sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ganda Galo!!!

COM MÚSICA

Pois é… este ano, nos meus anos, decidi fazer uma festança…


Deu-me, sei lá…
Com a excitação do site… a falta de atenção que, de certa maneira, tenho dado ultimamente a amigos e família… o facto de fazer 44 anos (capicua) uma desculpa como outra qualquer… a vontade de reunir toda a gente… enfim… achei eu (velha estúpida) que era uma boa ideia.
Mas de boas ideias está o inferno cheio… ou é de intenções?! Bem, vai dar ao mesmo…

A minha mana já tinha feito duas festas de arromba no verão passado em casa dela… dois verdadeiros sucessos… dois estrondos de bilheteira…
Claro que terão reparado no pequeno detalhe de no “verão” passado… quem mandou os meus pais pinocarem na primavera… definitivamente o Inverno não é altura para se nascer.

Bem… dizia eu que tive a ideia… pedi as instalações à mana que (para meu espanto, devo reconhecer… brigadaaa manaaaaaa…) recebeu imediatamente a proposta com entusiasmo.
Advertiu-me no entanto que a casa, ainda para mais de inverno, portas fechadas para o jardim e coiso e tal, dificilmente poderia acolher 3000 pessoas…

Atirei-me então à árdua tarefa da selecção… tinha pensado convidar TODOS os meus amigos no site (para além dos de fora, claro está…), quando descobri que já passavam dos 300!!!
Aaarrrggghhhh…
Tentei então seleccionar SÓ os que conhecia pessoalmente, visto que há muita gente que faz “pedidos de amizade” porque sim… há lá muitos que nem sei quem são…
Aaarrrggghhhh…
Continuavam a não caber nem com muito boa vontade e um grande pote de vaselina…
Fui então encurtando, encurtando, a minha folhinha de Excel (à pois!) foi encolhendo… até chegar ao bonito número de 94…

Escusado será dizer que também não caberiam 94… perguntei à mana qual tinha sido a taxa de adesão às festas anteriores… “vieram todos, acho… e ainda apareceram mais uns quantos que não tinham sido convidados…” hummm…
Bem, decidi correr o risco… Janeiro, inverno, chuva, um frio de fazer gelar os tintins… a malta não deve estar toda numa de sair de frente da lareira…

Alguns, como aparentemente já é aceite pelas regras da boa falta de educação, nem sequer me responderam… já é da praxe. Raro é o convite que faço hoje em dia, seja lá para o que for, em que toda a gente me responda…
Pelos vistos agora se não se tem intenções de comparecer não vale a pena dar-se ao trabalho… além de que assim ficamos sempre com a hipótese em aberto de decidirmos em cima da hora se para aí estivermos virados.

Bem… lá fui então eu mascarar-me…


Passei 40 minutos sentada numa casa de banho, com a mana mais nova a esticar-me a trunfa, literalmente a passa-la a ferro, com aqueles utensílios que só (elas) as mulheres conhecem e que servem para fazer justiça aos anúncios do restaurador Olex.
Apliquei as pinturas de guerra, suspirando antecipadamente com a ideia de depois vir a ter de passar mais cinco minutos do que seria necessário antes de me abandonar a um merecido repouso.
Passei ainda mais tempo sentada no chão a olhar para o armário a pensar que raio poderia vestir, para cumprir com a promessa de me empinocar, sem por isso entrar em hipotermia.
Respirei fundo, espartilhei implacavelmente as minhas meninas por forma a darem a ilusão de serem apetitosas e ainda estarem no sítio e pus umas botas de saltos altos, correndo o risco de partir uma perna a qualquer momento.
E lá fui eu para a minha MEGA-FESTAAAAAA!


Bebe!!!
Sabem quantos apareceram de facto?
Não… agora a sério… dêem lá um palpite… atirem um número, assim ao calhas… não?!
Vinte e cinco (25) (!!!)… meia dúzia de gatos pingados…
Helloooooooo?!
Talk about a flop…
Pouco mais de um quarto… 26,59574 % (usei o mesmo excel… hehe)
Irmãos (e respectivos): convidados 7, presentes 3 (42,85714% recorde absoluto…)
Primos (e respectivos): convidados 9, presentes 1 (11,11111%)
Amigos “íntimos”: convidados 19, presentes 4 (21,05263%)
Etc…

Mas o que é istoooooooo?!
Abandonaram-me todos?
Viraram-me as costas?
Já não gostam de mim?
Tristezaaaaaaaa…


Julgam vocês que estou a escrever isto para armar em Calimera?!
Pois estão muito bem enganados…foi muita gira a minha “festa”.
Quando chegámos à conclusão de que era escusado, não iria mesmo aparecer mais ninguém, a mana lá pôs a música aos altos berros e começou a dançar (sozinha) no meio da sala… Tadinhaaa…
Depois lá conseguiu arranjar uns voluntários à força para lhe fazerem companhia.
Não lhe serviu de muito porque, foi à casa de banho e, quando voltou, a música bombava a fundo na sala vazia e a totalidade da malta tinha-se refugiado na cozinha.
Decidiu-se então, para animar as hostes, fazer uma sessão de karalhoque…


Deva-se dizer que foi bastante divertido… se se portarem mal, repetimos.
Os gatos da vizinhança fugiram, pensando que estavam a esfolar semelhantes seus naquele antro de perdição…
Meia dúzia (sempre os mesmos) foi fazendo alternadamente figura de urso de microfone na mão, enquanto os outros faziam de coro por trás do sofá.
Grande momento musical, devo dizer… e grande coreografia…


A realidade é que passámos uma boa noite.
Como se costuma dizer “poucos mas bons”…
Não foi definitivamente uma festa, chamemos-lhe antes um cãobíbio… mas foi simpático. Estava toda a gente bem disposta, divertida…
Trouxeram-me prendinhas lindas (uma das quais está neste momento ao meu colo), comeu-se, bebeu-se (felizmente tive a presença de espírito de pedir a cada um que trouxesse qualquer coisinha em vez de fornecer eu…lol ), riu-se, até houve quem, apesar de “não gostar de dançar” tenha andado coxa durante os dias seguintes…

Agora perguntem-me… porquê este flop?!
Porquê, hein? Porquê?!
Eu sei que não vão acreditar, mas…
Uns estavam nas Maldivas, em França, na China, na América do Sul, em Inglaterra, no Brasil, no Porto, a caminho dos Estados Unidos, na neve… outros estavam de turno, davam concertos nesse dia, tinham exame, os filhos doentes, foram operados, tinham umas costelas partidas… ou simplesmente já tinham coisas combinadas.
A realidade é que, a esmagadora maioria pelo menos, tinha uma “desculpa” perfeitamente aceitável para a sua ausência…
Não sinto qualquer mágoa por não terem vindo. Não o sinto como rejeição, como falta de amizade… foi simplesmente um ganda galo!






Ou será destes?!



Nunca percebi a origem da expressão…
; )

Agora… BEBAM que volto a fazer outra tão cedo… lol


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O monstro

COM MÚSICA

Olá, o meu nome é Cristina e sou viciada num site…
(agora vocês dizem em coro “olá Cristina”)

É verdade, tenho de o reconhecer… estou completamente vidrada no monstro.
Todos os dias lá vou, sem qualquer excepção, a não ser que não tenha acesso à Net.
Bem… dizer que “lá vou” será talvez um under-statement… já que estou numa de confissões, deveria antes dizer que lá “vivo”…

Quando ligo o computador, o que costuma acontecer logo pela manhã, a primeira coisa que faço é puxar mails… é ao mesmo tempo uma protecção e um “trailer” do que me espera no site.
Protecção porque, por muito estranho que possa parecer a alguns, eu tenho vida para além do monstro… a sério, é mesmo verdade… o que quer dizer que tenho outros assuntos para tratar. Se fosse directa para lá (para o site, claro está) estes assuntos ficariam pendentes até ter cumprido com todas as minhas rotinas o que, consoante os dias, pode demorar muitoooooo tempo …
Trailer porque, como recebo mensagens de aviso, embora tenha tido de desactivar alguns porque senão enchiam-me a caixa do correio, fico assim com uma ante visão do que me espera.
Este deixou-lhe um comentário na sua página, aquele comentou no grupo tal, outro respondeu à discussão sobre não sei o quê, tem não sei quantas fotografias para aprovar…
E lá fico com um pequeno panorama de como estão as coisas por lá.
Nos dias em que tenho dezenas de mails, fico logo a saber que há algum motivo de rebuliço…

Passaram-se mais de sete meses desde que nasceu… tem neste momento 3.150 membros… aquilo não é um site, é um mundo!!!
Já nasceram pessoas, morreram pessoas… houve casamentos, divórcios... convivem pessoas de várias gerações, várias classes sociais, várias nacionalidades... fala-se em várias línguas, de assuntos vários… nasceram grupos, juntaram-se interesses comuns… apoiaram-se causas… organizaram-se convívios…

A realidade é que reina a boa onda!!!
É no fundo um antro de boa gente…
Há de haver cretinos, como em toda a parte, afinal de contas a amostragem já é grande… mas não se dá por eles, não andam por lá a chatear o povo.
Também há uma que outra “crise” de vez em quando, como em todo o lado… gente que amua, que faz birrinha, que fica ofendida, que se zanga, malta que chega a desinscrever-se, dos grupos, do próprio site… mas que em geral volta rapidamente…também, quem é que consegue ficar longe “daquilo”?! lol

Entrar naquele site é ir ao encontro de um tornado de emoções… é um estudo de antropologia… é uma companhia… um desafio… é fantástico!!!

Se não o fiz já na “véspera”, caso já passasse da meia noite quando desliguei finalmente o computador, começo por dar os parabéns aos aniversariantes do dia… é uma excelente maneira de o começar e permite ir conhecendo “os membros”… é tão giro saber de quem “hoje” é o dia especial, saber que alguém estará a festejar algures por este mundo. É quase sempre o dia de anos de alguém e os dias de anos são supostos ser dias bons, partilha-los de alguma maneira com eles faz-me sentir bem também.

Depois dou uma vista de olhos rápida aos novos membros, a ver se conheço algum… Curiosamente hoje em dia chegam por ondas, como se de vez em quando houvesse saldos.
Não deixo de me admirar quando entra algum nascido no tempo da Maria Cachucha… Temos lá gente do início do século passado, é espantoso! Admiro sinceramente a capacidade de adaptação destas pessoas a estas “modernices”…
Volta não volta aparece alguém que conheço, ás vezes que nem sabia que tinha andado no Liceu (francês, claro está…) … muitas vezes pessoas de quem não sabia nada há anos, que já nem me lembrava que existiam… é giro reatar contacto, saber notícias, ver para onde a vida os levou…

Confesso que o chat para mim perdeu a sua graça, raramente lá vou hoje em dia… em parte para me proteger da minha tagarelice natural, se lá entro à conversa dificilmente conseguirei sair… mas também o próprio, que já teve os seus tempos áureos, caiu um pouco em desuso.
De vez em quando vê-se lá alguém a falar sozinho, até parece que faz eco, o que não deixa de ter a sua graça.

A parte do relatório da “Latest activity” também dá uma ideia do que se está a passar…
De repente há não sei quantas linhas a dizer que X é agora amigo de Y, de Z, de W… muitas vezes isto quer dizer que X, que andava arredado(a) do site há uns tempos, voltou a dar ares de sua graça.
Ou então que X deixou um comentário para Y, logo a seguir que Y deixou um comentário para X, seguido logo de X a responder… a malta vai cuscar… cheira logo a conversa interessante… lol
Também dá para perceber que há actividade nos grupos ou posts que seguimos… ui, comentaram no grupo/post tal, vou lá ver…

Os grupos… oh, os grupos… já lá há 147… dividem-se por anos, por práticas desportivas, por hobbys, por paixões, por este ou aquele assunto ou simplesmente por tipo de conversa… muito divertido.
Por já haver tantos e visto que não dá para “seguir” todos, a escolha pode parecer difícil, mas rapidamente se chega à conclusão de que há uns mais activos do que outros e acabamos por nos juntar, desses, aos que nos dizem mais.
Cada um deles tem um anfitrião, normalmente a pessoa que o criou… se este deixa de “tomar conta da casa” o grupo esmorece.
Há membros activos e mirones. Há quem só vá lá ler e nunca participe, o que não deixa de ter a sua graça. Muitas vezes, ao fim de uns tempos, as pessoas não resistem e acabam por se inscrever. Aconteceu-me com um que segui durante… acho que não estarei a exagerar se disser meses… até cair na tentação de me inscrever, desgraçando-me completamente, como se tivesse tempo de sobra…

Ó fórum também é um local chave… volta não volta surge algum tema polémico, ou simplesmente interessante, onde muita gente vai botar discurso, onde muitos têm a sua palavra a dizer.
Está dividido por categorias… temos um memorial, onde aqueles que já não estão entre nós são recordados e homenageados… temos um sítio onde partilhar histórias do Liceu… outro onde se fala sobre temas vários… temos um para “anúncios”, outro para dar a conhecer os nossos negócios … e temos uma categoria dirigida à solidariedade.
E o que é mais incrível é que funciona!!! Já funcionou… mais do que uma vez. Já conseguimos unir-nos para levar a água ao nosso moinho, para estender efectivamente a mão ao próximo.

Depois há as páginas dos membros… umas mais clássicas, outras mais práfrentex…umas mais sóbrias, outras mais coloridas… umas carregadas de actividade, de amigos, de comentários, de bonecada, de fotografias, de música, de menções a grupos e a inscrições em eventos… outras estagnadas, de malta que se inscreveu e nitidamente nunca mais lá pôs os butes. Estes não sabem o que perdem, digo eu, sei lá… ;)
Através delas adivinha-se a personalidade do seu dono… mesmo quando não se conhece a pessoa em questão.
O que é espantoso é que é raro encontrar-se um comentário menos simpático, menos agradável. As pessoas cumprimentam-se, dão-se as boas vindas, regozijam-se pelo re-encontro, combinam coisas, dão-se os parabéns, pelos aniversários, pelos filhos, por um que outro feito de tenham vindo a tomar conhecimento…
As páginas pessoais são públicas, é da praxe cusca-las… navega-se no site de comentário em comentário, de página em página. Manda-se boca por cima de boca alheia, criam-se cumplicidades, fazem-se piadinhas, num ambiente de alegre convívio.

Pessoas que não se conhecem de lado nenhum criam assim ligações. Outros reatam amizades que há muito julgavam perdidas. Nascem novas amizades. Os que estão longe, sentem-se mais perto., Descobrem-se interesses comuns. Combinam-se encontros, jantares, almoços, saídas, whatever… ao vivo e a cores.
Mas o que é mais reconfortante é a sensação de pertencer a uma grande família, em que as pessoas convivem numa base mais ou menos regular, em que se interessam de facto umas pelas as outras, se apoiam, se entre ajudam.
As pessoas não se conhecem todas, evidentemente, e muito menos se dão… mas vão se descobrindo empatias, vão-se desenvolvendo relações, vão-se criando grupos que acabam por ter relacionamentos que não são só virtuais mas muitas vezes cara a cara.

Este site é de uma riqueza humana sem igual… nunca ouvi falar de outro assim.
É quente, é acolhedor, é simpático, é agradável… Não é só um “Facebook” ou um “Hi 5” privado, como já lhe têm chamado… é muito mais. Neste site sentimos de facto que o nosso leque de amigos, e não só de conhecidos, aumentou substancialmente… há gente para todos os gostos, para todas as ocasiões. Criou-se de facto “uma rede”, que parece lá estar de pedra e cal para o que der e vier, sentimos que podemos contar uns com os outros…

Para além de tudo isto, eu tenho o prazer e o privilégio de lá fazer aquilo que melhor sei fazer… organizar, dinamizar.
Dá-me um gozo genuíno manter aquilo a mexer… pôr daqui, tirar dali… introduzir novidades… mudar-lhe o visual… simplificar o seu funcionamento… dar dicas… ajudas…notícias…
Se soubesse o que sei hoje, te-lo-ia feito de forma anónima, o gozo era o mesmo e dispensava o protagonismo. Mas prontes, o que já está já está, e também não vem daí mal ao mundo.

Acho que posso afirmar, sem exagero, que tem sido a experiência mais gratificante da minha vida…Espero sinceramente que, comigo ou sem migo ao leme, este monstro viva tanto tempo que possa um dia também lá ir parar ao memorial. ; )


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Duas velinhas na Sopa...

COM MÚSICA


Faz hoje dois anos que comecei a escrever neste blog… 98 posts… chiça, que são posts pra xuxu!!! Não sei onde vou arranjar tanta conversa… ; )

Citando um post recente num blog amigo:
“…Escrever num blog não é muito diferente de meter uma mensagem numa garrafa e deitá-la ao mar para que alguém a encontre. Ninguém escreve para não ser lido…”

Quando comecei, julguei que o estava a fazer para os amigos… digamos que a minha intenção era atirar a garrafa à piscina…
Fui-me dando conta de que estava redondamente enganada… por alguma razão a garrafita foi ter ao mar, sim… Hoje em dia já não faço a mínima ideia de quem me lê…

Há tempos encontrei uma pessoa, que só tinha visto anteriormente uma vez, que me disse “eu leio o teu blog…” Fiquei toda babada, foi como se me tivesse dito “interessa-me ouvir o que tens a dizer…”
Tenho recebido comentários, que me levam a crer que as pessoas ouvem de facto….
Sei através da cusquice do Sitemeter que gero pouco, mas algum, trafego regular…
Acho que vou pertantes continuar ; )

Não sou melhor, nem pior, do que qualquer um de vocês…
Simplesmente tenho mais lábia do que alguns, facilidade e gosto em escrever e tenho a mania que sou boa a explicar coisas. lol
Vou portanto partilhando pequenos truques que aprendi e vou continuando a aprender, que me fazem a mim, viver melhor.
A carapuça há de servir melhor a uns do que a outros… mas de qualquer maneira só a tentará enfiar quem quiser… ; )

Escrevo o que me passa pela real gana, mas sempre com o mesmo “objectivo” ou deveria talvez dizer com o mesmo “tema” de fundo… a felicidade.
Acredito que esteja nas nossas mãos sê-lo ou não, independentemente dos azares e sortes da vida.

Se há coisa que me irrita, é a afirmação “eu sou assim, sou assim…” quando aplicada a uma característica menos simpática.
Nós somos como plasticina, moldáveis… moldáveis pela vida, moldáveis pelas experiências por que passamos, modáveis pelo tempo, mas caraças… moldáveis por nós próprios também e de que maneira!!!


Observo por aí muita gente, com tudo para ser feliz, que não o é. Malta que se queixa constantemente da vida porca e miserável que leva… sem se dar ao trabalho de pensar que se calhar tem alguma responsabilidade nisso.

Há quem esteja sempre pronto a criticar o próximo mas não se dê ao trabalho de olhar para o seu próprio umbigo.
Há quem tenha grande capacidade de análise, mas não consiga ser “justo” quando se trata de si e reconhecer que há também ervas daninhas a arrancar.
Ninguém é perfeito, todos nós temos arestas a limar… até ao fim dos nossos dias.


No fundo tudo se resume à serenidade para aceitar o que não podemos mudar, à coragem para mudar o que podemos e sobretudo à sabedoria para poder perceber a diferença.
É fácil mudar? Não, não é… sem dúvida. Mas é possível.
E está nas nossas mãos fazê-lo, ninguém nos pode mudar, a mudança tem de vir de dentro para fora… não estamos sem dúvida pré-programados para ser felizes, temos de querer sê-lo e fazer por isso.

Quero agradecer a todos vocês, que fazem com que as minhas garrafas não encalhem numa rocha qualquer ; )




domingo, 11 de janeiro de 2009

No Happy Ending

COM MÚSICA

Morreu a minha gatinha…

Há três dias não voltou para casa do seu passeio, fiquei preocupada…
Ter gatos numa moradia não tem nada a ver com ter gatos num apartamento.
Tenho tido sempre gatos nos últimos 25 anos e nunca me preocupei tanto com eles como desde que me mudei.
Não é possível fechar um gato em casa numa moradia, logo estes agora vivem em liberdade, entram e saem quando querem, vão caçar, dar as suas voltinhas.

Os dois primeiros, que trouxe de Lisboa, desapareceram ao fim do primeiro mês, fugiram, julgo que possam ter tentado “voltar para casa”, os gatos são muito territoriais, não gostam de mudanças. Nunca mais os vi nem soube nada deles, apesar de ter feito tudo o que estava ao meu alcance…
Outra que tive a seguir foi morta com um tiro de pressão de ar. Veio morrer à nossa porta… Na zona há um senhor com muito mau feitio, daqueles que faz a vida negra à vizinhança… Tem um pombal… tem uma pressão de ar… dois e dois são quatro.


Gatos que andam à solta estão sujeitos a ser atropelados, roubados, a sofrer acidentes… Estou consciente de que os meus, desde que me mudei, estão constantemente em risco de não voltar para casa.
É, confesso, um pouco angustiante para mim…
Mas acho que é uma angústia saudável, se é que isso é possível, na medida em que a encaro como treino para quando o meu filho começar a voar para fora do ninho.
Imagino, só imagino, o que possam ser os primeiros tempos em que os nossos rebentos “vão para a noite”…
A realidade é que não os podemos ter sempre debaixo da nossa asa e um dia teremos de confrontar a dura realidade de que já não os podemos proteger, que irão passar por situações de potencial risco sem que estejamos ao lado.

É assim que encaro a liberdade dos meus gatos e cada vez tenho conseguido lidar melhor com ela, espero que se passe o mesmo quando chegar a altura do meu filho.
Acredito que estes gatos sejam mais felizes do que os que tinha em apartamento…
Todos os gatos que alguma vez tive foram tratados como reis, com tudo a que tinham direito, mimados, mas estes parecem mais em forma, mais serenos, mais dignos.
Digamos que sou ainda menos “dona” deles, são mais gato, mais felinos.
Se cá vivem é porque querem, porque me adoptaram (julgavam que tinha sido eu a adopta-los a eles?! Estam muito enganados, com os gatos não funciona assim. ), porque apreciam a minha companhia.
E evidentemente porque lhes dou de comer… lol


Não tenho portanto qualquer amargura quanto a estes desfechos… não sinto qualquer problema de consciência, não acho que devesse ter outra postura.
Estes gatos vivem uma vida perfeita, em que têm ocasião de ser gatos com G grande, daqueles que nos trazem lagartos e pássaros para dentro de casa, daqueles que sobem às árvores, que perseguem borboletas no jardim.
Ao mesmo tempo têm todas as mordomias do “gato caseiro".
Eles entram e saem quando querem… mas atenção, não são de todo “gatos de rua”… se está a chover, não querem… se está muito frio, não querem… se está próximo da hora de comer, não querem… e para dormir, é na caminha deles.


A gata que agora morreu, viveu portanto como uma gata feliz. ; )
Era uma gata fantástica…
Para começar, era a gata mais bonita que alguma vez tive.
Não que isso faça alguma diferença para mim… mas… se o maridinho carinhoso, atencioso, amoroso, puder ter a cara do Brad Pitt, a malta também não vai reclamar, não é verdade?!
Depois era dos gatos que tive, que mais laços criou comigo, era sem dúvida uma das minhas preferidas.
Esta é a parte boa dos gatos em relação aos filhos… não só uma pessoa pode perfeitamente ter favoritos, como pode afirma-lo em voz alta. lol
Esta, dos 14 gatos que já tive em toda a minha vida, estava sem qualquer sombra de dúvida no top 3.


Fiquei muito ansiosa quando desapareceu.
Disse para mim própria aquilo que costumo “vender” aos outros… “que a grande maioria das coisas de que temos medo não chega a acontecer…” e fui-me agarrando a essa.
Enviei um mail com uma foto dela aos vizinhos e pedi-lhes para ficarem atentos.
Dei uma volta pelo quarteirão à procura dela, de que hoje, sabendo o que sei, bem me arrependo pois ainda lhe estou a pagar o preço.
Levei estupidamente a minha cadela comigo, sem me lembrar de que estava com o cio. Quando cheguei à ponta da rua já ia com três cães atrás, com os respectivos focinhos enfiados no rabo dela.
Um deles, criaturinha tenaz, não largou a nossa porta durante mais de 24h e prendou-nos com várias mijas de marcação de território na porta da frente.



Não tive qualquer sucesso.
A gata não aparecia nem ninguém sabia nada dela.
Para além de estar triste, muito triste, saltava com qualquer barulhinho, ia ver se era ela, até já imaginava barulhos. Passava o tempo todo a pensar no que poderia fazer mais. Se haveria algum sítio onde não tivesse procurado, algum sítio onde pudesse estar presa.
As noites, como todos já devem ter vagamente reparado, não andam própriamente quentes… aqui têm andado ligeiramente negativas.
Imaginava a minha menina ao frio, a ter de se abrigar da chuva, potencialmente ferida. Imaginava muita coisa, que a imaginação é uma coisa muito fértil…


Isto é das piores coisas que me podem acontecer… não saber!!!
Sou, modéstia à parte, mas os que me conhecem sabem que é verdade, francamente boa a lidar com situações difíceis, dolorosas, tenho grande mestria dos meus sentimentos.
Mas sou PÉSSIMA a enfrentar o desconhecido…
Se pensarem bem, faz algum sentido… já viram algum filme de terror em que o bicho/serial killer/monstro/whatever é mostrado nitidamente ?!
O medo nos filmes de terror é nos induzido pela nossa imaginação que eles estimulam levantando muito vagamente a ponta do véu.


No dia seguinte organizámos uma equipa de salvamento…
O meu coração estava tão quentinho… nestas alturas se vê como são as pessoas e houve várias a dar apoio, algumas ao ponto de se deslocarem até cá.
Fizemos uma busca à gata… sempre com o rafeiroso horny atrás de mim…deve ter achado que já que não papava a filha podia tentar a sorte com a mãe. lol
E no primeiro sítio onde as crianças foram colocar um cartaz, uma velhota reconheceu a gata.
Tinha sido morta por cães…
A fantástica aventura da procura da gata, que 7 crianças levaram a peito, em que se empenharam, não acabou num Happy Ending. : (
Voltámos para casa desanimados, com uma coleira na mão…
No momento em que soube o que tinha acontecido caiu-me o coração aos pés.
Felizmente, e o acaso (ou talvez não…) tem destas coisas, tinha nesse momento à frente uma loura de olhos de corsa. Uma loura que há poucos meses perdeu o seu amor, e estava ali aflita comigo à procura da minha gata…
Nesse momento, tudo se relativizou… aquilo, afinal de contas, era SÓ uma gata.
Desde aí, quando volta a tristeza, penso nisso, penso noutra amiga que está a viver momentos verdadeiramente dramáticos e a aguentar-se que nem uma leoa, no rapaz que perdeu a filha, no tormento de uns primos este verão com o filho recém nascido vários meses entre a vida e a morte… e o meu coração repete “era só uma gata…”


E como sou uma rapariga das que botam a bola para a frente… já encomendei outra.
Outra da mesma raça, da mesma criadora, quem sabe irmã… estes gatos só me têm trazido alegrias. Morrem?! Nós também…
Um animal não poderá nunca ser substituído mas, o “pelo de um cão cura a dentada de outro cão”, rei morto, rei posto, nestes casos é a minha filosofia.
Acabei de ter um desgosto, não vou ficar a remoe-lo, não vou ficar a carpir numa de self pitty, agora tenho direito a uma alegria… e os que gostam de gatos sabem que não há maior alegria do que ter um gatinho bébé em casa. ; )


The show must go on! ; )


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Quero, posso e mando...

COM MÚSICA

Viver não é fácil e requer aprendizagem.
Ao longo da vida somos confrontados com situações com as quais não é óbvio lidar e muito menos ainda se para elas não estivermos minimamente bem preparados.
A menos que sejamos eremitas, teremos de nos enquadrar numa sociedade, seja ela qual fôr, e viver segundo as suas regras.
Um bom relacionamento com “os outros” é portanto fundamental para o nosso próprio bem estar.
Acredito que o ser humano seja por natureza egoísta e egocêntrico, características que convém na minha opinião controlar, senão mesmo erradicar, se quisermos viver em paz de espírito.

Ora visto que ninguém nasce ensinado, é (também) para isso que servem os pais.
Tal como no reino animal, somos supostos proteger e alimentar os nossos filhotes mas igualmente ensina-los para que um dia possam seguir as suas vidas independentes.
Cada um faz o que pode e a mais não é obrigado, mas confesso que me aflige a maneira como, cada vez mais, os pais parecem alheados desta última função.
Não irei sequer mencionar os pais ausentes, seja por que razão fôr, porque aí então é que dava mesmo pano para mangas.
Fixando-me nos pais efectivos, activos, empenhados, “caring” (palavra para a qual nunca consegui encontrar tradução satisfatória para português e que acho faz tanta falta…) observo lacunas de bradar aos céus… e assusto-me.

Assusto-me por várias razões…
Para começar temo um dia não ter autocontrole suficiente para evitar mandar um monstrinho dessas produções pela janela…
Ok… agora a sério… lol
Assusto-me porque essas crianças, mal preparadas para a vida em sociedade, serão os adultos de amanhã. Pergunto-me que raio de sociedade será essa então. Como irá funcionar ou mesmo se irá funcionar.
Assusto-me porque não os vejo como sendo crianças felizes. Embora aparentemente tenham tudo para o serem, a realidade é que o que transparece constantemente é ansiedade, frustração, cólera, revolta, parecem permanentemente insatisfeitas, incapazes de aceitar serenamente as regras mais básicas,.

A coisa começa com a chamada “boa educação”… bom dia, boa noite, se faz favor, muito obrigado, são expressões que não pertencem ao seu vocabulário.
Como se costuma dizer, de pequenino se torce o pepino, e se os pais estão à espera que estas coisas lhes saiam espontaneamente da boca quando chegarem à idade adulta, estão a meu ver muito enganados.
O que é espantoso é que esses mesmos pais são frequentemente eles próprios extremamente educados, não é portanto por falta de conhecimento de causa.
Confessaram-me um dia, quando comentei o assunto, que não “obrigavam” os filhos a dizer essas coisas porque os pais os tinham obrigado a eles e eles odiavam ter de o fazer… Daaaaaah
Muitas das crianças de hoje em dia não pedem as coisas, exigem-nas. Não agradecem o que se lhes dá. Não cumprimentam quando chegam. Não se despedem quando partem. Não têm “modos” à mesa. Levantam-se a meio das refeições. Yada, yada, yada…

Por outro lado acho que o politicamente correcto está de tal forma a invadir a sociedade que as pessoas já têm medo de “reprimir” seja o que fôr, até as coisas que deveriam, a meu ver, ser efectivamente reprimidas, como sejam por exemplo os ataques de cólera, de egoísmo, de teimosia, de inveja… As criancinhas não podem ser “traumatizadas”, a utilização da autoridade parental é considerada uma violação da liberdade individual. Se os meninos querem fazer uma birra há que respeitar, estão no seu direito. Não sei onde foi parar “a minha liberdade acaba onde começa a dos outros”…

Já ouviram falar num par de galhetas? Empregues no devido momento nunca fizeram mal a ninguém e pelo menos em Portugal, felizmente, ainda não nos retiram os filhos só por causa disso. Mas isto sou eu a falar, que sou apologista da palmadinha no rabo quando necessário e a realidade é que desde que eles saibam que existe, em geral nem chega a ser preciso emprega-la, basta que paire por cima das suas cabecitas.
Até concebo no entanto que nunca se use, eu não soube empregar o método Gandhi e o meu filho levou umas quantas até perceber que o melhor era não fazer por leva-las. Hoje em dia basta-me abrir-lhe os olhos que faz o mesmo efeito. É o chamado reflexo de Pavlov… ; )

A utilização de “castigos”, pelo menos, parece-me inevitável… de alguma forma eles têm de aprender o que podem e não podem fazer, onde estão os limites.
Recordo-me de uma cena que aconteceu quando eu própria era ainda miúda.
O filho, de cerca de dois anos, de uns amigos da minha mãe deu uma dentada na bochecha do irmão de quatro que quase lha ia arrancando… O pai, furioso, pegou no miúdo e levou-o para o quarto. Da sala ouvi-mo-lo dizer “Agora ficas aqui, feio, estás de castigo!!!” Quando voltou o puto vinha atrás dele. Ao ver os nossos olhares de espanto o pai virou-se… “Eu não te disse que estavas de castigo?!”- “Mas eu não quélo…” E pronto, como a criancinha não quelia, o pai encolheu os ombros e continuou a andar.
Não chegando a este extremo, tantas vezes tenho assistido a atitudes do género, em que não há firmeza, em que os putos ficam de facto com a sensação que podem fazer o que querem.

Tenho a sensação de que se está a passar dos tempos em que os pais diziam não aos filhos, para uma época em que são os filhos a dizer não aos pais.
A vontade e os desejos deles parecem ás vezes ter mais peso do que o bom senso…
Parece que os pais autoritários e prepotentes foram substituídos por pais permissivos e condescendentes… venha o diabo e escolha.

A autoridade parental tem o seu propósito, parece-me importante que, pelo menos até atingirem uma certa independência, os filhos obedeçam aos pais, incondicionalmente, porque só assim os poderemos proteger.
Se uma criança se dirigir inconscientemente para a estrada é bom que à ordem dos pais “pára”, ela pare de facto, sob risco de ser atropelada. Nem sempre é possível agir fisicamente, se não houver autoridade não há “controlo remoto”.
Hoje em dia observo que isto cada vez menos acontece, os putos estão-se nas tintas para as “ordens” que se lhes dá.

Notem que não sou de todo defensora dos pais tiranos do antigamente. Não subscrevo o “sim, porque sim , o não, porque não” em todas as situações. Sou apologista da explicação das coisas. Mas tudo isto com os devidos limites.
A realidade é que acho que as crianças não podem ter sempre a sua palavra a dizer. Ás vezes as coisas devem ser como nós dizemos porque é o que faz sentido.

Se a infância é tempo de brincadeiras, de inconsciência, de desenvolvimento, de aprendizagem… é também quando se criam os alicerces para a idade adulta. Se uma construção tiver fundações defeituosas arrisca-se a desmoronar. Como pais temos, na minha opinião, a obrigação de encaminhar essa fase tão importante.

As crianças precisam de guias, de estrutura, de sentir que alguém está de facto “in charge”, sob pena de se sentirem inseguras.
Os pais são o comandante do barco, aqueles que supostamente sabem o que estão a fazer, que impedem que este ande à deriva e em quem os grumetes confiam para resolver as situações. Se a sua autoridade é constantemente posta em causa nada funciona.

É duro ás vezes educar uma criança. As regras que lhes impomos, os castigos que lhes aplicamos, custam-nos ás vezes mais a nós do que a eles. Eles sofrem pontualmente com isso e não há pior para um pai do que ver um filho a sofrer. Mas esse sofrimento não é gratuito, é um investimento no futuro, serve um propósito e é isso que nos deve motivar.

Por outro lado não somos infalíveis. Vamos com certeza errar muitas vezes. O que funciona com uma criança pode não funcionar com outra. As nossas teorias nem sempre são possíveis de pôr em prática. É tudo uma questão de experimentação. Ás vezes é possível recuperar a merda que se fez, outras é mais difícil. Mas o que acho de facto importante é que se tenha a consciência tranquila de ter tentado de facto cumprir com o nosso papel.