terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2008

COM MÚSICA

Tudo se queixa, minha gente, de que 2008 foi um ano muito mau.
Foi sem dúvida duro em muitos aspectos… trouxe dificuldades, angústias, tristezas até… mas no que me diz respeito, em termos humanos, não podia ter sido mais enriquecedor.

Em 2008 nasceu “o Monstro”…

Este tem provocado em mim uma cascata de emoções fortes, quentes e boas (assim cumás castanhas, sei lá) … que mais se pode pedir num só ano?!

Reencontrei pessoas de quem nada sabia há muitos anos.
Conheci gente que veio, sem qualquer sombra de dúvida, trazer um valor acrescentado à minha vida.
Confirmei que “a união faz a força” e que juntos podemos mover montanhas.
Mas sobretudo descobri que anda muito boa gente “por aí”…
Este ano acabou por ser para mim uma ode à amizade!!!

Em 2008 “ganhei” um grande amigo… (saiu-me numa rifa… lol)
Sim, eu sei que as amizades vão crescendo com o tempo, que não é em poucos meses que nos podemos considerar “amigos” de alguém… mas neste caso estou disposta a correr o risco da afirmação.
A empatia que sentimos não pode ser uma ilusão, seria demasiado triste e recuso-me sequer a considerar a hipótese.
Em pouco tempo criámos laços que não tenho com pessoas que conheço de toda a vida.
Apesar de só ainda termos estado juntos três vezes, desde a primeira que ambos nos sentimos como se tivessemos reencontrado um velho amigo. Noutras vidas?! Talvez…
Há uma entrega de parte a parte, um partilhar de ideias, de emoções, de histórias de vida, que muitas vezes só se consegue atingir ao fim de muitos e longos anos.
Estou certa de que muitos teremos juntos pela frente…

Em 2008 posso ter recuperado um amigo… (este fui buscar aos reciclados… ;)
De repente, de dentro da pança do monstro, saiu uma pessoa de quem não sabia nada há cerca de vinte e sete anos.
Tivemos uma relação forte e intensa na adolescência, durante cerca de um ano, e depois perdemos totalmente o contacto.
Na altura em que nos dávamos tivemos sem qualquer sombra de dúvida uma relação priveligiada em que tudo partilhávamos, tudo discutiamos, tudo descobriamos juntos…
Vá-se lá saber o que aconteceu para provocar o afastamento, pois não me lembro de nunca nos termos zangado, mas a realidade é que foi um corte radical.
Então não é que ao fim de tanto tempo nos reencontramos e parece que o tempo estagnou?!
Não só sentimos o mesmo à vontade que tinhamos, como descobrimos novos pontos de interesse em comum, uma maneira de ser perante a vida muito semelhante, agora com marido/mulher/filhos…
Eu diria que há aqui potencial.

Em 2008 consolidei uma nova amizade com um “conhecimento” antigo… (esta esteve sempre escondida no sótão…)
De repente dei por mim a apreciar uma companhia feminina (vá, não sejam assim… mentes depravadas…lol), a ter uma amiga, coisa que não me acontecia há muito tempo.
Não chegou através de ninguém, não começou por ser namorada de um amigo, veio sozinha e instalou-se.
Confesso que gajas nunca foi o meu forte… sou mais dada a malta que mija de pé… mas está-me a saber tão bem…
Há cumplicidade, apoio mútuo, convergência de ideias.
O passado que temos em comum, embora em separado visto que nunca nos demos, juntou-nos e some how mantém-nos unidas.
Estamos lá uma para a outra como se fossemos as amigas de infância que nunca fomos.
Em pitas éramos quase “rivais”, cada vez mais somos unha com carne.

Em 2008 entusiasmei-me com outras pessoas… envolvi-me… entreguei-me…
Pessoas mais velhas, pessoas mais novas, mijas em pé e mijas sentadas.
Divertem-me, emocionam-me, enternecem-me, fascinam-me.
Só constam desta pequena vala comum, versus os destaques acima, por serem relações menos definidas, não são por tanto menos intensas ou menos verdadeiras…
É malta que anda mais em bando (“parecem bandos de pardais à solta…”) o tempo nos dirá onde irão parar as relações de um para um.
Mas várias sementes foram plantadas, sementes estranhas visto que têm pernas para andar.

Em 2008 uni-me com outros para ajudar o próximo… e conseguimos.
Conseguimos estender a mão e abraçar várias causas.
Juntos fizemos a diferença, juntos levámos a água aos nossos moínhos.
Descobri que há muito boa gente, gente empenhada em minimizar o sofrimento alheio, em distribuir alegria por quem mais dela carece.
E o rio continua a correr e mais causas há de haver, e cá estaremos nós para acorrer…

Em 2008 descobri que um coração dá para muita gente… e que quem é de facto amigo compreende que há lugar para todos.
Descobri que consigo ser mãe, mulher, amiga… sem que ninguém fique lesado.
Descobri que os que me rodeiam aceitam essa partilha, não disputam egoísticamente o meu amor e isso traz-me paz, serenidade.

Em 2008 confirmei que as amizades são dos bens mais valiosos que podemos ter… ; )



"A friend is a gift you give yourself..."

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Não gosto do Natal

COM MÚSICA

Eu não gosto do Natal…
Quando aparecem as decorações natalícias na rua começo logo a ficar meio deprimida.
Quando passa a época suspiro de alívio.


Não gosto do Natal porque acho que que é uma época em que as pessoas concentram aquilo que deveriam fazer todo o ano, ao longo do ano, afinal de contas “Natal é quando um homem quer…” uma época estúpidamente dispendiosa… cansativa… e em muitos casos até hipócrita.

Adoro oferecer presentes, não sei mesmo se não gosto mais de os oferecer do que de os receber…
Agora digam-me que raio de presentes é que uma pessoa consegue oferecer quando tem de oferecer “mil” ao mesmo tempo?!
Que cabeça é que tem para escolher a prenda certa para cada um?
Que raio de prendas é que se consegue comprar com a meia dúzia de tostões que se pode gastar em cada?
E mesmo assim, por muito barato que se compre, acaba sempre por ser uma verdadeira fortuna…

Depois há os jantares e os almoços e os jantares…
“O Natal” já não existe… existem “os Natais”… o Natal do emprego, o Natal dos amigos, o Natal da família do pai, da mãe, da sogra, da tia, da prima, do raio que parta todos estes natais…
Come-se que nem uns alarves, coisas levezinhas, claro está… queria-se beber (para esquecer) mas não se pode porque se tem de conduzir para o próximo natal ou para um breve e merecido repouso antes do Natal seguinte.

Tem eventualmente de se confraternizar com pessoas com quem não apetece obrigatoriamente fazê-lo. Havia de ser bonito dizer “este ano não me apetece…” caía o Carmo e a Trindade e era pior a emenda do que o soneto… ficávamos o resto do ano, o resto da vida sei lá, a comer com a história do Natal… Então lá vamos nós, de sorriso amarelo, fazer o nosso papel nesta fantochada toda…

A caridade, a solidariedade… aham… pois, é no Natal… porque os meninos famintos só comem no Natal, só se vestem no Natal, só brincam no Natal…
No Natal está sempre tudo muito sensível a causas… então e o resto do ano, caraças?!
Não há malta a quem estender a mão no resto do ano?


Enfim… podia agora estar aqui mais meia hora a cascar no Natal… mas como devem supôr não era esse o objectivo do meu post…
A realidade é que tenho como lema “se não pode vencer o inimigo junte-se a ele”…
Por muito que gostasse francamente de o fazer, não posso decretar que a partir de agora deixa de haver Natal… não posso dizer que não dou prendas (pelo menos a toda a gente… lol), não posso retirar as decorações de Natal das ruas, nem mandar à fava quem me desejar as Boas Festas.

Ajunto-me então… ; )
Trato das prendinhas a tempo e horas para não ter demasiado stress.
Tanto a minha casa como o nosso sitezinho estão decorados a rigor, como manda a tradição, com arvore, luzinhas a piscar por todo o lado, cantilenas, bonecos de neve e renas…
Todos os anos perco horas a fazer montagens para o postalinho de Boas Festas.
O meu filhote teve direito à aldrabice da história do pai natal até me olhar como se fosse parva e todos os anos tem um calendário do avento que abrimos os dois ansiosamente a ver qual a figura do chocolatinho do dia.
Se fôr preciso, na distribuição das prendas até ponho um boné vermelho e digo HoHoHo…

Christmas Graphics

E sabem que mais?!
Sinto-me muito melhor assim… continuo a não gostar do Natal… continuo a achar que não faz sentido… mas é tão menos penoso deixar-se levar do que lutar quando não há mesmo nada a fazer… ;)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mezinhas

No último post falei em sintomas… o que não disse é que, tal como nas outras doenças, os sintomas não se apanham assim sem mais nem menos.
É sempre necessário fazer alguma coisa por isso…
Pode ser andar ao frio, praticar sexo sem preservativo ou ter uma atitude de vida positiva… mas nada acontece sem razão. ; )

Vou então partilhar convosco algumas das mezinhas que utilizo por forma a apanhar os tais sintomas…

Começa logo de manhã… como já mencionei num post anterior, todos os dias acordo cerca de dez minutos mais cedo do que seria necessário, para que o meu filho não tenha de se levantar a correr.
Meto-me na cama dele e ficamos ali aquele tempo na ronha …
Há dias em que falamos, outros ficamos calados, enrolados um no outro, a desejar ainda poder dormir mais uns minutos, mas já totalmente acordados.
Umas vezes coço-lhe as costas (com indicações extremamente precisas “agora para cima, agora para baixo”) outras dou-lhe festinhas, espreguiçamo-nos… enfim…
Comecei a fazê-lo por causa dele e só o faço quando cá está, mas confesso que hoje em dia já me faz falta.
Começar bem o dia é importante e aquela transição entre o sono e o enfrentar os afazeres diários, que nem gato que se espreguiça ao sol, traz alento.

Depois, quando vou para qualquer lado, sempre que possível escolho o itinerário mais agradável.
Já que temos de fazer as coisas que ao menos nos proporcionem prazer, não é verdade?
Por exemplo, há dias em que tenho de ir para Lisboa, depois de ir levar o bichinho à escola, ou seja por volta das nove, que é como quem diz à hora de ponta.
Já percebi que chego sensivelmente à mesma hora, vá por onde fôr.
Escolho portanto evidentemente a Marginal… bicha por bicha, sempre é mais simpático.
Vou a ouvir o programa da manhã da Comercial, com aqueles três anormais que regularmente me põem a rir a bandeiras despregadas sozinha no carro, rezando para que os outros condutores tenham a mesma rádio sintonizada e não julguem que perdi algum parafuso.
Vejo o mar, as praias quase ainda sem pegadas, os velhotes a fazer jogging em grupos, as pessoas a passear os cães… e vou-me entretendo.
A viagem passa num instante.

Se por acaso estou triste choro… choro imenso… escorrem-me lágrimas pela cara abaixo.
Em geral costumo chorar sozinha, em público tenho alguma dificuldade, mas não tenho qualquer problema, se fôr caso disso, em chorar à frente de uma plateia reduzida… lol
Durante uns minutos autorizo-me a sentir-me a pessoa mais infeliz do mundo, tenho imensa pena de mim própria.
Depois limpo o ranho à manga da camisola, não tenho qualquer problema com o rimel porque não uso, levanto a cabeça e sigo viagem.
Mas só o facto de deitar o peso cá para fora já ajuda. Estou convencida de que o “azul” do coração sai com as lágrimas.

Costuma dizer-se “com o mal dos outros posso eu bem…”
Pois eu acho que são as pessoas um tiquinho egocêntricas que dizem isso… aquelas pessoas cujos males são sempre piores do que os males alheios… que gostam de fazer concursos de desgraças, como quem compara cicatrizes.
Eu, o mal dos outros ajuda-me imenso.
Vou-vos confessar uma coisa… ultimamente tenho andado meia nhónhó… a vida é como os interruptores e o meu tem andado meio para baixo… Têm-me caído em cima (ao mesmo tempo, claro está… “when it rains, it pours…”) uma série de chatices, umas mais graves do que as outras, que não matando me vão moendo bastante…
Hoje soube que morreu há dias a única filha de um membro do nosso “monstrinho”… uma menina de um ano e tal… ao que parece morreu durante a sesta.
Que direito tenho eu de me lamentar da minha vida?!
Todos estão saudáveis á minha volta, o meu filho está feliz a dormir na sua caminha…
Com que lata é que me posso queixar das minhas mazelas, se pensar por um segundo que seja no tormento, na dor atroz, que devem estar a sentir todos os membros daquela família?!

Sou no entanto adepta ferranha do “PartisteS uma perna?! Olha, ainda bem que não partisteS as duas…”
Não é espectável passar pela vida sem problemas, sem preocupações, sem chatices, sem dôr… e a realidade é que, embora ás vezes possa parecer que não, as coisas podem sempre piorar…
Uma pessoa ter presente esse facto e agradecer que as coisas se passem SÓ como se estão a passar, ajuda imenso, relativiza as coisas.
Por exemplo, a vaca da minha cadela hoje decidiu mijar na minha cama… leram bem… em cima da minha cama (eu disse que estava a passar por um período difícil… na semana passada teve parasitas…) em cima do meu edredon.
Ora a única coisa em que conseguia pensar, enquanto tentava desesperadamente enfiar o mesmo dentro da maquina aos pontapés, era “olha se ela tem decidido fazer a gracinha logo à noite enquanto estivesse a lavar os dentes… ao menos assim tenho tempo de lavar e secar esta merda…”

Tento ter sempre presente que, embora me possam afectar, as coisas não me são sempre obrigatoriamente dirigidas…
Se bem que no exemplo acima não consiga encontrar nenhuma razão para que não seja “personal”, a kabra fe-lo de propósito para me chatear, resta só saber porquê.
A realidade é que muitas vezes “levamos com os outros” mas o “problema deles” não é nada connosco. A maior parte das vezes é aliás com eles próprios.
Há tempos tive um problema lá no site (isto começa a soar como a “lá na terra”… lol) com um senhor doutor juiz que não queria obedecer ás regras. Deixou umas mensagens muito desagradáveis na minha página e iniciou-se aquilo a que chamámos “o caso do homem da boina”.
Ora não sei com o que é que o dito senhor está tão zangado, mas comigo não é com certeza porque nem o conheço e nunca lhe fiz mal… Na troca de mensagens com ele fui sempre correcta e bem educada e não fiz nada que justificasse a atitude que teve.
Limitei-me portanto a pensar “ mas ca ganda cretino!!!” (não… e eu sou santa por acaso?! Até lhe devo ter “chamado” mais nomes) agi conforme a minha consciência e o caso não me afectou minimamente.
Tive mais dores de cabeça a tentar engendrar como é que ia resolver a situação de quebra de regras do que a lamentar-me dos seus “billets doux”.


Outra coisa que tem feito bastante diferença na minha vida é o auto-controle.
Dantes costumava “disparar primeiro e fazer as perguntas depois”…
A chatice é que depois, ás vezes já só há cacos no chão.
De cada vez que me deparava com uma situação que me chateava, disparava a torto e a direito sem sequer me perguntar se tinha razão.
Estou a ser um bocadinho aldrabona agora, porque estou a falar no passado e ainda faço isso de vez em quando… então quando entro em PMS… Uiiiiiii!!! Saiam da frente…
A realidade é que a coisa já está muitíssimo mais controlada.
Isto evita-me inclusivamente a confrontação com situações embaraçosas, como quando atirava alguma coisa à cara de alguém (não se preocupem, em geral é aos da casa…) e se chegava à conclusão de que afinal até tinha sido eu a meter a pata na poça.
Aaaaarrrgggg é muito difícil de engolir…
Assim começo só por pôr as orelhas para trás e só mordo se fôr preciso.

Também ajuda a consciência de que a “minha verdade” não é uma verdade universal…
Por muito que não esteja de acordo com certas coisas não quer dizer que elas estejam “erradas”, é simplesmente uma forma diferente de encarar a vida.
Não consigo deixar de tentar compreender os outros, mesmo que acabe por não o fazer.
O caso mais flagrante é o do meu lançador de santolas, que faz coisas que não passam pela cabeça de um tinhoso, mas que, tenho de reconhecer, até parece estar a dar-se bem com elas.
Gozo, critico, gesticulo mas quem sou eu para lhe passar um atestado de não saber viver?!
Ás vezes simplesmente não vale a pena puxarmos a brasa á nossa sardinha, as pessoas são simplesmente diferentes umas das outras, com várias maneiras de encarar a vida e o mundo.

O pedir desculpa também é importante.
Não me venham com coisas, a maior parte das vezes sabemos muito bem que metemos o pé na argola.
Acreditem que não magoo ou ofendo os outros de propósito, mas faço-o como qualquer um de vocês. Errar é humano.
O que não acho normal é tentar constantemente encontrar justificações para os nossos erros.
Há que aceita-los e pedir desculpa a quem de direito para poder seguir viagem, senão iremos sempre andar com essa pedra a incomodar dentro do sapato.

Quando não posso resolver os problemas proíbo-me de pensar neles.
Por exemplo, se estou com chatices que só podem ser resolvidas a horas de expediente, à noite bloqueio-lhes o pensamento.
Ao fim de semana, sempre que possível, tento não resolver nada, aqueles dois dias são importantes para recarregar baterias, para ter “quality time” com a família e os amigos.
Como dizia a Scarlett O’Hara “I’ll think about it tomorow”…
E acreditem que não é protelar as coisas, é simplesmente forçar uma folga para poder tomar recuo e vê-las com mais nitidez.

Finalmente, quando me vou deitar, obrigo-me a só ter pensamentos agradáveis… ás vezes não é fácil, outras vezes é impossível, mas a maior parte delas é perfeitamente fazível…
Afinal de contas ainda temos algum controle sobre o nosso cérebro.
Mal poiso a cabeça na almofada, escolho um tema… pode ser um sonho que tenha e que desenvolvo, uma recordação que decido reviver, um acontecimento próximo por que anseio…
Até adormecer divago em pensamentos que me fazem sentir bem.
Sonho muito pouco, que é como quem diz lembro-me muito poucas vezes dos sonhos, mas a realidade é que não me lembro do último pesadelo que tive e as minhas noites são pacíficas e repousantes.

Mais mezinhas haverá, mas por enquanto fiquem-se com estas que a noite já vai longa e este post então nem se fala… ; )



terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Felicidade Sintomas



A felicidade, tal como outras doenças, não é aparentemente fácil de diagnosticar. ; )
Já pensaram que se calhar até são felizes e ainda não deram por isso?!
Tenham cuidado porque não acontece só aos outros, se calhar já apanharam felicidade e não sabem…

Deixo então aqui uma lista de sintomas, se tiverem todos (ou mesmo só alguns deles) aconselho-os a ir rapidamente a um felizologista para que confirme o diagnóstico:

1) Acreditar que existe, que não é daquelas coisas sobre a qual toda a gente fala mas que ninguém conhece de facto. Que não é uma coisa utópica, que só existe em teoria e não pode ser vivenciada.

2) Saber que a felicidade não é um objectivo, não é uma meta… como se a corrida acabasse lá. Ou se é ou não se é, a “procura” da felicidade não existe, existe sim a sua consciência…

3) Saber que ser feliz e estar feliz são duas coisas completamente diferentes. Que a vida nos vai obrigatoriamente trazer desgostos, tristezas, problemas para resolver… episódios, ou mesmo fases, menos agradáveis de viver… mais dolorosos física ou psicologicamente… e que nessas alturas não vamos estar felizes.

4) Nessas alturas ter a noção de que por muito difícil que esteja a ser, por muito duro, é só uma fase, de que tudo irá acabar bem, acaba sempre bem. “Everything will be ok at the end. If it’s not ok, then it’s not the end”… Ou, como dizia o dono do teatro do Shakespear in love, “Tudo se á de resolver… Como?!... Não sei, é um mistério…”

5) Ter a noção de que a felicidade não é condicional. De que mais facilmente encontraremos o homem ou mulher da nossa vida, a casa de sonho ou o emprego que nos fará sentir realizados se formos felizes, do que seremos felizes se os encontrarmos. Não existe “vou ser feliz quando”… isso é como o pote de ouro por baixo do Arco Íris.

6) Mais frequentemente “agradecer-se” as coisas boas que se tem, do que lamentar-se das que não se tem. Mais facilmente se gabar do bom, do que se queixar do mau. Ao fazer uma lista mental da nossa vida encontrar-se mais coisas boas do que más, mais coisas agradáveis do que desagradáveis, mais coisas gratificantes do que negativas.

7) Retirar genuíno prazer das pequenas coisas da vida… dormir, comer, euh… pois, isso também… lol… lagartar ao sol, ver um gato a brincar, conviver com os amigos, ver um filho a crescer… Conseguir continuar a retirar prazer de actos do quotidiano, daquelas coisas que se fazem e refazem vezes sem conta.

8) Viver em paz de espírito, em coerência… não passar a vida numa luta constante entre actos e pensamentos. Pôr em pratica as suas ideias, os seus princípios, as suas crenças e viver segundo essas “leis”, estando no entanto conscientes de que somos todos diferentes e de que a nossa verdade não é uma verdade universal…

9) Sentir-se amado, acarinhado. Sentir que no nosso círculo somos uma presença agradável, amigável, que os outros apreciam geralmente da nossa companhia. Saber que temos amigos com quem podemos contar, pessoas que não têm qualquer tipo de obrigação para connosco, que nos escolheram para seus amigos e que estão lá, para o que der e vier, assim como nós estaremos lá para elas.

10) Finalmente, the last but not the least… Gostar de si próprio, ter auto-estima, amor próprio, um bom ego… Sentir que se merece ser feliz. Gostar do que se vê ao espelho, para além dos pontos negros ou das rugas. Ser o nosso fã número um e tentar fazer sempre por não o decepcionarmos.

Não sei se a felicidade tem cura… é possível que sim… é possível que um grande drama consiga eliminar estes sintomas… não sei o que lhes acontece quando se perde um filho, quando se fica cego … sei no entanto que alguns, mesmo assim conseguem continuar a ser felizes… está visto, está provado, eles andem aí.

Agora vejam lá, se tiverem a maior parte destes sintomas, com que cara de pau é que dizem que não sabem se são felizes… tenham lá cuidado não andem praí a pegar felicidade ás pessoas, espera-se que seja contagioso…

E agora vá… todos a fazer figura de parvos comigo…
“If you’re happy and you know it clap your hands!!!”

COM MÚSICA


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Change we can believe in

COM MÚSICA

As pessoas hoje em dia olham para mim como se fosse um bicho estranho… (ou uma aldrabona… lol).
É no entanto uma realidade (e a mais pura das verdades) que levo a vida com serenidade, com paz de espírito, que me sinto bem comigo e com os outros e que me considero uma pessoa profundamente feliz.

Ser feliz não quer dizer “limpar a merda do cão nauseabundo de sorriso nos lábios”...
Uma pessoa feliz não está sempre bem.
Pode estar triste, stressada, doente, cansada… podia agora dissertar sobre o assunto mas prefiro fazê-lo noutro post… mas não deixa por isso de ter a perfeita noção e sem qualquer sombra de dúvida de que É feliz.

As pessoas felizes não têm vergonha ou pudor de se afirmarem felizes.
Simplesmente porque querem mais é que os outros o sejam também e para tal é bom que acreditem na felicidade, como sendo uma coisa real, “atingível” e não como uma qualquer utopia.

Eu nem sempre fui feliz… Digo isto porque é importante para mim, que aqueles que me consideram um bicho estranho (quero que os que acham que sou uma aldrabona vão apanhar onde apanham as galinhas… aliás, acho que esses nem devem vir cá ler-me… hehe) percebam que isto não é uma coisa genética… Uma pessoa não nasce já com o gene da felicidade!!! Qualquer um pode lá chegar. Amigo! Alista-te!!! ;)

lol

Quando eu nasci…
Têm tempo? Senão se calhar o melhor é voltarem noutra altura.
Ahah… brincadeirinha!!!
A sério!!! Vai ser breve e indolor…
Vou usar todo o meu (pouco) poder de síntese…
Bem…
Como eu dizia… quando nasci, fui primeira a filha e a primeira neta dos dois lados.
Apesar de ser um bicho muito feio, era a única e fui mimada e apaparicada por tudo quanto era gente à minha volta.
Fizeram-me acreditar que era o centro do universo, que tudo me era devido. Era uma daquelas crianças que quando me aparecem à frente me dá logo vontade de lhes dar com um pano encharcado na tromba…
Vivia no entanto uma eterna insatisfacção, era mimada… lembro-me por exemplo de pegar numa tesoura e cortar um vestido de boneca todo aos bocadinhos porque não estava a conseguir cozer-lhe um botão.

Foi a minha fase “I’m the king of the Word!!!”


Depois os meus pais separaram-se, civilizadíssimamente e mantiveram-se muito amigos até à morte do meu pai.
O problema foi outro… os respectivos. Tanto de um lado como do outro grandes problemas, pessoas infantis, inseguras, egoístas, que nos trataram mal.
Não, não se pode sequer considerar a palavra “violência”… nem física nem psicológica, não estamos na Oprah pessoal, se querem ver sangue vão ter de procurar noutro lado.
Mas… trataram-nos de facto mal. Não gostaram de nós, não nos aceitaram a não ser como “um mal necessário” para poderem estar com “o outro” (neste caso o nosso pai e mãe), não tiveram nem respeito nem consideração por nós. Para mim isto é tratar mal…
Passada a minha fase de menina mimada (sim, porque passou ó caraças!!!) passei por uma fase de revolta, em que vivia numa angústia e ansiedade constantes porque me recusava a aceitar ser tratada dessa maneira, queria ser tratada como gente…
O resultado era um serzinho extremamente agressivo, sempre de garras de fora pronta a atacar ao mínimo sinal de alerta. Foi uma fase extremamente difícil e dolorosa.

Foi a minha fase “Que mal fiz eu a Deus para merecer isto?”


Depois de passar de “centro do universo” para “mal necessário”, como poderão compreender, tive uma adolescência digamos que um pouco conturbada…
Achava típicamente que não valia nada, que ninguém gostava de mim, que os meus amigos não eram mesmo amigos, que ninguém me convidava para nada, que era gorda… yada yada yada…
A minha auto-estima desceu a tal ponto que, com quatorze anos, fiz uma tentiva de suicídio. Notem que não disse “uma chamada de atenção”, quando faço uma coisa faço-a como deve de ser… (bem, pelos vistos nem por isso… lol) Deu direito a umas horas em coma, uma semana de internamento, meses em casa, psicólogos e a maior das dificuldades em enfrentar de novo fosse quem fosse , acima de tudo os meus pais.
Foram provávelmente os tempos mais negros de toda a minha vida em que tive de compreender o que é que isso queria dizer “a minha vida”…
Tive de enfrentar os sentimentos de culpa mais pesados que possam imaginar… eu tentei assassinar a filha de alguém, imaginam como esse alguém se possa sentir com isso?!
Foi uma altura em que não conseguia compreender porquê que o sol brilhava…

Foi a minha fase “Adeus mundo cruel!”


Aos dezenove anos decidi ir viver com o meu professor de filosofia, quinze anos mais velho do que eu e com um filho de doze, em vez de ir estudar para Londres como estava previsto.
Era professor, prestigiado encenador do grupo de teatro, carismático, admirado, amado, cobiçado… tinha de “consegui-lo”… Já era sabido que “andava” com ex-alunas… já tinha “tido” várias…
Para mal dos meus pecados consegui.
Fui profundamente infeliz durante três anos e meio e o suplício só acabou porque ele morreu, senão sabe-se lá quantos mais anos teria durado.
Não, não o assassinei… ; )
Foi uma relação de uma violência psicológica passiva sem nome.
Não me apoiava em nada, tinha mil amantes que pavoneava constantemente à frente do meu nariz como se eu fosse parva, manipulava-me completamente, mais uma vez não tinha o mínimo respeito ou consideração por mim.
Em dois anos perdi 17 kilos!!! Fiz check ups, consultei médicos, não havia qualquer razão aparente para isso. Passei de 56 kgs para 39!!! Imaginam uma rapariga de vinte e um anos com 39 kgs?! Anorética, sim… Só que não comia para ir vomitar, nem nada que se parecesse, levava uma vida aparentemente normal… não podia era dormir de barriga para baixo porque queimava os ossos das ancas nos lençois…
Tive nessa altura os meus primeiros (e útlimos) ataques de ansiedade, faltava-me o ar, o coração disparava e ficava totalmente convencida de que, apesar de não saber porquê, ia morrer nos próximos minutos.

Foi a minha fase “Tirem-me daqui que eu não sou deste filme…”


Uns anos depois conheci aquele que foi o meu marido e a minha maior paixão.
Apareceu-me como o cavaleiro andante que me iria salvar da vida porca e miserável que levava há tantos anos. A relação era toda ela coração, toda ela conto de fadas, toda ela “happily ever after”…
Abdiquei totalmente do meu lado racional para me dedicar a ela.
Dizem que o amor é cego… subscrevo completamente. O coração palpitava de tal maneira que abafava as palavras do cérebro.
Não vi o óbvio… que nunca iria dar certo… que éramos demasiado diferentes.
Ele apaixonou-se por um tigre mas depois quis um gato… o tigre era demasiado assustador em todos os sentidos… e eu não pude encolher.
Mas tentei, tentei com todas as minhas forças… tentei rugir baixinho para que mais parecesse um miado, tentei fazer-me pequenina, tentei pôr as garras para dentro.
Mas por muito que tenha tentado não consegui ser o que precisaria de ser para que resultasse.

Foi a minha fase “Amor e uma cabana.”


Durante todo este tempo fui uma pessoa irrascível, intolerante, injusta ás vezes… Fiz passar as passas do algarve aos meus amigos, namorados, familiares. Tinha terríveis ataques de mau génio que faziam tremer quem estivesse por perto. Amuava. Ficava ofendida. Queixava-me constantemente de tudo e de todos. Enfim…

Até que um dia… há não muito tempo… deu-se um clic ... fez-se luz.
Não sei o que aconteceu, não sei como foi… mas percebi tudo.
De repente tudo fazia sentido.
Comecei aos poucos a tentar arrancar as ervas daninhas que ia identificando no meu jardim… foi difícil, não estava na minha natureza, mas forcei-me a isso e continuo a forçar-me diariamente (sim, porque ainda há muitas para arrancar… e estão constantemente a nascer novas…) e dei-me conta de que era feliz assim.
Dei-me conta de que o que dou à vida recebo de volta… e como “quem semeia ventos, colhe tempestades” tento semear coisas mais agradáveis. É só isso o truque…

É a minha fase "Sou uma babaca... ;) "


Yes we can! ; )