quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A diabólica menopausa.


Nos últimos tempos dei por mim a ter crises de angústia absolutamente terríveis, ao ponto de acabarem por despertar a minha Úrsula Adormecida.
Não as conseguia atribuir a nada de concreto. Se vos dissesse que tudo está fantástico para estes lados, estaria a mentir. A verdade, no entanto, é que já esteve bem pior. Não, a minha vida actual não parecia de forma alguma justificar este descontrolo.
Assim, tendo perfeita consciência do poder da mente sobre o corpo e vice-versa, antes que a coisa descambasse, tentei perceber o que se poderia estar a passar.

Não foi muito difícil, bastou parar para pensar um bocadinho, aperceber-me de todos os outros sintomas; a filha do demo estava de volta!
A menopausa não vem logo para ficar. Não, começa a rondar discretamente, afasta-se, volta subitamente, dá umas dentadinhas, torna a soltar… parece um gato a brincar com a presa.

Há cerca de um ano estive no fundo do poço, há muito tempo que não me sentia tão mal. Enfim, como dizia o outro, estive à beira do abismo mas dei um passo em frente… ;)
Estou hoje em dia profundamente convencida que foi a cadela que me pôs naquele estado e determinadíssima a não a deixar repetir a proeza.

Entrei na pré-menopausa há sensivelmente ano e meio e logo comecei a investigar o assunto, pois gosto sempre de saber com o que contar.
Cada uma de nós tem direito às suas maleitas, embora haja algumas mais comuns, que nos afligem com maior ou menor intensidade. Descobri no entanto que há uma série de sintomas potencialmente associados que nunca me passaria pela cabeça relacionar.

Se não controlarmos a coisa de alguma maneira, sentimo-nos literalmente a enlouquecer.
Pelo que consegui averiguar, parece ser hoje bastante consensual que as compensações hormonais sejam de evitar, devido ao risco de cancro. Pessoalmente não estou minimamente inclinada para assumir esse risco.

Os pais e/ou a escola preparam-nos para as primeiras fases da nossa vida, ninguém o faz para as últimas, temos portanto de aprender sozinhos ou deixar-nos ir com a maré.
Pessoalmente prefiro sempre tomar os assuntos em mãos.

Uma coisa que reparei foi que, não havendo propriamente um tabu, há pelo menos um certo pudor em falar sobre o tema. Confesso que me faz alguma confusão, dado que a troca de informações e de experiências sempre ajuda a que consigamos compreender o que se passa.
Não sei se terão visto um filme canadiano, de 86, chamado “O declínio do império americano”?!
Trata, grosso modo, de um grupo de amigos que, ao longo de um fim-de-semana, vai discutindo abertamente a sua sexualidade. Na altura gostei imenso do filme que me marcou bastante. Teria então cerca de vinte e poucos anos e lembro-me de ter citado, mais do que uma vez, em concordância claro está, a seguinte afirmação de um dos personagens masculinos:
[...] A única certeza que nos resta é a capacidade de agir dos nossos corpos. Se gosto, tenho ponta. Se não tenho, não gosto. Esta é a única maneira de testar. Como as mulheres que nos dizem "Amo-te como no primeiro dia" e que estão secas como lixa, quando dantes ficavam completamente molhadas só com um beijo no pescoço. [...]
Pois, a falta de informação é no que dá… leiam lá a listinha de sintomas, vá.

Outra coisa, é a convicção de que a menopausa é um assunto nosso, das mulheres…
Meus amigos, se vivem connosco aguentem-se, também é problema vosso, sim, exactamente da mesma forma que são problema nosso todas as vossas indisposições e doenças, estamos juntos neste barco, não sacudam a água do capote.
A maioria dos homens fica às portas da morte à mínima constipação mas espera que enfrentemos as nossas maleitas como se fossemos tanques de combate…
Pois esta merda não é pêra doce meninos e não é coisa para durar dois dias, é bom que se façam à ideia. Sem a vossa compreensão, a vossa ajuda, o vosso apoio, não vai ser nada fácil de ultrapassar e se correr mal vai sobrar para todos, garanto-vos.

Já ouvi falar de menopausas que decorrem “sem espinhas”, tal como de partos feitos com uma perna às costas (não sei se em sentido próprio…lol), são no entanto excepções.
São coisas por que temos de passar, façamo-lo portanto da melhor forma possível, começando por usar o cérebro, não faz sentido transforma-las em bichos de sete cabeças.

Há sintomas físicos e sintomas psicológicos mas estão de tal forma interligados que mais parecem uma pescadinha de rabo na boca.
Se, logo para começar, encararmos a menopausa como o princípio do fim, se começarmos a achar que, por causa dela, estamos velhas, é meio caminho andado para termos o caldo entornado no que diz respeito à parte psicológica.
Para além disso, convém evitar os macaquinhos no sótão pois, sendo o cérebro o maior órgão sexual feminino, estes vão garantidamente acabar por dar cabo dessa parte da nossa vida, o que convenhamos era uma pena. ;)

Na minha opinião a primeira coisa a fazer é encarar o facto que estamos a passar por um mau bocado e termos isso em consideração no nosso dia a dia.
Se é verdade que a ela associamos imediatamente alguns sintomas, como sejam os malfadados “calores”, outros há que são menos óbvios. Convém assim que saibamos o que esperar desta travessia do deserto, termos a noção que não vamos ter só os dois ou três incómodos de que sempre ouvimos falar mas potencialmente muitíssimos mais. Estarmos preparadas para lidar com cada um deles da forma mais eficiente.

Tudo aquilo por que passamos deita abaixo, não mata mas moí terrivelmente. Temos assim de poupar forças para o conseguir suportar, não armar em super-mulheres, pedir apoio, aceitar ajuda, exigir a compreensão de quem nos rodeia.
Se estivermos derreadas, a porta estará aberta para todos os males psicológicos. Mesmo tendo todos os cuidados eles estão sempre à espreita, as #”$%&## das hormonas encarregam-se de os invocar. O melhor é não lhes darmos muita importância, não alimentarmos a coisa.

Dito isto, não há fórmulas mágicas, cada uma terá de encontrar a melhor forma de viver com os seus sintomas. Há pequenos truques que podem ajudar, o artigo para o qual pus o link é dos melhores que encontrei na net e dá-nos dicas para cada “aflição”.
Para além disso é uma fase em que precisamos de muitas muletas… pois então usemo-las.
Temos falta de memória?! É para isso que servem agendas e lembretes… A porcaria da angústia não nos larga o osso?! Xanax pá carola… Tá seco?! Passáí o KY Jelly…

E sobretudo não esquecer que nisto, como aliás em tudo na vida, o nosso melhor amigo é sempre o sentido de humor… ;)


COM MÚSICA

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