sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Not fair...

COM MÚSICA



Gostamos de pensar que, se formos bonzinhos, se nos portarmos bem, se formos justos… o universo retribuirá.
Observamos no entanto que, infelizmente, nem sempre é bem assim.

Onde está a justiça numa mulher violada engravidar enquanto outras tentam desesperadamente ter filhos sem sucesso?!
Onde está a justiça em crianças perderem pais extremosos enquanto outras sofrem tormentos que parecem não ter fim nas mãos dos seus progenitores?!
Onde está a justiça em pessoas fantásticas sofrerem horrores devido a doenças ou acidentes enquanto verdadeiros filhos da mãe saltam levemente de nenúfar em nenúfar gozando de perfeita saúde?!
Etc, etc, etc…

Mas não só de “Injustiça Divina” sofremos na vida…
Não vou sequer entrar no campo da injustiça social, humanitária, etc… daria pano para mangas mas não era o que tinha em mente.
A realidade é que somos frequentemente injustiçados por quem nos rodeia, inclusivamente por quem está próximo e gosta genuinamente de nós, diria talvez até mais do que pelos outros. Acredito que, na maior parte das vezes, não seja voluntário ou sequer consciente… a tendência natural do ser humano não é propriamente ver o “outro lado” e, olhando predominantemente para o nosso próprio umbigo, muita coisa nos passará garantidamente ao lado.

A injustiça sendo das coisas que mais me revoltam, acredito em  fazer-lhe frente sempre que necessário. Tento estar constantemente atenta para não a praticar eu mesma e acho saudável e proveitoso fazê-la notar aos outros o que, embora nem sempre aconteça, muitas vezes faz com que seja assim corrigida.

Acontece que, para que isso seja possível, é necessária por um lado empatia e por outro capacidade de análise racional dos nossos actos e percepção do impacto das nossas acções nos outros. Ora, por razões diversas, geralmente de teor emocional, isso nem sempre é possível.

O exemplo mais flagrante do que estou a tentar transmitir é a adolescência, fase tão encantadora como terrível da vida do bicho homem. Altura em que geralmente as crias se revoltam contra os pais, cuspindo palavras e praticando actos de uma total injustiça.
Acontece no entanto com pessoas de todas as idades e em todo o tipo de relações.

Ora bem…
Acredito que a máxima que tenho em cabeçalho deste blog seja o caminho para atingirmos a serenidade, a paz de espírito.
Nesta questão (como em todas as outras…lol) parece-me fundamental a “sabedoria para perceber a diferença”… A realidade é que há injustiças contra as quais não vale a pena lutar, não vamos “mudar” nada.

As pessoas só vêem aquilo que querem ver e, volta não volta, ficam momentaneamente cegas e não há nada a fazer. Revoltarmo-nos contra esse estado das coisas serve para tanto como revoltarmo-nos contra o facto de termos partido uma perna, é um desgaste inútil.
Eventualmente os próprios um dia se dão conta disso, ou não… mas quanto a mim são casos em que convém termos “a serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar”.

Temos tendência a gritar a nossa indignação pois, vá-se lá saber porquê, temos a ilusão de que a vida deveria ser justa.
Pois meus amigos, azarete, não é.
Passar por este tipo de situações é tão natural como mandar uma biqueirada no pé da cama ou  levar uma joelhada nos tintins… Faz parte… ;)


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A peito

COM MÚSICA

Recentemente cheguei a uma conclusão que muito me tem ajudado; se as coisas boas e agradáveis que nos dirigem têm normalmente a ver com a nossa pessoa, com o que somos, com o que fazemos, o contrário já não é, na maior parte das vezes, verdade.


Embora não seja evidentemente sempre o caso, quando alguém de alguma forma nos magoa, quer seja através de palavras ou da sua omissão, de acções ou da ausência das mesmas, tem geralmente muito mais a ver com ela própria do que connosco.

Isto pode dever-se a “factores externos”; mau estar físico, um dia complicado, preocupações, stress, as fases da lua, sei lá eu…
Ou, ninguém sendo perfeito, aos nossos bugs, postos em evidência na relação com os outros. 
Mau feitio, agressividade, egoísmo, inveja, insegurança, ciúme, preconceito, prepotência, susceptibilidade, rancor, mentira, intolerância, etc, etc, etc… são coisas que facilmente, de alguma forma, podem atingir os outros, o que não quer dizer que o tenham obrigatoriamente “merecido”.
A tomada de consciência deste facto traz-me bastante serenidade e paz de espírito.

Como me dizia no outro dia um amigo, a quem tentava “vender” a teoria;
 “…foste omissa nas conclusões "meio filosóficas" que aparentemente deverão explicar porque motivo todos devemos seguir à risca o exemplo de Jesus Cristo.” lol

Confesso, envergonhadamente, não estar familiarizada com o exemplo de Jesus Cristo. Acho no entanto que percebi o que queria dizer, que julgo ter a ver com a história do “oferecer a outra face” e tal e coiso…
Não é nada disso que apregoo. ;)
Acho simplesmente que “entender” esta questão nos ajuda a ultrapassar a dor, digamos que funciona como um analgésico.

Assisti a um que outro episódio de uma série com reconstituições e relatos de sobreviventes de ataques de animais selvagens; crocodilos, ursos, tigres, pumas, elefantes, lobos, tubarões…
As pessoas foram desfiguradas, retalhadas, amputadas, algumas perderam familiares ou amigos. Passaram certamente por momentos atrozes, de dor física e psicológica.
Não houve no entanto uma única que demonstrasse ressentimento para com o animal em questão. Todas pareciam perfeitamente conscientes de que o que tinha acontecido se devia á natureza dos mesmos e ao azar das circunstâncias.

Este foi um exemplo caricatural do que estou a tentar transmitir mas que serve bem o propósito.
Não nego o sofrimento envolvido e estou certa de que, qualquer um deles, de futuro, terá muitíssimo cuidado para que a situação não se repita.
No entanto, esta compreensão das causas dos ataques parece trazer-lhes uma certa paz. 
Alguns deles, de certa maneira, até se “puseram a jeito”; o do tigre, por exemplo, enfiou o braço dentro da jaula… encara no entanto como uma consequência natural ter ficado sem ele.

A mágoa, o ressentimento, o levar a peito as situações e a vontade, ás vezes, de retribuir só provocam mais dor. 
Sermos capazes de, enquanto lambemos as feridas, perceber o que aconteceu e tentar resguardar-nos de futuras situações semelhantes, se possível, parece-me muito mais proveitoso e inteligente. ;)


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Para o infinito e mais além...

COM MÚSICA

Há já muitos anos que acredito que a nossa felicidade passe, obrigatoriamente, por aquilo a que costumo chamar “teoria da coerência”…  A harmonia interna parece-me indispensável à nossa paz de espírito. Penso ser extremamente importante que aquilo que pensamos, aquilo que dizemos, aquilo que fazemos e aquilo que sentimos vá no mesmo sentido.
Curiosamente, descobri há pouco tempo que já o Gandhi defendia a mesma ideia. ;)

Aqui há tempos dei por mim a “sofrer” de graves incoerências a vários níveis, razão pela qual decidi interromper a escrita neste blog. Precisei de reencontrar uma certa coesão, de crescer, como lhe chamei. Já me sinto de novo coesa qb… I’m back! ;)



A incoerência, observo, é socialmente bastante tolerada. Acredito que isso se deva ao facto desta afectar certamente muito mais o próprio do que terceiros.
Quem não conhece a frase “faz o que  eu digo, não faças o que eu faço”?!  Todos podemos apontar inúmeros exemplos de pessoas que defendem uma coisa e fazem outra. E o mais grave é que muitos nem sequer  parecem ter consciência disso.

A coerência total é evidentemente uma utopia. Não acredito que ninguém consiga ser completamente coerente a todo o momento. Não acho sequer que seja possível. Somos seres em permanente mutação, constantemente sujeitos a uma série de factores externos que nos influenciam a muitos níveis.

Falei em pensar, dizer, fazer e sentir… Estes tendem a organizar-se em pares; o pensar com o dizer e o fazer com o sentir. O conflito dá-se normalmente entre estas duas facções. Ou seja, as pessoas dizem o que pensam mas fazem o que sentem.
É aqui que a porca torce o rabo, é isto que nos atormenta a paz interior.
Então porque não mudar?!

Muitos defendem que não podemos “controlar” os sentimentos. Discordo totalmente, teoria comprovada pela minha experiência pessoal. Não digo que seja fácil, mas é sem dúvida possível. Acredito que sentimentos que não nos tragam bem-estar e felicidade não estão cá a fazer nada, mais vale erradica-los.  As crianças aprendem a controlar os sentimentos, o temperamento, para se conseguirem enquadrar. Porque é que um adulto não havia de poder fazer exactamente a mesma coisa?!

Mas não digo que tenha de ser o sentimento a mudar… porque não, em certos casos, seguir antes os nossos instintos, o nosso coração, se assim lhe quiserem chamar, e alterar antes as nossas ideias?
A educação que recebemos, a sociedade em que vivemos, as pessoas que nos rodeiam, incutem-nos ideias que não são forçosamente válidas para nós. Se acreditamos que uma coisa esteja errada porque não assumir essa ideia?

Ou seja, em caso de conflito, mudar de ideias, mudar de sentimentos, ambas as hipóteses são na realidade possíveis. Para podermos optar por uma delas temos de dar tantos ouvidos à nossa razão como ao nosso feeling e ver qual dos dois leva a melhor.
Qualquer uma das coisas requer muito trabalho e perseverança e sobretudo muita consciência, não é normalmente uma coisa que aconteça sozinha. Requer também muitíssima tolerância e paciência pois iremos certamente tropeçar muitas vezes antes de conseguirmos acertar agulhas.

O equilíbrio que iremos encontrando irá certamente ser transtornado aqui e ali, por esta e por aquela razão. Então, pontualmente, sentir-nos-emos como o mercúrio de um termómetro que se partiu. Mas se tivermos esta teoria em mente, cada vez mais facilmente nos iremos reencontrar.



Para o infinito e mais além… sei que nunca chegarei, mas ei de morrer a caminhar para lá. ;)


terça-feira, 29 de junho de 2010

Viver e aprender

COM MÚSICA



Dantes imaginava que o crescimento fosse uma coisa regular, progressiva. Quando tive o meu filho dei-me conta de que funciona por “saltos”. A roupa serve-lhe durante uns meses e, de repente, parece que de um dia para o outro, fica-lhe indecentemente curta.
O mesmo parece passar-se psicológica e emocionalmente.

Estou neste momento numa fase de crescimento… (vou ficar com um metro e oitenta…lol)

Acontecimentos recentes despoletaram em mim uma série de questões existencialistas, na onda do “quem sou, de onde venho, para onde vou”, que estou ainda a digerir.
São, na minha opinião, extremamente positivos estes “saltos de crescimento”. É nestas ocasiões que pomos certas coisas em questão, fazemos balanços das nossas vidas e  lhes afinamos o rumo.

Para isso preciso de me virar para dentro, o que é um bocado o oposto do que faço neste blog… deixo-vos então com um “até qualquer dia”. ;)


domingo, 20 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Make love, not war

COM MÚSICA



Conforme o meu caminho vai seguindo, cada vez mais, no sentido de não “comprar guerras” mais me vou dando conta de que o ser humano tem uma tendência naturalmente conflituosa.
Julgo que esta seja muitas vezes confundida com força de carácter, auto-defesa, chegar-se à frente pelos seus princípios, etc…

Todos nos sentimos pontualmente agredidos, directa ou indirectamente, por acções ou palavras de terceiros. Todos nos sentimos magoados, ofendidos, humilhados, injustiçados, indignados, etc… de vez em quando. A questão é o que fazer com esses sentimentos.

Se por um lado acredito que devemos defender os nossos interesses com unhas e dentes, hoje em dia pergunto-me sinceramente que interesses serão esses ás vezes. No que me diz respeito, aquilo que realmente me interessa é viver em harmonia com o mundo que me rodeia, num ambiente de paz e serenidade.
Se algo ou alguém ameaçar verdadeiramente este equilíbrio, serei a primeira a por as garras de fora pronta para o salto… no entanto a realidade é que, na maior parte das vezes, todos ficamos a ganhar se conseguirmos controlar esse impulso.

Ás vezes não é, sem dúvida, fácil. Como seres humanos que somos há coisas que nos afectam emocionalmente e a tendência é reagir. Fazê-lo, sobretudo fazê-lo embarcando de alguma forma numa “guerra”, nem sempre trará resultados positivos, ousaria mesmo dizer que antes pelo contrário. Notem que não estou a falar em discussões saudáveis, em por pontos nos iis, em fazer valer pontos de vista…

Senão vejamos, embora nem sempre seja o caso, frequentemente os “agressores” são pessoas que conhecemos, com quem mantemos algum tipo de relacionamento, possivelmente de quem gostamos até. As altercações deixam cicatrizes. As palavras, uma vez ditas, não podem ser recuperadas. O conflito azeda as relações.
As coisas têm para nós a importância que lhes atribuirmos. Perante uma situação desagradável podemos empola-la ou passar à frente recusando-nos a imputar-lhe mais peso.
Se a coisa efectivamente nos afectou poderá sem dúvida ficar alguma mágoa, mas esta estará presente em ambos os casos. Se embarcarmos numa troca de agressões poderemos inclusivamente por em risco a própria relação.

De qualquer forma, conhecendo ou não a outra parte, tendo ou não um relacionamento com ela, o que me parece estar em questão é o que se poderá eventualmente vir a extrair desse conflito. E aí é que a porca torce o rabo, se conseguirem analisar as situações da vossa vida, chegarão possivelmente à conclusão que geralmente não sai nada de bom. As pessoas ficam desgastadas, tristes, amargas e nada de positivo para nenhum dos lados surge do embate.

Temos tendência a levar a peito tudo o que “nos acontece”, a achar que tem directamente a ver connosco, a realidade é que muitas vezes não é o caso. As pessoas agridem-nos porque se levantaram com o pé esquerdo, porque por alguma razão não se sentem bem na sua própria pele, porque estão de mal com o mundo e nós estávamos à mão de semear. Se reagirmos é que a coisa se pode efectivamente tornar pessoal.
Ás vezes até é inclusivamente o contrário, as pessoas dizem coisas que nos agridem justamente porque nem sequer pensaram em nós, porque se o fizessem se calhar nem abriam a boca.

Eu, de há uns tempos para cá, opto normalmente por mandar vir com as paredes. Eventualmente desabafo com pessoas que não tenham nada a ver com o assunto. Grito a minha raiva aos ouvidos de quem as minhas palavras não afectam. Conto até dez, até cem, até mil, antes de responder na mesma moeda. O resultado é que a maior parte das vezes acabo por não o fazer e fico feliz por isso.  ;)



sexta-feira, 28 de maio de 2010

O circo

COM MÚSICA


Á alturas na vida em que me sinto uma verdadeira palhacita… esta é uma delas.

A gestão do “monstro”, apesar do trabalho que dá e do tempo que me ocupa, não me tem trazido grandes dissabores. No que diz respeito aos eventos, a coisa já pia de outra maneira.

Costuma dizer-se que “quem corre por gosto, não cansa”… mas… como todos sabemos, não é bem assim, ás vezes cansa um bocadinho… lol
Todos os eventos que tenho organizado me têm trazido verdadeiras dores de cabeça.

O primeiro jantar, ao qual compareceram  quase quinhentas pessoas, foi um verdadeiro desafio ao meu auto-controle.
Ainda muito verde nestas andanças, divulguei indicações extremamente detalhadas relativamente ás inscrições e respectivo pagamento, que quase ninguém seguiu, dando comigo em doida para conseguir identificar as pessoas.
Desde que o marquei até ao fim do prazo, desfiz-me em apelos e pedidos de colaboração, acabando inclusivamente, em desespero, por perder uma vez as estribeiras.
Achei que era giro fazer uma gracinha, um miminho, seguindo então a confirmação de reserva sob a forma do nosso cartão do Liceu…
Para além de conferir os extractos do banco, tentar associar os pagamentos aos respectivos membros e descobri-lhes as moradas de email para poder enviar a confirmação de reserva… ainda fiz mais de quatrocentos  copy/paste/montagens em Photoshopl!!!

Para o segundo jantar tive a fantástica ideia de tentar “fazer diferente”… 
(Acho que em parte lhe devo a minha úlcera.)
Esta envolvia valores fixos, como o aluguer do espaço, por exemplo, a dividir pelo número de participantes. Pois, brilhante… tive de me esmifrar até ao último dia, numa ansiedade brutal,  para acabar por conseguir reunir cerca de 60% das pessoas que tinham afirmado que iam… Não sei se estão a ver o que isso faz a um orçamento.
Depois queixaram-se de que o jantar tinha sido uma vergonha, o que por sinal não deixa de ser verdade, mas ninguém teve sequer em conta as cerca de duzentas pessoas (e respectivos pagamentos!!!) que houve a menos.

Para tentar atenuar o amargo de boca deste jantar tentei organizar uma Boum (festa)   que também ela me deu água pela barba. 
Depois das dificuldades e desaires iniciais para tentar mais uma vez organizar um evento original (hellooooo?!), decidi-me por uma solução chave na mão, num bar que reservei para nós, mais uma vez com base no número de pessoas que tinham afirmado estar presentes. Dias antes do evento, descobri que tinham anunciado no Facebook  uma festa “deles” para o mesmo dia e “parti a loiça toda”. Ele foram mails, ele foram telefonemas, ele foram gritos de indignação…
Se compareceram trinta pessoas já foi muito, o bar estava ás moscas, o ambiente uma verdadeira trampa e passei a noite a tentar enfiar a cabeça dentro do meu próprio decote para não ter de olhar para a cara do dono.

E cá estamos nós agora, no dia do fim do prazo do terceiro jantar…
(riam-se à vontade... eu também me rio, vá... Ha Ha Ha...)
Temos 131 pessoas inscritas, 76 que até hoje ainda não se decidiram… mas, vá lá… 70  já pagaram!!! Yééééééééé!!!
Avisei-os um bocado em cima da hora, é certo… só anunciei o jantar no dia 9 de Fevereiro… é complicado tomar decisões e ainda fazer transferências on such a short notice

Plagiando um amigo meu… “e merda?!”

Apesar das minhas afirmações de “nunca mais”, achei que não lhes podia “faltar”.
Desde Janeiro que ando a tratar disto… fiz pesquisas, fiz contactos, pedi orçamentos, visitei locais… mas “eles” não se conseguem decidir até à véspera…
Tendo de atirar com números, apostei em aproximadamente trezentas pessoas, já contando com as baldas devido ao flop anterior. Vou agora ter de anunciar ao restaurante que provavelmente nem aos cem chegaremos …

- “Parabéns por não seres «desistente». Tens desde já o meu apoio, incondicional. Obrigada por não desistires de nós!”
- “Que bom não desistires Cris :)”
- “Olé olé olé olá a cristina é do melhor que há! Um beijão minha Linda e obrigada por existires! má nada! ;-)”
- “Cristina, és a minha heroína…”
- “Grande Cristina! Venha mais um jantar!”
- “Cristina, parabéns por seres como és.”
- “Olá Cristina a Valente, Corajosa e Linda!”


É por estes “alguns” que tenho estas iniciativas idiotas…
O meu coração mole (esta merda não é suposta ser um músculo?!) não os quer decepcionar…

Mea culpa! Ninguém me pediu nada,  tudo o que fiz foi por iniciativa própria… 
Mas sabem que mais?! Não vale a pena o esforço, não vale a pena o trabalho, não vale a pena o tempo, não vale a pena o desgaste.

“À primeira todos caem, à segunda cai quem quer…” a quantidade de vezes que já caí e continuo a insistir?! Só tenho o que mereço… lol


domingo, 23 de maio de 2010

E viveram felizes para sempre...

COM MÚSICA

Para sempre?!
Bem… o amor é eterno, enquanto dura… ;)

Eu pessoalmente não acredito muito em sempres nem nuncas.
Na vida nada é garantido, ao longo do percurso muita coisa pode acontecer.

Durante a adolescência, não se pensa muito nestas questões. Vive-se o momento, a maior parte das vezes ardentemente, tanto física como emocionalmente. A vida é geralmente simples, sem grandes compromissos ou responsabilidades. Por muita importância que possam ter, os namoros são uma coisa acessória, não fazem parte integrante do nosso dia a dia. A nossa casa é a casa dos pais, são eles que mandam, as grandes decisões são eles que as tomam, nós limitamo-nos a contesta-las volta não volta. Ficamos felizes se pudermos passar uma noite com o ser amado, achamos normalíssima a raridade com que isso acontece.

Conforme vamos ficando crescidinhos o caso muda de figura, mais tarde ou mais cedo surge a questão do juntar trapinhos



Nos primeiros tempos das nossas vidas de adultos, isso tende a traduzir-se em casamento, com ou sem papel passado, mas na versão clássica da coisa.
Se há alguns sortudos que se ficam por aí, a maior parte irá passar por um que outro flop.
E com os insucessos vem a insegurança, o receio de arriscar, gato escaldado, como se costuma dizer…
O resultado é que se passa a utilizar mais a cabeça, o que não é obrigatoriamente mau. ;)

No início de um envolvimento amoroso, tal como na adolescência, simplesmente não se pensa.
No entanto, a partir de certa altura, começa a tornar-se evidente se a coisa está destinada ao sucesso ou ao fracasso.
No segundo caso, mais cedo ou mais tarde, irá morrer naturalmente.
No primeiro é então preciso definir o que queremos exactamente da relação e as opções são muitas.

Todos conhecemos variadíssimos casos de aparente sucesso.
Desde casamentos tradicionais a casais que vivem em países diferentes. Pessoas que optam simplesmente por ter cada um a sua casa e encontrar-se de vez em quando. Até casos em que os membros de um casal mantêm uma condição de semi-celibato continuando a ter relações extra-conjugais assumidas.
Cada um sabe de si…
A realidade é que o conceito de casal já não é o que era.

Livres do estigma social, as pessoas decidem da sua vida conforme as suas necessidades e o que faz mais sentido para elas. Basicamente, hoje em dia, juntar ou não trapinhos tem mais a ver com o lado pratico da coisa do que com o que sentem um pelo outro.

Depois do se põe-se a questão do quando… e aqui muitos vacilam, esperam por um sinal divino de que seja a decisão acertada, procuram certezas que nunca irão ter.
Se largar tudo e partir cegamente para uma vida a dois ao primeiro batimento cardíaco acelerado é, na minha opinião, uma atitude um bocado kamikaze, o esperar demasiado é uma perca de tempo. Se a coisa parece ter pernas para andar é fazer-se ao caminho.

Ai, mas e se a coisa dá para o torto?!
A coisa pode sempre dar para o torto… a coisa pode dar para o torto ao fim de muitos anos.
É uma questão de nos protegermos, de não nos iludirmos com contos de fadas e mantermos os pés na terra. Quem não arrisca não petisca, cada um terá de ter em conta o que está a por na mesa e se está realmente disposto a fazê-lo. Cada um aposta naquilo em que acredita, no que o seu instinto lhe sugere. Cada um se envolve e se entrega na medida do que é capaz.
E a mais não é obrigado… ;)


quinta-feira, 13 de maio de 2010

O mostrengo

COM MÚSICA

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar


A minha recente experiência de navegação, ao leme de uma casquita de noz com cerca de três mil e setecentas pessoas, leva-me á interrogação de como que raio será possível governar um país… deve ser um verdadeiro pesadelo. lol

Há quem lhe chame “o teu site”… confesso que se me eriçam os pelos dos braços, mais depressa seria eu dele do que o contrário.
Tenho-me sem dúvida dedicado a ele de corpo e alma mas sem qualquer sentimento de posse.
Acredito que seja a chave do seu sucesso, é de todos e não é de ninguém.

Nesta óptica tenho tentado ser democrática na sua gestão.
Sempre que surgem questões polémicas, relativas a decisões a tomar, abro votações e fóruns de discussão…
Temos uma abstenção que ronda os 95%. lol
A maior parte dos membros não o frequenta regularmente e suspeito que nem sequer tenha activada a funcionalidade de receber as mensagens que envio para todos.
Alguns simplesmente não querem saber.
Os outros dão-me água pela barba… ;)

A amostragem que temos é já suficiente para que haja um pouco de tudo.
Por entre os que se interessam em partilhar o seu ponto de vista, temos gente com posições tão díspares como o dia e a noite. A realidade é que há mesmo muitas opiniões possíveis relativamente a um mesmo assunto e nem todos sabem discuti-las pacificamente.

A primeira coisa que observo é que frequentemente lêem o que escrevo na diagonal…
Tento sintetizar o mais possível, apresentar as coisas com clareza, passo horas a escrever e reler cada comunicação, mas há sempre quem leia alhos nos bugalhos que transmito.

Como referi, costumo abrir fóruns de discussão sobre os temas… pois no entanto há sempre imensa gente que prefere comunicar-me a sua opinião em privado, facto que ainda não consegui compreender tratando-se de assuntos “públicos” e relativamente aos quais quanto mais se partilhar melhor para se tentar chegar a consenso.

A maior parte dos que se manifestam têm geralmente opiniões formadas sobre os assuntos.
Dou-me no entanto conta de que alguns não fazem a mínima ideia do que estão a falar, demonstrando uma total ignorância sobre o funcionamento e funcionalidades do site e sugerindo consequentemente soluções de bradar aos céus.

Tipicamente há sempre uma mão cheia de pessoas que toma as coisas a peito interagindo frequente e activamente nas discussões. Tipicamente são essas mesmas pessoas que acabam por me “acusar” de excesso de democracia. lol

A realidade é que, não sendo possível submeter a votação todos os detalhes de uma questão, há sempre coisas que terei de decidir por mim. Não é fácil. Tento ser ponderada, sensata, usar de inteligência… mas não deixo de ser humana estando portanto sujeita a erro. E uma vez as decisões tomadas, há sempre quem ache que cometi algum, não se pode agradar a Gregos e a Troianos.

Finalmente, como se tem verificado em várias ocasiões, apesar de se comprometerem, muitos não irão cumprir. Tal como a tia do Solnado, os nossos membros gostam muito de dizer coisas… mas entre o dizer e o fazer vai uma grande distância. As sondagens, votações e inscrições valem o que valem, ou seja, não valem grande coisa. lol

Tudo isto se resume numa valiosíssima lição de vida e num treino sem igual.
Graças a este meu “cargo” tenho aperfeiçoado competências na área da gestão e organização mas também da diplomacia, da tolerância, do controle de emoções.
Mas tenho-me sobretudo dado conta de que, desde que as coisas sejam feitas com o coração, com firmeza mas sem prepotência, com empenho, honestidade, frontalidade e transparência, apesar das diferenças, tudo acaba por se resolver.

Como alguém tão bem disse:
“… este site é literalmente uma CASA. Podemos ter idades diferentes, recordações diferentes, amigos diferentes, há quem cá venha mais, quem venha menos, mas para grande espanto do resto do mundo, somos membros da mesma "família". /…/ Não venho cá muito, mas gosto de saber que este canto existe e não há outras paredes onde estes retratos todos fiquem tão bem...”

;)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Amor e uma cabana

COM MÚSICA


Ahhh…amor e uma cabana… bonito… romântico… muito pouco realista… lol

Quando estamos apaixonados parece que o amor consegue ultrapassar tudo.
A realidade é que, para funcionarem, as relações requerem trabalho, investimento e esforço.
Nem tudo são rosas como possa parecer de início. Passada a fase do encantamento, há que começar a acertar agulhas.

As relações amorosas são, a meu ver, das mais complicadas e difíceis de gerir.
Com a nossa cara-metade partilhamos, voluntariamente, o nosso território, a nossa intimidade, o nosso quotidiano, os nossos prazeres e os nossos maus estares, os nossos problemas e alegrias … tudo isto numa base diária e geralmente sem grandes pausas para ganhar fôlego. Não é fácil, não.

O amor é ás vezes um sentimento cruel, que aproxima pessoas que não foram nitidamente talhadas para se entenderem.
Acredito bastante na teoria da metade da laranja, embora não ache que só exista uma única metade para cada um de nós.
Acredito mais ainda que certas pessoas nunca conseguirão ser felizes juntas.
Não, o amor não chega, de todo.
Quantos casais, unidos pela paixão, não viveram infelizes para sempre ?

Um dos primeiros erros que podemos cometer é tentarmos ser aquilo que achamos que o outro gostaria que fossemos. O nosso verdadeiro eu há de, mais tarde ou mais cedo, dar o grito do Ipiranga e aí temos a burra nas couves.
Quantas vezes não afirmamos gostar de coisas que não apreciamos realmente, amordaçamos certos traços do nosso carácter, alinhamos em actividades que não coadunam com a nossa personalidade, etc… para um dia nos perguntarmos quem é esta pessoa que vive agora dentro de nós.
E o pior é que, se deixarmos sair a que lá estava antes, o outro não a vai reconhecer e vai perguntar-se porque “mudámos”.

Não estou com isto a defender que não devamos fazer concessões, ajustar o nosso modo de vida ou inclusivamente rever os nossos anteriores pontos de vista. Acho simplesmente que temos de ter noção do que somos no nosso âmago e daquilo que estamos de facto genuinamente dispostos a mudar em prol da relação. Há coisas fundamentais para cada um de nós, ideias, princípios, posturas perante a vida, sem os quais perdemos a nossa coluna vertebral e nos tornamos seres amorfos. Outras são passíveis de ser alteradas e devem sê-lo se disso depender a relação, por muito que ás vezes nos possa custar. Teimar num “eu sou assim, sou assim, quem não gosta, come menos”, relativamente a tudo, usar de intransigência e esperar que seja o outro a adaptar-se a nós demonstra, a meu ver, não só egoísmo como de falta de visão. 

Da mesma forma que temos tendência a mudar para agradar ao outro, tendemos igualmente a não querer ver as suas características que nos são menos agradáveis. Por alguma razão se costuma dizer que o amor é cego. Tapamos o sol com a peneira, chegando inclusivamente a julgar achar piada a coisas, que normalmente não apreciaríamos de todo.
Tipicamente mais tarde elas voltarão então a assumir o seu papel de “defeito” aos nossos olhos.
Se tivermos consciência de que ninguém é perfeito, nós inclusive, muito mais facilmente aceitaremos que numa relação nem tudo o seja.
Se insistirmos em acreditar que beijando o sapo este se vai transformar em príncipe, estaremos a habilitar-nos a uma bela desilusão.

Outro erro frequente é o achar que havendo amor, empatia, companheirismo e todos os outros ingredientes que compõem uma relação amorosa, não há necessidade de palavras. Muitas vezes partimos do princípio que sabemos o que se passa na cabeça do outro. Muitas vezes estamos errados. Se qualquer coisa parece estar mal, provavelmente está, mais vale po-la em pratos limpos do que agir numa presunção de conhecimento de causa.

Da mesma forma ás vezes evita-se o dialogo por medo de um desfecho pouco favorável á nossa causa. O falar pode sem dúvida piorar as coisas antes de as melhorar, uma situação morna pode tornar-se quente ao ser verbalizada. Ninguém gosta de ser criticado, de ser apontado do dedo e a reacção imediata pode muitas vezes não ser das mais agradáveis. No entanto, se houver abertura de espírito de ambas as partes, o mais provável é que a situação acabe por se resolver. As discussões (no sentido inglês de “discussion” e não de “fight”) são a meu ver extremamente saudáveis, permitem por os pontos nos iis.

Uma relação é feita de dar e receber, ceder e exigir, tudo isto com conta peso e medida e tendo em consideração ambos os lados. Se a balança desequilibrar, dificilmente a relação se manterá saudável e agradável para ambas as partes. Não há fórmulas mágicas, cada caso é um caso, cada relação é única com as suas particularidades. Há que ir conhecendo não só o outro como a nós próprios, ir tendo noção do que é aceitável, do que é razoável, do que funciona para os dois indivíduos em questão. 

Mas sobretudo, nunca, mas nunca, tomar o outro por garantido… que nem planta no nosso jardim, se baixarmos os braços, se deixarmos de podar, adubar, regar, um dia quando dermos por isso já só encontraremos raminhos secos.