sexta-feira, 28 de maio de 2010

O circo

COM MÚSICA


Á alturas na vida em que me sinto uma verdadeira palhacita… esta é uma delas.

A gestão do “monstro”, apesar do trabalho que dá e do tempo que me ocupa, não me tem trazido grandes dissabores. No que diz respeito aos eventos, a coisa já pia de outra maneira.

Costuma dizer-se que “quem corre por gosto, não cansa”… mas… como todos sabemos, não é bem assim, ás vezes cansa um bocadinho… lol
Todos os eventos que tenho organizado me têm trazido verdadeiras dores de cabeça.

O primeiro jantar, ao qual compareceram  quase quinhentas pessoas, foi um verdadeiro desafio ao meu auto-controle.
Ainda muito verde nestas andanças, divulguei indicações extremamente detalhadas relativamente ás inscrições e respectivo pagamento, que quase ninguém seguiu, dando comigo em doida para conseguir identificar as pessoas.
Desde que o marquei até ao fim do prazo, desfiz-me em apelos e pedidos de colaboração, acabando inclusivamente, em desespero, por perder uma vez as estribeiras.
Achei que era giro fazer uma gracinha, um miminho, seguindo então a confirmação de reserva sob a forma do nosso cartão do Liceu…
Para além de conferir os extractos do banco, tentar associar os pagamentos aos respectivos membros e descobri-lhes as moradas de email para poder enviar a confirmação de reserva… ainda fiz mais de quatrocentos  copy/paste/montagens em Photoshopl!!!

Para o segundo jantar tive a fantástica ideia de tentar “fazer diferente”… 
(Acho que em parte lhe devo a minha úlcera.)
Esta envolvia valores fixos, como o aluguer do espaço, por exemplo, a dividir pelo número de participantes. Pois, brilhante… tive de me esmifrar até ao último dia, numa ansiedade brutal,  para acabar por conseguir reunir cerca de 60% das pessoas que tinham afirmado que iam… Não sei se estão a ver o que isso faz a um orçamento.
Depois queixaram-se de que o jantar tinha sido uma vergonha, o que por sinal não deixa de ser verdade, mas ninguém teve sequer em conta as cerca de duzentas pessoas (e respectivos pagamentos!!!) que houve a menos.

Para tentar atenuar o amargo de boca deste jantar tentei organizar uma Boum (festa)   que também ela me deu água pela barba. 
Depois das dificuldades e desaires iniciais para tentar mais uma vez organizar um evento original (hellooooo?!), decidi-me por uma solução chave na mão, num bar que reservei para nós, mais uma vez com base no número de pessoas que tinham afirmado estar presentes. Dias antes do evento, descobri que tinham anunciado no Facebook  uma festa “deles” para o mesmo dia e “parti a loiça toda”. Ele foram mails, ele foram telefonemas, ele foram gritos de indignação…
Se compareceram trinta pessoas já foi muito, o bar estava ás moscas, o ambiente uma verdadeira trampa e passei a noite a tentar enfiar a cabeça dentro do meu próprio decote para não ter de olhar para a cara do dono.

E cá estamos nós agora, no dia do fim do prazo do terceiro jantar…
(riam-se à vontade... eu também me rio, vá... Ha Ha Ha...)
Temos 131 pessoas inscritas, 76 que até hoje ainda não se decidiram… mas, vá lá… 70  já pagaram!!! Yééééééééé!!!
Avisei-os um bocado em cima da hora, é certo… só anunciei o jantar no dia 9 de Fevereiro… é complicado tomar decisões e ainda fazer transferências on such a short notice

Plagiando um amigo meu… “e merda?!”

Apesar das minhas afirmações de “nunca mais”, achei que não lhes podia “faltar”.
Desde Janeiro que ando a tratar disto… fiz pesquisas, fiz contactos, pedi orçamentos, visitei locais… mas “eles” não se conseguem decidir até à véspera…
Tendo de atirar com números, apostei em aproximadamente trezentas pessoas, já contando com as baldas devido ao flop anterior. Vou agora ter de anunciar ao restaurante que provavelmente nem aos cem chegaremos …

- “Parabéns por não seres «desistente». Tens desde já o meu apoio, incondicional. Obrigada por não desistires de nós!”
- “Que bom não desistires Cris :)”
- “Olé olé olé olá a cristina é do melhor que há! Um beijão minha Linda e obrigada por existires! má nada! ;-)”
- “Cristina, és a minha heroína…”
- “Grande Cristina! Venha mais um jantar!”
- “Cristina, parabéns por seres como és.”
- “Olá Cristina a Valente, Corajosa e Linda!”


É por estes “alguns” que tenho estas iniciativas idiotas…
O meu coração mole (esta merda não é suposta ser um músculo?!) não os quer decepcionar…

Mea culpa! Ninguém me pediu nada,  tudo o que fiz foi por iniciativa própria… 
Mas sabem que mais?! Não vale a pena o esforço, não vale a pena o trabalho, não vale a pena o tempo, não vale a pena o desgaste.

“À primeira todos caem, à segunda cai quem quer…” a quantidade de vezes que já caí e continuo a insistir?! Só tenho o que mereço… lol


domingo, 23 de maio de 2010

E viveram felizes para sempre...

COM MÚSICA

Para sempre?!
Bem… o amor é eterno, enquanto dura… ;)

Eu pessoalmente não acredito muito em sempres nem nuncas.
Na vida nada é garantido, ao longo do percurso muita coisa pode acontecer.

Durante a adolescência, não se pensa muito nestas questões. Vive-se o momento, a maior parte das vezes ardentemente, tanto física como emocionalmente. A vida é geralmente simples, sem grandes compromissos ou responsabilidades. Por muita importância que possam ter, os namoros são uma coisa acessória, não fazem parte integrante do nosso dia a dia. A nossa casa é a casa dos pais, são eles que mandam, as grandes decisões são eles que as tomam, nós limitamo-nos a contesta-las volta não volta. Ficamos felizes se pudermos passar uma noite com o ser amado, achamos normalíssima a raridade com que isso acontece.

Conforme vamos ficando crescidinhos o caso muda de figura, mais tarde ou mais cedo surge a questão do juntar trapinhos



Nos primeiros tempos das nossas vidas de adultos, isso tende a traduzir-se em casamento, com ou sem papel passado, mas na versão clássica da coisa.
Se há alguns sortudos que se ficam por aí, a maior parte irá passar por um que outro flop.
E com os insucessos vem a insegurança, o receio de arriscar, gato escaldado, como se costuma dizer…
O resultado é que se passa a utilizar mais a cabeça, o que não é obrigatoriamente mau. ;)

No início de um envolvimento amoroso, tal como na adolescência, simplesmente não se pensa.
No entanto, a partir de certa altura, começa a tornar-se evidente se a coisa está destinada ao sucesso ou ao fracasso.
No segundo caso, mais cedo ou mais tarde, irá morrer naturalmente.
No primeiro é então preciso definir o que queremos exactamente da relação e as opções são muitas.

Todos conhecemos variadíssimos casos de aparente sucesso.
Desde casamentos tradicionais a casais que vivem em países diferentes. Pessoas que optam simplesmente por ter cada um a sua casa e encontrar-se de vez em quando. Até casos em que os membros de um casal mantêm uma condição de semi-celibato continuando a ter relações extra-conjugais assumidas.
Cada um sabe de si…
A realidade é que o conceito de casal já não é o que era.

Livres do estigma social, as pessoas decidem da sua vida conforme as suas necessidades e o que faz mais sentido para elas. Basicamente, hoje em dia, juntar ou não trapinhos tem mais a ver com o lado pratico da coisa do que com o que sentem um pelo outro.

Depois do se põe-se a questão do quando… e aqui muitos vacilam, esperam por um sinal divino de que seja a decisão acertada, procuram certezas que nunca irão ter.
Se largar tudo e partir cegamente para uma vida a dois ao primeiro batimento cardíaco acelerado é, na minha opinião, uma atitude um bocado kamikaze, o esperar demasiado é uma perca de tempo. Se a coisa parece ter pernas para andar é fazer-se ao caminho.

Ai, mas e se a coisa dá para o torto?!
A coisa pode sempre dar para o torto… a coisa pode dar para o torto ao fim de muitos anos.
É uma questão de nos protegermos, de não nos iludirmos com contos de fadas e mantermos os pés na terra. Quem não arrisca não petisca, cada um terá de ter em conta o que está a por na mesa e se está realmente disposto a fazê-lo. Cada um aposta naquilo em que acredita, no que o seu instinto lhe sugere. Cada um se envolve e se entrega na medida do que é capaz.
E a mais não é obrigado… ;)


quinta-feira, 13 de maio de 2010

O mostrengo

COM MÚSICA

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar


A minha recente experiência de navegação, ao leme de uma casquita de noz com cerca de três mil e setecentas pessoas, leva-me á interrogação de como que raio será possível governar um país… deve ser um verdadeiro pesadelo. lol

Há quem lhe chame “o teu site”… confesso que se me eriçam os pelos dos braços, mais depressa seria eu dele do que o contrário.
Tenho-me sem dúvida dedicado a ele de corpo e alma mas sem qualquer sentimento de posse.
Acredito que seja a chave do seu sucesso, é de todos e não é de ninguém.

Nesta óptica tenho tentado ser democrática na sua gestão.
Sempre que surgem questões polémicas, relativas a decisões a tomar, abro votações e fóruns de discussão…
Temos uma abstenção que ronda os 95%. lol
A maior parte dos membros não o frequenta regularmente e suspeito que nem sequer tenha activada a funcionalidade de receber as mensagens que envio para todos.
Alguns simplesmente não querem saber.
Os outros dão-me água pela barba… ;)

A amostragem que temos é já suficiente para que haja um pouco de tudo.
Por entre os que se interessam em partilhar o seu ponto de vista, temos gente com posições tão díspares como o dia e a noite. A realidade é que há mesmo muitas opiniões possíveis relativamente a um mesmo assunto e nem todos sabem discuti-las pacificamente.

A primeira coisa que observo é que frequentemente lêem o que escrevo na diagonal…
Tento sintetizar o mais possível, apresentar as coisas com clareza, passo horas a escrever e reler cada comunicação, mas há sempre quem leia alhos nos bugalhos que transmito.

Como referi, costumo abrir fóruns de discussão sobre os temas… pois no entanto há sempre imensa gente que prefere comunicar-me a sua opinião em privado, facto que ainda não consegui compreender tratando-se de assuntos “públicos” e relativamente aos quais quanto mais se partilhar melhor para se tentar chegar a consenso.

A maior parte dos que se manifestam têm geralmente opiniões formadas sobre os assuntos.
Dou-me no entanto conta de que alguns não fazem a mínima ideia do que estão a falar, demonstrando uma total ignorância sobre o funcionamento e funcionalidades do site e sugerindo consequentemente soluções de bradar aos céus.

Tipicamente há sempre uma mão cheia de pessoas que toma as coisas a peito interagindo frequente e activamente nas discussões. Tipicamente são essas mesmas pessoas que acabam por me “acusar” de excesso de democracia. lol

A realidade é que, não sendo possível submeter a votação todos os detalhes de uma questão, há sempre coisas que terei de decidir por mim. Não é fácil. Tento ser ponderada, sensata, usar de inteligência… mas não deixo de ser humana estando portanto sujeita a erro. E uma vez as decisões tomadas, há sempre quem ache que cometi algum, não se pode agradar a Gregos e a Troianos.

Finalmente, como se tem verificado em várias ocasiões, apesar de se comprometerem, muitos não irão cumprir. Tal como a tia do Solnado, os nossos membros gostam muito de dizer coisas… mas entre o dizer e o fazer vai uma grande distância. As sondagens, votações e inscrições valem o que valem, ou seja, não valem grande coisa. lol

Tudo isto se resume numa valiosíssima lição de vida e num treino sem igual.
Graças a este meu “cargo” tenho aperfeiçoado competências na área da gestão e organização mas também da diplomacia, da tolerância, do controle de emoções.
Mas tenho-me sobretudo dado conta de que, desde que as coisas sejam feitas com o coração, com firmeza mas sem prepotência, com empenho, honestidade, frontalidade e transparência, apesar das diferenças, tudo acaba por se resolver.

Como alguém tão bem disse:
“… este site é literalmente uma CASA. Podemos ter idades diferentes, recordações diferentes, amigos diferentes, há quem cá venha mais, quem venha menos, mas para grande espanto do resto do mundo, somos membros da mesma "família". /…/ Não venho cá muito, mas gosto de saber que este canto existe e não há outras paredes onde estes retratos todos fiquem tão bem...”

;)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Amor e uma cabana

COM MÚSICA


Ahhh…amor e uma cabana… bonito… romântico… muito pouco realista… lol

Quando estamos apaixonados parece que o amor consegue ultrapassar tudo.
A realidade é que, para funcionarem, as relações requerem trabalho, investimento e esforço.
Nem tudo são rosas como possa parecer de início. Passada a fase do encantamento, há que começar a acertar agulhas.

As relações amorosas são, a meu ver, das mais complicadas e difíceis de gerir.
Com a nossa cara-metade partilhamos, voluntariamente, o nosso território, a nossa intimidade, o nosso quotidiano, os nossos prazeres e os nossos maus estares, os nossos problemas e alegrias … tudo isto numa base diária e geralmente sem grandes pausas para ganhar fôlego. Não é fácil, não.

O amor é ás vezes um sentimento cruel, que aproxima pessoas que não foram nitidamente talhadas para se entenderem.
Acredito bastante na teoria da metade da laranja, embora não ache que só exista uma única metade para cada um de nós.
Acredito mais ainda que certas pessoas nunca conseguirão ser felizes juntas.
Não, o amor não chega, de todo.
Quantos casais, unidos pela paixão, não viveram infelizes para sempre ?

Um dos primeiros erros que podemos cometer é tentarmos ser aquilo que achamos que o outro gostaria que fossemos. O nosso verdadeiro eu há de, mais tarde ou mais cedo, dar o grito do Ipiranga e aí temos a burra nas couves.
Quantas vezes não afirmamos gostar de coisas que não apreciamos realmente, amordaçamos certos traços do nosso carácter, alinhamos em actividades que não coadunam com a nossa personalidade, etc… para um dia nos perguntarmos quem é esta pessoa que vive agora dentro de nós.
E o pior é que, se deixarmos sair a que lá estava antes, o outro não a vai reconhecer e vai perguntar-se porque “mudámos”.

Não estou com isto a defender que não devamos fazer concessões, ajustar o nosso modo de vida ou inclusivamente rever os nossos anteriores pontos de vista. Acho simplesmente que temos de ter noção do que somos no nosso âmago e daquilo que estamos de facto genuinamente dispostos a mudar em prol da relação. Há coisas fundamentais para cada um de nós, ideias, princípios, posturas perante a vida, sem os quais perdemos a nossa coluna vertebral e nos tornamos seres amorfos. Outras são passíveis de ser alteradas e devem sê-lo se disso depender a relação, por muito que ás vezes nos possa custar. Teimar num “eu sou assim, sou assim, quem não gosta, come menos”, relativamente a tudo, usar de intransigência e esperar que seja o outro a adaptar-se a nós demonstra, a meu ver, não só egoísmo como de falta de visão. 

Da mesma forma que temos tendência a mudar para agradar ao outro, tendemos igualmente a não querer ver as suas características que nos são menos agradáveis. Por alguma razão se costuma dizer que o amor é cego. Tapamos o sol com a peneira, chegando inclusivamente a julgar achar piada a coisas, que normalmente não apreciaríamos de todo.
Tipicamente mais tarde elas voltarão então a assumir o seu papel de “defeito” aos nossos olhos.
Se tivermos consciência de que ninguém é perfeito, nós inclusive, muito mais facilmente aceitaremos que numa relação nem tudo o seja.
Se insistirmos em acreditar que beijando o sapo este se vai transformar em príncipe, estaremos a habilitar-nos a uma bela desilusão.

Outro erro frequente é o achar que havendo amor, empatia, companheirismo e todos os outros ingredientes que compõem uma relação amorosa, não há necessidade de palavras. Muitas vezes partimos do princípio que sabemos o que se passa na cabeça do outro. Muitas vezes estamos errados. Se qualquer coisa parece estar mal, provavelmente está, mais vale po-la em pratos limpos do que agir numa presunção de conhecimento de causa.

Da mesma forma ás vezes evita-se o dialogo por medo de um desfecho pouco favorável á nossa causa. O falar pode sem dúvida piorar as coisas antes de as melhorar, uma situação morna pode tornar-se quente ao ser verbalizada. Ninguém gosta de ser criticado, de ser apontado do dedo e a reacção imediata pode muitas vezes não ser das mais agradáveis. No entanto, se houver abertura de espírito de ambas as partes, o mais provável é que a situação acabe por se resolver. As discussões (no sentido inglês de “discussion” e não de “fight”) são a meu ver extremamente saudáveis, permitem por os pontos nos iis.

Uma relação é feita de dar e receber, ceder e exigir, tudo isto com conta peso e medida e tendo em consideração ambos os lados. Se a balança desequilibrar, dificilmente a relação se manterá saudável e agradável para ambas as partes. Não há fórmulas mágicas, cada caso é um caso, cada relação é única com as suas particularidades. Há que ir conhecendo não só o outro como a nós próprios, ir tendo noção do que é aceitável, do que é razoável, do que funciona para os dois indivíduos em questão. 

Mas sobretudo, nunca, mas nunca, tomar o outro por garantido… que nem planta no nosso jardim, se baixarmos os braços, se deixarmos de podar, adubar, regar, um dia quando dermos por isso já só encontraremos raminhos secos.