sexta-feira, 17 de maio de 2013

No fundo, andam os submarinos…




Já todos ouvimos certamente dizer de alguém que “tem bom fundo”  ou que “ele/ela no fundo é boa pessoa” … vem geralmente antecedido por um “sim, mas…”.
O que isto quer dizer é que, embora a pessoa em questão se comporte geralmente como uma besta, tem na realidade bom âmago, bom coração.

A questão é que isso não chega, de todo.
Para se ser efectivamente boa pessoa não basta sê-lo “no fundo”, é preciso pô-lo cá para fora, pôr em pratica as boas acções que esse “fundo” nos sugere, agir em conforme, passar da teoria à prática.

Que importa que alguém divulgue boas causas se nelas não participar de alguma forma ele próprio? Que importa que se emocione com histórias comoventes se não se comover com os sentimentos daqueles a quem supostamente quer bem? Que importa que afirme amar do fundo do coração, se não tiver respeito ou consideração pelo ser amado? Que importa que apregoe ideias nobres se não as conseguir seguir?

Ser boa pessoa não se limita à capacidade de sentir, de sofrer, de amar, de se emocionar. Os fdp também têm sentimentos, são até capazes de sentir empatia ou compaixão. Não fazem é nada a esse respeito.
Não se limita também a compreender e transmitir teorias da vida, bons princípios, é preciso agir em conforme. Não chega ter discernimento para atingir o que é moralmente certo ou errado, é preciso escolher a opção correcta e viver em conforme. Não se pode ter uma bitola para os outros e outra para nós próprios.

Ninguém é sempre “bom”, nem sempre “mau”… somos humanos, logo falíveis.
Ninguém consegue ser totalmente coerente, embora seja uma coisa a almejar, é sem dúvida uma utopia.
Mas, os “bons fundos” só servem para baralhar, para confundir, para iludir, para que os outros ajam como se estivessem efectivamente a lidar com “boas pessoas”. No entanto, entre a teoria e a prática, entre as intenções e a concretização, vai um mundo, e sensibilidade não é de todo sinónimo de bondade.

Uma coisa é certa, o que fica no fundo, o que não sobe à superfície, não nos serve de nada.
De boas intenções está o inferno cheio.


COM MÚSICA

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