terça-feira, 22 de agosto de 2017

FÉRIASSS!



   Como tem vindo a ser hábito, de há 13 anos para cá, fomos passar férias a Porto Covo. Este ano foi, no entanto, diferente
   Os amigos que tão simpática e generosamente nos costumam convidar, decidiram construir por lá e fomos para a casa deles em vez da que habitualmente arrendavam, o que acabou por se transformar numa verdadeira aventura.
   Começou por não sabermos, até à última hora, se seria possível ir para lá, dado que a casa estava ainda em construção. Durante meses fomos recebendo notícias do progresso da obra e alterando datas. Assim, fomos alternando entre não sabermos se a casa ia estar pronta a tempo e não sabermos se arranjávamos quem nos ficasse com a bicheza devido aos sucessivos adiamentos.
   Quanto a esta última questão, dado que acabámos por optar por uma solução em que uma família estrangeira se muda para nossa casa para o efeito, tendo, portanto, de reservar bilhetes de avião, alugar carro e tal e tal acabámos por ter de apostar, tipo poker, que a coisa fosse correr bem. Se não tivesse corrido estávamos já mentalmente preparados para ir acampar para o jardim de outro amigo, ele próprio com a casa já a abarrotar de gente, pois não nos seria possível ficar na nossa.
   A nossa única condição era termos uma retrete, tudo o resto dispensávamos, havíamos de nos arranjar. E foi o que fizemos. ;)
   As camas já tinham sido entregues pelo que também tínhamos isso, o que é um bocadinho mais confortável do que dormir em colchões insufláveis, mas chegámos a uma casa praticamente vazia, na qual, a funcionar, havia três retretes e dois duches.  O exterior, como alguém referiu, parecia Beirute.
   Na sala montou-se uma mesa de campismo e umas cadeiras dobráveis e fomos buscar umas pizzas. À noite lavámos os dentes no duche A partir daí foi só melhorar, todos os dias havia novidades. No dia seguinte montámos o frigorífico e passámos a poder ter comida em casa. Depois montámos o forno e o micro-ondas e pudémos cozinhar. Vieram de seguida montar dois dos três lavatórios e, para além dos dentes, passámos a também poder lavar uma loicita. Ás tantas improvisámos um balcão para a cozinha e foi uma festa, já tínhamos onde poisar coisas. Lá para o fim da estadia chegaram os sofás, que deixámos cobertos com o plástico de transporte, à chinesa, e a mesa da sala de jantar. Quando nos viemos embora já tinham colocado o lava loiças, uma das mais apreciadas melhorias.
   No exterior, ainda em terra, havia montes de pedras de calçada, gravilha, areia, tijolos e vento, o que quer dizer que tudo o que limpávamos no dia seguinte estava coberto de pó. Por muito que batêssemos os pés no capacho da entrada vinham sempre sujos. A mobília de jardim eram paletes, bidons, betoneiras e Bobcats. As decorações ferros soltos, baldes e bocados de plástico.



   A pedido do dono da casa, com uma embalagem de 150mts de rolo de plástico para charcutaria, improvisei cortinas, para que tivéssemos alguma privacidade à noite, candeeiros para quebrar a luz agressiva das lâmpadas penduradas no tecto, uma cortina de talho para uma porta que faltava, uma mesa de apoio, etc.


   De cada vez que tínhamos uma melhoria o que, como disse, acontecia diariamente, perguntávamo-nos como tínhamos conseguido viver sem ela anteriormente. A realidade é que estávamos todos tão mentalizados para acampar indoors que não nos incomodava realmente.
   Para alguns, talvez até mesmo para muitos, isto não são férias Pois fiquem sabendo que foram as melhores que tivemos nos últimos dezasseis anos! lol
   Foi tão giro ver uma casa a crescer aos poucos. Ir tendo todos os dias novas mordomias, coisas tão simples, que tomamos por certas em nossas casas. De manhã tratávamos de merdas e à tarde íamos para a praia, como de costume. Todas as noites jogámos, na nossa sala improvisada. Deu-me um gozo do caraças a improvisar coisas úteis com o rolo de plástico. Ainda arranjei tempo para ler e fazer dois chapéus em crochet. Ficámos doze dias, muito mais do que os habituais quatro ou cinco, enchemos a barriga de sol e praia e já estávamos com saudades da nossa casinha e das nossas meninas e voltei com um bronze fantástico, como já não tinha há muitos anos.
   Durante a estadia ia vendo, num grupo de WhatsApp para o qual tive a honra de ser convidada ;), fotos das férias paradisíacas deles, em paragens longínquas e hotéis fantásticos e senti zero inveja. Não quer dizer que não goste também de sair de cá, de arejar a cabeça, de me dépayser, como dizem os franceses, termo cuja equivalência não me ocorre agora em português. É aliás a única coisa que realmente me faz falta, nesta porcaria desta condição financeira em que nos encontramos; viajar.  Mas, para mim, não há nada que chegue aos calcanhares de umas boas férias passadas entre amigos.


   Mais uma vez, muito obrigada Sofia e Carlos, por estes dias maravilhosos que nos proporcionaram, bem hajam.


COM MÚSICA


2 comentários:

  1. Dépayser não tem tradução, acho. Nunca encontrei uma palavra portuguesa realmente equivalente.

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  2. Uf... então por isso é que me fartei de partir a cabeça e não encontrei nada... lol

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