terça-feira, 29 de março de 2011

Esta semana não há sopa



Não posso com uma gata pelo rabo, estou estoirada, doem-me todos os músculos do corpo, os meus neurónios estão em greve... sorry, vão ter de ir buscar as vitaminas e as fibras a outro lado... lol











quarta-feira, 23 de março de 2011

As manhãs da Comercial

COM MÚSICA



Hoje fui deixar a cria à escola e no regresso fiquei sentada no carro, feita estúpida, agarrada que estava aos disparates dos meninos da Comercial
A quem nunca os ouviu aconselho vivamente que o faça…
Pessoalmente, sempre que me locomovo de cu tremido, é na sua companhia.

Nunca deixa de me impressionar a boa disposição com que aqueles 4 começam o dia, ás 7  já estando a debitar parvoíces por entre musiquinha boa.
Chego a perguntar-me se serão humanos ou seres virtuais.
Como será possível manter aquele ambiente dia após dia, manhã após manhã? Será que nunca estão mal dispostos, carrancudos, ca neura?! Mistério…
A realidade é que, por isso mesmo, funcionam às mil maravilhas como anti-depressivo.

Quantas vezes não saí de casa meia nhónhó, acabrunhada pelo peso das chatices, sem grande ânimo para enfrentar um novo dia, e dei por mim a rir sozinha, feita parva, no meio do transito, com outros condutores a encarar-me como de tivesse ensandecido. Fico logo com outro espírito.
Noutras biaturas, em que não tenho poder sobre o bitão do rádio ouço, volta não volta, outros canais e garanto que não tem o mesmo efeito começar o dia com conversas sérias sobre temas sisudos.

A equipa da manhã goza de uma cumplicidade incrível, fazem pandã como poucos. Tudo lhes serve de desculpa para gozar um bocadinho, quer seja uns com os outros ou com o mundo em geral. Usam e abusam de jogos de palavras, fazem piadinhas tão depressa infantis como marotas, nada escapando ao seu espírito crítico e jocoso.

São sempre o máximo?! Não, claro que não, ás vezes têm menos graça, menos pujança. Têm dias melhores e dias piores, como toda a gente, mas são sem dúvida uma boa aposta no que diz respeito a boa disposição e sentido de humor.

E perguntam-me vocês porque estou eu praqui a fazer a apologia de um programa de rádio…
É simples, porque acho que é o tipo de coisas que nos fazem felizes.
Tudo verdade, as Manhãs da Comercial contribuem para a minha felicidade e acredito que para a de mais uns milhares de pessoas, a julgar pela sua página no Facebook. ;)
Aqueles anormais (isto dito com todo o carinho e respeito) transmitem (em sentido próprio…lol) diariamente uma positividade, uma boa onda, uma alegria tão contagiosas como a gripe das aves.

Costuma dizer-se que quem anda com um coxo, fica coxo… não tenho grandes dúvidas relativamente à influência do que nos rodeia, dos que nos rodeiam. Se estes forem má onda, pessimistas, carrancudos, dificilmente conseguiremos  escapar ilesos ao clima de negatividade. O oposto é igualmente válido.

Obrigada, Vanda Miranda, Pedro Ribeiro, Nuno Markl e Vasco Palmeirim, por porem um sorriso na cara de tantos portugueses. Que haja muitos mais como vocês… ;)

terça-feira, 15 de março de 2011

Advogando pelo Diabo

COM MÚSICA



Quando gostamos de uma pessoa e a sabemos em baixo é natural que tenhamos vontade de ajudar…
Frequentemente, quem não está bem, tende a perder a objectividade, a noção de perspectiva, a capacidade de análise. A dor e/ou a aflição tipicamente embargam a clareza de espírito.
Alguém que não esteja emocionalmente envolvido, poderá nesses casos trazer uma nova luz ás questões, no sentido de tentar desembrulhar ideias e/ou arranjar soluções.

Para tal, é no entanto ás vezes necessário fazer o papel de “advogado do diabo”.
Relembrar que uma questão tem sempre vários lados, apresentar visões alternativas sobre o tema, apontar eventuais pontos fracos no raciocínio que estava a ser seguido, sugerir ideias que não serão obrigatoriamente muito bem aceites à partida.

Há, no entanto, um factor extremamente importante a ter em conta, que é a fragilidade de quem está do outro lado. Normalmente, nestas situações, as pessoas ficam sensíveis, susceptíveis, pouco flexíveis.
Logo, a diplomacia, a forma como apresentamos as nossas ideias, as palavras que utilizamos, o tom de voz, tornam-se extremamente importantes.
Um passo em falso e pode ser pior a emenda do que o soneto. A melhor das boas intenções, sem os devidos cuidados, pode facilmente deixar a pessoa em pior estado do que já estava. 

Por exemplo, o método agressivo, o clássico abanão destinado a fazer o outro reagir, não será possivelmente, na maioria dos casos, o melhor caminho para se obter resultados em alturas de crise.
Se a estrutura emocional já está  rachada, isto pode fazer com que parta. Nos momentos difíceis, as pessoas não têm normalmente capacidade de reacção a tratamentos de choque, encarando-os como uma agressão. Atitudes que surtiriam eventualmente efeito, se estivessem no seu “estado normal”, podem nestes casos obter o efeito diametralmente oposto. Podem inclusivamente colocar-nos na posição de “inimigo”, do qual é necessário proteger-se e com quem não irão certamente colaborar.

E no que diz respeito à colaboração, esta é extremamente importante, pois ninguém consegue ajudar quem não quiser ser ajudado.
Como tal, desprezar as suas ideias e sentimentos relativamente ao assunto e tentar impor a nossa própria visão, não será provavelmente a coisa mais inteligente a fazer. Mesmo que seja claro para nós que o seu raciocínio e sensibilidade possam estar alterados, menospreza-los não será propriamente um acto que inspire grande confiança. Adoptar uma atitude do género “eu estou certo e tu estás errado” é meio caminho andado para que fechem a porta á nossa tentativa de ajuda.

Na mesma óptica, raciocínios lógicos e óbvios para nós, podem não o ser para quem está dentro da situação. É preciso não esquecer o lado emocional envolvido. Apresentar soluções radicais a quem não esteja disposto a ouvi-las, acaba por ser contraproducente e por vezes até tomado como insultuoso.  Mais uma vez podemos assim ser facilmente encarados como agressores quando tudo o que queríamos era contribuir para a solução dos problemas.

Fornecer o “pior cenário” numa bandeja, na expectativa de preparar para o que der e vier, também não me parece propriamente produtivo. A ideia é aligeirar a situação e não enegrecê-la. Por muito que estejamos a ver que as coisas possam ainda piorar, a não ser que seja algo de iminente, não consigo ver qualquer vantagem em assustar o outro com um rol de possíveis desfechos desfavoráveis, o próprio já terá certamente pensado numa série deles.
Lidar com a realidade e o que está efectivamente em jogo no momento, sem divagar sobre outras possibilidades, parece-me bem mais positivo.

Quando as situações envolvem terceiros, é importante ter em conta o seu lado da questão. Geralmente, na vida real, não há bons nem maus da fita.
No entanto, se o quisermos fazer ver à pessoa que estamos a tentar ajudar, é bom que o façamos com pezinhos de lã. Se houver desentendimento, contenda, amargura, puxar ostensivamente a brasa à sardinha do outro, não é nitidamente o melhor caminho. Irá, pelo contrário, aumentar o ressentimento e gerar uma sensação de falta de apoio.

Finalmente, os timings são importantes.
Há quem tenha tendência, quando alguém cai à sua frente, a tentar logo levanta-lo. No entanto, sobretudo se se magoaram na queda, as pessoas precisam de um tempinho antes de se voltarem a pôr em pé.
Facultar-lhes esse tempo é de uma importância extrema. Puxa-los por um braço e tentar arranca-los do chão, só irá provocar mais dor e desconforto. Embora não seja fácil acompanhar de braços cruzados, é importante ter a sensibilidade de perceber quando estão prontos a reagir.

quarta-feira, 9 de março de 2011

The blues

COM MÚSICA



“A vida é como os interruptores, umas vezes para cima, outras vezes para baixo…”

Embora acredite que haja quem goste de “curtir a neura”, não será o caso para a maior parte de nós. Alguém, no seu perfeito juízo (digo eu, sei lá), não aprecia estar “em baixo”.
É no entanto inevitável que, volta não volta, nos sintamos assim.
Seja lá qual for a razão e respectiva gravidade, de vez em quando sentimo-nos abatidos, tristes, desmoralizados…

Há quem, nessas alturas, atribua a esse estado um peso, uma importância nefasta, que a meu ver não deveria ter.
Na realidade acredito que os momentos maus sejam tão importantes nas nossas vidas como os bons. Acredito que se não tivermos a capacidade de sofrer, também não teremos a de retirar prazer das situações. É uma questão de sensibilidade.

A meu ver, a dor física é encarada de uma forma muito mais natural, do que a dor psicológica.
A insensibilidade à mesma (Insensibilidade congénita à dor) é aliás uma condição que inspira cuidados e preocupação. A dor adverte-nos de que qualquer coisa não está bem, se não tivermos esse sinal de alarme a coisa pode dar muito para o torto.

A dor psicológica não é menos natural. Há coisas que nos agridem, magoam, incomodam, angustiam, quer queiramos quer não.
A forma como encararmos esse estado menos agradável irá fazer toda a diferença.

Na minha opinião, não é aconselhável tentarmos tapar o sol com a peneira.
Se estivermos efectivamente na merda (pardon my french) não vale a pena atirarmos areia para os olhos de quem nos perguntar o que se passa e fazer de conta que está tudo bem. Os seres humanos têm antenas e essas coisas transparecem, ponto final.
Podemos “invocar a quinta emenda” (lol) e recusar-nos a falar sobre o assunto. Podemos levantar um bocadinho do véu e fornecer uma versão Readers Digest da questão. Ou então, em certos casos, aproveitar e desabafar, o que ás vezes até sabe bem.
Quanto mais não seja pelo facto destes estados de espírito gerarem alguma sensibilidade emocional, é bom que os assumamos para que os outros saibam com o que contar.
Por outro lado, empolar a situação e fazer dela um bicho de sete cabeças, encarar uma crise como se fosse o fim do mundo, não é de todo saudável. As coisas têm o peso que têm mas, embora possamos ainda não lhes conseguir visualizar o fim, é bom que estejamos conscientes de que este chegará.
Se não o fizermos, corremos o risco de que a inofensiva neura se transforme em depressão, upgrade que não interessa a ninguém e muito mais difícil de ultrapassar.
“Não há bem que sempre dure, não há mal que nunca acabe”.

Há quem ache que chorar é um sinal de fraqueza, de mariquice se assim lhe quiserem chamar. Pessoalmente acho que é uma válvula de escape, como a das panelas de pressão. Tanto assim que, grande parte de nós, em certas situações não o consegue evitar, por muito que tente controlar-se.
Não consigo ver qualquer vergonha ou humilhação nisso. Antes pelo contrário, acho que prova que somos humanos, o único animal que o consegue fazer para expressar emoções.

Mesmo que eventualmente não vertamos lágrimas, seja lá por que razão for, alturas há em que perdemos a alegria, a energia.
Apesar da iniciativa própria nessas alturas não ser expectável, se formos desafiados para alguma actividade que em “tempos normais” nos daria prazer, acho que devemos fazer um esforço para aceder. Muitas vezes acabamos assim por conseguir uma pausa que nos permite recuperar algum fôlego.
Para além da óbvia falta de vontade para fazer seja o que for, que estes estados provocam, muitas vezes a desculpa para a nossa recusa é o típico “não estou boa companhia”. No entanto, se os outros estiverem cientes da situação em que nos encontramos, não esperarão certamente que sejamos a boa disposição personificada.

Opostamente, se a situação que nos transtorna envolver pessoas, ir ao seu encontro, enquanto ainda nos sentimos fragilizados, talvez não seja a melhor das ideias. É aquilo a que se chama meter-se na boca do lobo.
Confrontarmo-nos com o que nos apoquenta, não sendo absolutamente necessário, não vai ajudar em nada a nossa recuperação.
Tal como as feridas, é preciso deixar sarar, dar tempo ao tempo, este cura a maior parte dos males.

Mas, acima de tudo, é preciso ter a noção de que acima das nuvens o céu está azul e o sol brilha. Tudo se resolve… it’s a mistery.



terça-feira, 1 de março de 2011

Feelings

COM MÚSICA


Considero-me uma pessoa essencialmente racional.
Como não me canso de dizer, isto não tem nada a ver com as emoções, que continuo a sentir, mas com a forma como encaro a vida.
Basicamente, quer dizer que baseio as minhas acções, as minhas decisões, no raciocínio, numa análise das situações. Que sou sensível a argumentos lógicos, estatísticos, probabilísticos. Que tenho em conta os possíveis resultados da acção/reacção, causa/consequência, etc…

No entanto, e de certo modo contraditoriamente, tenho imensos feelings.
Quantas vezes estes não me dizem uma coisa, quando a razão me diz outra…
Por feelings entendam-se coisas que não consigo explicar, provar, ou sequer analisar.
Acontece, curiosamente, que acredito que estes sejam tão importantes nas nossas vidas como a utilização do cérebro, que tanto defendo.
Acho que tem a ver com aquilo a que chamamos

Apesar de ter sido baptizada, dado que ninguém me perguntou a opinião sobre o assunto, não pratico qualquer religião. Tenho alguma noção dos princípios básicos de algumas delas e a sensação de que, no fundo, vão todas dar ao mesmo.
Também não sou imensamente dada a esoterismos, mantendo sempre um certo cepticismo.
Vivendo num país essencialmente católico estou evidentemente embebida, em muitos aspectos, da sua cultura. É bem capaz de me sair uma expressão do género “por amor de Deus…”, simplesmente porque as ouço desde que nasci e estão de certa forma alojadas no meu subconsciente.

Paradoxalmente então, a minha vida rege-se em grande parte por esses tais  feelings que mencionei, aos quais costumo dar bastante crédito.

Numa conferência no TED, sobre expectativas, o orador afirma que, probabilisticamente, é uma estupidez monumental apostar em lotarias e afins.
Embora compreenda perfeitamente os seus argumentos e esteja de acordo com eles, continuo, semanalmente, a apostar no Euromilhões. Porquê?
Acho que, como costumava dizer-me uma pessoa, “é a hipótese do Anjo”…
Apesar de consciente de que a hipótese de ganhar alguma coisa que se veja é ridiculamente baixa, é uma realidade que acontece todas as semanas a várias pessoas.
Não jogo portanto com qualquer expectativa, não aposto o meu futuro nisso, não tenho ilusões de que seja por essa via que vá resolver os meus problemas financeiros.
Faço-o porque acredito que qualquer pessoa possa ganhar. Excepto se não apostar.

Da mesma forma, se qualquer outra coisa fizer intuitivamente sentido para mim, pratico-a. Abraço a ideia de que, se não parecer haver inconveniente, porque não experimentar.
Assim, do alto do meu “agnosticismo”, entrego-me a práticas teoricamente reservadas aos “crentes”.

Em momentos de grande aflição, costumo acender velas, por exemplo…
Porque o faço?! Não tenho a mais pequena ideia.
Acho que acredito que estas funcionem como um lembrete para o universo, de que estamos a transmitir energia positiva, ou talvez que sejam antes um veículo dessa mesma energia…
De cada vez que uma criança está gravemente doente, alguma pessoa em sérias dificuldades, etc, lá estou eu a acender velinhas.
No outro dia, vendo-me a acender mais uma, a minha cara metade perguntou-me se essa era para que um projecto fosse aprovado.
Não acendo velas a “pedir” resultados específicos, faço-o acreditando estar a contribuir para um desfecho favorável das questões que nos apoquentam, seja lá ele qual for.

Tenho também aquilo a que costumamos chamar “pressentimentos”. Sensações que me perseguem, coisas que se me apresentam como quase certezas, não tendo ainda acontecido.
A partir do momento em que me dei conta de que gostaria de viver nesta zona, por exemplo, não duvidei por um segundo de que isso fosse efectivamente acontecer, apesar de só me ter mudado muitos e longos anos mais tarde.
Tal como esta, há muitas coisas que tenho a sensação de “saber”, sem que isso seja efectivamente possível.

O mesmo acontece com pessoas… o meu âmago “sabe” coisas que ás vezes o meu cérebro é incapaz de processar. Excepto raríssimas excepções, venho geralmente mais tarde a compreender a minha primeira reacção ás mesmas. Tantas vezes, devido ao tal carácter racional e analítico, as contrario, para mais tarde dar a mão à palmatória.

Acredito do fundo do coração que, se tivermos boa onda, uma visão positiva do mundo, formos “boas pessoas”, atrairemos coisas agradáveis para a nossa vida. Que, apesar das pedras do caminho, o balanço será positivo.
Nem tudo é explicável, nem tudo faz sentido, nem tudo se pode provar.
Pessoalmente, acho que tudo acontece por uma razão mas não sinto necessidade de obrigatoriamente saber qual. Não preciso de justificar, perante mim própria ou terceiros porque acredito no que acredito, entrego-me, simplesmente.
Mas acreditar, acreditar com todo o nosso ser, seja lá no que for, é o que nos mantém coesos quando tudo o resto falha.