sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Quem sou, de onde venho, para onde vou?

COM MÚSICA



Quem somos nós para os outros?
Que importância temos nas suas vidas?
Como nos relacionamos com eles?

Para alguns, filhos, pais, somos o centro do universo, a vida gira à nossa volta. Não se imaginam a viver sem nós.
Para outros, com quem nos vamos cruzando, somos perfeitos desconhecidos, figuras humanas na multidão. Passam por nós sem sequer nos verem.
Pelo meio… muitas atitudes, muitas opiniões, muitos sentimentos.

Há quem empatize connosco e quem não nos grame. Quem nos ponha nos píncaros e quem nos mande abaixo. Pessoas com quem nos damos melhor ou pior, de quem gostamos mais ou menos… Todos terão alguma opinião sobre nós, assim como nós as temos sobre eles.

Aquilo de que nos apercebemos da visão dos outros sobre a nossa pessoa é um bocado como um espelho de quem somos.
É no entanto igualmente uma armadilha pois, na minha opinião, pode fazer efeito de pescadinha de rabo na boca…
Vejamos, por exemplo a questão da auto-estima. Se não gostamos de nós próprios, como poderão os outros gostar? Mas se os outros não gostarem, estarão de certo modo a validar o facto de nós não gostarmos, criando assim um círculo vicioso.

Por outro lado, a nossa percepção pode ás vezes fazer efeito de espelho deformante. Tal como os anorécticos se vêm gordos no espelho, também nós ás vezes nos enganamos na leitura dos sinais que nos chegam.

Convém ter em conta que nem todos nos conhecem bem, alguns, provavelmente a maioria, terão uma noção muito superficial do que somos, oferecendo assim um feed back deficiente, incompleto. Podemos no entanto tê-los todos em conta, pois qualquer informação pode ser relevante, qualquer novo dado importante.

Todos, julgo eu, gostamos de nos sentir apreciados, respeitados, amados… para isso tomamos uma série de atitudes na vida. Só que, muitas vezes, tomamos a atitude que julgamos que o outro apreciará em vez da atitude que ele irá apreciar de facto. Agimos baseados em “suponhâmos" que nem sempre têm a ver com a realidade.

Todos erramos de vez em quando, o que não quer dizer que “sejamos” os erros que cometemos. Como se costuma dizer “viver e aprender”… Se não nos dermos abébias também não as poderemos pedir aos outros. É falhando e tentando de novo que se aprende.

É também ouvindo e estando atento, que se evolui… Os outros nem sempre estão errados, não somos detentores da verdade absoluta. Por muito que possa custar, às vezes há que se render à evidência de que qualquer coisa não está a funcionar como deve de ser.

Se tentarmos repetir o que nos corre bem e afastar-nos do que deu maus resultados, já é meio caminho andado. Olhando para as nossas características várias, optemos por estimular as que mais alegrias nos trazem, exploremos o nosso potencial positivo.

O facto de admirarmos, de respeitarmos uma pessoa, pelo seu sucesso, a sua inteligência, a sua cultura, a sua beleza, ou seja lá o que for, não quer dizer que gostemos dela. O mesmo se passa com nós próprios, o facto de nos podermos eventualmente ter em grande conta, não quer dizer que nos apreciemos realmente, que nos tratemos bem, como se trata alguém de quem se gosta…

Muito facilmente analisamos e comentamos a vida alheia e não estou a falar em mexericos e fofocas.
De vez em quando, em conversa, com os próprios ou com terceiros, surge naturalmente uma crítica. Damos a nossa opinião, fazemos eventualmente sugestões de como se poderia alterar um estado das coisas que não consideramos saudáveis.
Também acontece o contrário, louvamos atitudes alheias e gabamos-lhes os resultados.

No entanto, como se costuma dizer “a educação começa em casa”… Aquilo que fazemos relativamente aos outros, muitas vezes não o fazemos interiormente, relativamente á nossa pessoa.
Ás vezes tenho um bocado a sensação de que as pessoas “falam”, agem, consigo próprias como o fazem com os seus animais domésticos, por exemplo…
Ninguém explica a um cão porque não deve fazer xixi no meio da sala ou que tem de comer ração de dieta porque está doente. Agimos e falamos sucintamente, relacionamo-nos com eles a um nível muito básico e intuitivo pois sabemos que não têm capacidade para mais.

Com os seres humanos argumentamos, racionalizamos, exemplificamos, explicamos… fazemos uma ginástica muito maior, basicamente somos obrigados a pensar mais.
Então porque tantas vezes nos comportamos perante a nossa própria identidade como se fossemos animais irracionais? Zangamo-nos, pomo-nos de castigo, damo-nos miminhos ou felicitamo-nos por algo que tenhamos feito como deve de ser… mas muitas vezes não passamos de uma abordagem básica, não procuramos o porquê das coisas, não analisamos os nossos actos e as suas consequências…

Na minha opinião, para sermos felizes, precisamos de ter uma coluna vertebral sólida mas maleável e um cérebro funcional e aberto.
Não interessa o que os outros pensam de nós mas dá jeito termos em conta o seu feed back, para analisarmos a nossa postura perante a vida e tirarmos as nossas próprias conclusões.
Face a isto estamos sempre a tempo de mudar, espera-se que para melhor, de alterar a nossa maneira de ser.
O que me parece realmente importante é levarmos a vida conscientemente e sermos alguém de quem gostamos muito e a quem tratamos bem. Podemos ser quem quisermos.





6 comentários:

  1. ... tiro no porta avioes...

    ...o que é bem dificil é sairmos do jogo dos espelhos...

    ...sem nos darmos conta entramos nele em 3 tempos...

    ResponderEliminar
  2. Sim e não.

    Se falamos de corrigir defeitos sérios, em nós ou nos outros, estou de acordo.

    Mas, por outro lado, há pequenos defeitozinhos, coisas inócuas, parvoíces, sem os quais os meus amigos não teriam a mesma graça. Tolerar esses pequenos vícios é, até, a argamassa da amizade.

    Também tenho os meus tiques chatos, e sei, e conscientemente não estou disposto a gastar tempo e energia a mudá-los. Aturo-me assim. Aturem-me também.

    ResponderEliminar
  3. Bem, Pedro... pela resposta do Carlos foi mais um tiro na água... mais uma vez não me consegui fazer compreender.. :(

    Não estava a falar em "corrigir" nada, desta vez... era mesmo uma questão de quem somos no nosso âmago... de como reagimos perante a vida, de como nos vemos a nós próprios e de como os outros nos vêm a nós... estava a falar no todo e não no detalhe.

    ResponderEliminar
  4. Desculpa lá, Cristina, mas quem não se conseguiu fazer compreender fui eu.

    Três coisas:

    1) Estavas a falar em corrigir. E não há nenhum mal nisso. Dizes: "Face a isto estamos sempre a tempo de mudar, espera-se que para melhor, de alterar a nossa maneira de ser." OK, usaste os verbos "mudar" e "alterar". Podias ter usado "corrigir" que a frase e o texto mantinham o seu sentido.

    2) Como disse, e repito, estou de acordo com o que escreveste. Falas de identidade e de evolução. A evolução para melhor da nossa identidade passa por corrigir, desculpa, alterar certos aspectos da mesma que nos afastam da "felicidade" que podemos sentir ou proporcionar aos que nos rodeiam. Esses aspectos seriam os nossos "defeitos". E analisar o modo como os outros nos vêem ajuda-nos a fazermos a crítica de nós próprios e evoluir. Mais uma vez: de acordo.

    3) O que digo também no meu comentário é que o raciocínio acima pode ter um limite. Pode já não ser aplicável a coisas miúdas. Todos teremos pequenos defeitos, pequenas manias sem grande importância e sem grande consequência, que acabam por se tornar parte importante da nossa individualidade e da dos que nos cercam. São como pequenas rugas ou madeixas brancas que não desfeiam, antes avivam, uma cara bonita. E, no que toca a estas pequenas coisas, a minha pergunta é: vale a pena mudar, mesmo que possamos? Quanto mais para velho vou, mais dúvidas tenho. E, como te conheço, até creio que este não será um ponto em que estejas de acordo comigo.

    Para terminar: mesmo que houvesse divergência (que na matéria de fundo não há) tal não significaria incompreensão. Os textos, assim que acabam de ser escritos, passam a ter dois donos: quem escreveu e quem lê. E por isso podem ser compreendidos e valorizados de maneiras muito diferentes.

    ;-)

    ResponderEliminar
  5. lol

    1- Leva lá a bicicleta

    2- OK

    3- Pois que não estou de facto de acordo contigo... acho que se nós(este é o ponto importante) o consideramos "defeito" devemos tentar erradicá-lo.

    Para terminar também... sinto que, muitas vezes, as questões de fundo do que escrevo são menosprezadas em prol do detalhe.

    PS: Não, não tirei nenhum curso de HTML... fiz batota... escrevi primeiro no nosso sitezinho e fiz copy/paste para aqui. hehe

    ResponderEliminar
  6. Olá! Com licença; deixe apresentar-me: sou Jeferson, um homem comum que gosta de escrever. Quando tenho um tempo saio em visitas a blogs, seguindo a seta que aparece no auto da pagina inicial (próximo blog>>). Posso afirmar que é uma experiência “deliciante”.
    Quando encontro um blog bem legal eu posto um comentário e deixo o convite para que conheçam o http:jefhcardoso.blogspot.com/ .
    Gostei do texto. Um início em verso e um desenvolvimento em prosa; foi crescendo em prosa, afastando-se do verso.
    Feed back deficiente (bem original); eu nunca havia atentado para a possibilidade de haver deficiência no feed back em si.
    A metáfora usando o exemplo de nossa relação com os animais domésticos fora algo fantástico.
    Concordo. Amor próprio é o que nos fortalecerá em todo tempo.
    Abraço: Jefhcardoso.

    ResponderEliminar