quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A crise

COM MÚSICA



Caramba!!!
(para não dizer outra coisa...)
Não se fala de mais nada, parece uma obsessão colectiva.

Sim, os indivíduos estão em crise, o país está em crise, o mundo está em crise.
Sim, estamos a passar por momentos complicados, duros, difíceis, espinhosos.

Toda a gente se queixa, se lamenta, se indigna, se revolta contra o estado das coisas...
No facebook, post sim, post não, é sobre o tema. Na televisão e nos jornais, é a mesma coisa. Na rádio, ouvi um anúncio que afirmava ser o único a não mencionar a crise (dahaaa!). Parece hoje em dia impossível ter uma conversa sem que esta, mais tarde ou mais cedo, venha à baila. Há pessoas, inclusivamente, que já não parecem conseguir falar de outra coisa.

Parecem velhas a comparar doenças.
Mas será que acham que esta conversa monotemática geral ajuda em alguma coisa?!
Será que não conseguem compreender que só estão a complicar ainda mais a situação?!

Crises tem havido muitas, ao longo da história da humanidade. Crises económicas, políticas, de saúde pública, etc... já passámos por guerras, recessões, epidemias.
But... everything will be ok at the end, if it’s not ok, it’s not the end.
Ou, se preferirem na lingua de Camões: não há bem que sempre dure, não há mal que nunca acabe.

Não estou de forma alguma a menosprezar as dificuldades que se fazem sentir neste momento, a terrível e assustadora luta  que tem sido para alguns (eu que o diga) manter a cabeça fora d’água. Não estou a tentar minimizar os dramas que se vivem por esse mundo fora.
Mas, minha gente, acham mesmo que é por nos lamuriarmos que as coisas vão melhorar?

Reina o pessimismo, o derrotismo, o desalento. O ambiente fica pesado, oprimente, sufocante. Seja para onde fôr que nos viremos não vemos outra coisa à frente. Em vez de nos puxarmos uns aos outros para cima, empurramo-nos ainda mais para baixo.

Será que ninguém consegue já ver o que tem de bom na vida? Será que “um mau bocado”, por muito longo que esteja a ser, apaga tudo o que temos de positivo?
Bolas, o que é feito da amizade, do amor, da saúde... perderam a importãncia?
Se as coisas estão duras, mais razão me parece haver para nos agarrarmos, com unhas e dentes, ao que realmente importa. Se os tempos estão difíceis de suportar, é acarinhar o que temos de agradável. Será que absolutamente tudo desapareceu de repente?
Consigo imaginar casos extremos em que isso tenha efectivamente acontecido mas não será certamente o caso para a maioria de nós...

Imaginem uma criança que esteja a enfrentar uma fase difícil da sua vida, uma mudança de escola, o nascimento de um irmão, o divórcio dos pais, naquelas idades em que tudo é “um drama”. Imaginem o efeito devastador que teria estar constantemente a ser relembrada disso, constantemente a ser violentada pela confrontação com as dificuldades que irá enfrentar. Qualquer adulto, no seu perfeito juízo, tentará minimizar a situação, pôr “paninhos quentes”, distraí-la, dar-lhe força para enfrentar a situação.
Porque não fazemos então isso uns com os outros?

Quem já passou por períodos de dôr física, ter-se-há dado conta de que a distracção é, por vezes, um bom analgésico. Apesar da dôr continuar lá, parece incomodar menos.
O que se está a passar neste momento é um “foquem-se na dôr, não pensem em mais nada”, estamos a agudizar o problema.

Temos de apertar o cinto?! Apertemos o cinto. Respiremos fundo e façamo-nos à vida, com coragem e boa disposição. Não abramos voluntariamente a porta ao desespero e à depressão. Passemos uma mensagem positiva, de esperança no futuro, em vez de ceder ás dificuldades do momento.

Acima das núvens, o céu está azul e o sol brilha. 
Chega de má onda!!!
Não nos deixemos desmoralizar pelo inverno. ;)




PS: Criei o "Sopa de Ideias II" (Link por baixo do cabeçalho), para tentar transmitir mais regularmente "boa onda"... enjoy. ;)







terça-feira, 18 de outubro de 2011

Em defesa do Facebook...

COM MÚSICA



... em particular e das redes sociais em geral.

No domingo passado, tive cá uma prima a lanchar...três dias antes, nem sequer sabia da sua existência.
O irmão, devido ao nosso apelido comum, tinha-me feito um “pedido de amizade” no Facebook. Comentei o facto com outro primo meu, que me disse que ele tinha uma irmã que era minha vizinha. Pedi-lhe então eu amizade e, tendo-se mostrado tão entusiasmada com a ideia de nos virmos a conhecer, convidei-a a aparecer.

Apesar de ter vagamente conhecido, em miúda, o tal primo que me elucidou sobre os outros dois, a verdade é que não tivemos qualquer contacto, até nos reencontrarmos no Facebook. 
Sinto hoje em dia com ele uma empatia que não sinto com qualquer um.
Dado que vive do outro lado do atlântico, ainda não tivemos oportunidade de nos encontramos mas vamo-nos assim mantendo em contacto regularmente...

Pela mesma via reencontrei uma vizinha dos tempos em que vivi em França, de quem nada sabia há mais de trinta e cinco anos. Reatei conversa com o meu primeiro namorado. Fui descoberta por uma menina que andou comigo na primeira classe. Já sem falar em todos os ex-Liceu Francês que reapareceram ou apareceram na minha vida, graças ás ditas redes.

Há muita gente que, não só se recusa a aderir, como parece sentir por elas uma certa repulsa.
As redes sociais, como o seu nome indica, são ferramentas que nos permitem sociabilizar.
Se as pessoas em questão fossem bichos do mato, candidatos a eremitas, eu ainda conseguiria compreender. Não é no entanto geralmente o caso.

Denotam ás vezes de um certo receio, um sentimento de insegurança relativamente a elas. Acusam-nas de ser antros de bisbilhotice e mexericos.  Afirmam não ter tempo “para essas coisas”.

Acontece que, tal como acima referi, estas são simplesmente mais uma ferramenta de comunicação posta ao nosso dispor.
Tal como com qualquer ferramenta, convém sem dúvida aprender a utiliza-la. Convém estar cientes  dos eventuais perigos para podermos evita-los. Mas isto é tão válido para o Facebook como para uma rebarbadora.

Não há dúvidas que, se para lá pespegar-mos com todo o tipo de informações e fotos pessoais, nos arriscamos a surpresas desagradáveis.
O mesmo poderá acontecer se gritarmos aos sete ventos o código do nosso cartão multibanco... ;)

Ai que é invasivo, ai que não tenho pachorra para certas pessoas, ai que não quero que alguns leiam o que escrevo, vejam o que lá ponho... afirmam alguns.
É, mais uma vez, uma questão de domínio da ferramenta. Aquilo está tão bem feito que quase tudo é possível, limitar o que os outros podem ver, bloquear algumas coisas a algumas pessoas, etc... convém sem dúvida tirar a carta antes de comprar carro.
Por outro lado, ninguém nos obriga a aceitar ou manter “amizades” que não queremos ter, da mesma forma que só abrimos a porta de nossa casa a quem quisermos.

O senso comum é também, evidentemente, uma característica a não menosprezar e convém ter em conta que, ao postar, nos estamos a dirigir a uma plateia alargada. Impõe-se portanto, sem dúvida, uma certa auto-censura, tendo em conta que nem todos poderão encarar da melhor forma as nossas opiniões ou detalhes das nossas vidas.
Por outro lado, pessoas que se metem onde não são chamadas, que emitem opiniões que ninguém pediu, que são dadas a peixeiradas, etc... sempre houve e sempre há de haver, infelizmente. Não é no entanto um exclusivo da internet.

Outra ideia, na minha opinião errada, é que a vida passe a ser uma coisa virtual, como se o facto de se inscreverem lhes limitasse os relacionamentos ao vivo e a cores.
Se não tenho grandes dúvidas de que haja pessoas para quem isso seja verdade, não é no entanto de todo obrigatório que assim seja. Antes pelo contrário, acho que potencialmente as proporciona devido à facilidade de contacto.

Esta ferramenta de comunicação (e divulgação, pois até para actividades várias e/ou negócios é extremamente útil) vem finalmente, a meu ver, de certa forma combater um dos grandes males dos nossos dias: a falta de tempo.
O Facebook e afins são um veículo para “irmos sabendo” de gente que, de uma forma ou de outra, é importante para nós.
De certa maneira são como as antigas idas ao café, onde se punha a par das novidades, se davam dois dedos de conversa, se combinavam encontros, se conheciam pessoas.
Hoje, podemos fazê-lo sem nos deslocarmos e relativamente a muito mais gente.

Será que quando apareceu o telefone também houve assim tanta resistência?! lol

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Assuntos em ordem

COM MÚSICA


A morte do Steve Jobs mexeu mais comigo do que alguma vez poderia ter imaginado...
Poderá talvez dever-se ao facto de ter acontecido numa altura do mês em que estou sempre especialmente sensível ou simplesmente á descoberta, instigada pela curiosidade, do grande homem que aparenta ter sido, em mais do que um sentido.
Bem, o certo é que, entre outras coisas, me pôs a pensar sobre o assunto.

Há quem se sinta desconfortável com o tema da morte. Quem não goste de falar ou sequer de pensar nela. Há pessoas a quem a simples noção angustia e gera ansiedade, tal como a mim o faz a de infinito (um dia conto-vos).
O pior de tudo parece ser encarar a própria. Se alguns conseguem enfrentar a dos outros com uma certa coragem, a ideia da sua é-lhes intolerável.

A mim, esse medo é uma cena que não me assiste. lol
Desde que me lembro, sempre encarei a morte como a coisa mais natural da vida.
Talvez por isso tenha tido aquela ”ideia de génio” aos quatorze anos... simplesmente não tinha medo.

Não digo de forma alguma que, se amanhã me anunciassem que tinha X tempo de vida, fosse ficar descontraída, feliz e contente. 
Deve ser absolutamente aterrador e não invejo quem já teve de passar por isso.
Quero aliás deixar aqui um grande beijinho a alguns, que sei que me leem de vez em quando, e que já passaram pela experiência de lhes ser dada uma notícia do género.

O que quero dizer é que, para mim, tendo perfeita consciência de que é uma coisa inevitável, aceito-a com a mesma naturalidade com que aceito o meu nascimento. Não lhe resisto. Basicamente, todos lá iremos parar (em sentido próprio).

Em grande parte graças ao amigo Steve, consegui então, de certa forma, racionalizar e compreender tudo isto... tive uma epifania na parte do discurso em Stanford em que ele relata que o médico o aconselhou a “pôr os assuntos em ordem”.
Pus-me a pensar no que faria se me dissessem isso... pensei... pensei... e  nada me ocorreu que precisasse de ser posto em ordem. lol

Deu-se então a tal epifania... eu tenho mantenho sempre tudo "em ordem"!!!
Isto não quer dizer que já tenha dito tudo o que tinha a dizer, feito tudo o que tinha a fazer, dado tudo o que tenho a dar. 
Não quer dizer que esteja pronta a entregar a alma ao criador. 
Não quer dizer que não tenha muita coisa por resolver, muitos assuntos para tratar.
Seriam no entanto exactamente os mesmos, se me lessem uma sentença de morte.

Julgo que não faria nada diferente.
Não tenho nada por resolver que pudesse já ter resolvido ou resolver agora, de repente, só porque tinha uma deadline.
Dou constantemente a entender àqueles de quem gosto, por actos, por palavras, como as valorizo, como as aprecio, como são importantes para mim. 
Gozo da sua companhia sempre que é possível e oportuno.
Logo que dou por um erro da minha parte, uma atitude que assuma como menos correcta, uma injustiça que tenha cometido, tento retratar-me, peço desculpa.
Não há nada que gostasse de dizer a alguém que não tenha já dito.
Não me arrependo de nada que alguma vez tenha feito e ainda pudesse de alguma forma corrigir.
Não acho que conseguisse transmitir, nuns meses, nuns anos, tudo aquilo que gostaria de transmitir numa vida aos que me rodeiam. Não dá para “compactar”... a vida é para ser vivida e partilhada, não resumida.
Também não me parece que pudesse dar-me melhor a conhecer, “para mais tarde recordarem”. What you see, is what you get, tem sido o meu lema. Tenho também largado muito lastro por aí, como aliás qualquer um de nós. As nossas pegadas ficam.
Não há nada que gostasse de fazer, nenhum sítio onde gostasse de ir e tivesse oportunidade/pudesse/quisesse/conseguisse agora,  lá porque “as condições de vida” tinham passado de vitalícias para contrato a prazo.
Finalmente, não acredito em “últimas vontades”, tenho experiência suficiente do que lhes acontece. Que o diga a minha pobre avó, que jaz ao lado da sogra que não gramava, quando sempre gritou  aos quatro ventos que queria ir “para a terra”.

A brilhante conclusão a que cheguei então, foi a de que para que a morte não nos assuste, dado que é tão inevitável como encher os pulmões de ar quando nascemos,  ajuda muito vivermos com as coisas permanentemente em dia. 
Meus amigos, não se assustem, nem levem isto no mau sentido, mas... ponham os vossos assuntos em ordem! ;)


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

So long, Steve Jobs

COM MÚSICA


Hoje acordei com a notícia da morte do Steve Jobs...
De início não senti assim um grande impacto.
No entanto, ao longo da manhã, fui dando por mim a ficar cada vez mais triste.

Os famosos, tal como as pessoas (lol), morrem, e quando morrem, sabe-se.
Vimos partir este ano o Andy Whitfield, o Peter Falk, a Elisabeth Taylor, o Leslie Nilson, a Amy Winehouse... uns mais novos, outros mais velhos, algumas mortes anúnciadas, outras nem por isso. Não é de qualquer forma nunca uma notícia agradável.

Algumas mortes de famosos mexeram de certa forma comigo... a da Amália, do Sinatra, do Paul Newman, do Picasso e  mais uma que outra que não me vem agora à cabeça.
Hoje dei-me conta de que na sua grande maioria eram "monstros sagrados" do espectáculo e das artes, que admiramos essencialmente pela sua carreira.

Ao longo do dia o Facebook foi-se enchendo de posts sobre o Steve Jobs,  mais do que alguma vez me lembro de ver sobre outro que nos tenha deixado.
Perguntei-me porquê, porque parecia estar a afectar tanta gente?!

A resposta imediata à pergunta é fácil, ele simplesmente mudou as vidas de muitos de nós.
Pessoalmente, "só" tenho um iPhone e um iPod... mas já não consigo imaginar a minha vida sem eles...
Há os que desdenham a Apple (será que querem comprar?! hehe) e os que a amam. Chamem-lhes  cagões ou o que quiserem, mas quando se veste a camisola da "maçãzinha roída" (como lhe chamava o meu pai) ela cola-se-nos ao corpo.

Acredito no entanto que o legado de Steve Jobs tenha ido muito para além disso.
Em praticamente todos os posts, comentários e notícias com que me deparei hoje, apesar de obviamente se referir a sua ligação com a Apple, o que mais saltava à vista eram as suas palavras.
Palavras essas que não tinham nada a ver com tecnologia, mas com a própria vida. Palavras sábias, repetidas vezes sem conta por todo o lado.

Steve Jobs não nos deixou só uns gadgets de design deslumbrante e funcionamento impecável... deixou-nos uma mensagem.

How to live before you die



Think different


Não se esqueçam de mandar calar o Bob, antes de fazerem play... ;)