COM MÚSICA
Costumo pensar que se me dissessem que podia construir a casa que quisesse, como quisesse, onde quisesse, gastando o que quisesse... me ia ver absolutamente à rasca...
A realidade é que gosto de muitas coisas diferentes, muitos sítios, muitos estilos, muitos tipos de casa e construir uma que fosse coerente e onde me sentisse bem no fim, não ia ser nada fácil.
Felizmente isto é coisa que não acontece na vida.
Para começar não temos nunca todas as opções em aberto.
Não podemos escolher absolutamente o que quisermos.
Depois, construir uma vida é muito mais difícil do que construir uma casa.
Não nascemos e pensamos "quem é que eu quero ser?" e vamos em frente para construir esse "eu".
Não, na vida nós vamos sendo confrontados com as opções, uma a uma.
Vamos construindo a nossa casa sem ter uma noção do que irá ser o todo, o produto final.
Tiro um curso superior? Vou viajar pelo mundo? Tenho um filho?
E escolhemos um caminho...
E esse caminho não é necessariamente "o certo", porque não há caminho certo para começar, hà caminhos diferentes, uns melhores do que os outros.
Mas é o que escolhemos, e como é lógico não podemos tirar um curso superior e viajar à volta do mundo, pelo menos ao mesmo tempo. Ou seja, garantidamente se estivermos a fazer uma coisa nesse momento não podemos estar a fazer a outra.
Há casos em que a escolha a fazer é muito subtil. E é aí que as pessoas se confundem...
Não percebem ás vezes que não se pode ter dois tipos de vida completamente distintos ao mesmo tempo.
Vou dar um exemplo.
Quando o Pedro nasceu os meus amigos adoptaram o lema do "se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé" (ainda mais do que já faziam ; ) e continuaram as noitadas de jogo pela noite fora.
Quando o Pedro chorava, com cólicas por exemplo, eu entrava em choque.
Tinha passado o dia todo a ser mãe.
Tinha deitado o Pedro e trocado para o modo "joga".
E de repente entravam os dois modos em conflito...
Ao princípio ia lá e estava ansiosa, tinha deixado a minha mão de Tarot em cima da mesa. Ás vezes estava a ser um jogo interessante, tinha três ou quatro pessoas à minha espera. O puto nunca mais se calava...
Depois percebi que não se podem juntar os dois modos. Não se pode consolar uma criança com cólicas a pensar no jogo de Tarot. Podem-se conjugar as duas coisas se for alternadamente...
Então, a partir daí, quando estava com o Pedro no quarto estava toda eu no quarto.
E... milagre... não é que ele acabava por se calar muito mais depressa?!
Onde estou a querer chegar é a que temos constantemente de fazer opções na vida. Não podemos querer ser duas coisas ao mesmo tempo porque não funciona.
Quando estamos num papel temos de o seguir.
Temos de escolher.
Não dá para uma no cravo e outra na ferradura...
Isto ás vezes leva-nos às chamadas "loose/loose situations"...
Temos a sensação de que, seja qual for o caminho que escolhamos estamos a perder qualquer coisa.
Para esta situação, o exemplo do Pedro não é bom porque seria impensável ficar a jogar Tarot e não ir ter com o meu filho. Mas há situações em que a escolha é válida para ambas as opções.
Os dois exemplos que costumo usar de "loose/loose situations" são o "Príncipe das marés"e "As pontes de Madison County". Ambos são exemplos "românticos" mas são perfeitos para o que quero dizer.
Pode-se transpor para todo o tipo de outras situações, de estudo, de trabalho, etc...
Em ambos os casos "o nosso heroi" (LOL), num caso masculino no outro feminino, é levado a escolher entre um grande amor, cheio de chama, de paixão, e o casamento e os filhos.
Em ambos os casos eles escolhem a família mas isso não é para aqui chamado.
The point is que eles têm de optar e em qualquer dos casos se sentem "lesados" de uma potencial felicidade...
Pois... You can't get all of what you want...
E... se há que optar, ao menos que seja sereno.
Não é bom ir pelo caminho A a pensar no caminho B...
"Loose/loose"?!
Por que não "win/win"?
Porque não pensar que em qualquer das opções se ganhava qualquer coisa e escolhemos o "ganho" que fazia mais sentido no momento?
Porque não viver com o calor de saber que tivemos a escolha?
Não é melhor sentir que tivemos escolha entre duas situações boas?
Que optámos por uma mas que o saber que a outra existiu não é nada mau?
Guarda-la num cantinho do nosso eu como uma coisa nossa...
Convidaram-nos para ir trabalhar para o estrangeiro.
Uma coisa que gostávamos de fazer.
Depois de muito considerar a oferta decidimos não aceitar.
É melhor nem pensarmos mais nela para não nos sentirmos mal com a nossa escolha?
Ou saber que pelo menos podíamos ter ido se tivéssemos querido não é reconfortante?
As opções podem ser a longo prazo, a médio prazo, a curto prazo.
Mas o que não fazemos faz tanto parte de nós como o que fazemos.
Quando fazemos qualquer coisa, qualquer coisa que escolhemos fazer, que não nos foi imposta, relativamente à qual tínhamos de facto opção, temos de o fazer com todo o nosso ser.
Bege, vou pintar o tecto de bege...
LOL
Bjs
C
But if you try sometimes,
ResponderEliminaryou'll see,
You'll get what you need..
E quantas vezes nem sequer se escolhe?
Fica-se paralisado pela indecisão e deixa-se que os outros ou as circunstâncias escolham por nós...
Por isso é que, como dizes, devemos também tentar ver o que temos a ganhar - com qualquer das opções - e não só o que temos a perder...
Porque se não escolhermos, se decidirmos não decidir então o que temos a perder é tudo... e acabamos por não ganhar nada ...
Duma maneira geral (macro) nós podemos sempre estipular uma meta na vida e depois a escolha das opções é facilitada pois está sempre orientada para atingir o objectivo/meta traçado por nós.
ResponderEliminarLogo a sensação de «perda» na escolha duma opção deixa de existir. Pois escolhemos sempre com vista a atingir determinado objectivo, que facilita a escolha e minimiza a «perda»
O pior (para mim) é que ao longo da vida, as nossas metas/objectivos normalmente modificam-se, e as escolhas que fizemos no passado orientados por um determinado objectivo podem revelar-se completamente erradas quando o objectivo muda.... Algo filosofico mas enfim, espero ter passado a ideia...
No fundo é mesmo isso: não se pode ter tudo, mas pode-se prioritizar escolhas: do genero apetece-me jogar, mas não posso porque tenho que ir consolar o Pedro que tá com colicas: prioridade: filho; opção: consolar o filho; perda: não jogar; mas jogar não é a prioridade que nós estabelecemos para o nosso bem estar, logo a escolha no nosso intimo foi a certa e a sensação de perda dissipa-se totalmente.
Resumindo quando se prioritizam objectivos e se faz as escolhas tendo em vista a concretização das nossas prioridades nunca se perde, ganha-se sempre :)
A dificuldade na escolha das opções está muitas vezes ligada à dificuldade de prioritizar objectivos, ou seja uma pessoa tem vários objectivos e não consegue prioritizar nenhum: todos assumem a mesma importância... então neste caso YOU CAN'T ALWAYS GET WHAT YOU WANT! THAT'S LIFE!