COM MÚSICA
“Time flies like an arrow”, na versão original.
;)
O tempo não se consegue parar, não se consegue amealhar, não
se consegue multiplicar… é um bem escasso e valioso, que convém gerir com o
máximo cuidado.
Ouvimos com cada vez mais frequência a afirmação “não tenho
tempo”… a realidade é que o dia sempre teve 24h e a semana 7 dias, nós é que cada
vez mais tentamos meter o Rossio na Rua
da Betesga. Ás vezes, ao ouvir os planos de alguém para o dia ou para a semana, pergunto-me se não terão mesmo a noção de que, ainda que tudo corresse sobre rodinhas, sem imprevistos nem atrasos, seria impossível encaixar tudo naquela porção de tempo.
Dei-me assim conta que, curiosamente, muita gente não tem realmente consciência de que se fizer
A não poderá fazer B e de que é na pratica uma escolha totalmente sua. O tempo não sendo elástico há portanto que, como em tantas outras coisas na vida, de fazer opções.
Podemos e devemos gerir o nosso tempo exactamente como o
fazemos com o nosso dinheiro, por exemplo. Parte dele teremos normalmente de “gastar” em
obrigações, tarefas, responsabilidades e compromissos que vamos assumindo. Do
que sobrar, muito ou pouco, poderemos dispor.
Só que, se em relação ao dinheiro as pessoas têm geralmente
a consciência de que é finito, de que se o gastarem num lado não terão para
gastar noutro, etc… relativamente ao tempo alguns parecem julgar que é um saco sem
fundo e admirar-se depois por afinal não conseguirem fazer tudo o que queriam.
“Gosto imenso de ler mas não tenho tempo” costumava eu
dizer… no entanto, depois de ver a primeira época da série, entusiasmei-me com
a Guerra dos Tronos e li tudo de
enfiada (cerca de quatro mil e tal páginas) em poucos meses.
Como?! Vi menos filmes e series, passei menos tempo na net,
joguei menos, sei lá eu…
Já noutra escala, “nem para os meus filhos tenho tempo”,
ouvi eu recentemente… Como é que alguém
pode achar que não tem tempo para os filhos é uma coisa que me ultrapassa, mas
se calhar sou eu, que sou uma mãe galinha. Facto é que, se o tempo que lhes poderiam efectivamente dedicar
for aplicado noutra coisa qualquer, não sobra efectivamente para eles.
É tudo uma questão de prioridades.
Consciente ou inconscientemente, acabamos por arranjar tempo
para aquilo a que damos realmente valor e o resto é conversa. Claro que também
se pode dar o caso de sermos péssimos gestores e não termos noção do que é
realmente importante para nós na vida… ;)
Assim, muitíssimo mais do que nos damos conta, aquilo em que
utilizamos o nosso tempo acaba não só por nos definir como por ditar o rumo da
nossa existência.
O problema é que, vá-se lá saber porquê, não temos
normalmente esta visão sobre o assunto. Não temos a noção de que estamos de
facto a fazer escolhas de vida, a definir caminhos.
E às vezes acordamos um dia e damo-nos conta de que, sem
saber como nem porquê, perdemos coisas que realizamos fazerem-nos realmente
falta.
Na maior parte das vezes essas “coisas” são na realidade
pessoas, relações.
Tal como o dinheiro o tempo também pode ser desperdiçado, a
questão é o que isto quer dizer para cada um de nós…
Assim, tal como relativamente a tantas outras coisas,
chegamos a outra questão importante; a partilha. Podemos partilhar o nosso tempo
com terceiros, gasta-lo directa ou indirectamente com os outros ou usa-lo para
nosso exclusivo proveito.
Actualmente muitas pessoas dedicam alguns minutos (quando
não são horas) do seu dia a passear pelo facebook mas não perdem uns segundos para
responder a uma mensagem. São extremamente insistentes e persistentes quando querem alguma coisa dos outros mas não têm tempo para responder se forem
estes a tentar contacta-los. Há quem tenha tempo para ver a telenovela mas não para ler
uma história ao filho à hora de dormir. Quem vá regularmente ao cabeleireiro
mas não arranje disponibilidade para ir visitar a avó ao lar. Enfim...
“Diz-me o que fazes com o teu tempo, dir-te-ei quem és” - Seria também um bom ditado.
E se não tivermos tempo a perder com as relações humanas, se
não o investirmos nelas, se não o passarmos com, disponibilizarmos para, de alguma
forma, aqueles que são importantes para nós, um dia poderemos não o receber de
volta.
What goes around, comes around…
0 comments:
Enviar um comentário