terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Keep it cool...

COM MÚSICA



Temos contacto com outros seres humanos praticamente numa base diária. A forma como decorre essa interacção, tem uma influência importante no nosso estado de espírito.
A relação com os outros, tanto nos pode provocar uma sensação de paz e bem estar, como de tensão e angústia.
Não sei se “o inferno são os outros” mas é um facto que, de vez em quando, há quem nos faça a vida num inferno… lol Há pessoas com mentes extremamente complicadas e tortuosas, com as quais o convívio muitas vezes não é nada fácil.

Tal como tantas outras coisas, os relacionamentos são muito mais agradáveis quando fluem, quando os mantemos de forma serena e relaxada.
É difícil que, ao longo do tempo, não haja um que outro atrito, uma que outra questão menos agradável. No entanto, pela sua postura perante a vida, certos indivíduos parecem provoca-los frequentemente, tornando o convívio francamente difícil de gerir e mais ainda de apreciar.

Certas pessoas parecem viver de pé atrás com tudo e com todos, qualquer comentário ou acção lhes parece susceptível de ser mal intencionado, facilmente vêm maldade em qualquer lado. Para elas todos são culpados até prova do contrário. Como tal, tornam-se agressivas, conflituosas, implicativas… sempre em pé de guerra.

Alguns sentem-se ofendidos, magoados, por dá cá aquela palha. Tudo o que se diga ou faça tem de ser muito bem medido e pesado, por forma a não agredir a sua sensibilidade exacerbada. No entanto, mesmo com estes cuidados em mente, muitas vezes os outros se vêem confrontados com acusações de “maus tratos” que os deixam completamente atónitos e desconcertados.

Outros, pelo contrário, não conseguindo manter á rédea curta o seu mau feitio, permitem-lhe que se atire ás canelas alheias à mínima contrariedade. Nessas alturas conseguem tornar-se verdadeiramente execráveis, perdem as estribeiras, vociferam, provocam ambientes de cortar á faca, acabando consequentemente por perder qualquer “razão” que pudessem  eventualmente ter.
(Céus… fui tããão assim durante taaantos anos…)

A intolerância (eventualmente aliada ao preconceito) é outro factor que em nada favorece as relações inter-pessoais, a não aceitação da diferença, das escolhas de vida de cada um, todos os que não se rejam pelos mesmos padrões sendo considerados infractores. “Viver e deixar viver” não é nitidamente o seu lema, caindo impiedosamente em cima de tudo aquilo que seja a seus olhos condenável, mesmo que só ao próprio diga respeito.

Há os que não são capazes de manter uma conversa sem, inevitavelmente, acabar a cascar no país, no governo, no povo, no mundo, no estado das coisas... Para eles nenhuma situação parece suficientemente agradável para merecer uma pausa, um desfrutar do momento, sem que seja ensombrado por pensamentos negativos. 

Alguns gostam de desenterrar esqueletos. Julga-se que uma questão já está morta e enterrada e lá volta ela tipo assombração. Tipicamente são aqueles que embora possam ter oficialmente dado as coisas por encerradas, na realidade não conseguem pôr uma pedra nos assuntos, ficando a remoer rancores e ressentimentos.

Na mesma óptica, há também aqueles que insistem em sacar os erros alheios da cartola , sempre que a ocasião se proporciona. Relembrando-os, de dedo apontado,  que em tempos pensaram de outra forma, agiram menos correctamente, expressaram uma opinião diferente, como se não lhes atribuíssem o direito à mudança.

Temos também pessoas para quem tudo é competição, que passam a vida a medir pilas. Estão constantemente a considerar interiormente quem é mais rico, mais bonito, mais popular, mais poderoso…  As coisas não podem simplesmente ser, tem de ser mais ou ser menos, tudo é comparação, tudo é uma questão de ganhar ou perder o concurso.

Alguns põem-se muito pouco em questão, aceitar que possam ter “culpas no cartório” relativamente a alguma coisa é-lhes extremamente penoso. Tudo acontece sempre essencialmente por culpa dos outros e, se alguma responsabilidade por acaso assumem, esta vem invariavelmente acompanhada de um “mas”.

Relativamente a outros, nunca se sabe com o que contar. As suas afirmações não condizem com as suas atitudes. Mudam do dia para a noite consoante a pessoa com quem estão a lidar, parecem ter várias caras, várias personalidades, várias posturas perante o mesmo assunto, tornando muito difícil compreender quem realmente são e consequentemente nelas confiar.

Enfim, estes são alguns exemplos, muitos mais haverá…
A realidade é que certas atitudes em nada contribuem para um bom ambiente e, se recorrentes, para um bom relacionamento com os outros.
Todos, já teremos tido alguma ou várias das que descrevo ou outras igualmente nocivas, há no entanto quem delas faça modo de vida.
Com este tipo de postura, coisas inócuas facilmente viram “casos”, gerando-se verdadeiras tempestades em copos de água.
Se estas se forem acumulando, irão minando as relações até que, por muito que se possa gostar delas, se passe a suportar as pessoas, em vez de as apreciar verdadeiramente.

Conviver numa base regular com este tipo de coisas é intoxicante, malsão. Provoca tensões, angústias, ansiedade…  Na minha opinião não trás nada de positivo para ninguém.
Defendo então que, não só tentemos erradica-las de nós próprios, como afastar-mo-nos delas, dentro da medida do possível, e rodear-mo-nos maioritariamente por pessoas conciliadoras, harmoniosas, serenas e equilibradas, que contribuam para o bem estar geral em vez de o corroerem.



Make love, not war! ;)

domingo, 16 de janeiro de 2011

E lá vão 4…

COM MÚSICA



Quatro anos… parece que foi ontem…
Achei que era uma boa altura para fazer uma revisão, um balanço, destes já quase duzentos posts.

Ao relê-los tive vontade de alterar alguns, de apagar outros…
Aquilo que dissemos, faz no entanto parte de nós, daquilo que fomos, daquilo que somos. Não toquei portanto numa só virgula.

Ao criar este blog não tinha de todo a noção de que viria a ser lido por perfeitos desconhecidos. Fi-lo por desafio de um amigo, divulguei-o junto dos mesmos e, estupidamente, pensei que se iria ficar por aí…
Dahaaa, isto é a néteee…
Assim, os meus primeiros posts são bastante pessoais e intimistas.

Ao longo dos tempos passei a ter mais cuidado com o que dizia, com as histórias que contava, sobretudo se envolvessem terceiros. O objectivo é passar ideias e não relatar ocorrências e, hoje em dia, só as descrevo quando me parecem absolutamente necessárias para demonstrar alguma coisa, tentando sempre manter o anonimato dos intervenientes.

Escrevi dois ou três posts que, apesar de se enquadrarem no espírito do blog, eram dirigidos pessoas específicas, tentando passar-lhes uma mensagem. Ingenuamente julguei que assim as poderia tentar ajudar mais eficazmente do que com o discurso directo que não estavam na disposição de ouvir.
Apesar de não as ter nomeado sei que ficaram chateadas. Compreendo hoje que foi um erro e peço-lhes agora publicamente desculpa.

Dito isto e passando estas excepções…
 “Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência”?!
Grande treta, todos temos que nos inspirar em algum lado, este disclaimer foi nítidamente inventado para evitar processos legais.
Escrevo sobre características e atitudes humanas que acredito nos ajudem, ou pelo contrário prejudiquem, relativamente a sermos felizes.
Não mantenho um blog de ficção científica. Logo, aquilo que escrevo sai directamente da observação e reflexão sobre “a vida real”.

Começando por mim, como dizia o José Mário Branco, “Eu vim de longe, de muito longe, o que eu andei para aqui chegar…”
Tempos houve em que não era de todo feliz e em que a minha postura perante a vida em nada contribuía para que o fosse.
Grande parte do que aqui escrevo se baseia na minha experiência pessoal, nos erros que cometi, nalguns que ainda cometo, nos truques que fui descobrindo e na análise das respectivas consequências. 
Ganhei uma que outra batalha, tenho ainda muitas lutas a travar, muitas arestas a limar.
Por outro lado, as ervas daninhas não param de crescer em qualquer jardim, arranca-las é portanto um trabalho que não tem fim…

Baseio-me também, evidentemente, na observação dos outros, do mundo que me rodeia. Falo sobre assuntos que de alguma forma me tocam, me levam a reflectir.
Muitas vezes me têm perguntado sobre quem estava a falar…
Apesar de todos sermos diferentes, há características que temos em comum com outras pessoas, é sobre elas que escrevo, não sobre indivíduos em particular.
Se é um facto que coisas específicas me dão a ideia de escrever um post sobre determinado tema, a realidade é que, ao fazê-lo, me surgem sempre N exemplos que se enquadram nas descrições.

Uma coisa é certa, apesar de ciente de que alguns poderão não o interpretar desta forma, tudo o que aqui escrevo é no intuito de passar uma mensagem positiva.
Não acredito que nada no nosso carácter seja incontornável, acho que podemos mudar o que quisermos, desde que tenhamos a vontade, a coragem e a perseverança de o fazer.
Quando menciono características a meus olhos nefastas, é tendo isto e conta e não para deitar abaixo ou apontar o dedo a seja quem for.

Deixo-vos com um apanhado de alguns posts, dos mais antigos, que pessoalmente gostei de reler ;)

Controlar o medo  / You can’t always get what you want / Somos todos animais, mas uns são mais animais que outros / Ser ou não ser, eis a questão / Vira o disco e toca o mesmo / O sindroma de Calimero / Os dodois / Os pré-sentimentos / Felicidade: sintomas / Paroles, paroles, paroles / Emoção e Razão / Quem sou, de onde venho, para onde vou?


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Jogo de cintura

COM MÚSICA



Qualquer um de nós, volta não volta, se sente agredido por palavras de terceiros.
Da forma como reagirmos, dependerá o desfecho da questão.

Se é verdade estas situações sempre existiram, hoje em dia, com a facilidade dos meios de comunicação, nomeadamente a internet, acontecem incomparavelmente mais.
Quem costuma navegar pelas revoltas águas do mundo virtual, já teve certamente ocasião de presenciar verdadeiras guerras, tantas vezes originadas pela falta de bom senso dos intervenientes.
Como dizia o outro, “Não havia necessidadeee…” ;)

Julgo que um dos principais responsáveis pelo despoletar destes incidentes seja a limitação da linguagem escrita, que não vindo acompanhada de tom de voz e expressão facial, frequentemente dá azo a interpretações erróneas.
Dependendo do nosso estado de espírito, muitas vezes se entenderá então alguma coisa, cujo significado possa ser dúbio, da pior maneira possível.

De qualquer forma, bem ou mal interpretadas, há sem dúvida coisas que nos ferem, ofendem, irritam, etc… e nos deixam com vontade de “ripostar”.

Na minha opinião, o primeiro erro é fazê-lo de imediato. A quente, todos nos tornamos bastante irracionais, podendo dizer coisas impensadas de que nos arrependeremos mais tarde.
Aqui, a escrita, que é como quem diz o facto de não nos encontrarmos frente a frente, até pode jogar a nosso favor, permitindo-nos fazer uma pausa para respirar fundo e reflectir sobre o assunto.

O segundo erro será não analisarmos o ponto de vista do outro, não tentarmos perceber porque disse o que disse, não pormos em questão se não poderá terá alguma razão. Se nos sentimos atingidos a tendência natural é acharmos que nós estamos certos e eles errados. Nem sempre é o caso…

Algumas pessoas têm uma maneira de falar, de colocar as questões, que nos deixam logo virados do avesso. Assim, pecam frequentemente não pelo conteúdo mas pela forma.

Há também os conflituosos, aqueles que estão sempre a ver mosquitos na outra banda e não perdem ocasião de mandar a sua aguilhoada.

Os agressivos transmitem qualquer ideia sem dó nem piedade, não se dando ao trabalho de medir as palavras. Ao transmitir as suas ideias soam como se estivessem “a ralhar”.

Os susceptíveis vêm maldade em tudo, qualquer coisa que se diga poderá fazê-los sentir vítimas de agressão e pô-los na defesa. E como todos sabemos, a melhor defesa é o ataque. ;)

Os egocêntricos acham que tudo tem a ver com eles. Qualquer coisa que se diga lhes é evidentemente dirigida, levam tudo a peito e reagem em conforme.

Temos também os puristas que, percebendo perfeitamente o que queremos dizer, não perdoam qualquer “pontapé na gramática”, reagindo como se não entendessem o nosso discurso.

Outro caso são os que gostam de contrariar por desporto. São capazes de provocar, de contradizer, de criticar, só pelo prazer de gerar polémica, só pelo gozo de poder refutar.

Enfim, muito mais tipos de atitude poderia descrever que potencialmente nos puxam os pelinhos do… mas diria que já chega.
Em qualquer dos casos, há sempre que ter em conta que o facto de alguma coisa mexer connosco não quer dizer que não possa ter uma ideia válida por trás e é sempre uma questão a considerar.

De qualquer modo, com razão ou sem ela, temos duas opções; entrar a matar ou usar a cabeça, engolir em seco e adoptar uma atitude sensata e conciliadora.
Sempre que possível, a segunda opção parece-me de caretas a melhor. ;)

Pensem… quem é que ganha alguma coisa com estas lutas?!
Que bem se poderá extrair de ânimos exaltados e trocas de palavras azedas?
Aquilo que nos sai da boca não podemos reclamar de volta. Se não dermos abébias ao próximo não as poderemos também reclamar para nós.

Todos temos, volta não volta, atitudes mais parvas, menos simpáticas, menos agradáveis, que se fossem sempre consideradas declarações de guerra passávamos a vida à estalada.
Se tentarmos pôr água na fervura, ver o outro lado, compreender ou explicar as situações consoante o caso, de uma forma civilizada, evitaremos muitos conflitos perfeitamente desnecessários e que nos moem inevitavelmente o juízo.
As pessoas tendem a reagir de forma muito positiva a este tipo de atitude e a maior parte opta por adopta-la também.

Depois há os casos perdidos… os surdos… aqueles que não querem paz mas sim catrapáspáspás… quanto a esses, a meu ver, a melhor opção é mesmo o silêncio.

“Don't argue with an idiot. They will only drag you to their level and beat you with experience.”
Autor desconhecido

;)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os egoístas

COM MÚSICA



Apesar de nunca ter ouvido ninguém referir-se ao egoísmo como sendo propriamente uma virtude, este parece-me no entanto ser bastante bem tolerado pela sociedade.
Basta considerarmos o famoso perfume da Chanel
Gostava de ver o sucesso que teria um produto com o nome de “Pedophile”, por exemplo. lol

Os egoístas não são obrigatoriamente más pessoas… 
São simplesmente indivíduos que pensam acima de tudo em si próprios. Que colocam os seus interesses, opiniões, desejos e necessidades em primeiro lugar. Que, em caso de conflito de interesses, optam geralmente pela solução que mais os favorece.
Esta postura dá frequentemente maus resultados.
Não quer no entanto dizer que não tenham amor ao próximo, que não sejam capazes de atitudes solidárias, de dar apoio, de ser generosos, etc…

Quando era miúda tive um jogo, com uma certa piada e que tenho pena que tenha desaparecido, que consistia nuns cartões com características opostas dos seres humanos:
Pontual/Atrasado - Calmo/Nervoso - Tímido/Extrovertido - etc
Cada cartão tinha uma escala de 1 a 10 (em que o 1 equivalia a uma das duas características e o 10 à outra) e cada jogador dez cartas com os respectivos números. 
A ideia era, para cada cartão e para cada jogador, cada um atribuir um número da escala, para se ver a diferença entre o que cada um pensava de si próprio e a opinião dos outros.
Apesar de bastante básico e com algumas falhas, pois algumas das características não eram nitidamente opostas, ainda nos divertimos bastante com ele.

Não me lembro se havia algum cartão em que constasse o egoísmo… aposto no entanto que seria dos casos em que a opinião dos outros mais frequentemente fosse divergir da opinião do próprio. 
Isto, claro está, partindo do princípio de que se jogasse com total franqueza, o que era um pressuposto. ;)

Todos teremos eventualmente atitudes egoístas mas alguns têm-nas incomparavelmente mais frequentemente que outros. Acredito no entanto piamente que a maioria não reconheça em si essa característica. Tipicamente “o egoísta” não assume esse rótulo, chegando inclusivamente muitas vezes ao ponto de se achar o contrário.
Se repararem, têm quase sempre razões, para si perfeitamente válidas, que justificam plenamente os seus actos ou falta deles. 

Na minha opinião, o egoísmo anda a par com um certo egocentrismo.
Só isso justifica, a meu ver, o facto de alguns “egoístas” serem pessoas extremamente simpáticas e até atenciosas.
Parece-me que, instintivamente, não conseguem encarar o mundo a não ser do seu ponto de vista, não têm basicamente capacidade de empatia.
Não acho que o egoísmo seja um defeito mas mais uma deficiência.

O mal gerado por atitudes egoístas seria grandemente minimizado se cada um de nós usasse uma balança, uma balança virtual, numa base diária.
Se pesarmos as consequências dos nossos actos, ou falta deles, muitas vezes optaremos por fazer, de bom grado, um que outro sacrifício, pois chegaremos à conclusão de que o dano/prazer que podemos proporcionar é muito superior nos outros do que o seria em nós.
Acho que era a isto que o Einstein chamava “teoria da relatividade”… lol

Por outro lado, dado que vivemos em sociedade, ter em conta o bem estar geral é quase tão importante como o próprio, não acredito que alguém se possa sentir realmente bem provocando mal estar à sua volta.

É preciso também não esquecer o célebre ditado “quem muito quer tudo perde”… e ás vezes os egoístas puxam de tal forma a brasa à sua sardinha que acabam a ver navios.

Resumindo, acho que a maior parte é gente sem maldade, sem vontade ou intenção de lesar mas que, não sendo capaz de olhar para além do seu umbigo, acaba por não ver “the big picture” e consequentemente contribuir inteligentemente para a felicidade tanto própria como alheia.


A balança… não se esqueçam da balança… ;)