segunda-feira, 30 de março de 2009

B U

COM MÚSICA

“What you see is what you get…”
Tem sido o meu lema e tenho-me dado bem com ele. ;)

Está na nossa natureza querer agradar, impressionar, evitar potenciais problemas, etc…
Para tal vamo-nos moldando á(s) pessoa(s) e situações… É natural que assim seja, desejável até, dentro de certa medida, se nos queremos integrar harmoniosamente no meio em que vivemos.
Não me parece no entanto proveitoso que o façamos em excesso…
É muito mais fácil viver se tivermos uma coluna vertebral sólida, bem estruturada e nos apoiarmos nela para interagir com os outros. Há no entanto muita gente que mais parece minhoca do que vertebrado, malta que não parece ter forma definida.

Cada vez mais me convenço de que a confiança é um sentimento imprescindível nas relações humanas. As pessoas gostam de saber com o que contar, com o que estão a lidar, mesmo quando se trate de uma característica que lhes possa ser menos agradável.

Pois… estou a ser muito vaga… eu sei… tentemos então com exemplos… ;)

Um dos mais flagrantes é o início de uma relação.
Naturalmente tentamos agir conforme aquilo que achamos que o outro espera de nós. Eliminamos certas atitudes de que nos convencemos que não serão bem aceites. Adoptamos outras que entendemos serem apreciadas. Dentro de certa medida isto é saudável.
O problema é quando o fazemos a tal ponto que um dia já não reconhecemos a pessoa que vemos reflectida no espelho.

Outro exemplo; por vezes as pessoas partem do princípio que temos certos conhecimentos... não interessa se estamos a falar de cultura, informação, actualidade… É relativamente fácil mante-las nessa ilusão, se tivermos dois dedos de testa. No entanto, mais tarde ou mais cedo, a nossa ignorância virá ao de cima, fazendo nós garantidamente papel de ursos. O reconhecimento de um “não sei”, quando é efectivamente o caso, poupa-nos mais embaraço do que o “faz de conta, a ver se passa…”

Como costuma dizer um amigo meu, “gostos não se discutem… lamentam-se.” lol
Somos frequentemente confrontados com pedidos de opinião sobre assuntos vários. Podem ser coisas de ordem estética , cozinhados, arte, etc…A tendência é para tentar não ferir susceptibilidades e, se entendermos que a pessoa em questão gosta do “artigo” em apreciação, concordar com ele.
Uiiiii… no que isso pode dar… quantas vezes posteriormente não nos vemos a braços com prendas “lindas” ás quais não sabemos o que fazer para nos vermos livres, a repetição de pratos de que não gostámos logo à partida, etc, etc…

Outro caso clássico é “o que é que as pessoas vão pensar…” Coisas que tendemos a não fazer, não dizer, não por auto-censura baseada na nossa sensibilidade, na razão, mas na interpretação que deduzimos que os outros possam delas fazer. Normalmente esta questão põe-se quando, embora possa dar azo a isso, o que os outros possam pensar não tem rigorosamente nada a ver com a realidade,.

Por vezes somos confrontados com situações socialmente delicadas, em que temos de fazer opções, em que temos mesmo de escolher quem desafiamos para determinado evento.
Da mesma forma que não é espectável que todos “vão à bola connosco”, não se pode agradar a Gregos e a Troianos, também nós temos direito ás nossas preferências. As empatias, os interesses comuns, variam de pessoa para pessoa. Citando um post anterior, “cada macaco no seu galho”… ;)

A mudança de opinião, de atitude, de posição perante determinado assunto consoante o interlocutor é também coisa frequente. Há pessoas que se deixam totalmente influenciar, parecendo abdicar de um ponto de vista próprio. Hoje dizem A com a mesma força e convicção com que que amanhã dizem B, podendo perfeitamente voltar ao A se quem estiver do outro lado for suficientemente persuasivo.
Isto pode tornar-se extremamente perigoso quando decisões importantes estão em jogo.

Enfim… podia com certeza arranjar muitos mais exemplos… mas a ideia geral é que é bom que saibamos quem somos e que o transmitamos coerentemente aos outros.
Todos temos defeitos e qualidades, ou deveria talvez dizer neste caso características. Temos os nossos pontos fortes e os nossos pontos fracos e é saudável, na minha opinião, que não só os conheçamos como assumamos.
Quanto mais franqueza, transparência, integridade transmitirmos mais as receberemos de volta.
E é tão mais fácil de lidar com factos do que com suposições… ;)



segunda-feira, 23 de março de 2009

As pessoas não mudam?!

COM MÚSICA

“As pessoas não mudam…”
Esta afirmação, que se ouve com tanta frequência, irrita-me solenemente, confesso.

Irrita-me porque é pessimista, negativista…
Nela está subentendido que as pessoas não mudam para “melhor” porque, para pior todos parecem acreditar que mudem. Pressupõe que todos iremos morrer com os “defeitos” com que nascemos porque não há nada a fazer, que não é possível alterar certas características. Se hoje somos umas bestas, bestas seremos até ao último suspiro.
É uma visão da vida, do ser humano, que me recuso a ter.

Parece-me também uma afirmação derrotista…
Se “as pessoas” não mudam, o próprio também se deve sentir incapaz de mudar. Se acredita que não há nada a fazer, nem sequer irá tentar… Irá conformar-se com os seus bugs e esperar que os outros se adaptem a eles. É o clássico “eu sou assim, sou assim”… “love me, or leave me”… Não sou eu que tenho de fazer um esforço para me adaptar aos outros, á sociedade, são eles que têm de me aceitar como sou.
A menos, claro está, que se considere perfeito e sem qualquer aresta a limar, em cujo caso é uma afirmação pretensiosa.

É desresponsabilizante
A crença comum de que a mudança não existe inibe a vontade de tentar. Se as pessoas não acreditam na mudança, para quê dar-se ao trabalho? Se é naturalmente aceite que os defeitos se mantenham para todo o sempre, como se do nosso código genético se tratasse, que podemos nós fazer?
Iliba de qualquer responsabilidade os portadores de caracteres menos agradáveis.

Finalmente é cega e injusta…
A realidade é que há de facto quem mude. O facto das pessoas não acreditarem nisso faz com que essa mudança seja inglória. Ninguém muda “para” os outros, as mudanças vêm de dentro para fora, mas o reconhecimento do esforço, do resultado desse esforço pelos outros é, de certa maneira, a recompensa pelo mesmo.
Mas se não acreditarmos em fantasmas não os vamos ver com certeza, mesmo que estejam sentados ao nosso lado no sofá a ver a novela… O mesmo se passa com as mudanças em quem nos rodeia.



O meu tótó gosta muito de afirmar, à laia de apresentação da minha pessoa, que “a Cristina acha que consegue mudar as pessoas…”
Caraças, não sei se não me irrita ainda mais do que a afirmação em discussão…
Ainda não percebi bem se o faz por acreditar realmente nisso ou simplesmente para me picar, por saber que me põe em ponto de rebuçado.

Como disse anteriormente, acredito que as mudanças aconteçam de dentro para fora. Não acho que ninguém possa de facto mudar ninguém… As mudanças estão dependentes de clics e esses clics são na maior parte das vezes inexplicáveis. Um dia “vê-se a luz”… lol

Tenho, é certo, um carácter que me impele a tentar ajudar, é mais forte do que eu… Se sinto potencial de mudança lá vai a boa da Cristina tentar ajudar a arrancar as ervas daninhas. Mas nunca me viram entrar em jardim alheio de mangas arregaçadas e herbicida na mão, sem ter sido convidada.
Faço-o, de uma forma mais directa, com as pessoas que me estão próximas e, de certa forma, é o que tento também fazer com este blog.
Como não me farto de repetir, só cá vem quem quer, quem achar que o que digo faz algum sentido e pode servir como tema de reflexão. Não aspiro a dizer verdades absolutas, nem a carapuça servirá a todos… Alguém sente por isso que o/a estou a tentar mudar?! ;)

Tenho observado várias mudanças à minha volta, mudanças de fundo, mudanças positivas, em pessoas que parecem aprender alguma coisa com a idade, com a experiência, com a reflexão que fazem sobre a vida e a forma de estar na vida.
Estas mudanças não são radicais, não são obrigatoriamente óbvias, não estamos a falar do Mr. Hide e do Dr. Jekyll. As pessoas não se transformam de um momento para o outro. É preciso ter a sensibilidade de ir notando as diferenças de atitude. Ir-se constatando que não se tratam de episódios isolados, que a pessoa mudou de facto.

Não é fácil mudar coisas que estão enraizadas em nós. Por muito que as nossas cabeças nos mandem mudar de atitude a tendência é para repetir os erros do passado. As mudanças dão muitas vezes dois passos para a frente e um passo para trás. Tanto o próprio “mutante” (lol) como os espectadores deverão ser tolerantes quanto a isso. Se à primeira escorregadela for crucificado não tentará dar o próximo passo. A mudança está totalmente dependente da paciência, da perseverança e sobretudo da capacidade de aceitar as eventuais falhas como acidentes de percurso, que não nos impedem de continuar a nossa cruzada.

O reconhecimento dessa mudança por terceiros não é necessário, não é imprescindível e diria mesmo que falha muitas vezes. A tendência é para continuarmos a ser julgados sempre pela mesma bitola. Os que estão mais próximos, que nos conhecem melhor, há mais tempo, muitas vezes passam ao lado das eventuais melhorias, chegando até a ser injustos. Mas o que é realmente importante é que nos sintamos melhor, mais serenos, mais em paz com a vida e com o caminho que escolhemos. E os próximos irão com certeza conhecer uma pessoa diferente.

Claro que existem “regressões”, pessoas que fazem um certo caminho no sentido de amaciar o seu carácter e, subitamente, tudo parece voltar para trás.
As razões podem ser várias e não faz sentido estar a discuti-las agora aqui, mas são essas pessoas que dão azo à referida afirmação. É quando alguém volta ao seu “velho eu”, que as pessoas cospem a horripilante máxima.
Mas essas pessoas pelo menos tentaram, o que é mais do que se pode dizer da maioria da população… ; )

You must be the change you want to see in the world. – Gandhi

segunda-feira, 16 de março de 2009

Carpe Diem

COM MÚSICA

Fez ontem cinco anos que morreu o meu pai…

A meio da tarde dei por mim a pensar que, exactamente cinco anos atrás, estava longe de imaginar que poucas horas mais tarde estaria ajoelhada numa alcatifa de escritório, ao lado de um corpo de olhos semi-abertos e roupa rasgada, que minutos antes ainda lhe pertencia.

Num momento estamos bem, lidando com as pequenas maleitas do dia a dia, e no momento seguinte somos confrontados com uma dor lancinante que revoluciona toda a nossa vida…

A morte do meu pai foi uma morte anúnciada, morreu do seu quarto enfarte.
O primeiro provocou em mim ondas de pânico, aquilo que mais temia desde criança tinha estado prestes a acontecer.
Os seguintes conformaram-me com a ideia de que não iria ter pai muito mais tempo, não havia nada que pudesse fazer.
Ainda o tive no entanto por perto alguns anos, até que um dia, do outro lado da linha, uma voz querida de ambos me anúnciou finalmente “o teu velho apagou-se…”

Hoje, cinco anos volvidos… e acreditem que parece que foi ontem… já não sinto dor, o tempo lavou-me as feridas.

Mas o que é mais importante, no que respeita a este post, é que esta foi uma experiência extremamente enriquecedora na minha vida.
Sou daquelas pessoas que acreditam que tudo o que nos acontece tem lados bons, que nada serve simplesmente para nos fazer sofrer… há que tirar partido de todas as situações para aprender a viver melhor. E foi o que fiz…

A primeira coisa que pus em prática, quando percebi que o nosso tempo estava contado, foi aproveitar todos os momentos na sua companhia.
Isto de uma forma totalmente normal… não faria sentido passar para uma relação obsessiva… mas sempre com a consciência de que todos os momentos poderiam ser os últimos.

Esse sentimento passou para tudo à minha volta, as minhas relações, o que faço, o que digo, o que vivo. Fiquei totalmente e permanentemente consciente de que, de um momento para o outro, tudo pode mudar. Nada deve ser tido por garantido…
Curiosamente isto trouxe-me grande serenidade, grande paz.
Vivo a vida intensamente, com gosto, com apreço, pois estou consciente de que as coisas boas que tenho hoje podem já lá não estar amanhã e tenho portanto de as aproveitar.

CARPE DIEM



segunda-feira, 9 de março de 2009

Os furos do cinto

COM MÚSICA

A crise… ah, a crise… há muito tempo que não via tanta gente tão aflita…
Devo dizer que para mim “a crise” não é novidade, visto que em nossa casa começou já em 2005 e ainda não arredou pé…
Doutorada portanto em “viver em crise” queria então partilhar alguns pensamentos convosco que eventualmente poderão ajudar.


Cohabitam por este mundo fora várias realidades, vários graus de riqueza, de miséria… mas uma noção que me parece importante é a de que as dificuldades doem a qualquer um.
Uma fractura exposta é sem dúvida mais grave do que uma unha encravada, mas qualquer das situações requer atenção e doi a quem dela sofre.
Se há coisa dura para o ser humano é passar de cavalo para burro…


Quando passamos por dificuldades temos tendência a azedar e a olhar quem nos pareça menos sofredor (e atenção que o verbo parecer é importante) quase que com desprezo.
Vivo numa zona em que o parque automóvel é bonzinho…lol… confesso que, já mais do que uma vez, ao ouvir ronronar ao meu lado um Ferrari, um Maserati, um Aston Martin, pensei “Bolas, com o dinheiro que custa este carro eu resolvia todos os meus problemas financeiros…”
A realidade é que eu não sei o que se passa na vida daquele condutor. Não sei se estará em vias de ficar sem o carro e a mansão para pagar dívidas… também não sei se terá problemas de saúde, se lhe terá morrido a mulher ou se o filho será toxicodependente… ter um bom carro não é de todo sinónimo de ter uma boa vida.



Uma coisa que me parece fundamental nestas alturas é uma boa estruturação das nossas vidas por forma a não perdermos totalmente o controle.
Derrapagens sim, mas derrapagens controladas.
Quero eu dizer com isto que se tivermos uma boa noção dos nossos gastos, do custo da nossa vida, muito mais fácilmente poderemos manejar o barco conforme lhe der o vento.
Estarmos bem conscientes de quanto costumamos gastar e em quê, permite-nos fazer cortes racionais mantendo, dentro da medida do possível, uma relativa qualidade de vida.
De que nos serve ter o frigorífico atestado de cerveja se no dia seguinte nos cortarem a electricidade?
Os cintos podem sempre ir sendo apertados, se necessário fazem-se mais buracos, mas há que ter noção de como os fazer para que não rasguem.


É bom, para mantermos o ânimo, para continuarmos a sentir-nos vivos, permitir-mo-nos uma pequena excentricidade de vez em quando.
Um amigo contou-me uma história fantástica que exemplifica bem o que quero dizer.
A mãe usava todos os dias o comboio da linha do Estoril para ir para Lisboa. Um dia, no Cais do Sodré, hesitou em comprar cerejas a uma vendedora de frutas ambulante. Achou as cerejas caras, para quem, à época, contava os tostões, e decidiu não as comprar. Entrou na estação e foi para o cais. Aí, enquanto esperava o comboio, sendo doida por cerejas, achou que tinha sido demasiado espartana e resolveu voltar atrás: que diabo, não era por um quilo de cerejas que o orçamento familiar havia de ir abaixo.
Enquanto a vendedora ambulante lhe pesava as cerejas, no passeio, o tecto da estação do Cais do Sodré, que à época era em betão armado, desabou e soterrou uma quantidade de pessoas!
Houve dezenas de mortos e muitos feridos. As cerejas, naquele dia, não chegaram a ser compradas, porque com o estrondo todas as pessoas que estavam por perto fugiram a bom correr, em pânico e sem perceber bem o que se tinha passado.
O Pai, todos os anos compra cerejas nesse mesmo dia, para as saborear com ela… ;)



Outra coisa que acho importante é a humildade de saber aceitar o que nos queiram dar. O orgulho não serve para nada a não ser para nos fazer infelizes.
É natural, quando estamos na mó de baixo, que aqueles que por nós sentem apreço nos estendam a mão.
Muitas vezes temos pejo em aceitar por não nos ser possível retribuir… é quanto a mim um erro.
Se hoje em dia continuo a ir almoçar ou jantar fora de vez em quando, por exemplo, é porque amigos ou familiares me convidam. Tempos houve em que fui eu a fazer a mesma coisa por quem estava na situação em que me encontro hoje. Fazia-o do fundo do coração, sem qualquer espectativa de retribuição. Porque é que em sentido contrário havia de ser diferente?
Há quem se afaste das pessoas por não conseguir manter o estilo de vida a que estava habituado, por não ter capacidade financeira para as acompanhar… mesmo que estas estejam dispostas de alguma forma a proporcionar-lhes isso.



Finally, the last but not the least… é nestas alturas que, se mantivermos um espírito aberto e positivo, aprendemos a dar valor ao que é realmente importante. Eu sei que parece uma banalidade de se dizer...
Quando a minha crise começou, eu estava a entrar em parafuso. Andava doente, literalmente, já não conseguia dormir assombrada pelos meus problemas financeiros, estava a dar em doida. Um amigo ofereceu-me umas sessões numa psicóloga.
Fui lá uma vez e desbobinei, sem parar para respirar, tudo o que me andava a atormentar. Marcámos nova sessão para quinze dias depois.
Durante esses quinze dias o meu pai morreu.
Compareci à sessão seguinte, calma e serena, completamente diferente da pessoa que lá tinha entrado antes e disse “Vim só cá dizer que já não tenho problemas… o meu pai morreu… comparado com isso tudo o resto são peanuts.”
Não voltei a pôr lá os pés.
Desde então nunca mais deixei de ter problemas financeiros, mas esses não me voltaram a impedir de dormir.
Custam-me?! Com certeza, só se fosse parva é que me passariam ao lado, mas aprendi a dar valor ás coisas boas que tenho na vida e que me sinto na obrigação de aproveitar em vez de me lamentar da minha triste sorte.


E sobretudo nunca se esqueçam… por cima das nuvens o céu está azul e o sol brilha! ;)


segunda-feira, 2 de março de 2009

Cada macaco no seu galho

COM MÚSICA

Recentemente afirmaram não compreender como podia eu dar-me com certas e determinadas pessoas…
Também recentemente, fui “acusada” de andar sempre “á procura” de amigos novos… (du calme, Joe, du calme… não vou cascar em ti… lol).

Ora bem, malta… já repararam por acaso que vivemos num mundo cheio de gente?!
E já se deram conta de que, a menos que nos tornemos eremitas, temos obrigatóriamente de nos relacionar com terceiros de uma forma ou de outra?
Pois é… quer queiras, quer não, hás de ser bombeiro voluntário… lol
Para além disso acontece que eu gosto de gente!
Os relacionamentos dão-me gozo, divertem-me, enriquecem-me…

Gosto de novos, de velhos, de altos, de baixos, de gordos, de magros… acho que cada um tem potencialmente qualquer coisa positiva a trazer à minha vida.
Agora, meus amigos… há que separar o trigo do joio… as relações não são, nem podem ser, todas iguais.
Como se costuma dizer… cada macaco no seu galho.




Os relacionamentos entre seres humanos baseiam-se em vários factores… empatia, partilha de gostos, de ideias, de crenças, de formas de ver a vida… yada, yada, yada.
As amizades não se procuram… acontecem.
Só que não acontecem obrigatoriamente, não é pelo facto de nos darmos com alguém que nos vamos tornar seu amigo.
Existem vários tipos, vários graus de relacionamento e não é por isso que uns são menos válidos do que os outros.

Claro que os mais importantes, os mais gratificantes, são as amizades, sem dúvida.
O que não quer dizer que devamos menosprezar todos os outros…
Até porque as amizades não “nascem” amizades… as amizades vão crescendo, constroem-se, alimentam-se, mantêm-se. O tempo é um factor importante para nos afirmarmos amigo de alguém…
Os amigos, antes de serem amigos, são “conhecidos”, nem todos os “marcassins” viram javali, eventualmente um dia dá-se um clic.
Não há espaço, para se ter muitos amigos… espaço físico, espaço temporal, espaço emocional.

Mas nem só de pão vive o homem… e todos os relacionamentos acabam por ter a sua importância, só é preciso saber com o que contar. É uma questão de espectativas…
Não é necessário ser-se amigo do peito para se passar bons momentos com alguém.
Acho no entanto que as pessoas tendem ás vezes a baralhar um bocado as coisas…
Há características, que serão diferentes para cada um de nós, que nos impedem de desenvolver uma verdadeira amizade. Consciente ou inconscientemente todos temos os nossos “standarts”.
Isto não quer dizer que não seja possível o cãobibio, e muitas vezes um cãobibio agradável, com malta relativamente à qual sabemos de antemão que muito provavelmente não irá nunca passar disso mesmo.

Não me vejo a ir jantar em tête a tête com certas pessoas, não sei o que teria para lhes dizer, mas a sua presença num “evento” de grupo pode ser agradável, divertida, whatever…
Noutros casos até será possível o tal jantar, sem que isso implique um relacionamento mais profundo.
Há também aquelas pessoas de quem podemos até gostar muito, com as quais sentimos uma verdadeira empatia, mas com as quais, por circunstâncias da vida, nunca iremos desenvolver uma verdadeira amizade.
Ou aquelas por quem não dávamos nada e que se vêm a revelar verdadeiros amigos.
Enfim… estão a ver a ideia…

Ou seja, já que vivemos em sociedade, numa sociedade onde coabita todo o tipo de gente, desde que não nos sejam francamente desagradáveis porque não usar de um bocadinho de tolerância para com aqueles que consideramos “menos perfeitos” (agora estou a soar como o meu tótó “a minha Aninha não te adora”…lol)…
Até pode ser que nos sirva de treino para nos tornarmos menos exigentes para com os outros, aquelas unhas da nossa carne, para com quem de vez em quando somos tão implacáveis.

Ás vezes, onde menos se espera, encontram-se verdadeiros tesouros… tesouros de experiência, de maus exemplos (lol) a não seguir, de bondade, de sentido de humor, do que vocês quiserem… e se nos mantivermos fechados na nossa conchinha nunca os iremos descobrir. Por outro lado, quanto mais fecharmos o nosso leque, mais exigentes e intolerantes nos iremos tornar e talvez um dia acabemos por já nem ter opção de escolha, acabaremos por afastar toda a gente da nossa vida.

Não, não tenho qualquer “medo de ficar sozinha”, porque ficar sozinho ou não está nas nossas mãos, é uma opção nossa, depende da nossa atitude perante a vida, da nossa atitude perante os outros. E por que raio é que eu escolheria ficar sozinha com tanta gente interessante, enriquecedora, divertida aí ao virar da esquina?!
Ó messa… ;)