quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mezinhas

No último post falei em sintomas… o que não disse é que, tal como nas outras doenças, os sintomas não se apanham assim sem mais nem menos.
É sempre necessário fazer alguma coisa por isso…
Pode ser andar ao frio, praticar sexo sem preservativo ou ter uma atitude de vida positiva… mas nada acontece sem razão. ; )

Vou então partilhar convosco algumas das mezinhas que utilizo por forma a apanhar os tais sintomas…

Começa logo de manhã… como já mencionei num post anterior, todos os dias acordo cerca de dez minutos mais cedo do que seria necessário, para que o meu filho não tenha de se levantar a correr.
Meto-me na cama dele e ficamos ali aquele tempo na ronha …
Há dias em que falamos, outros ficamos calados, enrolados um no outro, a desejar ainda poder dormir mais uns minutos, mas já totalmente acordados.
Umas vezes coço-lhe as costas (com indicações extremamente precisas “agora para cima, agora para baixo”) outras dou-lhe festinhas, espreguiçamo-nos… enfim…
Comecei a fazê-lo por causa dele e só o faço quando cá está, mas confesso que hoje em dia já me faz falta.
Começar bem o dia é importante e aquela transição entre o sono e o enfrentar os afazeres diários, que nem gato que se espreguiça ao sol, traz alento.

Depois, quando vou para qualquer lado, sempre que possível escolho o itinerário mais agradável.
Já que temos de fazer as coisas que ao menos nos proporcionem prazer, não é verdade?
Por exemplo, há dias em que tenho de ir para Lisboa, depois de ir levar o bichinho à escola, ou seja por volta das nove, que é como quem diz à hora de ponta.
Já percebi que chego sensivelmente à mesma hora, vá por onde fôr.
Escolho portanto evidentemente a Marginal… bicha por bicha, sempre é mais simpático.
Vou a ouvir o programa da manhã da Comercial, com aqueles três anormais que regularmente me põem a rir a bandeiras despregadas sozinha no carro, rezando para que os outros condutores tenham a mesma rádio sintonizada e não julguem que perdi algum parafuso.
Vejo o mar, as praias quase ainda sem pegadas, os velhotes a fazer jogging em grupos, as pessoas a passear os cães… e vou-me entretendo.
A viagem passa num instante.

Se por acaso estou triste choro… choro imenso… escorrem-me lágrimas pela cara abaixo.
Em geral costumo chorar sozinha, em público tenho alguma dificuldade, mas não tenho qualquer problema, se fôr caso disso, em chorar à frente de uma plateia reduzida… lol
Durante uns minutos autorizo-me a sentir-me a pessoa mais infeliz do mundo, tenho imensa pena de mim própria.
Depois limpo o ranho à manga da camisola, não tenho qualquer problema com o rimel porque não uso, levanto a cabeça e sigo viagem.
Mas só o facto de deitar o peso cá para fora já ajuda. Estou convencida de que o “azul” do coração sai com as lágrimas.

Costuma dizer-se “com o mal dos outros posso eu bem…”
Pois eu acho que são as pessoas um tiquinho egocêntricas que dizem isso… aquelas pessoas cujos males são sempre piores do que os males alheios… que gostam de fazer concursos de desgraças, como quem compara cicatrizes.
Eu, o mal dos outros ajuda-me imenso.
Vou-vos confessar uma coisa… ultimamente tenho andado meia nhónhó… a vida é como os interruptores e o meu tem andado meio para baixo… Têm-me caído em cima (ao mesmo tempo, claro está… “when it rains, it pours…”) uma série de chatices, umas mais graves do que as outras, que não matando me vão moendo bastante…
Hoje soube que morreu há dias a única filha de um membro do nosso “monstrinho”… uma menina de um ano e tal… ao que parece morreu durante a sesta.
Que direito tenho eu de me lamentar da minha vida?!
Todos estão saudáveis á minha volta, o meu filho está feliz a dormir na sua caminha…
Com que lata é que me posso queixar das minhas mazelas, se pensar por um segundo que seja no tormento, na dor atroz, que devem estar a sentir todos os membros daquela família?!

Sou no entanto adepta ferranha do “PartisteS uma perna?! Olha, ainda bem que não partisteS as duas…”
Não é espectável passar pela vida sem problemas, sem preocupações, sem chatices, sem dôr… e a realidade é que, embora ás vezes possa parecer que não, as coisas podem sempre piorar…
Uma pessoa ter presente esse facto e agradecer que as coisas se passem SÓ como se estão a passar, ajuda imenso, relativiza as coisas.
Por exemplo, a vaca da minha cadela hoje decidiu mijar na minha cama… leram bem… em cima da minha cama (eu disse que estava a passar por um período difícil… na semana passada teve parasitas…) em cima do meu edredon.
Ora a única coisa em que conseguia pensar, enquanto tentava desesperadamente enfiar o mesmo dentro da maquina aos pontapés, era “olha se ela tem decidido fazer a gracinha logo à noite enquanto estivesse a lavar os dentes… ao menos assim tenho tempo de lavar e secar esta merda…”

Tento ter sempre presente que, embora me possam afectar, as coisas não me são sempre obrigatoriamente dirigidas…
Se bem que no exemplo acima não consiga encontrar nenhuma razão para que não seja “personal”, a kabra fe-lo de propósito para me chatear, resta só saber porquê.
A realidade é que muitas vezes “levamos com os outros” mas o “problema deles” não é nada connosco. A maior parte das vezes é aliás com eles próprios.
Há tempos tive um problema lá no site (isto começa a soar como a “lá na terra”… lol) com um senhor doutor juiz que não queria obedecer ás regras. Deixou umas mensagens muito desagradáveis na minha página e iniciou-se aquilo a que chamámos “o caso do homem da boina”.
Ora não sei com o que é que o dito senhor está tão zangado, mas comigo não é com certeza porque nem o conheço e nunca lhe fiz mal… Na troca de mensagens com ele fui sempre correcta e bem educada e não fiz nada que justificasse a atitude que teve.
Limitei-me portanto a pensar “ mas ca ganda cretino!!!” (não… e eu sou santa por acaso?! Até lhe devo ter “chamado” mais nomes) agi conforme a minha consciência e o caso não me afectou minimamente.
Tive mais dores de cabeça a tentar engendrar como é que ia resolver a situação de quebra de regras do que a lamentar-me dos seus “billets doux”.


Outra coisa que tem feito bastante diferença na minha vida é o auto-controle.
Dantes costumava “disparar primeiro e fazer as perguntas depois”…
A chatice é que depois, ás vezes já só há cacos no chão.
De cada vez que me deparava com uma situação que me chateava, disparava a torto e a direito sem sequer me perguntar se tinha razão.
Estou a ser um bocadinho aldrabona agora, porque estou a falar no passado e ainda faço isso de vez em quando… então quando entro em PMS… Uiiiiiii!!! Saiam da frente…
A realidade é que a coisa já está muitíssimo mais controlada.
Isto evita-me inclusivamente a confrontação com situações embaraçosas, como quando atirava alguma coisa à cara de alguém (não se preocupem, em geral é aos da casa…) e se chegava à conclusão de que afinal até tinha sido eu a meter a pata na poça.
Aaaaarrrgggg é muito difícil de engolir…
Assim começo só por pôr as orelhas para trás e só mordo se fôr preciso.

Também ajuda a consciência de que a “minha verdade” não é uma verdade universal…
Por muito que não esteja de acordo com certas coisas não quer dizer que elas estejam “erradas”, é simplesmente uma forma diferente de encarar a vida.
Não consigo deixar de tentar compreender os outros, mesmo que acabe por não o fazer.
O caso mais flagrante é o do meu lançador de santolas, que faz coisas que não passam pela cabeça de um tinhoso, mas que, tenho de reconhecer, até parece estar a dar-se bem com elas.
Gozo, critico, gesticulo mas quem sou eu para lhe passar um atestado de não saber viver?!
Ás vezes simplesmente não vale a pena puxarmos a brasa á nossa sardinha, as pessoas são simplesmente diferentes umas das outras, com várias maneiras de encarar a vida e o mundo.

O pedir desculpa também é importante.
Não me venham com coisas, a maior parte das vezes sabemos muito bem que metemos o pé na argola.
Acreditem que não magoo ou ofendo os outros de propósito, mas faço-o como qualquer um de vocês. Errar é humano.
O que não acho normal é tentar constantemente encontrar justificações para os nossos erros.
Há que aceita-los e pedir desculpa a quem de direito para poder seguir viagem, senão iremos sempre andar com essa pedra a incomodar dentro do sapato.

Quando não posso resolver os problemas proíbo-me de pensar neles.
Por exemplo, se estou com chatices que só podem ser resolvidas a horas de expediente, à noite bloqueio-lhes o pensamento.
Ao fim de semana, sempre que possível, tento não resolver nada, aqueles dois dias são importantes para recarregar baterias, para ter “quality time” com a família e os amigos.
Como dizia a Scarlett O’Hara “I’ll think about it tomorow”…
E acreditem que não é protelar as coisas, é simplesmente forçar uma folga para poder tomar recuo e vê-las com mais nitidez.

Finalmente, quando me vou deitar, obrigo-me a só ter pensamentos agradáveis… ás vezes não é fácil, outras vezes é impossível, mas a maior parte delas é perfeitamente fazível…
Afinal de contas ainda temos algum controle sobre o nosso cérebro.
Mal poiso a cabeça na almofada, escolho um tema… pode ser um sonho que tenha e que desenvolvo, uma recordação que decido reviver, um acontecimento próximo por que anseio…
Até adormecer divago em pensamentos que me fazem sentir bem.
Sonho muito pouco, que é como quem diz lembro-me muito poucas vezes dos sonhos, mas a realidade é que não me lembro do último pesadelo que tive e as minhas noites são pacíficas e repousantes.

Mais mezinhas haverá, mas por enquanto fiquem-se com estas que a noite já vai longa e este post então nem se fala… ; )



4 comentários:

  1. wawwwwwwwwwwwwwwww

    não comento
    mas li tudinho e gostei


    tambem tenho dessas mesinhas
    mas andam a resultar pouquito :(((((

    see you next year ;)

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  2. Cá está os post que esperava ;)

    Adorei!

    É sempre bom ter estes desbloqueadores, que nos fazem viver de uma forma positiva.

    Beijas

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  3. Calamity Jane... não sei, de facto... nem sei porquê...nem sei quem és... mas acredita que foi a melhor coisa que "ouvi" nos últimos tempos...
    Se puder de vez em quando contribuir um bocadinho para que uma pessoa que seja se sinta um bocadinho melhor, já valeu!!! ;)

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