quarta-feira, 16 de maio de 2007

Querida Maria, serei anormal?

Na sequência da minha desastrosa actual situação financeira, um amigo enviou-me um PDF com o intuito de me ajudar a resolver a situação...
O livro chama-se "The science of getting rich" , publicado em 1910 por um certo Wallace D. Wattles.
A "coisa" tem oitenta paginas das quais ainda só li 15, não sei portanto como vai ser o resto, mas logo nas primeiras frases fiquei chocada!
Diz coisas como "Whatever may be said in praise of poverty, the fact remains that it is not possible to live a really complete or successful live unless one is Rich" ou "The person who does not desire to live more abundantly is abnormal, and so the person who does not desire to have enough money to buy all he wants is abnormal"...

Quer dizer... ou não temos a mesma noção do que significa "riqueza" ou eu sou de facto uma perfeita anormal...

Para mim ser "rico" é ter muito mais dinheiro do que aquele de que precisamos para viver.
Claro que é uma noção altamente discutível.
Para o sem abrigo que vive "debaixo da ponte" a minha empregada poderá ser considerada "rica" e para esta eu sou provavelmente "rica", and so on...
Acho no entanto que todos temos uma ideia geral do que é "ser rico", tipo o Bill Gates é definitivamente rico e quem ganha o Euromilhões fica rico.
O que me chocou na introdução do tal livro foi a afirmação de que ninguém pode basicamente ser feliz se não for rico.
Não podia discordar mais...

É sabido que nunca temos tudo o que queremos.
Há sempre qualquer coisa a que aspiramos.
Eu neste momento, por exemplo, já me contentava com não ter dívidas.
De futuro aspiro a ter uma vida melhor, mais confortável, sem dúvida.
Mas porra, sou uma pelintra mas sou extremamente feliz, não preciso para isso de ser rica!!!

Não queria encher o meu filho de prendas, de bonecada, de playstations e computadores, queria só não ter de lhe responder de cada vez que me pede alguma coisa, coisinhas de merda ás vezes, que não pode ser porque a mãe não tem dinheiro.
Não queria um carro novo, os meus carros velhinhos servem-me muito bem, queria só não ter uma crise de choro quando me anunciassem que vou ter de mudar de pneus.
Não queria dar grandes festas ou banquetes, gostava só de poder ir almoçar ou jantar fora sem ter de ser convidada por alguém.
Não queria poder passar um ano a viajar gostava só de fazer uma viagenzita de vez em quando.
Isto é ser rico?
Lá está, para algumas pessoas se calhar até é...

Mas... não gostava por exemplo de ganhar o Euromilhões caraças!
Pronto, neste momento já estão todos a achar que sou mesmo uma anormal, mas eu explico.
Jogo todas as semanas (2 Euritos) na esperança de que me saia um prémio pequenino só para poder limpar dívidas.
Se me saísse o primeiro prémio ia-me sentir completamente à rasca.
Acho que as pessoas estão completamente iludidas relativamente ao que deve de facto ser ganhar uma exorbitância de massa dessas do dia para a noite.
Para começar o assédio (eu não sei quem são os portugueses que têm ganho, mas deve haver muita gente que sabe)... entre bancos, malta a propor negócios, a pedir caridade, que é o que me ocorre assim de imediato, deve ser de loucos.
Depois deve gerar uma insegurança filha da mãe, acho que ia passar o tempo todo preocupada com assaltos, raptos, etc.
Deve-se ficar completamente perdido, oquê que se faz quando se pode fazer tudo (ou quase) o que o dinheiro pode comprar?
Onde é que vão parar os princípios, a noção do que é verdadeiramente importante na vida?
Se por acaso isso me acontecesse, não tenho qualquer tipo de dúvida de que tiraria qualquer preocupação financeira (do género das que tenho neste momento) a todos os que me estão próximos.
Mas até isto é complicado... qual é o critério?
Falando em família por exemplo, não tenho qualquer dúvida de que ajudaria os meus irmãos. Gostaria também de ajudar alguns dos meus primos, mas há outros para os quais me estou francamente a cagar... Não ajudava esses, ou ajudava "menos", criando graves "incidentes diplomáticos"? Ajudava-os a contragosto só porque tinha ajudado os outros? De repente ia ter primos muito amiguinhos só porque lhes tinha passado guito para a mão? Onde é que vai parar a verdade das relações entre as pessoas num caso destes?
Claro que estou a falar em família mas aplica-se a toda a gente. De repente, em muitos casos, deve-se deixar de perceber bem quem é quem, porquê que as pessoas se dão connosco.
Ajudar instituições de caridade por exemplo... ya, mas quais? Dá-se dinheiro e ele vai para quem precisa ou para encher os bolsos de quem organiza? Ouvimos falar em tanta aldrabice...
Comprar coisas... confesso que até gramava ter uns trapitos que não deformassem ou perdessem a cor nas lavagens... mas onde é que está a fronteira? O que me garante que ás tantas, podendo, não estivesse a comprar farpelas de duzentos contos? E para quê?
Ou de facto a dar ao meu filho tudo o que ele me pedisse? Será que isso o iria fazer mais feliz? Duvido muitíssimo... Acho bastante mais importante enchê-lo de beijos do que de prendas... e quando há a possibilidade de vir uma prenda "na ponta" do beijo será que ele sabe ao mesmo?
Ás tantas devem ser só preocupações, como gerir o dinheiro, a quem dar, o que dar, quanto dar, o que comprar, o que não comprar... Ia sentir o peso do mundo nas costas.
Se calhar sou mesmo uma anormal, mas não quero "ser rica" não...



06 Money Song.wma -

12 comentários:

  1. Já sabes desde há muito a minha opinião sobre o assunto e como da última vez concordámos em discordar, não vale a pena estar aqui a dissertar sobre o assunto :-)

    Por isso o comentário é mais para dizer que li e que - do teu ponto de vista - está bem escrito :-)

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  2. Eu ficava bués contente se me saisse o euromilhões... o prob. é k nunca jogo... logo não tenho qq hipotese...
    Mas o dinheiro pode não dar felicidade, mas lá que ajuda isso ajuda - eu não tinha qq prob. em ser RICA. Nenhum mesmo, nem mesmo essas merdas de saber se as pessoas estavm cmg por serem minhas amigas ou pelo guito que eu tinha - caguei...
    Anyhow, tb me considero feliz e não sou rica, mas se fosse seria ainda mais feliz lol hehehehe ...

    Acho que só o «pequeno» facto de saber que se acontecesse alguma coisa a alguem que eu gostasse (filha/amigos/familia) e que eu podia na boa pagar a conta (médico/hospital/psiquiatra etc) só isto me dava uma enorme felicidade no meu dia a dia...

    Enfim who cares???

    Been here read the post ;)

    Mega kisses a TODOS!

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  3. Hei, hei, eu tb não disse que eram SÓ coisas más... Estou consciente das muitas benesses de se ter guito. Posso ser anormal mas não sou estúpida... LOL

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  4. O que eu quero dizer é que as coisas boas são substancialmente mais do que as coisas más. Ou seja, isto.

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  5. Amei Nuno!!!
    Adorei ler isto ;)
    Kisses pessoal!

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  6. O caos é o oposto à ordem na qual reside a paz! Por isso, defendo e sempre defendi, que o dinheiro permite obter os meios para ter uma vida tranquila, de paz e bem estar! Permite preencher o dias com um trabalho que nos realiza. Não acredito numa vida recheada pelo ócio.Esse não é certamente o caminho para se viver uma vida plena!Este, sendo colocado ao serviço do bom senso dará frutos que iram colorir o jardim da vida!
    Pensando nas crianças abandonadas e desprotegidas que existem fora deste jardim surge uma vontade enorme de as abraçar, amar e proteger! Por isso, sempre sonhei em ter os meios para as recolher! Amor, carinho existe! Adivinha o que falta...?!
    o resto são fantasmas e os fantasmas não existem!
    O:)

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  7. Ok, já fui ver "isto" e cheira-me a que, pela primeira vez, irei colocar dois posts sobre o mesmo tema neste Blog.
    1) Para provar que posso ser uma perfeita anormal mas com fundamento.
    2) Para explicar então melhor e em detalhe o que queria dizer no primeiro.
    Preparem-se para uma dose tipo Mataspeak que o tema dá pano para mangas... he, he
    Só não sei é para quando, que o tempo para escrever não tem abundado... (não posso pagar a ninguém para fazer o que sou suposta fazer enquanto estou a escrever... LOL)

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  8. Giiiilllldaaaa!
    Bem vinda a esta pequena comunidade de anormais (em vários sentidos...)

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  9. Sempre achei que é nisto que os blogs são bons... trocar argumentos, esgrimi-los mesmo :-)

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  10. Abençoados os pobres de espírito, que deles será o reino dos céus.

    Não me consta que se dissesse algo sobre os pobres de $$$.

    Mas por outro lado, há sempre aquela estória do camelo e da agulha que nunca consegui perceber muito bem...

    Aguardando com curiosidade os re-posts,

    Biriba

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  11. Irei oportunamente comentar o tema no Mataspeak. Isto apesar das atoardas e ataques serôdios perpetrados por certos blogs da concorrência, que procuram baixamente pôr em causa a clareza cristalina dos meus conteúdos.

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  12. Mas isto agora é assim, é?
    Qualquer merdoso pega no "meu tema" e discute no seu próprio Blog?
    Ao menos então fornecessem as moradas :
    filosofiadeponta.npaginas.com
    mataspeak.blogspot.com

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