segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Tempestade em copo de água

COM MÚSICA


Nos últimos dias o “caso Maitê Proença” entrou-me pela vida a dentro, sem pedir licença, como não me lembro que alguma notícia (?) o tenha feito desde o 11 de Setembro…

Recebi dezenas de mails sobre o assunto … dezenas!!! No facebook a mesma coisa, rara foi a vez em que o abri que não houvesse alguma alusão ao tema. Ao levar o meu filhote à escola, ouvi o pedido de desculpas na rádio. Li sobre ela num blog amiguinho. Falou-se disso em ocasiões sociais. Sei que até na televisão passou…

Tanto portugueses como brasileiros gastaram horas de vida a divagar sobre o assunto.
Deram-se ao trabalho de escrever textos, de deixar comentários aqui e ali, chegaram ao ponto de elaborar vídeos de resposta, o Youtube está cheio deles.

Tudo isto ainda era como o outro, se não têm mesmo nada mais interessante que fazer, não fora a natureza violenta, tanto no conteúdo como na forma, da maior parte das demonstrações de desagrado a que tive acesso.
Li e vi coisas que me chocaram e acreditem que não me choco com facilidade… insultos, palavrões, agressões verbais do mais baixo nível e até ameaças.


Grande parte não era dirigida só à senhora (?) em questão mas a todo o povo brasileiro. Povo este que também reagiu… uns com vergonha, com pedidos de desculpa, outros pagando na mesma moeda.

Desculpem mas não acho isto normal… o que se passa com o mundo?
Só uma pessoa acéfala filmaria, em primeiro lugar e deixaria ir para o ar seguidamente, uma peça daquelas. Só uma pateta faria um pedido de desculpas tão desenxabido.
E milhares de pessoas entram em ebulição?! “Aquilo” tem o poder de desencadear isto?!

Lamento mas não pode ser tudo por causa do filme… o filme é uma desculpa, um pretexto para deixarem sair livremente toda a raiva, toda a fúria que têm dentro de si.
Se toda essa energia fosse utilizada em defesa de boas causas, como o mundo poderia ser um sítio mais agradável. Mas pelos vistos o ser humano mais facilmente destrói do que constrói, que pena…

13 comentários:

  1. Acho que o que irritou as pessoas, foi ela vir para cá com aquela cara de sonsa, que ama muito ‘Portugau e os portugueses e tal e ao mesmo tempo ter feito aquele vídeo. Soou a coisa de gente falsa e isso ninguém gosta. Ainda por cima foi passado num canal de televisão, se não tivesse passado, talvez ninguém ligasse.

    Experimentem a fazer um vídeo a gozar com os brasileiros e a passar num dos nossos canais e veremos o resultado.

    C. as pessoas das causas são as mesmas. Sim, eu sou a mesma que lhe enfiava de boa vontade uns cascudos e ajudo a Miss das Castanhas ou outra que me aparecer pela frente.

    O filme não é uma desculpa ou pretexto para deixar sair a raiva ou fúria. O filme é a causa, que é completamente diferente. O que não quer dizer que as mesmas pessoas não sejam capazes das tais boas causas.

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  2. C. estou completamente de acordo com a MAC. Acrescento que um video desses não se faz por ingenuidade ou acidente. Faz-se por má fé. Cuspir num monumento nacional e dizer o que a menina disse ultrapassa o mau gosto - mesmo para quem não o tem. Actor, realizador, produtor, editor, director - na estação TODOS são responsáveis. Nestes casos é de bom tom os embaixadores, no mínimo receberem instruções para apresentarem uma nota verbal de desculpas.

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  3. Concordo contigo que o assunto é de lana caprina. Mas, já que aqui estou...

    A mulher tem obviamente pouco gosto e menos neurónios activos. Mas concordo com o Benjamim: se ela tivesse feito um vídeo com o telemóvel e o pusesse no "Youtube", era uma coisa. Passado num canal televisivo é outra e quer dizer que este género de javardeiras, no Brasil, tem audiência.

    E isto acontece, na minha modesta opinião, porque os brasileiros têm, cultural e colectivamente, em relação aos portugueses um sentimento que costumo chamar "complexo colonial" e que verifico, em maior ou menor grau, em todos os povos que foram colonizados e acederam à independência num passado não muito longíquo. É verdade nos argelinos face aos franceses,nos brasileiros face aos portugueses e mesmo, ainda, nos americanos face aos ingleses. É um sentimento misto de leve ressabiamento e vaga simpatia, como o que os adolescentes sentem em relação aos pais e os ex-cônjuges(por vezes)em relação aos ex-cônjuges, resultando naquela atitude idiota que é tentar provar algo para provar que não há nada a provar. Que, se a esperteza não abundar, pode resultar num vídeo deste género.

    Como é que os portugueses, enquanto entidade colectiva, devem reagir? Sorrindo como um pai sorri ao dislate de um adolescente. Então vamos ficar preocupados com os bitates que nos mande um país que não consegue erradicar as suas favelas, em que a vida tem o valor que tem, para ladrões como para polícias, em que as pessoas andam na rua em permanente convívio com o medo, em que o poder judicial não cobre uma parte significativa da superfície, etc., etc.? Só se fossemos parvos.

    Se uma norueguesa mandasse bocas, podíamos sentir algum mal-estar pelas nossas deficiências. Mas uma brasileira?

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  4. O CMata tem de facto razão ao falar no complexo de colonizado dos brasileiros relativamente aos portugueses. Ainda por cima com uma independência preparada pela coroa portuguesa. Os brasileiros que vivem em Portugal têm uma atitude diferente ao integrarem-se na sociedade portuguesa embora se mantenham em clã. Os outros países não têm complexos de colonizados face a Portugal, pelo contrário Portugal - sem motivos hoje - é que manifesta muitas vezes um complexo de colonizador.
    Imaginem o que seria se um actor português fizesse algo parecido num monumento nacional brasileiro?
    Não se trata de uma tempestade num copo de água nem de nacionalismo exacerbado mas de relações políticas, diplomáticas e económicas - afinal Portugal é um dos maiores investidores estrangeiros no Brasil - que um grupo com poucos neurónios sedento de audiência pode impunemente fazer. O melhor de facto é esquecer o incidente e considerar a menina em questão "persona non grata".

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  5. Maczinha... apesar da tua afirmação de que lhe "enfiavas de boa vontade uns cascudos", não acredito de todo que o fizesses se a apanhasses efectivamente pela frente... e ainda bem, quer dizer que és uma pessoa sensata e equilibrada.
    Já não ousaria fazer a mesma afirmação relativamente a muitas das pessoas de quem li comentários. Acredito sinceramente que se atirassem, fisicamente, a ela se tivessem oportunidade nos próximos tempos. Aposto também que, no calor do momento, maltrataram outros brasileiros, mesmo que verbalmente, pessoas que não têm nada a ver com o assunto a não ser a sua nacionalidade.
    O que escreveste no teu blog não tem rigorosamente nada a ver com o que li noutros lados. Mencionei-o no meio do resto para realçar o facto de, nos últimos tempos, andarmos a ser invadidos pelo caso. Estou careca de saber que TU és capaz de despender a mesma energia (ou mais) por uma boa causa.
    Não me conseguem no entanto convencer de que as verdadeiras demonstrações de ódio, de xenofobia, de mau gosto, de total falta de educação e violência verbal são normais e justificadas.

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  6. As demonstrações de ódio, de xenofobia, de mau gosto, de total falta de educação e violência verbal não são normais e justificadas e lógico que não se pode generalizar um povo, através de um espécime acéfalo. Nisto concordo contigo. Só podia :))

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  7. Dizes "Já não ousaria fazer a mesma afirmação relativamente a muitas das pessoas de quem li comentários". Falas por essa "internet" fora ou nos comentários a este "post"?

    Espero que seja a primeira opção. Porque se é na segunda, "demonstrações de ódio, de xenofobia, de mau gosto, de total falta de educação e violência verbal", por exclusão de partes só pode ser para mim e para o Benjamim. Pareceria-me forte, excepto o mau gosto, que estou sempre pronto a admitir, até porque gosto bastante de mim próprio.

    Só para que fique claro: dizer que um povo, neste caso o brasileiro, tem tiques colectivos, como por exemplo aquilo que eu chamei "complexo colonial", não é um insulto a cada um dos brasileiros, porque cada um, individualmente, pode perfeitamente estar a milhas desse sentimento. O que quer dizer é que na cultura que é assimilada junto da colectividade existem elementos que são absorvidos por uma percentagem significativa da população e que depois são reproduzidos em certos aspectos comportamentais, pelo menos por uma fracção significativa dessa população.

    E é por existir esse tique colectivo dos brasileiros (ou se quiseres, de uma fracção significativa dos brasileiros) em relação ao português que o programa passou lá na televisão. A Maitê podia fazer um vídeo parecido sobre os uzebeques, mas de certeza que não o passavam lá na têvê, porque não interessava a ninguém.

    Dito isto, todos os povos tem tiques e o português também. Um deles é o "complexo colonial ao contrário", como referiu o Benjamim. Outro é o sentimento de pequenez, aumentado pelo memória e pela mitificação da grandeza passada perdida, e por isso os telejornais transmitem grandes orgasmos de orgulho com o Cristiano Ronaldo. Mais uma vez, não quer dizer que cada português o sinta, mas muitos o farão e gerarão consequentemente afirmações ou comportamentos em consonância.

    Muitos desses tiques resultam, na prática, em preconceitos, e acabam por ser estruturalmente negativos. E quando alguém, como a Maitê, cai
    no insulto fácil do "nós brasileiros melhores que vocês portugueses", então não há mal, mas mesmo nenhum, em responder-lhe com um "olha, se vires bem, isso aí também não é o paraíso". Coisa que mais uma vez não é um insulto e qualquer brasileiro lúcido está pronto a admitir, por muito que ame o país, como qualquer português lúcido admitirá os muitos defeitos que temos.

    isto já vai longo. De facto, essa Maitê tem uma capacidade impressionante de nos pôr a falar.

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  8. Ó miguinho... tás-te a passar, não?!
    Então achas que o meu último comentário poderia ter alguma coisa a ver com algum de vocês?! Tá louco...

    Olha, isto é uma casa séria, senão fazia para aqui uns copy/pastes para perceberes do que estava a falar...
    Mas se estiveres interessado vai ao Youtube (por exemplo... tb podes ir ao blog da senhora, ou a qualquer outro lado onde se fale do assunto e sejam permitidos comentários...)e verás com os teus próprios olhos o que por aí anda.

    PS: Chiça, que hoje estás mesmo com ataques de verborreia... isso pega-se? lol

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  9. De facto no U Tube abundam os insultos mas curiosamente são maioritariamente ataques e insultos dos brasileiros aos portugueses.

    Por mim, esclarecida que foi para além de qualquer duvida que as afirmações de racismo e xenofobia não têm nada que ver com estes postes essa pequena de escassos neurónios não existe. Francamente devo admitir que se não fosse isto eu nem sabia que ela existia. Vê lá a força da comunicação. A terminar não posso deixar de salientar uma frase do CMata que define tudo: "A Maitê podia fazer um vídeo parecido sobre os uzebeques, mas de certeza que não o passavam lá na têvê, porque não interessava a ninguém.".

    Ponto final até ao próximo.

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  10. Realmente, já chega. Também já escrevi por aí que, de quem vem, não fico muito admirado. As piadas sobre Manéis e Joaquins abundam no Brasil, e é fácil ouvir dizer que as mulheres portuguesas usam bigode e fazem tranças com os pelos das pernas. É só dor de cotovelo de gente que tem consciência de ser natural de uma grande e rico país onde a riqueza é muito mal distribuída, que tem um dos mais corruptos sistemas políticos, e onde muito pouco se investe em melhoramentos sociais. Ah, e onde pouco se respeita o património, já agora. E o programa de tv onde aquela brincadeira passou é mais um convívio que serve essencialmente para umas amigas aliviarem tensões a ajavardar: há outros exemplos disso no Youtube. Para mais, a coisa passou-se há 2 anos. Depois disso já a senhora andou a namorar com um "Manel"... O pedido de desculpas ilustra bem o grau cultural da senhora, assim como evidencia arrogância em relação a um micro país que não "sabe", sequer, defender a sua (dele) língua, que ela massacra a seu bel prazer. Concordo com o que foi dito: complexo de colonizado, desejo de matar o pai. É para entender. Não é para ligar.
    A embaixada do Brasil já produziu desculpas públicas.

    É preciso entender que "eles" têm dificuldade em entender-"nos", já que não foram colonizados por novelas portuguesas. E ficam fulos com as "nossas" respostas, tendo em conta a forma como colocam as questões. Lembro-me de uma amiga minha, que tinha o telefone mudo, no quarto, a perguntar na recepção do hotel: "O senhor pode dizer-me o que se passa com o meu telefone?". E o recepcionista respondeu-lhe: "Posso. O seu telefone não funciona. Tem certamente uma avaria."

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  11. Disclaimer: depois do 11 de Setembro ainda houve o tsunami.

    Ainda hoje assisto às imagens de um e de outro de boca aberta, a pensar "não acredito, aquilo é impossível, não aconteceu, é filme". Esses sim, eu consigo tentar avaliar, cada um à sua maneira, como "cataclismos", grandes notícias, imprevistos crueis e irremediáveis.

    Ao video caseiro da rapariga, assisto de boca aberta como a um malabarismo de circo daqueles que sei que nunca seria capaz de fazer, por muito que treinasse. A minha estupefacção é directamente relacionada com o imprevisto também, mas por via da estupidez do "acontecimento", não da imutabilidade dos factos. Ainda que fosse possível os talibans pedirem desculpas (???), ainda que o mar corresse para trás, os estragos são irremediáveis, e isso é que transforma o acontecido em notícia (esta palavra era para ser sublinhada, mas o HTML e eu não casamos).

    A amiga Maitê vai para casa, alguém por ela faz um pedido de desculpas oficial, e fica tudo na mesma à face da Terra. RIP o "assunto" dela, foram os seus 15 minutos de fama.

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  12. Ora bem... nem mais. ;)

    E é verdade, tinha-me esquecido do tsunami... esse também me entrou de facto pela vida a dentro, felizmente em sentido figurado.

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  13. Só para que alguns não fiquem a pensar que a conhecida senhora brasileira "até possa ter alguma razão", aqui vai a explicação do Nº 3 "ao contrário" em Sintra.

    Se alguém, neste caso, tem de se envergonhar, não somos nós; é ela, por ignorância.
    Em Portugal costuma dizer-se que "a ignorância é a mãe do atrevimento"...

    Sintra foi terra de Templários, Maçonaria, Priorados e Orgias. Dizem os entendidos na matéria, que o facto de o Nº 3 se encontrar ao contrário era um sinal para as pessoas de fora identificarem um local do culto secreto.

    Quem conhece a história de Sintra sabe que aquela porta pertence ao antigo Hotel Victor, frequentado por Eça, Camilo, Ramalho e outros grandes intelectuais do Séc. XIX, e que, como é sabido por quem leu, surge inclusivamente retratado nos
    Maias.
    É também de recordar que quem mandou construir o Hotel Victor foi Victor Sasseti, dono do Hotel Bragança em Lisboa, maçon e grande amigo de António Carvalho Monteiro e de Luigi Manini, que lhe fez o projecto do Cottage Sasseti na encosta dos Mouros, agora propriedade da Câmara.

    É óbvio que Sasseti mandou colocar o Nº 3 "ao contrário" ... de propósito!

    Nesta encantadora Sintra tudo tem um certo espírito secreto ...

    Pena é que a mediática senhora não tenha arranjado ninguém para lhe explicar a simbologia do 3 : o 3 invertido, tal como o triângulo invertido, representa o princípio masculino.
    O Nº 3, tal como o 5 ou o 7, tem importantes conotações maçónicas (e.g., os 3 símbolos da Maçonaria são o esquadro, o nível e o fio de prumo).
    Três são também as Graças, como se pode ver no painel da Regaleira.
    Já para não falar da triplicidade do tempo (passado, presente e o futuro) e de outras coisas que davam pano para mangas.

    Espero que ajude ...

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