terça-feira, 29 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

De boas intenções está o inferno cheio

COM MÚSICA

Recentemente enviei um mail que despoletou uma explosão atómica no seio de um grupo de pessoas…

O dito cujo estava recheado de boas intenções, era simpático e educado.
As reacções que provocou foram de bradar aos céus… um diz mata outro diz esfola… palavras irreflectidas, azedas, insinuações, acusações, agressões…
Gerou-se um clima de tensão, de má onda, de ressentimento, o que era exactamente o oposto do efeito desejado.
O que é ainda mais grave, a pessoa que tentava ajudar foi quem saiu mais magoada disto tudo. Foi o chamado tiro pela culatra.


Inútil será dizer que fiquei absolutamente mortificada com esta história.
A cada novo mail que chegava, dava-se-me uma volta ao estômago. Só me apetecia gritar que parassem. Considerei no entanto que não deveria interferir, por risco de piorar ainda mais a situação.
Falei em privado com vários dos implicados. Todos compreenderam, felizmente, que o assunto tinha descambado, que não era minha intenção provocar uma guerra daquelas. Quase todos me desresponsabilizaram totalmente do resultado final.

É aqui que a porca torce o rabo…
Sou responsável, sim!
Se não tivesse enviado o raio do mail, nada disto teria acontecido. Ou pelo menos se não o tivesse enviado em “Reply to All”…
Pensei que uma reflexão sobre o assunto em questão fosse proveitosa para todos.
“Não podias prever…” disseram-me alguns…
A questão é que podia, sim. Se tivesse pensado três segundos, poderia ter previsto o desastre. Fui descuidada. Sabia bem o feitio das pessoas com quem estava a lidar e poderia não ter provocado a sua reacção. Podia ter enviado a minha mensagem em privado.
Senti-me como se tivesse desastradamente apoiado o cotovelo no botãozinho vermelho…


Neste momento estão vocês, queridos leitores, a perguntar-se por que raio é que a gaija vem para aqui contar estas coisas… lol
Escrevo porque a atitude dos que me apoiam me choca um bocadinho, suponho… Se me desresponsabilizam, provavelmente também o fariam a si próprios. Acho essa atitude muito negativa. Se não errámos, não há nada a corrigir, não há reflexões a fazer.
Ora houve aqui nitidamente uma atitude errada, uma negligência, que teve como consequência grande sofrimento. Há ilações a tirar sim, para que a história não se repita.
E há pedidos de desculpas a fazer (que estão feitos, por sinal, e nunca é demasiado repeti-los).

Para que possam melhor compreender o que estou a tentar transmitir, utilizemos outro exemplo.
Como julgo já ter mencionado aqui, a minha avó materna morreu atropelada.
Tinha 74 anos, sã que nem um pêro, ia para a ginástica. Atravessou a Av. da República fora da passadeira, com o vermelho para os peões. Um carro apanhou-a em cheio, morreu logo ali.

Agora imaginemos que não tinha tido morte instantânea. Imaginemos também que a ambulância tinha demorado imenso tempo a chegar, que o pessoal hospitalar tinha sido descuidado, que os médicos tinham sido negligentes, acabando então por morrer mais tarde.
Quem teria sido o causador da sua morte?
É certo que ela própria a provocou, ao menosprezar as regras básicas do comportamento rodoviário. A realidade é que o condutor vinha em excesso de velocidade, não tendo por isso conseguido evita-la. E esta parte é real, não só no nosso “supônhamos”…

Será que, neste nosso exemplo hipotético, a causa da sua morte não teria sido a assistência deficiente? Possivelmente.
Mas não seria de qualquer maneira caso para o condutor reflectir sobre a sua atitude na estrada? Para pedir desculpa à família?!

Não me martirizo pelo que fiz, não me castigo, já me desculpei. Vivo com a dor que causei com arrependimento mas sem mágoa, pois sem dúvida não foi intencional.
Mas, por me obrigar a todo este raciocínio, por arcar com as consequências dos meus actos, provavelmente estarei muito mais apta a não voltar a fazer outra do género do que os que encolhem os ombros e dizem “a culpa não foi minha…”
No que diz respeito aos outros... bem, como se costuma dizer, os actos ficam com quem os pratica. ;)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Quem sou, de onde venho, para onde vou?

COM MÚSICA



Quem somos nós para os outros?
Que importância temos nas suas vidas?
Como nos relacionamos com eles?

Para alguns, filhos, pais, somos o centro do universo, a vida gira à nossa volta. Não se imaginam a viver sem nós.
Para outros, com quem nos vamos cruzando, somos perfeitos desconhecidos, figuras humanas na multidão. Passam por nós sem sequer nos verem.
Pelo meio… muitas atitudes, muitas opiniões, muitos sentimentos.

Há quem empatize connosco e quem não nos grame. Quem nos ponha nos píncaros e quem nos mande abaixo. Pessoas com quem nos damos melhor ou pior, de quem gostamos mais ou menos… Todos terão alguma opinião sobre nós, assim como nós as temos sobre eles.

Aquilo de que nos apercebemos da visão dos outros sobre a nossa pessoa é um bocado como um espelho de quem somos.
É no entanto igualmente uma armadilha pois, na minha opinião, pode fazer efeito de pescadinha de rabo na boca…
Vejamos, por exemplo a questão da auto-estima. Se não gostamos de nós próprios, como poderão os outros gostar? Mas se os outros não gostarem, estarão de certo modo a validar o facto de nós não gostarmos, criando assim um círculo vicioso.

Por outro lado, a nossa percepção pode ás vezes fazer efeito de espelho deformante. Tal como os anorécticos se vêm gordos no espelho, também nós ás vezes nos enganamos na leitura dos sinais que nos chegam.

Convém ter em conta que nem todos nos conhecem bem, alguns, provavelmente a maioria, terão uma noção muito superficial do que somos, oferecendo assim um feed back deficiente, incompleto. Podemos no entanto tê-los todos em conta, pois qualquer informação pode ser relevante, qualquer novo dado importante.

Todos, julgo eu, gostamos de nos sentir apreciados, respeitados, amados… para isso tomamos uma série de atitudes na vida. Só que, muitas vezes, tomamos a atitude que julgamos que o outro apreciará em vez da atitude que ele irá apreciar de facto. Agimos baseados em “suponhâmos" que nem sempre têm a ver com a realidade.

Todos erramos de vez em quando, o que não quer dizer que “sejamos” os erros que cometemos. Como se costuma dizer “viver e aprender”… Se não nos dermos abébias também não as poderemos pedir aos outros. É falhando e tentando de novo que se aprende.

É também ouvindo e estando atento, que se evolui… Os outros nem sempre estão errados, não somos detentores da verdade absoluta. Por muito que possa custar, às vezes há que se render à evidência de que qualquer coisa não está a funcionar como deve de ser.

Se tentarmos repetir o que nos corre bem e afastar-nos do que deu maus resultados, já é meio caminho andado. Olhando para as nossas características várias, optemos por estimular as que mais alegrias nos trazem, exploremos o nosso potencial positivo.

O facto de admirarmos, de respeitarmos uma pessoa, pelo seu sucesso, a sua inteligência, a sua cultura, a sua beleza, ou seja lá o que for, não quer dizer que gostemos dela. O mesmo se passa com nós próprios, o facto de nos podermos eventualmente ter em grande conta, não quer dizer que nos apreciemos realmente, que nos tratemos bem, como se trata alguém de quem se gosta…

Muito facilmente analisamos e comentamos a vida alheia e não estou a falar em mexericos e fofocas.
De vez em quando, em conversa, com os próprios ou com terceiros, surge naturalmente uma crítica. Damos a nossa opinião, fazemos eventualmente sugestões de como se poderia alterar um estado das coisas que não consideramos saudáveis.
Também acontece o contrário, louvamos atitudes alheias e gabamos-lhes os resultados.

No entanto, como se costuma dizer “a educação começa em casa”… Aquilo que fazemos relativamente aos outros, muitas vezes não o fazemos interiormente, relativamente á nossa pessoa.
Ás vezes tenho um bocado a sensação de que as pessoas “falam”, agem, consigo próprias como o fazem com os seus animais domésticos, por exemplo…
Ninguém explica a um cão porque não deve fazer xixi no meio da sala ou que tem de comer ração de dieta porque está doente. Agimos e falamos sucintamente, relacionamo-nos com eles a um nível muito básico e intuitivo pois sabemos que não têm capacidade para mais.

Com os seres humanos argumentamos, racionalizamos, exemplificamos, explicamos… fazemos uma ginástica muito maior, basicamente somos obrigados a pensar mais.
Então porque tantas vezes nos comportamos perante a nossa própria identidade como se fossemos animais irracionais? Zangamo-nos, pomo-nos de castigo, damo-nos miminhos ou felicitamo-nos por algo que tenhamos feito como deve de ser… mas muitas vezes não passamos de uma abordagem básica, não procuramos o porquê das coisas, não analisamos os nossos actos e as suas consequências…

Na minha opinião, para sermos felizes, precisamos de ter uma coluna vertebral sólida mas maleável e um cérebro funcional e aberto.
Não interessa o que os outros pensam de nós mas dá jeito termos em conta o seu feed back, para analisarmos a nossa postura perante a vida e tirarmos as nossas próprias conclusões.
Face a isto estamos sempre a tempo de mudar, espera-se que para melhor, de alterar a nossa maneira de ser.
O que me parece realmente importante é levarmos a vida conscientemente e sermos alguém de quem gostamos muito e a quem tratamos bem. Podemos ser quem quisermos.