segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A vida é um jogo

Ai é, é...
Senão vejamos:

É um jogo de Trivial:
Os "saberes inúteis" servem de facto para alguma coisa. E não basta saber muito sobre um tema. Tentem lá ganhar um jogo respondendo só a perguntas de futebol... A cultura geral ainda tem, sem qualquer dúvida, o seu peso na nossa sociedade. E mesmo que não sirva para ganhar o jogo, serve pelo menos para ganhar o respeito e a admiração "do povo".

É um jogo de Scrable:
Os mais desembaraçados com as palavras tendem a safar-se melhor. Quanto maior fôr o domínio da língua mais hipóteses se tem de ganhar. Quanto mais se disser mais se pontua.

É um jogo de Tabu:
Ás vezes não podemos dizer as coisas directamente às pessoas, tentamos lá chegar de outra maneira, como se costuma dizer "por outras palavras"... Vamos dar uma volta ao bilhar grande to get to the point.

É um jogo de What where you thinking:
O objectivo deste jogo é tentar pensar como os outros. Eta! coisa difícil... parece fácil à partida, mas só quando se começam a contar pontos é que nos apercebemos de que as nossas cabecinhas pensam todas de maneira diferente. E no entanto, se quisermos pontuar, temos de conseguir pôr de lado os nossos gostos, as nossas preferências, os nossos conhecimentos e tentar perceber como funciona a cabecinha dos outros, da maioria, pois é isso que vai render.

É um jogo de Tarot:
Umas vezes vamos a jogo confiantemente, fazemos grandes apostas, sem precisar da ajuda de ninguém. Outras atiramo-nos timidamente a contar com o chien, com o parceiro e com a ajudinha dos Deuses.
O que é divertido é que, em ambos os casos, ás vezes há grandes surpresas. A vida nem sempre nos corre como esperávamos. Quantas vezes não se viu malta a fazer duas vazas numa Garde Contre ou a quase fazer Chelem numa petite...
É um jogo de Mah-jong:
Podemos optar por um jogo pindérico ou tentar um jogo especial. Nos pindericos temos maior controle sobre o desenrolar do jogo do que nos especiais que depende sobretudo da sorte. Na maior parte dos jogos especiais, se não conseguirmos fazer Mah-jong nem sequer pontuamos nada. No entanto, correndo bem, pode-se ganhar o jogo só com um destes. Dão muito mais pica, muito mais adrenalina, e são geralmente jogos mais bonitos, mas não são fáceis.

É um jogo de Settlers:
Vamos construindo o nosso mundo, passo a passo, tijolo a tijolo...
De vez em quando os nossos interesses entram em conflito com os do lado e começa a batatada. Vamos amealhando as nossas cartitas e de quando em quando aparece um "ladrão" que nos leva aquilo que tínhamos demorado tanto tempo a conseguir. Entenda-se o ladrão como sendo "as ironias do destino"...
Quanto mais temos, mais produzimos, mais ganhamos, mais rapidamente avançamos na pontuação.
O factor aleatório, como toda a gente sabe, é importantíssimo.
E as estatísticas são uma batata...

É um jogo de Carcassonne:
Vamos recebendo "peças de um puzzle" que tentamos encaixar nas peças em jogo, no jogo comum. Há geralmente vários sítios onde as colocar, em várias posições.
Temos de decidir se vamos investir muito tempo num projecto grande ou tentar fechar vários mais pequenos. Volta não volta há um chuleco que se pendura em nós e ás vezes até consegue abarbatar-se aos pontos que fomos nós que gerámos. Isto também pode obviamente ser feito em assumida colaboração e os pontos divididos irmãmente, claro.
É preciso ter muito cuidado com os peasants... se mobilizamos todas as nossas "tropas" num projecto a muito longo prazo arriscamo-nos a não ter com que progredir no imediatamente.
E claro, como na vida, há porcos... LOLOLOLOLOLOLOL

É um jogo de Ticket to Ride:
Sabemos que queremos ir daqui para ali...
Daí a conseguirmos fazê-lo, teremos de suar um bocado.
Ás vezes não temos as cartas certas. A coisa vai demorando e quando damos por nós já vamos ter de dar a volta por outro lado.
Outras vezes desistimos logo de determinados objectivos, demasiado ambiciosos, demasiado fora da nossa rota.
Umas vezes ganha-se atingindo muitos objectivos, outras bastam poucos mas bons.
Umas vezes biscamos cartas que estamos a ver e outras atiramo-nos ao desconhecido.
Quando estamos satisfeitos com o nosso jogo (ou antes pelo contrário) podemos sempre tentar mais objectivos. Ás vezes até acabamos por descobrir que já estão cumpridos.

É um jogo de Puerto Rico:
É preciso estar concentrado, não nos perdermos em divagações senão nunca conseguiremos ganhar o jogo.
Temos de estar constantemente a ponderar qual vai ser a jogada dos outros para decidir qual vai ser a nossa. Sempre um passo à frente...Volta não volta alguém faz uma jogada inesperada e lá se vão os nossos planos por água abaixo (ou não, ás vezes são os outros que se lixam).
Há várias maneiras de se ganhar, através de estratégias muito diferentes, mas é sempre preciso produzir e gerar dinheiro.

É um jogo de Filthy Rich:
Os dados são especialmente tendenciosos, há pessoas nitidamente bafejadas pela sorte. Outras, com a mesma estratégia vão sempre à falência.
Temos de decidir se apostamos forte e feio, arriscando-nos a perder tudo, ou se fazemos jogo mais pelo seguro, com pequenos negócios que rendem pouco mas também pagam pouco.
Umas vezes temos bons negócios e não os podemos jogar. Outras só nos sai bosta, não há um negócio de jeito que nos venha parar ás mãos. E ás vezes nem negócios conseguimos ter na mão...

Finalmente é um jogo de Pictionnary: Ás vezes é preciso fazer um desenho para conseguir explicar as coisas a certas pessoas... LOL

É muito feio ter mau perder... e pior ainda ter mau ganhar!
E se fizerem batota é bom que se assegurem de que ninguém dá por isso...

LOLOLOLOLOLOLOL

PS: que me desculpem os leitores menos versados em Jogos...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

E viveram felizes para sempre

Recentemente, noutro blog da nossa praça que não nomearei, a autora deu um valente enxerto de porrada no conceito de "casamento"...
Apesar de lá ter ido cagar sentença, como não poderia deixar de ser, gostaria de dar mais uns dedos de conversa sobre o assunto.
Peço então emprestado o tema e cá vamos nós.

A autora do referido post, está nitidamente a passar por uma fase adolescente, é na minha opinião a única explicação para que veja a vida tão a preto e branco.
Tudo/Nada, Adoro/Odeio, Sempre/Nunca... Helloooooooooooooo?!
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL

Inútil será dizer que discordo absolutamente da maior parte do que diz.
Cada vez mais me convenço de que os seres humanos são ainda mais diferentes uns dos outros do que possa parecer à primeira vista.
Como se costuma dizer há gostos para tudo.

Se tecnicamente a autora não crucifica propriamente aqueles que estão ou gostariam de estar numa relação duradoira, o conceito em si é no entanto impiedosamente espezinhado... LOL
Uma relação a dois, seja ela qual for, é composta por variadíssimas fases, tal como a criatura de um post recente deste blog, vai constantemente evoluindo...
Ora imaginemos que criamos porcos... é perfeitamente legítimo que algumas pessoas não os deixem crescer... afinal de contas os leitões são muito mais saborosos...
Claro que um leitão dá para muito menos tempo do que um porco... e oferece muito menos variedade no que diz respeito a enchidos, costeletas, febras, entrecosto, lombinhos para assar...
Mas é perfeitamente legítimo que alguém afirme que gosta de leitão mas não gosta de porco...


A minha questão aqui é se não gostarão de leitão mais porque não têm pachorra para deixar crescer o porco, porque não estão para se dar ao trabalho de o alimentar, de tratar dele, para ter direito aos chouriços e ao presunto...
Casos há igualmente em que apostam no porco errado, com demasiado empenho, durante demasiado tempo, e mais tarde quando já fizeram a matança, julgam todos os outros porcos pela mesma bitola.
Já chega de porcos... Oinc, oinc...

A realidade é que as paixões não duram para sempre.
Vão-se transformando noutra coisa.
Essa coisa ou é boa, seja em que moldes for, ou não vale a pena.
Ora, como também se costuma dizer, "o amor é cego".
Eu diria antes que quem é de facto cega é a paixão... e quando esta cegueira passa finalmente, não é obrigatório que ao vermos a luz esta nos agrade...
Nem todos foram feitos para se entender.
É perfeitamente possível apaixonarmo-nos por alguém totally wrong for you, "I say tomato, you say tomata"...



A questão então é usar a parte do "coragem para mudar as coisas que posso mudar".
Senão, dêem lá atenção à letra da música do Rui Veloso que está a tocar...
Então o gajo sabia que ela não ia gostar do concerto... estava no direito dela não? Nem toda a gente gosta de favas com chouriço... Mesmo assim, decide vender a porra do anel de rubi... (para já, para já, por que raio tinha o gajo um anel de rubi??? Hum... tem pai que é cego... cá para mim a gaija safou-se de boa, um dia chegava a casa e encontrava-o com o melhor amigo...) bem, lá vende o anelito, obriga a desgraçada a ir assistir ao concerto, e quando ela confirma que não gosta, faz-lhe uma cena, fica de trombas e percebe finalmente que não foram feitos para se entenderem?!
Helloooooooooooooooo?!
Das duas uma, ou vai cada um ao seu concerto (liberdade de escolha...), ou aquele que vai por gosto não exige ao outro (que está a fazer o sacrifício de o acompanhar) que goste (chama-se respeito e consideração pelo próximo) ou há tantas coisas em que discordam que o melhor é ir cada um para o seu lado...
Não temos que ter todos os mesmos gostos, as mesmas maneiras de ser e de de lidar com a vida, as mesmas escolhas... mas convém talvez que estas sejam compatíveis.

Para sempre?! Não sei... talvez sim, talvez não... para começar o que quer dizer "para sempre"? Para sempre enquanto dura, enquanto o balanço é positivo...
Agora que não haja dúvidas que qualquer relação é feita de compromissos, de exigências, de cedências, de sacrifícios... que dão trabalho, que há momentos melhores e momentos piores... como em tudo na vida.

Também se pode comer só leitão...
Se bem que a malta que praí anda a papar leitõezitos de limãozinho na boca, na minha opinião não se importava nada na realidade de um dia destes ter direito a um bom chouricito...


Paixão-Rui Veloso - Rui Veloso-Paixão

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Os Pedros

Este post vale o que vale (que é como quem diz, não vale um charuto), visto que conheço cerca de duas dezenas de Pedros. Não conheço 100, não conheço 1000... Dirão vocês que a amostragem é fraca... Pois pode ser que sim... A realidade é que conheço muito mais Pedros do que Manueis, Josés, Antónios ou qualquer outro nome.

Ao longo dos anos tenho-me dado conta de que os Pedros parecem ter muitas características comuns. Algumas delas são tão marcantes que não pude deixar de reparar nelas ao longo dos anos.

Nunca liguei muito aquelas cenas dos significados dos nomes, apesar de, como a maior parte das futuras mães, ter lido muitas dessas tretas. Foi sobretudo para fazer de conta que me inspirava, julgo eu, visto que na minha cabeça filho meu sempre teve de ser Pedro. O que aliás muito me chateou quando me casei com um Pedro, visto que não gosto de dar o nome dos pais aos filhos...

Enfim, os Pedros sempre fizeram parte da minha vida; tenho um tio e padrinho Pedro, dois primos Pedro, tive um babysitter Pedro, vários colegas, um aluno, um namorado, um marido, vários amigos e agora um filho... LOL

Os Pedros são normalmente bem parecidos, uns mais do que outros como seria de esperar, mas todos com um não sei quê de carismático.

Os que conheço têm todos, sem nenhuma excepção, um excelente sentido de humor.

São não só inteligentes como espertos o que, como toda a gente sabe, não é bem a mesma coisa.

Todos parecem curiosos, ávidos de saber coisas, uns sobre assuntos mais específicos do que outros, mas sempre com uma grande sede de conhecimento. Costumam ter uma sólida cultura geral.

São tendencialmente boas pessoas, se bem que nalguns exemplares isso ás vezes possa não parecer óbvio.

Não conheço da mesma forma todos os Pedros da minha vida, mas nos que conheço melhor a relação com as mães parece tremendamente importante, ao ponto de os marcar vincadamente para o resto da vida. (mais do que seria "normal" seus idiotas... sei muito bem o que estou a dizer... Grunf!) Devo dizer que para uns no bom sentido e para outros nem por isso, na minha opinião. O que me deixa aliás bastante apreensiva por ter dado esse nome ao meu próprio filho... LOL

Mas sobretudo, o que mais me salta à vista, é que parecem ter nascido todos com o cu virado para a lua...
Não estou a dizer que não passem por dificuldades, como toda a gente. Não estou a dizer que não tenham chatices, preocupações, desgostos... os Pedros são pessoas como nós... LOL
Simplesmente a vida parece correr a favor deles... por muito alto que caiam acabam por aterrar sobre as patas, como os gatos.

Têm geralmente "boas" famílias, "loving", "caring", unidas.
As mulheres têm tendência a apreciá-los, a admira-los, a respeita-los.
Muitas vezes quando estão em dificuldades financeiras, impasses profissionais, a solução vem ter com eles, aparece-lhes uma oferta de emprego, um projecto, um sócio, um investidor...

Claro que nada disto é garantia de felicidade, mas ajuda.
Faz-me lembrar aquela anedota que já mencionei noutro post, de Deus que aparece ao tipo com uma doença terminal para lhe dizer que acredite, que o vai salvar. Este recusa o médico especialista pois Deus vai salva-lo. Não aceita tomar os remédios de última geração porque Deus vai salva-lo. Não aceita fazer uma operação topo de gama porque Deus vai salva-lo... E acaba por morrer. Confrontado com "o criador" pergunta-lhe "então Senhor, não tinhas dito que me ias salvar?" Ao que Deus responde "deves estar a gozar comigo!!! Mandei-te o médico, mandei-te o remédio, mandei-te a operação, recusaste tudo, querias oquê, um milagre, não?!" ;)

Acho que os Pedros têm um bocado tendência a ser como o senhor da anedota... ao menino e ao borracho (e aos Pedros) põe-lhes Deus a mão por baixo.
Há no entanto coisas que não nos caem na sopa por obra e graça do Espírito Santo, coisas por que é mesmo preciso lutar, e os Pedros parecem ter uma certa tendência para tomar as coisas for granted e depois se queixarem da vida porca e miserável que levam. Tem tendência a achar que a vida "lhes acontece", que não são responsáveis pelas coisas...

Dito isto, esta minha história dos Pedros era sobretudo para chamar à atenção de que mesmo pessoas maravilhosas como eles, "abençoados por Deus e bonitos por natureza", se não fizerem pela vida ninguém vai fazer por eles. Ser feliz não só é possível como é uma opção de cada um, agora depende do que estamos dispostos a fazer e a mudar por isso.








sábado, 9 de fevereiro de 2008

As time goes by...



Ah, pois... o tempo passa!!!
LOLOLOLOLOLOLOLOLOL

À primeira vista aquilo em que reparamos nestas fotos é que a criatura acima (o respeito pela privacidade leva-me a preferir não expor o nome dela para uso num grupo tão alargado... LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL) vai ficando mais velha... mas se olharmos com mais atenção da-mo-nos conta de que vai também passando por fases muito diferentes...

Se numas fotos está gordinha e com um ar saudável, noutras tem um ar cadavérico e doentio, se numas até está giraça (confessem...) noutras descreve-la-ia como uma verdadeira "cara de cu", e não vou continuar a enumerar diferenças, se vos divertir façam-no vocês...
Agora, se olharem bem para os olhos, para a expressão, para o que nos transmitem as fotos, vão ver que "lá dentro", na alma, as diferenças também parecem ser bastante grandes. Se numas está com um ar feliz e satisfeito, noutras parece estar à beira das lágrimas, and so on...

É mais evidente dar-se pelas alterações exteriores do que pelas interiores.
Não há fotografias para o que se passa na nossa cabeça, no nosso coração...
A realidade é que também nesse campo estamos em permanente mudança.

Pessoalmente devo dizer que sinto que se o meu físico está a envelhecer, a perder elasticidade, a ficar flácido, a ganhar rugas, o cabelo a ficar branco ... o meu espírito vai contrariamente de vento em poupa, sinto-me cada vez mais sábia, satisfeita, realizada, feliz... Quando chegar ao Nirvana morro... ganda galo... LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
Como já dizia não sei quem, a vida devia ser vivida ao contrário. Nascíamos num asilo de velhinhos, íamos regredindo até voltarmos à barriga da mãe e morríamos num grande orgasmo... LOL

As coisas por que vamos passando na vida vão deixando marcas...
Fisicamente, para além de envelhecermos, podemos ter cicatrizes, tatuagens, tirar sinais, pôr mamas ... tudo coisas que alteram a forma como nos sentimos e como os outros nos vêem...
Psicologicamente isso também acontece mas é menos visível, menos evidente, até para nós próprios...
Para a maior parte de nós não existe registo daquilo que já pensámos e ousaria até dizer daquilo que já sentimos.
A dor e o prazer emocionais são tão efémeros como os físicos. Quando já não estão presentes já não nos conseguimos lembrar bem de como eram.
Até com as ideias acontece o mesmo. Quantos de nós não renegaram já ideias que tinham anteriormente defendido?

Onde estou a querer chegar com este post é a que se calhar, deviamos esforçar-nos por manter um registo psicológico das coisas, como o fazemos com o físico através da fotografia. Guardar um espacinho no cérebro onde poder revisitar aquilo que já fomos. Nós e os outros...
Toda a gente olha para uma determinada foto e diz: "Olha, o não sei quantos com cabelo!!!"
Mas geralmente ninguém comenta: "O não sei quantos está muito menos egoísta!" e a realidade é que ás vezes está mesmo... mas ninguém reparou...
Talvez assim tivéssemos uma melhor noção do que tem sido a nossa evolução e a dos que nos rodeiam. Talvez assim nos felicitássemos mais relativamente ás nossas conquistas, e ás dos outros, aprendessemos melhor com os nossos erros... Era bom para nos lembrarmos de nunca mais voltar a fazer "aquele corte de cabelo".


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Usucapião

A observação dos animais leva-me a crer que os "moods" sejam uma coisa natural.
Há dias em que estão mais cabisbaixos, com um ar mais tristonho, com menos energia, sem razão aparente.
Porquê? Vá-se lá saber... se calhar estão indispostos, doi-lhes alguma coisa, desatinaram com a chuva, sei lá...
Se isto se passa com seres ditos irracionais mais razão ainda tem de acontecer connosco, reles humanos.
A grande diferença, na minha opinião, é que nos animais tal como vem também lhes passa.
Os homens têm uma grande tendência para se deixar afundar nas suas depressões.

No outro dia tive imenso trabalho a tentar explicar ao meu filho que a "zanga de morte" que tinha tido com o primo iria passar e que não havia razão para continuar infeliz no dia seguinte. Os estados de tristeza tendem a agarrar-se a nós que nem lapas...
Sei do que falo porque sempre tive tendência a ser meio depressiva e sempre tive de combater esse sentimento.
A realidade é que os problemas não se resolvem de um dia para o outro. E mesmo quando uns desaparecem há sempre outros à espreita na próxima esquina...

Se nos distrairmos a depressão instala-se por usucapião.
Costuma dizer-se que o tempo cura todos os males, mas se não tivermos cuidado este também joga contra nós. Quanto mais tempo nos deixarmos ficar deprimidos mais nos vai custar sair da depressão.
Tomando o exemplo do tabaco, quanto mais tempo fumarmos mais nos vais custar abandonar o vício. As pessoas que sempre fumaram um cigarrito aqui, um cigarrito ali, não parecem ter qualquer problema em parar quando assim o decidem.
É portanto muito perigoso autorizar-mo-nos a estar na merda.


Quando esse vício se tenta instalar há que po-lo rapidamente no olho da rua, por risco de perdermos a possibilidade de reclamar de volta a nossa felicidade.

É normal estar mais em baixo de vez em quando. Ás vezes estamos cansados. Fisicamente cansados, cansados de remar contra a maré, cansados de enfrentar dificuldades, problemas... o desânimo é humano. Nesse caso devemos respirar fundo, aceitar que estamos momentaneamente na mó de baixo... mas nunca deixar que esse "estar" se transforme num "ser", tão difícil de desalojar...