terça-feira, 25 de setembro de 2007

Somos todos animais, mas uns são mais animais que os outros

Ás vezes pergunto-me porque nos chamam animais "racionais"...

Segundo a Wikipédia; "Razão é a faculdade de raciocinar, de apreender, de compreender, de ponderar, de julgar..."
Segundo Oscar Wilde; "O homem é um animal racional que perde sempre o controlo quando se lhe pede para que haja de acordo com os ditames da razão"
Pois...

Para que nos serve a inteligência se não a usarmos no dia a dia?
Se funcionarmos por acção/reacção o que nos distingue do macaco?

Há uma série de "sentimentos" que não são "úteis" para ninguém... inveja, ciúme, vingança, raiva, ressentimento...
Quando "under influence" destes tornamo-nos totalmente irracionais, perdemos completamente o controle (já dizia o outro ali em cima...).
Dizemos coisas que não pensamos (ou pelo menos que não queríamos dizer), fazemos coisas que consideramos erradas, agimos contra os nossos interesses e os dos outros, às vezes que não têm nada a ver com o assunto, enfim...
Será que não temos capacidade para controlar este "fenómeno"?
Claro que sim... a questão é acreditar nisso e po-lo em prática...

Não acredito que ninguém se sinta bem a fazer uma cena de ciúmes ou a ter um ataque de raiva. São reacções provavelmente instintivas/defensivas, como a de fugir de um perigo, mas que não nos "protegem" de nada, antes pelo contrário. Ao te-las fragiliza-mo-nos, torna-mo-nos vulneráveis. Se em vez de nos deixarmos levar por estes "instintos" aprendermos a controla-los, a racionaliza-los a transforma-los em algo de positivo, o resultado final será com certeza sensivelmente melhor.

Não estou de forma alguma a defender o "corno feliz" ou a "Madre Teresa de Calcutá"... não estou a dizer "ofereçam a outra face"... É natural defender "o que é seu", reagir perante agressões, sentir-se triste perante certas atitudes... Não me parece é normal que esses sentimentos tomem conta de nós, nos dominem e façam shut down ao nosso cérebro. Não me parece normal a quantidade de cretinices insignificantes com que algumas pessoas se ofendem. Ou o sentimento de revolta perante tudo e mais alguma coisa. Ou o sentimento de posse que leva ás desmesuradas cenas de ciúme. Não temos cabeça só para usar chapéu e se vamos deixar as emoções reinar no nosso dia a dia estamos bem feitos ao bife para nos integrarmos em sociedade...

Se investirmos nas emoções saudáveis...no amor, na amizade, na ternura, na compaixão (sim, também fui ver o Dalai Lama... LOLOLOLOLOL) e formos erradicando as doentias, no fim iremos sem dúvida ter um mundo muito mais pacífico. Os homens não são bons por natureza, não me venham cá com coisas... Basta observar os putos, como conseguem ser cruéis... mas isso trabalha-se, aprende-se e consegue-se, estou certa, se se investir nisso de coração e acreditando que seja melhor para todos.

No fundo o que estou a defender é que, se para além de arranjarmos maneira de ir à lua, de encontrar a cura para a Sida ou de criar transportes não poluentes, também evoluíssemos no sentido de dominar as nossas emoções, o mundo seria provavelmente um lugar muito mais agradável. A sensação que tenho é que o homem tem tido uma evolução essencialmente tecnológica, que agora se calhar não seria pior investirmos cada um mais em nos tornarmos mais humanos e menos animais.

A realidade é que a maior parte das pessoas nem tenta. Acho que nem tem a noção de que estas coisas possam ser mudadas. Assumem-se como "sou assim, sou assim" e "quem quiser que me ature" e vivem toda uma vida sem cortar as ervas daninhas do seu carácter.
Notem que é sem dúvida muito mais fácil de falar do que de agir... ainda este fim de semana tive uma que outra crise de mau feitio, que não serviram (como nunca servem) absolutamente para nada a não ser para criar desconforto, sem que tivesse conseguido corta-las pela raíz. A realidade é que pelo menos tento... estou a evoluir... cada vez tenho menos coisas destas. Talvez um dia consiga deixar de as ter de todo e aí garanto que vou ser ainda mais feliz.






6 comentários:

  1. Correndo o risco de fazer como Fermat , vou blogar uma espécie de resposta (embora não o seja) sobre a emoção, a razão e a mente humana.

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  2. 1) Há quem diga que se dominarmos por completo as emoções, ficamos autómatos e insensíveis.
    Nem 8 nem 80: há emoções, más e boas, que continuarão sempre a existir por mais que as tentemos reprimir. É humano, genético, e faz mesmo parte do nosso mecanismo de autodefesa.

    2) Mas felizmente que existem códigos, valores, leis (nem sempre bem feitos, mas não importa), decididos pela sociedade (de comum acordo ou impostos por uma entidade mística qualquer, mais uma vez não importa) para impedir que andemos à paulada. E para além disso, existe ainda o nosso livre arbítrio para evitar andar à paulada. Há quem respire fundo e conte até 10. Há quem procure ver as coisas pelo prisma positivo.

    3) Pois. "Mas e se o teu filho está a morrer de cancro?". Aí, infelizmente não há resposta. E nenhuma crença consegue justificar o horrível e atrever-se a dizer que é uma coisa boa.

    4) Mas retirando estes casos extremos, em teoria, se a nossa predisposição, "frame of mind", for positiva, pelo menos olhamos o mundo e as folhas a cair no Outono com outro espírito ("já falta pouco para o Natal... hmmm... espera aí... confusão das compras... filas para pagar... cartão de crédito... comida aos magotes... mau exemplo")

    5) Isto não resolve os casos horríveis nem afasta as emoções más. Mas se em cada dia, 50% das coisas que nos sucedem forem boas e 50% más, mas estivermos focados nas boas, o dia a dia fica muito mais aliviado.

    E para terminar, os comentários jocosos:

    6) Acho que ando a consumir demasiados SEGREDOS e filosofia tipo tá-se bem; isto ainda acaba mal...

    7) A fotografia não favoreceu a dona do blog; deve ser da luz...

    8) Finalmente, e após muitas provocações, parece que há quem blogue...

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  3. Hei, hei!!! Calma aí que eu não disse nada disso...
    Não estava a fazer uma apologia da "não emoção"...
    O que eu disse é que há certas e determinadas emoções que não servem para nada a não ser para piorar situações que já de si não são propriamente agradáveis.
    Imaginem um jardim... um grande jardim, daqueles que dão montes de trabalho a manter... Ah pois, não é um vasito na varanda... LOL
    Algumas pessoas irão deixa-lo crescer livre e cahóticamente.
    O que estava a sugerir era que se fizesse uma selecção, que se investisse nas plantas "boas" ou seja bonitas, úteis, comestíveis, etc... que se as regasse, adubasse, protegesse, podasse, etc... E que se tentasse dar cabo das chamadas "plantas daninhas"... que como toda a gente sabe estão sempre a crescer por todo o lado ; )
    Nunca sugeri que nos tornássemos "insensíveis", hello?!

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  4. Menina,
    Acho que não leu o meu comentário até ao fim. Releia SFF os § 4) e 5).
    Também nunca sugeri um Admirável Mundo Novo com Soma em barda ("se não leu ainda, a menina tem que ler o Huxley", dito com ar condescendente).

    O argumento era apenas para ilustrar que há leis animais que nos afectam as emoções, e leis sociais que as controlam. Mas que para além disso, podemos sempre escolher. E se podemos escolher, mais vale escolher a parte boa.

    Eu fazia-te um desenho, mas não posso pôr desenhos nos posts... ;)

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  5. Nos posts até se pode... nos comentários é que não dá... mas manda-me o desenho por mail que eu "posto"... LOL
    Ok, ok, pronto, não batas mais no ceguinho...
    PS:E eu LI o Admirável Mundo novo! Grunf!!!
    (já não me lembro de quase nada, mas li...LOL)

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  6. Concordo genericamente com o pw$$$, incluindo o comentário 7, mas especialmente com o 5.

    A capacidade a que ele se refere chama-se "contentamento" e permite filtrar as pequenas chatices, para o que basta não ficar a matutar sobre elas.

    Se nos empenharmos a chatear-nos com pequenas coisas, acabamos permanentemente por estar numa onda como a da anedota: "olhe, meta o macaco no ...".

    Afinal, a fotografia até tinha a ver com o tema.

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