


Mas pôr a nossa felicidade nas mãos dos carcanhois é, na minha opinião, um erro crasso. Se por um lado ajudam, sem dúvida, não são no entanto de todo garantia de sucesso. E do alto das dificuldades com que vivo, considero-me mais feliz do que grande parte das pessoas que conheço que não sabem o que fazer ao dinheiro.
Enquanto o pau vai e vem há que continuar a apreciar as pequenas coisas da vida… é certo que de vez em quando é preciso fazer sacrifícios para se conseguir atingir conforto económico.
Eu também os faço… ; )

A questão é não sacrificar “tudo”, tudo o que não é quantificável, a nossa paz de espírito, os nossos momentos de ouro com nós próprios e com os outros…
Há pessoas que em prol de um futuro abastado desistem de tudo isso.
Já dizia o Dalai Lama que o que mais o surpreende na humanidade são os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro que perdem depois para recuperar a saúde…
Ás vezes não é só a saúde que perdem… é a infância dos filhos, o contacto com os amigos, a família… as coisas que gostam de fazer e deixam sempre para amanhã porque hoje não têm tempo…
E se não houvesse amanhã?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sejam egoístas; dêem...


Todas as manhãs me levanto cerca de dez minutos mais cedo do que seria necessário, para poder acordar o meu filhote com calma…
Não há nada pior do que sermos “arrancados” da cama e “despachados” para sair de casa.
Assim, acordo-o com beijinhos e festinhas, deito-me ao lado dele, trocamos baboseiras, ficamos ali uns minutitos na ronha e só depois começa o dia…

Hoje, quando me ia levantar para me começar a arranjar, ele agarrou-me no braço e disse “Anda cá… tenho de te aproveitar…”
Não percebi… pedi-lhe que explicasse…
“Quando um de nós morrer já não vamos poder estar juntos… temos de aproveitar todos os momentos…fica aqui mais um bocadinho…”

:) Tem seis anos…

Disse isto com um ar sereno e feliz, de olhos remelosos e sorriso nos lábios, sem sombra de angústia ou medo, como quem diz “Ai que bem que se está no campo Maria Alice…”
Foi das coisas mais gratificantes que já me aconteceram…

Um pouco mais tarde, ao tomar o pequeno almoço no ginásio com a minha mãe, contei-lhe o episódio…
Ela sorriu-me e disse “Como será que eles lavam aquelas janelas ali em cima?!”...

Têm quase sessenta anos de diferença e ele é tão mais “sábio”… tão mais consciente das coisas realmente importantes da vida…
Estou cada vez mais convencida de que a felicidade se aprende.
E, logo, se se aprende, também se pode ensinar…
O meu filho é a minha cobaia, a minha prova dos nove, o pôr em pratica das minhas teorias.

Quando olho para ele não vejo uma criança perfeita… tem, como toda a gente, os seus defeitos, as suas fraquezas, as suas dificuldades… mas é, sem qualquer dúvida, um ser humano cheio de auto-estima, sereno, feliz…
E porquê?

Na minha opinião, porque lhe dou… porque lhe dou muito daquilo que é de facto importante receber-se… muito mais do que brinquedos, carros ou aneis de brilhantes…
dou-lhe importância
dou-lhe valor
dou-lhe tempo
dou-lhe mimo
dou-lhe força
dou-lhe atenção
dou-lhe apoio
dou-lhe crédito
dou-lhe confiança
Basicamente… dou-lhe muito amor…

E amar é uma arte… não basta dizer que se ama… não basta sentir que se ama… tem de se constantemente mostrar que se ama.
Dizer que se gosta muito de alguém e não lhe dar este tipo de coisas não vale nada, não serve de nada… É um amor “teorico”… LOL

No outro dia alguém me disse “não posso estar sempre a pensar nos outros”.
A pessoa e o contexto são irrelevantes… a questão é que, na minha opinião, devemos pensar sempre nos outros, sim.
Não pô-los á nossa frente… mas pensar neles, tê-los em conta, sem dúvida.
Não vivemos sós, não somos eremitas, logo temos de pensar nos outros, sobretudo nos que nos são queridos.

Temos de medir as consequências do que fazemos e do que não fazemos… temos de ter consciência de que os nossos actos (ou falta deles) são boomerangs… o que vai volta… e o que não vai, não volta… LOL
Não digo isto em sentido kármico… é mesmo em sentido próprio…
Se não tivermos respeito por alguém difícilmente o vamos receber dessa pessoa.
Se formos agressivos seremos provávelmente retribuidos com agressividade.
And so on…

Dito isto, e voltando ao puto… a história desta manhã só prova que percebeu a importância do hoje, que ser feliz é já... e alguém que trata a questão da morte com tanta naturalidade só pode sentir-se bem :)))

Fico muito feliz…
Carpe Diem!!!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Altos voos

COM MÚSICA

Ontem saltei de um avião a 4.000mts de altitude…
:)
Ok pronto, “saltei” não está própriamente correcto… digamos antes “saltaram-me”… LOL…
Uma amiga ofereceu-me um Tandem…
Há muito tempo que queria fazer isto… foi ontem, foi ontem!!!
Não me perguntem o que me deu… Se alguém me oferecesse um passeio de espeleologia teria também de me oferecer o primeiro prémio do Euromilhões e nem assim estou segura de que aceitasse…
A realidade é que era um desejo já muito antigo, sempre pensei que gostaria de experimentar a queda livre. Não consigo sequer perceber porquê visto que tenho vertigens em cima de um escadote, fico com as pernas a tremer se me aproximo do parapeito de uma varanda alta e não gosto especialmente de aviões…
Ambos os meus pais estiveram “metidos” no mundo da aeronautica, avionetas, planadores… e nunca lhes consegui entender a atracção.
Asas Delta, Bungie Jumping … tb nunca me senti tentada.
Os ares e as alturas não são comigo… mas qualquer coisa no paraquedismo sempre me susurrou ao ouvido.
Se não fosse esta minha amiga provávelmente nunca teria passado daí.
Uma coisa é o que se diz/pensa e outra o que se faz… como aliás comentei no meu último post… LOLOLOLOLOLOLOLOL
A realidade é que acabei mesmo por passar da teoria à prática e que adorei.
(mais uma vez obrigada Martinha !!!)
No entanto, a razão pela qual menciono o episódio neste blog é a seguinte: em nenhum ponto do processo eu senti qualquer tipo de medo, de receio, de ansiedade, de nervosismo…
Não é normal!
A sério… eu não acho normal.
Acho mesmo tão anormal que estou farta de pensar sobre o assunto…
Quem é que, no seu perfeito juizo, ainda por cima responsável e conscienciosa como eu sou, se presta a uma “aventura” destas sem sequer ter um arrepio?!

Quando comecei a pensar no assunto não passava de uma ideia.
Quando me foi feito o convite fiquei entusiasmada, mas demorou muito tempo entre este e a coisa se concretizar de facto.
Quando marcámos a data fiquei á espera do momento em que iria aparecer o nervoso miudinho.
Na vespera fui para a cama calma e serena como se o dia seguinte fosse um dia qualquer.
No dia levantei-me e fui sosinha para Évora, como se fosse fazer um passeio…
Estive no entanto sempre à espera do momento em que iria começar a stressar.
Aproximou-se a hora, equipei-me, recebi o briefing, e nada…
Entrei para o avião com a mesma descontracção com que entraria num avião da Tap.
Começámos a subir, abriu-se a porta, os outros saltaram…
Saltámos nós, finalmente, e apreciei todo o salto (que infelizmente passa num instante… parece que com a repetição se consegue apreciar melhor…) sem qualquer tipo de receio… foi só prazer, curtição… nem sequer senti o famoso “chuto de adrenalina”…
Continuando a não achar normal, mesmo depois do facto consumado, pensei, pensei… e acho que percebi.
E não só acho que percebi, como acho que se aplica a montes de coisas da vida…
Acho que estavam reunidas três condições, que fizeram com que esta minha experiência fosse totalmente gratificante e serena.
1º- Como já disse era uma coisa que me atraía, que há muito tempo queria fazer. Não foi um desafio, uma aposta, uma promessa… fi-lo porque o queria fazer, porque achava que ia gostar… basicamente porque me dava pica.
2º- Tenho uma extrema confiança na pessoa que me ofereceu o dito tandem. Disse que era perfeitamente seguro e eu acreditei piamente.
3º- Ouvi atentamente durante meses as suas explicações sobre a actividade. Falou várias vezes sobre os acidentes, que só acontecem ou por muito azar ou porque as pessoas tomam riscos excessivos.
Somei dois e dois. Tudo fez sentido. Cheguei portanto há conclusão de que corria provávelmente mais riscos ao ir para lá de carro… ;)
De repente fez-se luz…
Quando nos metemos em alguma coisa, seja o que fôr, um negócio, uma viagem, sei lá… se estas três condições estiverem presentes corre tudo bem, sem espinhas, sem medos, sem ansiedades…
Se fizermos as coisas porque queremos, porque nos atraem…
Se tivermos confiança nas pessoas com quem o fazemos…
Se racionalmente a coisa fizer sentido…
Então não há lugar para receios.


terça-feira, 3 de junho de 2008

A teoria e a pratica

Um miúdo pergunta ao pai qual é a diferença entre a teoria e a prática...
- Vai perguntar à mãe se era capaz de ir para a cama com alguém que lhe oferecesse 100.000€.
A mãe , estupefacta com a pergunta, acaba por dizer que sim. Afinal de contas era muito dinheiro, podia tira-los do aperto em que estavam...
- Ó Pai a mãe disse que sim.
Agora, meu filho, vai fazer a mesma pergunta à tua irmã...
- Ó pai a mana também disse que sim.
- Ora aí está a diferença entre a teoria e a prática:
Em teoria tínhamos aqui uma pipa de massa, na prática temos duas putas.

LOL

Ok, isto era só uma anedota :) mas...
Nota-se de facto uma grande diferença entre a teoria e a pratica no que diz respeito à maior parte das pessoas...

Ao conversarmos com elas da-mo-nos conta de que as suas cabecinhas pensam de facto na vida, tiram conclusões, têm opiniões formadas sobre a maneira “certa” de fazer as coisas.
Quem ouve o que algumas delas têm para dizer fica mesmo genuinamente impressionado com tanta "sabedoria"...
Sobretudo se não as conhecer intimamente... LOL
Infelizmente na generalidade aplica-se o "faz o que eu digo, não faças o que eu faço".

As pessoas observam os outros, lêem, pensam, algumas chegam até a ir a conferências, retiros, a estudar as religiões e as diversas filosofias… falam sobre felicidade, realização pessoal, interacção entre as pessoas… mas quando chega a altura de pôr tudo isso em pratica já é outra história.

Na maior parte dos casos temos perfeitamente noção de quando “fazemos merda”... podemos não querer reconhecê-lo, podemos até não querer admiti-lo para nós próprios, mas senti-mo-lo na pele, quanto mais não seja.
A vida é uma aprendizagem…um tomar de consciência de uma série de causas/consequências.
A partir de certa altura chegamos a conclusões do género "não posso comer azeitonas/chocolates (whatever) que fico com borbulhas"... (acção/reacção)
Os putos estão-se nas tintas, mesmo quando sabem que isso vai acontecer querem é comer o chocolate agora, querem lá saber das borbulhas que só vão aparecer mais tarde…
Muitos adultos fazem estupidamente o mesmo e em relação a coisas que lhes causam bastante mais transtorno do que o exemplo acima.
Mas se estivermos atentos, se estivermos para aí virados, se tivermos dois dedos de testa...basta irmos gradualmente corrigindo as nossas atitudes que dão "maus resultados".

Por outro lado, os outros são um espelho do que somos, se nos conseguirmos ver pelos seus olhos podemos ter uma noção muito clara do resultado das nossas acções. Estamos no entanto em geral mais facilmente dispostos a critica-los do que a ouvir o que têm a dizer sobre nós. Atiramos pedras ao telhado do vizinho sem nos darmos conta de que o nosso também é de vidro. Apontamos defeitos ao próximo sem consciência de que ás vezes sofremos dos mesmos “males”.
Há quem perca maridos/mulheres, empregos, amigos, simplesmente porque se recusa a fazer alguma coisa no sentido de corrigir características suas que ele próprio reconhece como sendo problemáticas. Como se o “eu sou assim” fosse uma maldição terrível da qual não se podem livrar.

O homem é um bicho bera por natureza...
Vão a uma cresce e observem como os putos são naturalmente mauzinhos uns para os outros, agressivos, egoístas, invejosos...
Mas isso cura-se! LOL

A sabedoria popular do estilo "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti", ou os princípios básicos das religiões, como por exemplo a condenação da cobiça, da ira, da soberba, são excelentes guias... Muitos os apregoam mas poucos os seguem.
Dá um trabalho do caraças corrigir a natureza merdosa do homem, essa é que é essa!
E o que é pior é que, quando de facto tentamos, os resultados não são imediatamente visíveis... nem por nós nem pelos outros. Muitas vezes parece uma luta inglória...
É mais fácil arranjarmos desculpas para as nossas falhas, para as nossas fraquezas, atribuir a "culpa" aos nossos pais, aos nossos educadores, ás circunstâncias em que crescemos, do que reconhecer que somos "donos" de nós próprios e responsáveis pelo que somos hoje apesar do que nos aconteceu ontem.
Sobretudo há que assumir que todos erramos, que todos metemos o pé na argola de vez em quando, que o facto de identificarmos um “problema” não quer dizer que o tenhamos já resolvido e continuar insistentemente a tentar.

O caminho para a felicidade é a soma de uma infinidade de pequenos nadas. São pequenas batalhas das quais vamos ganhando umas e perdendo outras, mas não devemos desmoralizar. A vida não é um sprint, é uma maratona. A pseudo-busca da perfeição desmotiva as pequenas vitórias do dia a dia. As grandes teorias levam-nos a crer que os resultados são utópicos. A vida é uma cadeira prática… : )