Imaginem que entram numa sala onde estão todos com um ar bem disposto e a sorrir...
Agora imaginem que entram noutra sala, onde estão todos de trombas...
A primeira sensação é mais agradável, não?
Dá mais vontade, tendo de escolher, de ficar nessa sala...
Parece que os humores, tal como o bocejar, são contagiosos...
Quando entramos numa loja onde está uma empregada sentada ao balcão, que finge que não nos viu, se dissermos simpaticamente bom dia, há boas hipóteses que ela levante os olhos da Caras que está a ler e responda da mesma maneira.
Se pisarmos alguém na rua sem querer e pedirmos sinceramente desculpa temos menos hipóteses de levar com palavras desagradáveis.
Se agradecermos ao empregado que nos serviu no restaurante temos mais hipóteses de ser melhor servidos da próxima vez.
Ou seja, se tratarmos as pessoas com respeito, consideração, educação, temos mais hipóteses de ser pagos na mesma moeda...
A vida é feita de acções/reacções.
Mas isto não chega para viver bem com os outros e consequentemente consigo próprio...
No nosso dia a dia, nas pequenas coisas, é necessária uma certa dose de altruísmo, de entre-ajuda, de apoio ao próximo, sem os quais a nossa vida se torna muito pobre.
Há pessoas que levam a vida a pensar primeiro nelas e acredito que nem sequer se dêem conta disso.
Várias das pessoas mais egoístas que conheço são agradáveis ao convívio, simpáticas, interessantes, bem educadas...
Dizem os tais "se faz favor" e "muito obrigado".
Trazem boa disposição para os meios em que circulam.
Pensam no entanto, regra geral, muito pouco nos outros.
Por outros entenda-se os filhos, os pais, os irmãos, os amigos, não estou a falar em desconhecidos...
Arranjam sempre "razões" perfeitamente lógicas para justificar a sua vida egocêntrica.
Oh, pontualmente elas ajudam/apoiam/dão, não haja dúvidas.
Mas só se a isso se sentirem de alguma forma "obrigadas" ou, por outro lado, se não afectar os seus planos, o seu bem estar, o seu conforto, o seu divertimento...
São normalmente pessoas extremamente ocupadas, com os estudos, com o trabalho, com os hobbies, com o desporto, a cultura, etc, não têm tempo a perder... sobretudo com o próximo.
Se tiverem de escolher entre uma coisa que "faça bem" a terceiros ou a elas próprias geralmente escolherão a segunda hipótese.
Nas suas cabeças isso não tem importância, uma "ausência de acção" não é "fazer nada de mal".
Não percebem que "estar lá" para os outros pode aparentemente não fazer grande diferença mas "não estar" muitas vezes faz.
Como não dão, também não esperam nada.
Acham-se auto-suficientes, não precisam de ninguém, tudo o que vier é bónus...
Quem não sabe dar, não sabe receber.
Imaginem uma vala cheia de gente, uma vala funda de que não se consegue sair sem ajuda.
De repente chega alguém que estende a mão e puxa uma pessoa lá de dentro.
As pessoas de que tenho estado a falar agradecem imenso e vão felizes à sua vida.
As outras estendem por sua vez a mão para ajudar os que ainda lá estão em baixo.
A diferença entre estes dois tipos de pessoas, na minha opinião, é que as primeiras toda a vida se sentem de certa maneira sozinhas.
sexta-feira, 2 de março de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Como eu te compreendo neste post...
ResponderEliminarO que eu acho mais triste neste genero de pessoas é que: they don't know what they are missing!
Mega Kisses Gaija!
E o que me irrita mais é quando só nós é que vemos isso, e depois quando falamos no assunto, todos nos cascam como se tivéssemos a dizer a maior das barbaridades... e que "não é bem assim"; "fulana-de-tal até é uma gaja porreira"; "lá estás tu a implicar"... "não vês que ela é assim e não é por egoísmo?"...
ResponderEliminarpois pois...
isso é tudo mentira! e de qualquer maneira não tenho tempo para estar aqui a comentar. muito trabalho, muito trabalho
ResponderEliminarBem Nuno, a minha ideia não era "cascar" em ninguém... era simplesmente uma constatação relativamente a uma das razões pelas quais acho que certas pessoas não conseguem ser felizes.
ResponderEliminarNão deixo no entanto de estar de acordo contigo no que diz respeito às pessoas não "verem isso".
Acho que nem todos temos as mesmas ideias no que diz respeito à definição de "egoísmo".
Mas o que é mesmo, mesmo, assustador é que acredito sinceramente que as pessoas que são assim não se dêem genuinamente conta de que o são.
Se eu tiver razão nisto torna-se então muito complicado para elas mudar. Para resolver um problema é necessário primeiro identifica-lo... Pois.
Quanto ao "Anonymous"... para quê que te dás ao trabalho de escrever cretinices filhote? Se tens tanto trabalho vai trabalhar...
ResponderEliminarQuando falei em cascar por incrível que te pareça não me referia especificamente a ti :-) aliás estava a falar o mais genericamente possível, e até me esforcei para não usar qualquer exemplo que possa ser identificado.
ResponderEliminarE quanto ao não ver "isso", não creio que tenha a ver tanto com definições e mais a ver com comodismo (nalguns casos) e com uma total subjectividade que todos nós temos com certas pessoas.
O que eu me referia no comentário, era à atitude de enfiar a cabeça no buraco e não querer ver, que tu descreves naqueles que são egoístas, muitas vezes tem também muito a ver com as pessoas que o(a)s rodeiam, perdoarem-lhes tudo, darem-lhes as palmadinhas nas costas que perpetuam o comportamento.
Tapar o sol com a peneira...