quinta-feira, 4 de junho de 2020

O MEU CABELO AZUL



Mais um post sobre cabelo, qualquer dia estou a falar de maquilhagem…  
Nãããã… acaba por ter pouco a ver com aparência, verão.  ;)

Mas, antes, uma coisa que me parece importante dizer.
Dei-me conta de que os meus posts acabam por ser sempre muito “eu isto, eu aquilo”. Pensei um bocadinho e compreendi porquê; é que não gosto de partilhar coisas como quem partilha uma receita sem a ter provado, razão pela qual uso as minhas próprias experiências.
Há tempos, numa entrevista, o autor de um livro sobre a felicidade, de que muito gostei, à pergunta “e o senhor, é feliz?”, respondeu “não sei, pergunte aos meus amigos…”. 
Aos amigos?! Como se a felicidade fosse um Ferrari estacionado à porta ou um monumental par de mamas, que os amigos estivessem fartos de ver (e talvez até de cobiçar) podendo assim atestar da sua existência?! Que sabemos nós sobre a felicidade alheia?! Senti-me enganada, apeteceu-me mandar o livro para o lixo.
Aqui não partilho teorias, partilho ideias associadas a experiências de vida, que valem o que valem, mas cuja análise poderá fazer sentido para mais alguém.

Regressando ao início, comecei a pintar o cabelo muito tarde e rapidamente me aborreci, pelo que há uns anos atrás passei a pinta-lo de azul. Durante a quarentena, que respeitámos rigorosamente, entre 13 de Março e 18 de Maio de 2020 fomos verdadeiros eremitas, lol, não o fiz, poupei dinheiro e trabalho. Para além disso, lavei-o com um champô que tinha por cá, que vai atenuando a tinta.
Quando se abriram as portas,  tinha assim uma mão travessa do meu cabelo natural (muito grisalho) junto ás raízes e um azul desbotado com partes verde alourado no resto. Não perguntem, não percebo nada disto, deve ter a ver com o tal champô.
Ando seriamente a pensar em voltar a assumir as brancas. Não é, no entanto, uma transição fácil e este cabelo tricolor, gerado pela pandemia, é único, extremamente tentador.
Decidi então voltar ao azul, sim, mas em "madeixas". Claro que fui aconselhada a ir ao cabeleireiro dado que, não só não as sei fazer, como nunca usei madeixas na vida. Deves… eu ia lá deixar passar uma oportunidade destas de brincar. Para além de que, se isto fosse feito por uma profissional, ia ficar igual ás outras peruas todas. Quer dizer, as peruas tendem a pintar mais de louro do que de azul, mas percebem o que quero dizer.
Decidi assim ir brincando, fazendo experiências, tratando o cabelo como se fosse uma peça de fiber art capilar,  encaminhando-o lentamente para a brancura, sem ter de passar pelo clássico corte radical. Um projecto para vários anos, certamente.
Sou um #workinprogress... lol
Girooo! :)))

O Zé, a quem pedi ajuda para as partes que não conseguia ver,  estava muitíssimo mais nervoso do que eu que, na realidade, não o estava de todo. Se a coisa corresse mal, pintava tudo de azul como antes e o assunto ficava arrumado.
Em tudo na vida tendo a pôr as decisões numa balança e, se o risco calculado me parecer aceitável, atiro-me de cabeça. Neste caso o risco era voltar a ficar igual a antes do Covid... uiii, ca medooo...
Acontece, com alguma frequência (sobretudo tendo em conta que não sou de planear muito as coisas mas de navegar ao sabor do vento) que o  resultado final de alguma coisa nada tenha a ver com o esperado. Nesses casos, das duas uma, ou o assumo porque, não sendo o que tinha em mente, até me agrada, ou, se não gostar, mexo e remexo  até ficar contente. 
Faço isto com a minha arte, na cozinha, na bricolage, com a roupa, faço isto com tudo na minha vida, tenho ideias, arrisco po-las em pratica e lido com o resultado. No fear!!! 
E a realidade é que dá geralmente óptimos resultados, fico quase sempre satisfeita… Chamam-lhe sistema imunitário emocional, não sei se protege do Covid, mas protege bastante bem da infelicidade.

Voltando ao cabelo, ao facto de ser azul, não é de forma alguma um acto de rebeldia. Se é verdade que não tenho grandes preconceitos, por outro lado, acredito na importância das regras sociais como facilitadoras de um bom relacionamento entre seres humanos e não vejo qualquer interesse em chocar por chocar.
Acreditem que, se a rainha de Inglaterra me convidasse para jantar (olhem aí o pesadelooo!!!) não apareceria de fato de macaco das pinturas. Sou um verdadeiro carroceiro entre amigos mas sei comportar-me como uma princesa quando é necessário.
Acompanho as mudanças dos tempos, dentro dos meus próprios limites, como qualquer um de nós, e aplicando-lhes sempre bom senso.  
Para mim, um corpo tatuado da cabeça aos pés ou uma cara pejada de piercings, por exemplo, nunca será ok.  Estou consciente de que, para muita gente, incluindo algumas pessoas que me são próximas, cabelo azul e tatuagens (tenho duas ) também não o são. Cada cabeça, sua sentença.
É a história da minha vida, aos olhos de uns sou uma queque, aos de outros uma ganda maluca... lol



Os que não gramam, aguentem-se, não é excessivo, não revela nenhum problema psicológico, há muito tempo que as velhas pintam o cabelo de (outro tom) de azul e brincos são piercings, sim!!! 


 COM MÚSICA