segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Inércia, a filha do Demo…

COM MÚSICA

Ficou decidido que faríamos um “Grande Jantar” do nosso sitezinho por ano…
Quando, meses antes do último, lancei uma sondagem para saber quantos seríamos ao certo, por forma a orçamenta-lo, cerca de 500 pessoas demonstraram intenções de participar. No último dia dos pagamentos estavam esses inscritos, como previsto, mas menos de 300 jantares estavam efectivamente pagos. Para minimizar estragos aceitei pagamentos até à véspera, mesmo assim não chegámos aos 400.
O dito cujo acabou por ser um fiasco da pior espécie, daqueles que ninguém esquecerá tão cedo…
Se me perguntarem a mim, que não percebo nada destas coisas, acho que preferia perder dinheiro a perder “nome”. A realidade é que mais de vinte por cento das pessoas que tinham confirmado presença se baldaram, o que significa um rombo do mesmo valor no orçamento.
A organização deste jantar não foi fácil…
Houve problemas com o local e, enquanto supostamente gozava tranquilamente as minhas idílicas férias nas Maldivas , trocava stressantes mails para tentar resolver o assunto.
Durante semanas pus parte da minha vida em pausa, por forma a conseguir dar vazão a pagamentos e confirmações.
No fim ainda tive direito a um que outro “simpático” mail, a “agradecer” a excelente organização…

Deste verdadeiro desastre, a única coisa que se aproveitou foi a festa que se lhe seguiu. Decidi então repetir, o que gerou grande entusiasmo.
Mais uma vez a organização começou com um amargo de boca , no entanto tudo acabou por se compor e estava a correr bem.
Na antevéspera, no entanto, recebo o forward de um mail a convidar para uma festa, no mesmo sítio (teoricamente reservado para nós), no mesmo dia, há mesma hora.
Passo o dia seguinte em troca de mails e telefonemas com os vários responsáveis, parto a loiça toda, mas lá acabo por recuperar a promessa de exclusividade da noite. Exclusividade essa que estava dependente de um número mínimo de participantes, este já assegurado pelas inscrições no evento.
Se apareceram cinquenta pessoas já foi muito… aquilo estava ás moscas e já nem sabia como encarar o dono do Bar, depois do pé de vento que tinha levantado.

Estão mais de 3.500 pessoas inscritas no site… porque não aproveitar essa ferramenta fantástica para estender a mão ao próximo, para fazer alguma diferença neste mundo tão indiferente? Por várias vezes já conseguimos provar que a união faz a força…
Mas também fomos criticados por isso, por alguns que se incomodam com os nossos apelos.
A realidade é que, não sendo o objectivo principal daquele site, não me sinto no direito de os importunar com temas a que potencialmente não sejam sensíveis. Decido então criar um grupo para o efeito, para poder comunicar com os que estão para aí virados sem para isso incomodar os outros.
Divulgo a ideia através de todos os meios ao meu alcance e hoje em dia estão 208 pessoas inscritas, pouco mais de 5% dos membros…
Será que todos os “ausentes” se estão nas tintas para o próximo?
Eu SEI que não, conheço alguns pessoalmente e sei que não… simplesmente, por alguma razão, não julgaram pertinente inscreverem-se.

Lancei duas grandes iniciativas este Natal; a ajuda à nossa ex-colega cuja casa ardeu e um leilão de arte para ajudar os artistas do nosso Sitezinho, qualquer uma das duas amplamente divulgada.
Como disse estão cerca de duzentas pessoas inscritas no tal grupo, os “Anjos da Guarda”…
A causa do incêndio recebeu pouco mais de duas dezenas de contribuições em dinheiro e não devem ter chegado a uma dúzia as pessoas que ajudaram com bens.
Quanto ao Leilão… nem quero pensar no desastre que está a ser. A meio caminho do fim, a obra mais licitada recebeu quatro licitações inteirinhas…
Qualquer destas duas iniciativas requereu algum esforço da minha parte, dispêndio de tempo, empenho. Isto já sem falar da expectativa dos respectivos beneficiários…

O site proporcionou-me excelentes exemplos, mas poderia arranjar muitos mais, inclusivamente de natureza mais pessoal.
Não o vou fazer porque na realidade acho que o fenómeno não tem nada a ver comigo, acontece a qualquer um.
Em qualquer dos casos citados, havia nitidamente potencial para o que se pretendia fazer, foi demonstrado interesse, entusiasmo até … pela reacção inicial das pessoas ás várias propostas, pareciam ser boas ideias.
Julgo não estar iludida a esse respeito e, se alguma vez for o caso, agradeço que em vez de alinhar comigo me abram os olhos.

É que levar certas tarefas avante, por muito que voluntariamente, por muito que se acredite nelas, custa, sai-nos do pelo.
É certo que o que mais interessa não é a quantidade mas a qualidade e essa tem sido top, como se costuma dizer, temos sido “poucos mas bons”…
Não deixa de ser uma grande frustração tanto potencial desperdiçado e tanta energia gasta para desfechos tão pobrezinhos.

Sim, alguns terão excelentes razões, falta de tempo, de dinheiro, de disposição, problemas pessoais e afins… mas muitos, muitos mesmo são na realidade acometidos de INÉRCIA, essa malfadada filha do demo… e o resto são conversas.
Perante a quantidade de gente a sofrer do mesmo mal, no que diz respeito a iniciativas, ás vezes só me apetece baixar os braços e dizer como a senhora da canção… I quit, I give up…





segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Friends will be friends...

COM MÚSICA


Dois acontecimentos muito recentes despoletaram em mim as seguintes reflexões, que achei interessante partilhar convosco…

O primeiro foi a afirmação de uma cunhada minha, uma das justificações para “renegar” o Facebook (lol) de que, se não tinha uma relação ao vivo e a cores com as pessoas, não fazia sentido tê-la online e que se tinha, então também não fazia sentido tê-las online.
Afirmou igualmente que se uma amizade esmorece, se as pessoas se afastam, por alguma razão é, não fazendo portanto qualquer sentido a possibilidade de reencontro.

O outro foi o relativamente longo (já trocámos maiores…) email, que enviei a um amigo. Dei por mim a pensar… “que tristeza, como a vida muda… tempos houve em que trocávamos mails destes quase numa base diária e agora não nos “falávamos” há tanto tempo… “a minha vida é um inferno” (que me desculpem os que desconhecem a “private joke” mas não resisti…lol)… já não tenho tempo para nada… “

Bem… começando pelo fim…
Sim, o dia só tem 24h e a semana 7 dias, logo geralmente não conseguimos arranjar tempo para fazer tudo o que gostaríamos.
Mas pensem numa questão… se não temos tempo para fazer alguma coisa é porque estamos a fazer outra, certo?!
Alturas há em que o que fazemos não é propriamente gratificante, estou consciente disso. Mas a realidade é que, se em detrimento de outras, estamos a fazer uma coisa, por alguma razão é. Porque escolhemos fazê-la, para nosso interesse, seja em que campo for.

O nosso tempo divide-se entre funções como comer, beber e dormir, trabalhar, confraternizar, dedicar-se à família, a um hobbie, etc…
Geralmente estas actividades estão separadas em termos espácio-temporais, embora de vez em quanto conciliemos algumas delas. Podemos, por exemplo, trabalhar com o marido/mulher, jantar com amigos, fazer desporto profissionalmente, etc.
Uma coisa é certa, enquanto estamos a fazer algumas coisas não estamos a fazer outras.
Partindo do princípio que todos nós consigamos arranjar algum tempinho para fazer algumas de que gostamos e dado que esse “tempinho” não é infinito, temos de fazer opções.

O que me leva ao ponto da “tristeza” de já não me corresponder com a mesma frequência com o meu amigo…
Os amigos, pelo menos na minha opinião, não têm de estar sempre ao nosso lado. Não precisamos de comunicar regularmente, seja de que forma for, com eles.
As circunstâncias da vida levam a que, em certas fases, o façamos mais com uns do que com os outros.
Quantas vezes, por força das circunstâncias, não nos damos regularmente com pessoas por quem não temos grande apreço, enquanto que estão muito mais afastadas outras que nos são realmente caras.

As pessoas que estão à nossa volta, em determinados momentos, não dependem unicamente de uma escolha. Tal como os veleiros as amizades também dependem do vento. A perícia de não as deixar naufragar é que poderá depender dos marinheiros.
Há pessoas relativamente ás quais a frase “longe da vista, longe do coração” se aplica. Mas com outras isso dificilmente irá acontecer. Podemos falar-nos ou ver-nos quando o rei faz anos, mas a ligação continua lá. De vez em quando lá se faz o gostinho ao dente ou, quem sabe, vira o vento…

O que nos traz ás teorias sobre o facebook e afins, não podia estar mais em desacordo.
Há muitos tipos de relações entre as pessoas e algumas não são ao vivo e a cores, não senhores.
Quem não se lembra dos nossos pais desesperados por não desligarmos a porcaria do telefone?
Hoje em dia há muito mais ferramentas de comunicação ao nosso dispor, apareceram os SMSs, os mails, os chats, as social networks… qualquer delas perfeitamente válida para confraternizar quando, por qualquer razão, nos vemos impedidos de o fazer presencialmente.
São talvez mais inibidores, para quem se intimida com as “novas tecnologias”, mas vão todos, de certa maneira dar ao mesmo, o contacto humano.
“Não renegue à partida uma ciência que desconhece!” lol

Se não nos damos ao vivo e a cores não vale a pena ter uma relação “virtual”? Discordo.
Estou de acordo que as relações frente a frente, olho no olho, têm muito mais calor humano, sem dúvida. Para lá tenderá de qualquer maneira a apontar qualquer amizade.
Mas, seja com amigos antigos, amigos recentes ou potenciais amigos, é muito mais fácil alimentar a relação se houver um contacto virtual.
Já várias vezes pude comprovar, inclusivamente, que relações que começaram “virtualmente” se podem transformar em fortes amizades de carne e osso.
Algum de vocês tem vida para se encontrar regularmente frente a frente com todos aqueles com quem gostaria de o fazer? Então… no virtual vai-se matando saudades, partilhando o dia a dia.

E quanto ao “se nos afastamos por alguma razão foi…” é certo. Por alguma razão foi. Até pode ter sido por escolha, de um lado ou de outro.
Mas embora, por razões várias, as pessoas se possam afastar (ás vezes por muitos e longos anos), embora possam seguir caminhos totalmente separados, ás vezes quando se reencontram parece que o tempo não passou. E acreditem que se há coisa que nos trás um quentinho bom ao coração, se tivermos a sorte de nos reencontrar no mesmo comprimento de onda, é o reatar com alguém do nosso passado, porque nos sentimos em casa.

Alguns ainda não viram a luz (lol), ainda não perceberam nada… mas as relações humanas são das coisas que mais nos ajudam a ser felizes…

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Movies

COM MÚSICA


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Há pessoas que não conseguem impedir-se de fazer “filmes”… (e não estou a falar do Spielberg...lol)
Por fazer filmes, entenda-se criar realidades que só existem nas suas cabeças.
Este fenómeno pode atingir vários níveis de fantasia e respectiva gravidade.
Há por exemplo quem tenda a interpretar muito livremente actos ou palavras alheios, chegando assim frequentemente a “conclusões” totalmente infundadas. Há quem exagere/altere de tal forma as informações que lhe chegam que quando as transmite já sai uma história completamente diferente. Há quem simplesmente invente histórias sobre si próprio ou sobre terceiros.
Tenho infelizmente uma vasta experiência em lidar com casos destes. Vários membros da minha família sofrem (ou sofriam, que alguns já cá não andam) deste mal.
“Mal” porque não me parece uma atitude minimamente saudável. Muitas vezes convencem-se inclusivamente de que as coisas são efectivamente como as imaginaram/disseram, isto só pode ser patológico.
Infelizmente, porque não é fácil lidar com gente assim, pelo menos numa base regular. Nunca sabemos que crédito lhes havemos de dar. Estamos constantemente “de pé atrás” com elas e a história do pastor e do lobo acaba invariavelmente por acontecer mais cedo ou mais tarde.
Não faço ideia se há alguma esperança de “cura” para este tipo de pessoas. Os casos que conheço foram assim toda a vida. Nunca nenhum reconheceu o seu “problema”, condição cinequanon para tentar resolver as questões, apesar de o conseguirem identificar em terceiros. Não tenho em todo o caso conhecimentos, em termos de psicologia, para tentar analisar ou dissertar sobre o seu caso.
A questão aqui é que estas pessoas “mexem” com os outros. As histórias que inventam frequentemente envolvem terceiros, chegando por vezes ao nível da calúnia. É possível que, se delas tomarem conhecimento, estes se sintam agredidos, irados, revoltados.
E a realidade, minha gente, é que a maior parte das vezes as coisas acabam por nos chegar efectivamente aos ouvidos. Como se costuma dizer, mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. ;)
Mas há alguma coisa que possamos fazer para as impedir?
Esqueçam, não há controle ou prevenção possível. Elas caem de onde menos se espera apanhando-nos completamente de surpresa.
Se soubemos delas, não foi geralmente pelos próprios, não faria grande sentido. O que nos leva ao “ai Jesus o que vão pensar de mim”… lol
Pois irão pensar o que muito bem entenderem, não há grande volta a dar. Se for alguém que nos conheça bem poderá tentar averiguar directamente a questão. Se for alguém que nos conheça mal, ou não conheça de todo, irá tirar as suas próprias conclusões com base no que lhe foi transmitido. E quanto a isso, batatas.
É grave? Ás vezes é mais, ás vezes é menos… mas contra factos não há argumentos, há que aprender a viver com esse “risco”.
Pensem nos famosos, na quantidade de aldrabices que se dizem/escrevem constantemente a seu respeito. Havia de ser bonito se isso os impedisse de dormir…
Para vos dar um exemplo concreto, anos volvidos sobre o assunto, descobri que, aquando de uma das minhas separações (sim, tive muiiitas…lol), eu tinha “limpo” a casa ao respectivo em questão. É verdade… coitado, meteu chave à porta e só encontrou as paredes, deve ter sido um choque daqueles.
Confesso que já nem me lembro de onde me chegou a informação, mas lembro-me que foi de uma fonte totalmente inesperada, alguém que eu nem sequer conhecia na altura, tipo “ah, então foste tu que…”
Conclusão, neste momento há de haver, não faço ideia de quantas pessoas, convencidas do que acabei de contar. Eu própria já tinha ouvido esta história várias vezes, mas nunca atribuída à minha pessoa… lol
E acham que me ia chatear com o assunto?
Os que me conhecem sabem bem do que sou e não sou capaz. Os que não me conhecem se calhar, depois disto, ficam sem grande vontade de conhecer, paciência. ;)
Por outro lado, se fosse caso disso, se alguma coisa importante estivesse em jogo, sempre se poderia tentar elucidar a questão. Não me parece no entanto caso para ajuste de contas ou desmentidos no jornal. lol
Há de haver muita tanga a circular a respeito de cada um de nós. Sabemos de algumas, outras passam-nos completamente ao lado. Umas vezes conseguimos elucidar as pessoas, outras passamos pelo que não fomos. O que é realmente importante é que nos mantenhamos fieis a nós próprios e não demos importância ao que possam pensar de nós. Assim como assim, até sem estas histórias há de sempre haver quem pense “mal”. ;)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

HELP!

COM MÚSICA


Esta vida não é nada fácil… também ninguém nos prometeu que seria… no entanto, se nos apoiássemos uns nos outros nos momentos de crise, as coisas tornar-se-iam garantidamente muito mais suportáveis.
Descubro no entanto, com uma certa tristeza confesso, que não só não há muita gente disposta a “servir de apoio”, como muita gente simplesmente não aceita “apoiar-se”.
Assim as coisas tornam-se mesmo muito complicadas, não é fácil enfrentar o mundo sozinho.

Começando pelos primeiros…
Grande parte das pessoas que conheço dará uma moedinha ao arrumador ou fará uma contribuição para um peditório de rua. São coisas imediatas, que não requerem qualquer esforço da sua parte. No primeiro caso será inclusivamente talvez ás vezes uma atitude egoísta por não quererem arriscar-se a voltar e descobrir um risco na biatura…
Mas quando se trata de realmente estender a mão ao próximo, existe uma inércia por vezes desesperante.

Tomemos mais uma vez como exemplo o site do Liceu Francês…
Os encontros e reencontros de pessoas que frequentaram uma mesma escola são o seu objectivo principal. Mas as Social Networks são ferramentas potentíssimas, podendo servir variadíssimos propósitos.
Achei que um deles poderia ser a solidariedade, porque não?
Já proporcionámos um natal aconchegadinho a uma senhora que vendia castanhas à porta, ajudámos uma ex-aluna a ganhar um telhado, divulgámos a causa da Marta, votámos num arquitecto com projecto a concurso em Nova Iorque…
Apesar de muitos estarem para aí virados, não o estaremos garantidamente todos e, não sendo o objectivo principal da rede, sempre me recusei a enviar este tipo de apelos como comunicação para todos os membros, ferramenta que tenho ao meu dispor.
Decidi então criar um grupo, “Os Anjos da Guarda”, por forma a poder contactar com o núcleo interessado sem incomodar os outros. Enviei um único mail a avisar da existência e propósito do mesmo.

Recebi uma série de respostas “simpáticas”, como uma que rezava assim: “Para uma acção isolada desculpará que me escuse mas se pensar em algo que combata o subdesenvolvimento endémico, conte comigo.”
Yá... quando descobrir a solução para a fome no mundo eu apito, tá?!
Destes nem vale a pena falar…
A realidade é que somos 3.569 membros e estão neste momento 206 inscritos… não chega a 6% !!!

Será que se está tudo a cagar para o próximo? Duvido…
Alguns não terão recebido o mail, outros não o terão lido, uns não devem ter percebido do que se tratava dado que lêem tudo na diagonal e outros estarão para se inscrever logo que “tenham tempo”… e mais desculpas haverá. Desculpas, justificações, razões… o que lhe queiram chamar.
Sei no entanto que entre eles há muito boa gente. Sei-o, quanto mais não seja porque alguns são meus amigos, conheço-os bem, sei do que são capazes… mas não estão inscritos.

Acredito que a tal inércia de que falei de início seja a razão… A não ser que o umbigo alheio lhes entre pela vista a dentro, como se de uma lap-dance se tratasse, simplesmente não se mexem.
Descuram, a meu ver, o potencial deste tipo de atitudes para nos fazer sentir bem. Ajudar altruisticamente não traz benefícios só aos outros, gera um quentinho cá dentro.

Outros sentem-se demasiado miseráveis e eles próprios carentes de ajuda, para poder ajudar terceiros. Consideram que uma ajuda ou é “de peso” ou não vale a pena, esquecendo-se talvez de que a intenção também conta muito, de que “quem dá o que tem, a mais não é obrigado”.
A ajuda não é obrigatoriamente financeira, podemos ajudar de variadíssimas maneiras… ouvindo, confortando, doando o nosso tempo, bens que possamos dispensar… há tantas formas de ajudar. Mas mesmo no que diz respeito a guito, carcanhol, ponhé, “grão a grão enche a galinha o papo” e se muitos contribuírem com pouco rende mais do que se poucos contribuírem com muito.
Imaginem que cada membro do nosso sitezinho contribuísse com um euro… impressionante não é?!




Passando agora aos segundos…
Muitos sentem vergonha, embaraço, pelo facto de aceitar ajuda, preferem ir orgulhosamente para o buraco, “de cabeça erguida”, do que agarrar uma mão amiga. Como se dela ter necessidade fosse sinal de fraqueza. Ou talvez por não conseguirem suportar a ideia de ter uma “dívida” de gratidão.

Mais uma vez, se for uma coisa obvia, uma aflição imediata, se calhar fazem-no… durante o naufrágio o Titanic fartou-se de mandar SOS… e quem não ouviu já na rua um grito de “agarra que é ladrão…”?
Mas se se tratar de uma situação prolongada, de uma questão social, vêm ao de cima uma série de questões castradoras. As pessoas simplesmente não gostam de assumir que sozinhas será muito difícil safarem-se.

Usando mais uma vez o exemplo do nosso sitezinho, propus este ano o “Projecto Pai Natal 2009”. A ideia era ajudar alguém do site que que estivesse numa situação complicada.
Durante semanas não apareceu nenhuma causa.
Finalmente uma rapariga (uma pessoa mais ou menos da minha idade ainda é rapariga, não é?...lol) “chegou-se à frente” e apresentou-me a sua situação.
Este verão a casa dela ardeu completamente. É viúva, tem quatro filhos e ficaram todos com a roupa que tinham no corpo. Ganha cerca de mil euros por mês e não há qualquer garantia de que o seguro vá pagar seja o que for.

Mas estava com vergonha de falar, não queria dar a cara, segundo as suas próprias palavras não queria ser “a pobre desgraçada”…
Mas será que o que lhe aconteceu não foi efectivamente uma desgraça? Será que não é digna de compaixão? Alguém se julgará imune a acidentes ? É alguma vergonha?
“Pecado” seria, na minha opinião, ter uma série de gente a estender a mão e não a agarrar, virar costas ao pouco de bom que lhe apareceu pela frente nos últimos tempos. Isso sim seria uma vergonha.

Quem faz pela vida não tem de ter complexos desses. Muita gente se vê aflita devido a circunstâncias que não são da sua responsabilidade. Aceitar ou mesmo pedir ajuda é um acto de sobrevivência, demonstra força e não fraqueza. Mostra que estamos dispostos a lutar pela nossa felicidade em vez de enfiarmos a cabeça na areia como a avestruz e ficarmos a remoer com pena de nós próprios. Possibilita-nos de futuro virmos a fazer o mesmo por outros, com dignidade e conhecimento de causa.