quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Quanto mais sei mais sei que nada sou



Quando somos pequeninos julgamo-nos o centro do universo.
Bem, alguns continuam a julga-lo ao longo da vida, mas esses vá lá alguém desengana-los. ; )
Enfim… conforme vamos crescendo vamos levando umas porradas da vida, que é para nos por no nosso lugar. Lugar esse que ambicionamos no entanto que seja de relevo. Quem não gostaria de se poder gabar de ter acabado com a escravatura, inventado a vacina contra a raiva ou desenvolvido a teoria da relatividade?! Quem não gostaria de deixar a sua marca na história da humanidade? Aspiramos a fazer de alguma forma a diferença, para que a nossa vida tenha sentido.

Quando estamos em casa somos bairristas, conforme nos vamos afastando sentimos que pertencemos a uma cidade, um país, um continente, um planeta… ainda ninguém se afastou o suficiente para sentir que pertence a uma galáxia mas talvez se lá chegue um dia, quem sabe.
E conforme vamos fazendo zoom out, em sentido próprio ou figurado, vamo-nos reduzindo à nossa insignificância.

Por muito que isso possa custar ao nosso ego engolir, ninguém tem na realidade importância nenhuma, se olharmos para o “big picture”.  As personagens da história vão-se sucedendo e o mundo continua. Vendo com o devido recuo, no espaço e no tempo, ninguém o mudou, ninguém o alterou significativamente, ninguém fez realmente a diferença.
Somos como pequenos grãos de areia numa praia, á distância todos iguais.

O primeiro contacto com esta ideia, com esta noção, é um bocado deprimente e desmoralizante.
Acontece que, da mesma forma que um grão de fina areia branca numa praia de calhaus não a vai tornar mais confortável, um calhau numa praia de fina areia branca não vai incomodar.
Ou seja, o que interessa é o conjunto e o que é realmente importante não é sobressair mas integrar-se.

E aqui entra uma das minhas máximas preferidas; “You must be the change you want to see in the world.
Peço desde já desculpa pela assumida cagonice mas ainda não encontrei (nem consegui fazer) uma tradução que me soasse bem, se alguém tiver dificuldades em perceber pode sempre usar o Google Translate.
Não é na realidade com grandes feitos, que entenda-se não estou de todo a menosprezar, que o mundo vai mudando mas sim com a soma de todos os actos e posturas individuais.

Cada um de nós é responsável pelo destino do mundo através do exemplo que dá, das atitudes que toma, dos princípios que transmite. Não são só aqueles que “ficam para a história” que são importantes, importantes somos todos nós, pequenos grãos de areia. Todos sem excepção contribuímos para o tipo de praia que formamos. Mais importante do que eventuais grandes feitos é esforçarmo-nos por ser aquilo que gostaríamos de ter à nossa volta.

Se vivermos com integridade e coerência, não fazendo aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem a nós, agindo o mais possível da forma que consideramos correcta, mesmo que nem sempre seja a mais fácil ou agradável, se transmitirmos estas noções aos nossos filhos, aos nossos amigos, a todos aqueles com quem interagimos, iremos garantidamente mudar o mundo, mesmo não sendo ninguém.





COM MÚSICA
America - A horse with no name

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