segunda-feira, 16 de março de 2009

Carpe Diem

COM MÚSICA

Fez ontem cinco anos que morreu o meu pai…

A meio da tarde dei por mim a pensar que, exactamente cinco anos atrás, estava longe de imaginar que poucas horas mais tarde estaria ajoelhada numa alcatifa de escritório, ao lado de um corpo de olhos semi-abertos e roupa rasgada, que minutos antes ainda lhe pertencia.

Num momento estamos bem, lidando com as pequenas maleitas do dia a dia, e no momento seguinte somos confrontados com uma dor lancinante que revoluciona toda a nossa vida…

A morte do meu pai foi uma morte anúnciada, morreu do seu quarto enfarte.
O primeiro provocou em mim ondas de pânico, aquilo que mais temia desde criança tinha estado prestes a acontecer.
Os seguintes conformaram-me com a ideia de que não iria ter pai muito mais tempo, não havia nada que pudesse fazer.
Ainda o tive no entanto por perto alguns anos, até que um dia, do outro lado da linha, uma voz querida de ambos me anúnciou finalmente “o teu velho apagou-se…”

Hoje, cinco anos volvidos… e acreditem que parece que foi ontem… já não sinto dor, o tempo lavou-me as feridas.

Mas o que é mais importante, no que respeita a este post, é que esta foi uma experiência extremamente enriquecedora na minha vida.
Sou daquelas pessoas que acreditam que tudo o que nos acontece tem lados bons, que nada serve simplesmente para nos fazer sofrer… há que tirar partido de todas as situações para aprender a viver melhor. E foi o que fiz…

A primeira coisa que pus em prática, quando percebi que o nosso tempo estava contado, foi aproveitar todos os momentos na sua companhia.
Isto de uma forma totalmente normal… não faria sentido passar para uma relação obsessiva… mas sempre com a consciência de que todos os momentos poderiam ser os últimos.

Esse sentimento passou para tudo à minha volta, as minhas relações, o que faço, o que digo, o que vivo. Fiquei totalmente e permanentemente consciente de que, de um momento para o outro, tudo pode mudar. Nada deve ser tido por garantido…
Curiosamente isto trouxe-me grande serenidade, grande paz.
Vivo a vida intensamente, com gosto, com apreço, pois estou consciente de que as coisas boas que tenho hoje podem já lá não estar amanhã e tenho portanto de as aproveitar.

CARPE DIEM



3 comentários:

  1. A vida é frágil...
    Há que vivê-la com força.

    "Aquele" abraço apertado e longo.

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  2. Tínhamos recomeçado a dar-nos quando o teu pai morreu. No velório dele, ainda eu era um estranho regressado de longe. No velório do meu, já tu eras indispensável.

    O teu era mais malandreco que o meu, mas acredito que eles se dêem bem lá em cima.

    E nós, enquanto por cá, estamos de acordo: é gozar o dia.

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  3. Homónima querida,
    Tens razão, pois passei pelo mesmo há 9 anos e mais recentemente com o meu irmão, mas é difícil. Ainda hoje (e já vai fazer 40 anos q perdi a minha mãe), me lembro de todos, como se estivesse estado com eles ontem. Mas sempre me ensinaram a viver a vida e como diz a Alex ...com força.
    Day by day
    Um grande beijinho

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