sábado, 18 de julho de 2009

B good

COM MÚSICA

No outro dia ouvi da boca da minha irmã duas coisas que nunca pensei ouvir…
“… e eu disse-lhe: a minha irmã é que tem razão, o que está a dar é ser bonzinho…”
A primeira que me “citou” a alguém… a segunda, que me deu razão nalguma coisa…
Minha alma está parva, ainda não recuperei do choque!!! Os sais, por favor alguém me traga os sais…

Dito isto… ;)
A realidade é que muita gente já está a começar a perceber… (não obrigatoriamente por influência minha, atenção… mas fui eu que comecei a apregoar primeiro… ná!) que sendo “bons” muito mais facilmente somos felizes… que quanto “melhores pessoas” formos, melhor nos corre a vida.

Dir-me-ão (e não posso senão vergar-me perante a evidência), que o conceito não é propriamente novo… que qualquer religião, por exemplo, se baseia no mesmo conceito (bem, menos talvez aqueles gaijos que acham que devem rebentar com todos os infiéis).

Ora bem… é um facto, mas… se for assim uma ideia que interiorizamos ao domingo enquanto temos a óstia encostada ao céu da boca… não serve de muito. As teorias são muito bonitas mas não mudam o mundo.

Mas, se se derem ao trabalho de analisar a vossa vida, chegarão certamente à mesma conclusão; compensa mesmooo… Se formos pessoas baris, seremos certamente recompensados por isso.

Ser boa pessoa não quer dizer que tenhamos de ser Dalai Lamas ou Madre Teresas. Quer simplesmente dizer que não levamos a vida de forma egoísta, pensando só no nosso umbigo mas que também nos preocupamos com o bem estar de quem nos rodeia.

Neste momento, alguns de vocês estarão a pensar enfadados se lhes irei finalmente dar alguma novidade e outros a tentar perceber onde é que estou a querer chegar.
Os primeiros são os que põem a coisa em prática e estou a recitar o Pai Nosso ao cura… os segundos são os que conhecem a teoria toda de cor.

Vou então dar-vos um exemplo prático…
Há mais de um mês que estamos sem um dos nossos chaços velhos… coitadinhos, estão como nós, a acusar a idade… lololol
Não é fácil viver onde vivemos só com um carro… claro que a coisa pareceu logo muito menos grave quando (3 dias depois) o segundo chaço velho também avariou e passámos a não ter carro nenhum. Garanto-vos, um carro é muitooo melhor do que carro nenhum…

Quando era finalmente suposto estar pronto, telefonei ao mecânico que me disse furioso que o torneiro não tinha feito o trabalho como deve de ser e que tinha de levar-lhe outra vez a cabeça.
No dia seguinte recebi um mail em tom angustiado em que me anunciava basicamente que estou feita… lol… a cabeça está mesmo estalada e vai ter de ser substituída, ou seja, o pior cenário do orçamento que me tinha feito.
Mostrava-se furioso com o torneiro por não ter visto antes, o que o obrigou a montar e desmontar o motor várias vezes perdendo horas de trabalho.
Mostrava-se também preocupado relativamente ao preço que iria custar e dizia que me faria a cabeça a preço de custo.

Mas por que caraças é que o homem haveria de perder dinheiro comigo?!
É o negócio dele, não é meu pai, não me deve nada…
Já perdeu horas de trabalho, que não me vai certamente cobrar porque não tenho culpa nenhuma que o torneiro tenha metido a pata na argola.
Ficou com um carro a empatar muito mais tempo do que seria espectável, não pegando assim nos dos outros clientes.
Por que raio é que me haveria de fazer um desconto na cabeça?

Enviei-lhe um mail a dizer basicamente isto e que não estivesse tão preocupado por causa dos prazos visto que estaria fora até terça-feira.

Recebi de volta um mail amoroso, a dizer que “dá gosto ter clientes e Amigos assim” , que tudo fará para rapidamente me entregar o carro e que quanto a valores a seu tempo trataremos disso…

Não vêem em que é que esta história tem a ver com o tema do nosso post?!
(este “nosso” era de enfermeira ao contrário: “vamos levar uma injecçãozinha!”)
Este mecânico, que arranjei aqui há uns tempos, é um gaijo porreiro.
Parece ser bom profissional, não que eu tenha qualificação para o saber, mas pelo menos não tenho razões de queixa das reparações que tem feito.
Mas, sobretudo, é um “bom” ser humano e para saber isso já me considero qualificada.

Conclusão…
Ele está preocupado comigo, porque sabe que não tem sido fácil só com um carro e que não nadamos em dinheiro.
Eu compreendo que é o negócio dele e que estas coisas são caras e demoradas.
E qualquer um de nós o tem expressado ao outro.

Não estamos cada um a tentar puxar a brasa à sua sardinha…
Seria fácil para ele tentar aldrabar-me e cobrar as horas que perdeu por causa do torneiro.
Seria fácil para mim criar-lhe tensão, pressiona-lo para que me despachasse o carro e aceitar a sua oferta de “desconto” devido à demora.
Mas nada disto faria sentido porque qualquer um de nós entende a situação do outro.

Ser bonzinho não quer dizer que tenhamos de ser totós… ser bonzinho é neste sentido...


... os outros são maus… ou vilões… lol


3 comentários:

  1. Deixa-me contar uma pequena história que se passou comigo... há uns quatro anos atrás.

    Ida a Badajoz, trocar de óculos. O preço... metade do praticado em Portugal, portanto, nem havia que pensar duas vezes.
    Óculos escolhidos, testes feitos, encomenda acertada.

    Uma semana depois, levantar os óculos, duzentos e qualquer coisa euros. Pagamento com cartão, tudo certo, adeus, até à próxima...

    Já na vinda para Elva, telemóvel a tocar, numero de espanha, olá que se passa? A menina do outro lado, toda aflita, que me cobrou dinheiro a mais. Digo-lhe que não, que está tudo certo, que confirmei a etiqueta das armações, as lentes.
    Mesmo assim, lá voltamos para trás.

    E lá me diz ela: Mas aquele preço era de outras armações, não as que levou... e pronto, tome lá os 100€ a mais...

    Pergunto eu: Já tinha pago, estava contente, ela não precisava de fazer o que fez, ninguém daria por nada...
    Mas não, fez aquilo que achou que era o certo.

    Ganhou-me a mim como cliente até ao final dos meus dias, bem como às dezenas de pessoas que já lhe levei como clientes...

    Moral da história?
    Eu sei... é isso mesmo que estás a pensar.

    Uma óptima semana...

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  2. Concordo e pratico, na medida do possível. E do impossível, também. Tudo se resume a ser ou não ser porreiro. Para além de chata, inconveniente e bruta, sei que sou porreira, porque é assim que as pessoas, mais tarde ou mais cedo, me resumem. Não me reduzem, resumem-me.

    Os meus filhos são todos diferentes uns dos outros. Também acho que, se tivesse 10 filhos, iam sair todos diferentes. Tenho uma filha porreira, mesmo muito porreirinha, amorosa, prestativa, solidária, humana. E tenho outra que se deixa ir na má onda por dá cá aquela palha. Assim, características inatas, traços de carácter.

    Só que a generosidade também se aprende. E nós podemos fazer muito por isso, que é ensinar. A minha má onda assiste boquiaberta a atitudes minhas, perfeitamente espontâneas, e eu noto-a muito mais tranquila e equilibrada com a vida nesses momentos. Aproveito o facto de ela achar que eu sou um exemplo a seguir para lhe mostrar como sabe bem ser assim em vez de assado. E ela vai, devagar, assimilando que ganha muito mais se adoptar uma atitude positiva para com a vida e com os outros do que se se mantiver na dela, fechada numa concha - que acaba por ser fria e isolada.

    Já agora, também dou um exemplo:
    Outro dia estava uma senhora de muletas dentro de água, na praia. Tinha um problema não temporário, tipo paralisia infantil. Ela estava acompanhada por outra senhora, mas a rebentação estava a fazê-la desequilibrar-se e a outra não estava a dar conta do recado. Perguntei sem usar o verbo (ajudar): "Precisa de mais dois braços?". Ela disse que sim, a outra disse que não. Diante do impasse, não arredei do pé delas enquanto ela não saiu do mar. A minha Maria a assistir e, no final, a concluir: "Tu vais sempre ajudar quem está aflito". Isto é verdade, mas não o faço para ser querida, nem só para dar lições aos filhos. É que... olha, não sei. Alguma coisa me impele. Também não sei se um dia vou precisar. Também me sabem bem os olhos das pessoas a agradecer.

    Sou uma egoísta mascarada de altruísta...? Ou o altruísmo é isso mesmo?

    Heh, quero lá saber. É bom e isso chega.

    Mil beijinhas

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  3. Out of time but still in time

    Ia eu sentado num Bus em Londres quando numa paragem sobe uma velhinha a carregar vários sacos de flores. Eis quando a passageira de trás me toca nas costas e me diz "go and help the lady, young man " ( ela tinha tanto de young como eu ... ), mas eu envergonhadamente me levantei rapidamente e fui ajudar a transportar um dos sacos da senhora. Como poderia ser eu tão insensível... Ela, a senhora com os sacos, agradeceu-me sem sequer me olhar nos olhos...

    Who was the good on?

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