quarta-feira, 20 de maio de 2009

Happily ever after

COM MÚSICA

Eu cá, não sou nada adepta de paixões… já estive apaixonada uma que outra vez e, como dizia o Almirante, “não gosto, chateia-me…”!

Como os meus queridos leitores já devem ter reparado, sou grande apologista do uso do cérebro… acho-o uma ferramenta bestialmente útil, sei lá…
Ora as paixões parecem bloquear as célulazinhas cinzentas.
Para além disso parecem fazer com que se esqueçam todos os princípios básicos, incluindo o bom senso.

Os “apaixonados” parecem regressar à adolescência, ao preto e branco, ao tudo ou nada. Tudo é vivido intensamente, as alegrias são imensas, os desgostos o fim do mundo, as oportunidades falhadas um drama. As relações, em vez de pacíficas e calmas são inflamadas e tumultuosas, uma verdadeira montanha russa de emoções.

Isolam-se nas suas paixões, nos seus mundinhos cor de rosa, ignorando muitas vezes quem está à sua volta. Quando não estão com o ser amado, parece que não estão, tout court. São muitas vezes egoístas, pondo a sua relação acima de qualquer outra coisa, lesando assim a sua relação com o resto do mundo. Esqueçam, não se pode contar com um amigo apaixonado.

Tornam-se irreflectidos, adoptam atitudes que nunca tomariam se pensassem nelas dois segundos. Casar, ter filhos, ir viver para Tombuctu, adoptar sete gatos zarolhos e um cão com sarna?! Bora lá! Vai correr tudo bem… não vale sequer a pena pensar nas consequências dos nosso actos, o amor supera tudo.

Tornam-se imprudentes, acreditam em sempres e nuncas, agem como se a separação fosse uma impossibilidade técnica. Abdicar de tirar um curso, casar com comunhão total de bens, assinar acordos em que se abdica incondicionalmente da tutela dos futuros filhos em caso de divórcio, tudo é possível quando se está apaixonado…

Iludem-se, recusam-se a ver coisas que lhes entram pelos olhos a dentro. Amor e uma cabana… parece chegar, quando se está apaixonado. Quantas vezes toda a gente à volta está a ver que entre aquelas duas pessoas a coisa dificilmente irá dar certo… Não obrigatoriamente porque algum seja melhor ou pior, simplesmente porque são demasiado diferentes no seu âmago. Costuma dizer-se que o amor é cego, o pior é que, mais tarde ou mais cedo a cegueira cura-se.

Para além disso, convenhamos, são um cadinho patéticos… ;)
Acham normal, por exemplo, uma matulona de vinte e muitos anos, a chorar baba e ranho em Sta Apolónia, nas despedidas do seu amado, que parte… para Coimbra (esse continente longínquo) para uma ausência de… uma semana (essa eternidade)?!


Prontes, não me vou humilhar mais… lol

Basicamente, estar apaixonado é, de certa maneira, acreditar em contos de fadas… tão lindooo.

Eu também gostava de viver num conto de fadas.

Gostava de arranjar um homem como o Brad Pitt…

(Topem-me bem este corpinho… GOD!!!)

Ou como o George Clooney…

(A pinta, céus… a pinta!!!)

Um homem que me adorasse, lindo de morrer, bom como o milho, que me compreendesse, respeitasse, aceitasse como sou, ajudasse nas tarefas domésticas, tratasse da criança, que fosse forte, inteligente, culto, com sentido de humor… e já agora, que fosse “loaded”…


(Glup)


Eu também queria o príncipe encantaaadooooooo…

Pois… Agora toca a acordar…
A vida não é um conto de fadas gente e, como se costuma dizer, “quem muito quer, tudo perde”.
Eu também fico encantada com os grandes romances de cinema… também sonho… também me deixo levar pelas ondas de paixão.

Mas, amiguinhos… já ouviram falar em photoshop?
Aqueles romances são todos photoshopados, pá… Aquela treta não existe!
Na vida real as pessoas não são perfeitas… têm defeitos e qualidades… e quando “compramos”, compramos o pacote. Ah pois é, bebé…

Acham que há excepções é?!
Então vejam lá se gostavam de dormir na cama com isto.


E será que tinham pachorra para esperar quatro horas que o gaijo saísse da casa de banho?!
Get real!

Na vida real, o que me parece inteligente é por as coisas numa balança e ver para que lado pende… Na vida real devemos, a meu ver, ter uma boa noção do que é fundamentalmente importante para nós e se o temos ou não.
Não se pode ter tudo na vida… o gaijo “bonzão” não é obrigatoriamente um gajo porreiro. O gaijo romântico não é obrigatoriamente um gajo respeitador. O gaijo rico não é obrigatoriamente um bom partido.

As coisas podem, acredito, começar com paixão e evoluir para uma relação mais sã e equilibrada… há quem ganhe o euromilhões. ;)
Mas, por experiência e observação, geralmente o que começa em paixão, acaba em… águas de bacalhau. lol
A procura do príncipe encantado é, na minha opinião, um erro. Nessa procura pode passar-nos ao lado a verdadeira outra metade da laranja… nem sempre, aqueles por quem nos sentimos mais atraídos são os mais aptos a fazer-nos felizes.

Desencanto? Talvez…
Mas a realidade é que tenho ao meu lado, vai para dez anos, uma pessoa que me conhece como a palma da sua mão, que me respeita, que tem consideração por mim, que me aceita como sou, que me apoia… com quem tenho intimidade, cumplicidade, companheirismo.
Paixão?! Não… não estou, nem nunca estive, apaixonada por ele. Não passámos pela montanha russa de emoções… não fizemos juras de amor… mas nunca estive tão bem, nem tanto tempo, com ninguém.

 PS: Para as melgas que comentam que as músicas que coloco nos posts não têm ás vezes nada a ver com o conteúdo dos mesmos: considerar “in love” no sentido próprio, como “em amor”. Gosto desta música, prontes… Grunf!

9 comentários:

  1. As melgas acham que estás absolutamente enganada neste post.

    Mas as melgas já antes manifestaram a sua opinião, de modo que este comentário serve apenas para dizer que estiveram por cá, leram, e continuam a discordar visceralmente...

    :-)

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  2. As pessoas apaixonadas quebram a nossa monotonia! Confesso que lhes acho graça...

    A paixão é um estado qualquer eléctrico acompanhado da perda de limites e de racionalidade na avaliação do objecto de paixão, digo eu na minha…

    E quantas vezes no após paixão, pensamos mas que raio tinha eu na cabeça para o ter achado tão interessante? Ou mas que vergonha, como é que fiz aquilo!? Só que já não há nada a fazer e nem sabemos explicar.

    Mas a paixão tem qualquer coisa de arrebatador e esquecendo os estados deploráveis, a que por vezes nos leva, até que quando é vista como observadores, tem o seu quê de engraçada. Mesmo quem não passou por ela, já viu amigos fazerem as coisas mais estrambólicas em prol da dita paixão.

    Talvez devesse salvar os meus amigos de figuras tristes, até sei de antemão o que vou ouvir no após paixão… gritar acorda! Mas parece-me que não. O melhor nestes casos, é deixá-los viver naquela doce loucura. É que contrariar pessoas neste estado é perigoso, há uns que se virão contra nós! E se nada há a fazer, a não ser ter fé, para que as figuras não sejam muito tristes ou que a coisa evolua para um amor mais sereno, então resta-me esperar e achar graça…

    Mas sim, tens razão, eu também não gosto.

    P.S. E a concordante de serviço, diz que gosta muito das musiquinhas e que nem sempre têm de estar de acordo com o tema. Há que ter alma de artista ;)) E esta de hoje, é para lá de gira!

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  3. "Se as cartas de amor não fossem ridículas não seriam cartas de amor"

    Ou como quem diz:
    "To everything there is a season"
    (prefiro a versão inglesa porque tem música)

    Ouve lá ó coisinha, como é que chegaste ao patamar onde estás, hã? Não foi subindo e tropeçando?
    Não vale, agora, dizer que a viagem é da treta, que o percurso é irracional, bláblá-bla, blá, bláblá.
    Francamente, hoje em dia não me vejo a apaixonar-me outra vez; estou muito sabida, e demasiado consciente, para considerar provável uma situação dessas... mas sabes que mais? (por mais que me custe) Acho que estou velha para isso ( não falo de idade, falo de "velha"), e duvido que isso possa ser positivo.
    Quanto à boa relação que tens com esse verdadeiro Senhor com quem partilhas a tua vida, não é paixão, ok. Quando chegamos aí já não precisamos de paixões, ficamos velhos/as para isso e, então é positivo - não pela ausência de paixão mas porque permite que a paixão que vive em nós pode, finalmente, focalizar-se noutros alvos. (Ou pretendes convencer-nos de que a tua vida está isenta de paixão? Bullshit!)
    Beijos a ti, ao Senhor e ao mais pequeno - que é o maior...

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  4. MAC
    Pois é, aquelas figuras tristes...
    É disso que não gostamos mas tudo tem um preço...
    De resto, pois estamos de acordo.
    Beijos!

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  5. Oh, que desalento...
    Sou Escorpião, não sou capaz de perceber a vida sem ser a preto OU branco. Quais cinzento, quais carapuças! Também pode ser a cores, a vermelho, só azul, com purpurinas ou neons. O cinzento nem o vejo.

    Modesta sugestão:
    http://www.youtube.com/watch?v=mIF1cLOCm7k

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  6. Não concordo em nada com o que disseste / escreveste Cris. A paixão move-nos, enche-nos. Fazemos figuras tristes... paciencia! fazem parte da nossa história, do "enredo" duma relação que pode ser revivida as vezes que se quer. Esmorece, eventualemte acaba, mas existe sempre com a promessa dum renascer.

    Acho que não saberia viver uma relação sem paixão, sem esse momento em que a razão não dita as suas leis, em que nos sentimos leves, embriagados com tudo.

    É uma "droga" saudável e como todas as drogas, deve ser consumida com alguma moderação para nunca perder o efeito (tenho que deixar de ver o Weeds ;)))

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  7. Filipeeee!!!! Finalmente um comentário… que honra. ;)
    Agora já só falta comprovar que existes mesmo, ao vivo e a cores… lol

    Pessoal, fico genuinamente contente que não estejam de acordo comigo e que o expressem.
    É que há certas e determinadas pessoas que insinuam que vocês assinam por baixo de tudo o que escrevo, tipo rebanho…
    VisteS, visteS, ó certa e determinada pessoa, eles ás vezes também discordam… não têm é necessidade de discordar de TUDO o que digo só por princípio!!! Humpf! ;)

    Ó meninas e meninos, só leram a parte em que falo de ridículo e figuras tristes, foi ???!!!
    Para que conste, na minha opinião, esse é o menor dos males…
    Aliás, se eu tivesse medo de figuras de ursa não mantinha este blog. lol

    Ok, então agora que já me estou a sentir como se tivesse dado um tiro no Pai Natal ou transformado o Nemo em Sushi, passo a explicar. ;)

    Não tenho nada contra sentirmo-nos “leves, embriagados”, nem afirmei que estar apaixonado fosse uma sensação desagradável. (se bem que não percebo como se “consome” a paixão com moderação, Filipe… lol)
    Acredito que, tal como a MAC disse, a paixão seja um estado de “perda de limites e de racionalidade” e é disso que pessoalmente não gosto.
    Para mim, estar apaixonado é como conduzir bêbedo, é perigoso….
    Como disse, já estive apaixonada uma que outra vez.
    Confesso, agora envergonhada, que também já conduzi grossa…
    As minhas bebedeiras, que eu saiba, felizmente nunca lesaram ninguém.
    Já não posso dizer o mesmo das minhas paixões…

    Mas talvez me tenha exprimido mal… não quis crucificar a paixão em si… simplesmente não acho que esta seja fundamental.
    Há tanta gente à procura do romance cor de rosa que possivelmente passa ao lado de verdadeiras oportunidades de ser feliz ao lado de alguém. Quantas vezes o homem (ou mulher) “ideal” para nós não está ali mesmo ao lado e nem o vemos simplesmente porque não nos provoca a taquicardia da paixão.

    Cheguei “ao patamar” onde estou, Alex, sem duvida “subindo e tropeçando”, mas através do tal uso do cérebro que defendo e só quando o percurso deixou de ser irracional comecei de facto a sentir-me feliz.
    Não defendo o “casamento de conveniência” … lol … não viro costas aos sentimentos, nem pouco mais ao menos. Na minha relação pode não haver paixão mas há sem qualquer sombra de dúvida amor. Claro que uma relação implica, laços emocionais fortes, não estamos a falar de um contrato de trabalho… ;)

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  8. Só uma achegazinha, paixão, amor e atracção são coisas diferentes. Matematizando a coisa: o amor é calmo, sereno e pode durar anos e anos. A paixão é um turbilhão de emoções, nem sempre positivas e só pode durar 1 ano – está provado cientificamente, que não aguentamos o estado de paixão, mais tempo. A atracção pode durar uns minutos, só enquanto estamos em contacto com a pessoa e depois, não se pensa mais nisso ou então pensa-se…

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  9. Eu também sou um ganda mentiroso.

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