terça-feira, 7 de julho de 2009

E vão dois desafios...

COM MÚSICA

Fui, mais uma vez, “desafiada” a escrever um post…
Desta vez teve mais graça, porque não faço ideia quem seja a pessoa que me desafiou.
Não sei se a conheço, não sei como se chama… a única coisa que sei é que lê este blog e me enviou um email (anónimo) a desafiar-me a escrever sobre este tema.

Vou transcrever algumas partes do mail em questão (não o mail na integra, claro está, para não violar a privacidade do meu correspondente anónimo…) para que possam entender qual foi o desafio.
Devo dizer que veio mesmo a calhar, visto que estava praqui feita ursa, a olhar para o monitor e a pensar “sobre que raio vou eu escrever esta semana?!”… lol

Então cá vai:
“/…/ diz que a conforta saber que quem consigo está não é egoista ao ponto de exigir a exclusividade dos seus afectos. /…/, no limite dos afectos, será mesmo assim? /.../ É que, nesta onda pode entrar tudo. Conhecidos, Amigos, Amores, Paixões, affaires etc. /…/ Esta sua emoção pode ser entendida como a morte do Ciúme? A união entre dois mijas s + p, que querem estar juntos, no limite, pode ser apenas o conforto de chegar a casa e de ter alguém com quem compartilhar as rotas e rotinas ? Para sí não existe sentimento de posse num casamento, união?/…/ “

Hum… acho que vou começar pelo fim… ;)
Para mim não existe sentimento de posse nem sequer em relação aos “meus” cães e gatos… lol
Relativamente ás pessoas, só consigo ter respeito e consideração por elas se as sentir livres, o que é um bocado contraditório com esse tipo de sentimentos.
Pessoalmente há muito tempo que não sinto que “precise” de alguém e não gosto nada da ideia de que possam precisar de mim.
Acho que uma relação a dois, deve existir por vontade e não por necessidade.
Para mim, a segurança vem do sentimento de que o outro está bem comigo. É também a única segurança que “forneço”… Não faço juras, não dou provas nem garantias… se a nossa relação estiver bem, a outra pessoa terá de o sentir.

O que nos trás ao ciúme…
Sinceramente, considero-me uma sortuda, não tenho a certeza de saber o que isso é… Se alguma vez senti ciúmes, há muito muito tempo que isso não me acontece.
O ciúme parece-me advir do tal sentimento de posse.
Por outro lado, parece-me uma reacção infantil, irracional e sobretudo contraproducente.
Se o meu querido leitor anónimo já tiver lido o suficiente do meu blog, saberá que a irracionalidade não é característica que aplauda… lol
Acho que a cabeça não foi feita para usar chapéu e que, se a usarmos, seremos garantidamente muito mais felizes… é o meu peixe, não tento vendê-lo a ninguém, come quem quiser.
O ciúme parece-me complicar as relações mais do que mantê-las e muitas vezes até aguçar apetites que não estavam lá anteriormente.

Há quem sinta ciúmes não só dos “mijas” do sexo oposto, como dos amigos, dos familiares, até dos animais de companhia (kid you not!)…
A isso, chamo simplesmente insegurança.
Ora se as pessoas gostarem genuinamente uma da outra, se a relação for saudável, equilibrada, se tudo estiver bem… que caraças de razões é que poderá haver para inseguranças?!

Dir-me-ão que as coisas não estão permanentemente “bem”, que há ups & downs…
Sem dúvida. E esses são os momentos perigosos, em que se abrem brechas nas relações, permitindo eventualmente a entrada de “intrusos”… Mas esses eventuais intrusos pertencem potencialmente a duas espécies; os que não têm qualquer hipótese e os que podem fazer perigar a nossa posição.

Os que não têm qualquer hipótese cheiram-se à distância… por muito em baixo que esteja uma relação, as antenas que captam o risco continuam sempre de pé, é uma questão de lhes dar crédito. Há simplesmente pessoas que sabemos totalmente incapazes de nos substituírem, haja um pouco de auto-confiança minha gente…. Qualquer das partes se pode até iludir quanto a esse facto, mas nós sentimos, nós sabemos que não há risco real.
Nesses casos o ciúme só servirá para acenar com a banana, para dar vontade de provar o fruto proibido.
Na minha opinião, se quiserem, é deixa-los(as) ir que voltam, ainda melhores do que foram porque agora com termo de comparação… hehe

Os outros, são de facto perigosos, têm potencial…
E o que podemos nós fazer?
Na minha opinião, manter-nos fieis a nós próprios, agarrarmo-nos aos nossos pontos fortes e tentar que o outro não os esqueça, e cruzar os dedos…
Se se abriu de facto uma brecha que, por ironias do destino, permitiu que alguém pusesse um pé dentro, seja a que nível for, o mais que podemos fazer é esperar ser “o escolhido” quando as coisas chegarem a esse ponto.

E se for na nossa brecha que entrou, se formos nós os “infractores”, que a cabeça nos consiga guiar no bom caminho e que, para além das emoções, para além da adrenalina da novidade, consigamos de facto destrinçar o que é de facto importante para nós.
Para mim, a antiguidade, o conhecimento e a consciência das coisas boas que temos na vida vale ouro, não ponho isso em risco por dá cá aquela palha.

O que nos leva à última parte da questão… então, no limite, vale tudo?!
Não, não, não… e eu nunca defendi isso.
Não acredito em poligamias… (mais uma vez é só o meu peixe… ;)
Não penso que uma pessoa se possa dividir, dividir os seus afectos, dividir a sua entrega, uma só já pede demasiado de nós.
Acho que uma relação a dois é uma coisa muito séria, composta de várias faces todas elas importantes. Não acho que haja lugar para relações a vários, isto em termos amorosos, claro está.

O que não quer dizer que não possa “acidentalmente” acontecer.
Mas aí, logo que possível, é preciso lidar com o facto, separar o trigo do joio, perceber onde param as modas, o que aquilo é na realidade.
Mas sabem que mais… quando chega a esse ponto já os dados estão lançados… quando nos perguntamos o que aquilo é, normalmente já o sentimos antes e sabemos, quanto mais não seja a nível inconsciente, onde é que as coisas vão parar.
Quando surgem as perguntas é mais uma questão de assumirmos se vamos voltar de cabeça baixa ou virar outra página da nossa vida.

Quando menciono a isenção de exclusividade de afectos não falo em termos românticos ou amorosos. Acho que o nosso coração é compartimentado e que há lugar para todos. Há um cantinho para o amor, um para as amizades, outro para a família e ainda sobra espaço para vários outros tipos de relações humanas ou animais…

Espero ter estado à altura do desafio. ;)


6 comentários:

  1. Seriously...

    "Na minha opinião, se quiserem, é deixa-los(as) ir que voltam, ainda melhores do que foram porque agora com termo de comparação… hehe"

    Na minha opinião se forem já não voltam, estejam melhores ou piores.

    Tem tudo a ver com confiança.
    Uma vez quebrada, já não há volta a dar.

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  2. A Inteligencia Racional faz-nos pensar de uma forma mas a Inteligencia Emocional de cada um de nós actua conforme as circunstancias do momento. As duas não estão necessariamente alinhadas.

    Cada momento e cada experiencia é unico para cada pessoa.

    Gostei de saber a opinião da Cristina sobre este tema.

    Obrigado !

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  3. Percebo perfeitamente o que dizes.

    Talvez seja sorte não sentir ciúmes, talvez seja um exercício ou quem sabe um defeito. Mas nunca vi alguém ganhar fosse o que fosse com isso, a não ser mal-estar, mau viver e sofrimento.

    Ninguém sai a ganhar absolutamente nada, só isso.

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  4. Ora nem mais!
    As pessoas ou estão porque querem, porque gostam e porque sabem que querem e que gostam ou rien à faire...
    Tenho uma enorme dificuldade em entender o "quando se gosta há sempre ciúme", particularmente quando chega ao ponto da desilusão:"se não tens ciúmes é porque não gostas de mim". O Santa, mas por quê?
    Será que as pessoas não sentem uma certa (certissima, diria eu) humilhação no aprisionamento do ciúme? Será que o facto de acharem que o outro está porque há um maior ou mais discreto controlo não as incomoda?
    Será que não sentem que não se "pode", e muito menos deve, estar com alguém porque é "nosso" como uma pertença material?
    Pano para mangas, como bem descreves. Fico-me por aqui...

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  5. Bom post, Cristina. Por estar bem escrito mas sobretudo por resultar de vivências sentidas e reflectidas.
    Fico freguesa!

    Beijo,

    Vera

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