quarta-feira, 8 de abril de 2015

Brasas e sardinhas


Teoricamente, quando há mal-entendidos, desentendimentos, atritos, entre as pessoas e estas falam entre si sobre o assunto, o objectivo é tentar resolver as questões.
Não só nem sempre é o caso como inclusivamente, às vezes, ainda acaba por piorar as situações.

Pormo-nos à defesa é um instinto natural. Se nos sentimos atacados, agredidos, a tendência é sempre de puxarmos a brasa à nossa sardinha.
Ao fazê-lo, dificilmente teremos no entanto em consideração o ponto de vista do outro, transformando-se frequentemente um diálogo em dois monólogos.

Por outro lado, muitos achando que a melhor defesa é o ataque, não é invulgar que respondam a críticas ou acusações com outras de volta, transformando assim a conversa num concurso para averiguar quem tem mais defeitos ou culpas no cartório.

Um dos erros crassos que cometemos é assumir coisas.
Estamos habituados a fazer deduções no seguimento da análise dos factos. Raramente nos perguntamos no entanto se estaremos efectivamente em posse de todos os dados.

Para podermos compreender uma atitude precisamos de saber o que a motivou, sendo de uma enorme presunção partirmos do princípio que, somando dois e dois, lá conseguimos sempre chegar sozinhos.

Por outro lado, o hábito de auto-análise não sendo propriamente comum, as pessoas muito mais facilmente apontam o dedo ao próximo do que se perguntam se elas próprias terão agido correctamente.

Se em vez de cada um puxar a brasa à sua sardinha as pusermos todas na mesma grelha e as assarmos em conjunto, teremos garantidamente resultados muito mais gratificantes.

Tenho assim vindo a chegar à conclusão que, bastante mais importante do que afirmar, é perguntar, o que cumpre mais do que um propósito.
Primeiro, demonstra que estamos interessados em compreender o outro lado, o que já de si denota de pré-disposição para a concórdia. Depois, ajuda ambas as partes a compreender melhor as situações.

Ao pedirmos a alguém que nos explique alguma coisa, ou inclusivamente que sugira soluções, estamos simultaneamente a obriga-lo a realmente pensar sobre o assunto.
Para que consiga fazê-lo, terá de ganhar algum recuo, de se desprender um pouco de eventuais factores emocionais.
Isto irá permitir que ele próprio clarifique a sua postura e até eventualmente a passe a ver com outros olhos.

Se for caso de assumir ou partilhar “culpas”, estará assim muito mais inclinado a fazê-lo do que se tiver sido “encostado à parede”.
Se, por outro lado, chegar à conclusão que continua a achar que tem razão, mais fácilmente nos conseguirá transmitir porquê.

It’s a win, win, situation… ;)



COM MÚSICA