terça-feira, 26 de julho de 2011

Palavras, leva-as o vento

COM MÚSICA




“Words are, in my not so humble opinion, our most inexhaustible source of magic, capable of both inflicting injury and remedying it.” -  Albus Dumbledore

Fonte de magia, sem duvida...
Através delas conseguimos agredir, magoar, ofender, humilhar, ridicularizar, enganar, enraivecer... mas também apaziguar, confortar, enaltecer, acalmar, louvar, gabar, seduzir. Permitem-nos proporcionar bem estar ou causar dano, gerar empatia ou aversão, abrir e fechar portas.

É também através delas que nos damos a conhecer aos outros, ao partilharmos as nossas ideias, os nossos pontos de vista, os nossos princípios, como se de um cartão de visita se tratassem. Aquilo que afirmamos, os ideais que defendemos, a forma como o exprimimos, acaba de certa forma, numa primeira abordagem, por nos definir aos seus olhos.

Ás vezes encontramos as palavras certas, outras vezes baralhamo-nos, falamos com clareza ou metemos os pés pelas mãos. Nem sempre o que nos sai da boca é o que queríamos efectivamente transmitir. Acontece também que falemos sem pensar, sem medir as consequências do que mandamos cá para fora, todos dizendo coisas de que nos arrependemos mais tarde.

No entanto, no fundo, “palavras leva-as o vento”... boas ou más, não é por elas que somos julgados, que seremos recordados, mas pelas nossas acções. O que fazemos, muito mais do que o que dizemos, faz de nós aquilo que somos. Podemos apregoar o que quisermos, que o que conta, at the end of the day, é a forma como agimos.

Amor,  amizade,  rectidão,  honestidade,  competência,  integridade, etc, são cadeiras praticas. Não basta conhecer a teoria, não basta expô-la, dissertar sobre ela, discuti-la. É na prática que a iremos demonstrar. O que pesa realmente no curriculum é o que fazemos ou deixamos de fazer. De boas intenções está o inferno cheio, de boas ideias também, é no arregaçar das mangas que está o mérito.

As declarações de intenções, as promessas, as garantias, valem o que valem... até ver. No momento da verdade é que se descobre quem é e quem parecia ser, quem está  e quem não está, quem se chegou à frente e quem ficou a assistir de camarote a mandar bitates.
Para dizer coisas, basta ter língua e cordas vocais, papel e caneta, monitor e teclado... fala-se bem, fala-se mal, fala-se certo ou errado, alto ou baixo... mas tudo o que dizemos empalidece à sombra do que fazemos lá fora, no campo de batalha da vida.

Com o passar do tempo, a memoria emocional torna-se mais fiável do que a racional.
Quantas vezes, por exemplo, já não sabemos ao certo porque nos chateámos com alguém, nos esquecemos dos detalhes do que se passou, mas mantemos uma sensação de desconforto em relação ao indivíduo em questão?!
Da mesma forma, o que conta aos olhos dos outros não é tanto no que os fizemos pensar mas como os fizemos sentir, o efeito, grande ou pequeno, bom ou mau, que causámos nas suas vidas.

É por esta razão que a difamação não resulta com quem conhece realmente outra pessoa, o seu ser para além do parecer. Porque por muito que se diga, por muito que se tente denegrir, o que se sente, o que se observa, o que se prova, no dia a dia, não deixa margem para dúvidas. As teorias provam-se pelo exemplo, não pela conversa, o poder da palavra acaba então por ser muito relativo.


"Remember, people will judge you by your actions, not your intentions. You may have a heart of gold, but so does a hard-boiled egg." 
Author Unknown






sexta-feira, 22 de julho de 2011

Faz aos outros...

COM MÚSICA



“Não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti”.
Máxima tantas vezes apregoada mas tão pouco posta em prática...
Parece que, quando lhes toca a elas, as pessoas acham sempre que “é diferente”, que é legítimo fazer aquilo que as faria a si próprias saltar dos carretos.

No Natal, época em que evito frequentar centros comerciais pois sou alérgica a multidões, tive mesmo de me sujeitar a lá ir, à “hora de ponta”, já nem me lembro porquê.
Andei mais de meia hora ás voltas, a deitar fumo pelas orelhas, à procura de lugar para o carro, quando finalmente, num corredor, vi que estavam não um mas dois prestes a sair.

À minha frente estava outro carro já com o pisca para o lugar que se ia libertar à direita. Pus o pisca para “reservar” o da esquerda e esperei.
Quando o da direita saiu, apareceu um carro desenbestado lá de trás, que num ranger de pneus, nos ultrapassou, se atravessou à frente do outro e lhe “roubou” o lugar.
A senhora não esteve com meias medidas, guinou para a esquerda e ficou com aquele de que eu estava à espera.

Pensei que não me tivesse visto. Qual não foi o meu espanto quando, depois de estacionar, me veio pedir desculpa pelo facto.
Confesso que teria ficado menos admirada se tivesse seguido directa para o Shopping.
O facto de se dar ao trabalho de se justificar, afirmando que só me tinha feito aquilo porque também lho tinham feito a ela é que me baralhou. Um reconhecimento de “culpa” sem qualquer sentimento da mesma...
Estava nitidamente furiosa com o outro tipo, mas não hesitou um segundo para seguir o seu exemplo.

Este tipo de postura é o pão nosso de cada dia e, na minha opinião, tá mali.
Não devemos ter bitolas diferentes para nós e para os outros.
Se conseguíssemos pelo menos não fazer aos outros o que não gostamos que nos façam a nós, o mundo já seria um sítio muito melhor, mais justo, mais equilibrado...

Mas eu vou um bocadinho mais longe, sugerindo que façamos aos outros o que gostaríamos que nos fizessem a nós. ;)
A primeira  é uma atitude passiva, a segunda requer sem dúvida algum esforço, na minha opinião grandemente recompensado.

Pensem na vossa infância, no que foi e no que gostariam que tivesse sido e proporcionem-no aos vossos filhos. Pensem nas vezes em que penaram por não vos “fazerem” alguma coisa e façam-na vocês a quem estiver na mesma situação. Pensem no que vos dá prazer, vos alivia, vos faz sentir mimados e distribuam-no à vossa volta.
Não esperem que vos peçam, adiantem-se, cheguem-se à frente. Criem uma rede de atenção e carinho, na qual se sentirão seguramente muito melhor do que se só olharem para o vosso próprio umbigo.
Dar,  seja o que fôr, tempo, atenção, apoio, ajuda, é extremamente gratificante. Estar atento aos outros e fazer o que estiver ao nosso alcance para os fazer sentir bem, por muito pequeno que seja o gesto, faz-nos sentir pessoas melhores. ;)






segunda-feira, 11 de julho de 2011

O movimento 1 Euro

COM MÚSICA



Há já bastante tempo, não sei precisar quanto mas bastante mesmo, reencaminharam-me um mail que me impressionou bastante por  duas razões.
Primeiro tocou-me o sentimento com que foi escrito. A paixão, a força, a clareza de ideias, a sinceridade, que dele emanavam.  Depois apercebi-me da genialidade e simplicidade da ideia.

Inscrevi-me  imediatamente na mailing list, para ir recebendo notícias do projecto.
Confesso no entanto, extremamente envergonhada, que não tinha grande fé de que fosse para a frente. Envergonhada, pelo simples facto de, ao não acreditar, ao não dar grande crédito, ter ido um bocado contra tudo aquilo em que acredito e passo a vida a apregoar aqui neste blog...

Eis senão quando, recebo um mail a avisar que o projecto está de pé e a funcionar.

Venho então agora tentar redimir-me, explicando-vos porque acredito, do fundo do coração, que vale a pena apostar neste projecto, aderir, divulgar, ajuda-lo a crescer mais e mais, para o infinito e mais além. ;)

Este nasceu na cabeça de um homem de 23 anos, que decidiu arregaçar as mangas e tentar efectivamente mudar o mundo.
Tenho muita pena de não poder transcrever aqui a sua mensagem inicial. Desde então troquei de computador e, como é habito nas mudanças, deitei muita coisa fora. Os primeiros mails foram-se assim, num qualquer “caixote”, onde os tinha arquivado

Ao lê-la, dei-me imediatamente conta da tarefa titânica que tinha pela frente. Razão pela qual não acreditei muito, shame on me, que uma pessoa tão nova tivesse perseverança e coragem para levar o barco a bom porto.
Não consigo sequer imaginar as portas com que levou na cara, os pesadelos burocráticos com que se deparou, a dificuldade em extruturar e pôr em prática o que não passava na altura de uma boa ideia.
E no entanto, cá está o “Movimento 1 euro”, a chamar por nós, vivinho da silva.
Só por isso, como forma de tirarmos o chapéu ao Bernardo pelas dificuldades que conseguiu ultrapassar, como recompensa pelo seu enorme esforço e trabalho, pela sua visão, já valia a pena aderirmos.

Muitos, se lhe juntaram, suponho que ao longo do caminho.
Se são leitores deste blog,  suponho (e espero) que seja por estarem em sintonia com as ideias que aqui transmito.
Ora se se derem ao trabalho de ir ler os perfis dos colaboradores da AIDHUM (confesso que não acho o nome dos mais felizes...lol) verão que todos eles transmitem, de uma forma ou de outra, (alguns mais directamente, usando inclusivamente as mesmas palavras, as mesmas citações), o mesmo que eu ando praqui a dizer há mais de duzentos posts.
Os valores do movimento: “Honestidade, Transparência, Altruísmo e Respeito por todos e cada um...”  ;)

O movimento transmite a ideia de que não é necessário um grande esforço, para fazer uma grande diferença, basta sermos muitos.
Felizmente, apesar das dificuldades do mundo actual, há muito pouca gente a quem um euro a menos por mês faça grande diferença. Mas esse euro a mais... a multiplicar por uns milhares, uns milhões, de pessoas... fazem toda a diferença para muita gente.

O “Movimento 1 euro”, simplificando a explicação, funciona da seguinte maneira:
- Quem quizer aderir inscreve-se no site e faz logo o pagamento de um ano (12€) dado que, acrescida dos custos, uma transferência bancária de 1€ seria ridícula.
- Consoante o número de associados no momento, a AIDHUM anuncia a soma disponível para a causa do mês
- As associações enviam candidaturas com causas
- Estas são colocadas online para votação
- Quando acaba a votação é anunciada a causa vencedora
- No site são apresentados os registos do apoio dado

A sua página do Facebook tem neste momento 1.201 Likes. No entanto, num post de hoje, o movimento anuncia com entusiasmo que já atingiu os 771 Associados.
Nada vos parece estranho nestes números?!
Do que estão à espera os 430 que perfazem a diferença?!
Ah, pois... é que dá muito menos trabalho clicar no botãozinho do Like do que ir ao homebanking fazer um pagamentozito de serviços, não é?!
Não vos parece que não chega?!
Que tal passar à acção?! 

Áqueles para quem toda esta conversa faz sentido, lanço então aqui um desafio...
Sejam egoístas, dêem.
Não há maior prazer do que o de dar, sem esperar nada em troca.
Divirtam-se a divulgar esta ideia, ajudar não tem de ser uma seca...
Sejam creativos, empenhem-se.
Transmitam-na, espalhem-na, expliquem-na, aos vossos amigos, aos vossos filhos, aos vossos pais.
Potenciem a rede de ajuda.
Parece que uma resposta de 6/7% numa campanha de marketing já é considerado muito bom. Pensem então que, para conseguirem que uma pessoa adira efectivamente, têm de chegar pelo menos a cerca de 15...

Aqui ficam algumas ideias para o fazerem, sem perderem mais do que alguns minutos das vossas vidas:
- Adiram à página do movimento no Facebook ( https://www.facebook.com/movimento1euro )
- Façam Share da página/site deles e sugiram aos vossos amigos que adiram
- Enviem o link do site ( http://www.aidhum.com ), com uma pequena explicação do que se trata (podem fazer copy/paste da apresentação que está no site)  por mail
- Se têm um blog escrevam sobre o assunto ou pelo menos ponham um apontamentozito / link algures
- Quando vier a calhar em conversa, falem sobre o movimento ás pessoas
- Enfim... a vossa imaginação é o limite.
- Mas sobretudo, não se esqueçam de se inscreverem vocês ;)

Depois, se acharem graça, vão cuscando a página do facebook e vendo os números a aumentar rapidamente.
Se 6% dos que lerem isto fizerem uma qualquer campanhasinha, por mais humilde que seja, aposto que é o que vai acontecer. É como a fofoca, dispara vertiginosamente... lol
Os meninos do nosso sitezinho,  bem sabem que assim é... já tiveram esse gozo... esse gostinho a vitória...
Ganhámos um telhado para a Nina, aquecemos o Natal da Miss das Castanhas, conseguimos uma cozinha do Ikea para a Paula, aconchegámos a família da Alexandra.
Se formos muitos, conseguimos fazer quase tudo, com quase nada!

Mãos à obra!!! ;)






quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não há super-herois...

COM MÚSICA



Algumas pessoas são nítidamente fracas, têm dificuldade em lutar contra as adversidades, vão-se abaixo à mínima contrariedade, perdem o ânimo com facilidade...
Outras, pelo contrário, parecem julgar-se verdadeiros super-herois.

Mas sabem o que acontece aos super-herois, sabem?!
Mais tarde ou mais cedo, acabam por cair num caldeirão de Kyptonite e aí é que está o caldo entornado...

De onde nos vêm então os super-poderes necessários para enfrentar algumas crises?!
Na minha opinião, da união, da entre-ajuda...

O orgulho impede-nos muitas vezes de assumir que sozinhos eventualmente não chegaremos lá, que não somos auto-suficientes.
Saber pedir/aceitar/dar ajuda parece-me, no entanto, fundamental.

Acontece que, como tudo na vida, esta tem de ser bem gerida, inteligentemente, sob pena de ser pior a emenda do que o soneto. Como se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio.

Todos os que têm espírito de “caregivers”, se sentem impelidos a dar uma mãozinha ao próximo, se disso tiverem oportunidade e mais ainda se se tratar de alguém de quem gostem.
Há no entanto vários cuidados a ter.

Para começar, se propusermos ajuda a alguém, é bom que tenhamos intenções e possibilidade de a levar a cabo. Há pessoas que passam a vida a oferecer-se e que, quando a ocasião se proporciona, nunca se chegam efectivamente à frente, não se dão talvez conta do dano que causam as espectativas goradas.

Outras, dispõem-se a ajudar, sem se perguntarem se o estarão a fazer da melhor maneira. Impôem as suas ideias, os seus métodos, as suas soluções, num espírito de “my way, or the highway”, recusando-se a tentar realmente compreender o outro e os seus problemas.

Há também os que entram em pânico com a aflição alheia, parecendo baratas tontas. Agem antes de pensar, disparam em todos os sentidos, não ponderam a potencial eficiência da sua ajuda. Na sua ânsia, sufocam-nos com a sua preocupação, fazem com que as questões pareçam ainda mais graves, mais complicadas, mais difíceis de resolver.

Acontece também que proponham ajuda, na maior das boas vontades, não compreendendo que o que sugerem, não só não é solução, como só vai atrapalhar. Na sua tentativa, acabam por criar um cenário ainda mais complicado do que o original, acrescentando peso à coisa em vez de a simplificar.

Alguns iludidos insistem em tentar ajudar quem não se quer ajudar a si próprio. Luta inglória e perdida à partida.

O saber pedir/aceitar ajuda, tem também muito que se lhe diga.
É natural que, ao fazê-lo, nos sintamos de certa forma fragilizados. Nesse momento, assumimos que precisamos de alguém, quando gostariamos de ser auto-suficientes.

Alguns adquirem um desagradável sentimento de “dívida” que, a meu ver, não deveria existir se a atitude do outro fôr genuina e desinteressada, se sentirmos que o faz de boa vontade, se, na situação contrária, estivessemos dispostos a fazer o mesmo por ele.

Ás vezes, alguém se apercebe da nossa situação e oferece espontaneamente ajuda. Infelizmente nem sempre temos essa sorte e temos mesmo de a pedir. Não é vergonha nenhuma, não nos torna menos “machos”, não nos rouba dignidade.

Convém, no entanto, escolher bem a quem pedimos ajuda.
Os principais candidatos sendo, obviamente, aqueles com quem partilhamos a nossa vida e mais concretamente a questão que nos atormenta.
Assim, a nossa cara metade, os filhos, os pais, os irmãos, a família em geral, os amigos, serão aqueles para quem nos tenderemos a voltar.

Precisaremos depois de ter uma noção muito nítida do que podemos pedir e a quem, daquilo com que podemos contar.
O amor, os laços de sangue, a amizade, são tudo coisas muito bonitas mas não transformam os outros naquilo que gostariamos (ou precisariamos) que fossem.

Cada um de nós tem os seus “super-poderes”, que poderão ser extremamente úteis em determinadas situações mas não servir para nada noutras.
Uns têm o dom de acalmar, outros de consolar, de racionalizar, de planear, etc...  Uns têm uma imensa destreza para dar a volta a problemas financeiros, outros parecem talhados para dar assistência a doentes e acidentados. Alguns têm uma paciência infinita para nos ouvir e outros a coragem de nos dizer aquilo que não queremos mas deveriamos ouvir nós.
Cada um tem também as suas “kryptonites” e, relativamente a determinados assuntos, o melhor mesmo é não contar com eles.

Mas, super-poderes à parte, o que me parece mesmo importante é a empatia. Ajudar-nos-ão muito melhor se tiverem efectivamente vontade de o fazer, motivação, empenho. Não podemos pedir a ninguém algo que não nos quer dar, porque se o fizer, será de má fé. E ajuda de má fé, ainda nos sai o tiro pela culatra.

Quem nos rodeia, não tem obrigatoriamente noção de que estamos necessitados de apoio. Pode-nos ás vezes parecer insensível da sua parte mas há que nos conformar que não somos o centro do universo e que os outros podem andar distraídos. E não  porque não gostam de nós, porque não se importam connosco mas simplesmente porque não se deram conta. Não devemos levar isso a peito.

Acreditem no entanto que, na maior parte das vezes, se lhes chamarmos a atenção, sem crítica, sem ressentimento, sem mágoa, irão responder muito positivamente ao nosso apelo e “contribuir para a causa” com todo o prazer.

Resumindo e concluindo, arcar com o peso da vida sozinho, é um esforço desnecessário, um desperdício de energia  e rouba-nos força, que poderia ser utilizada, pelo nosso lado, para ajudar os outros .