quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

E viveram felizes para sempre

Recentemente, noutro blog da nossa praça que não nomearei, a autora deu um valente enxerto de porrada no conceito de "casamento"...
Apesar de lá ter ido cagar sentença, como não poderia deixar de ser, gostaria de dar mais uns dedos de conversa sobre o assunto.
Peço então emprestado o tema e cá vamos nós.

A autora do referido post, está nitidamente a passar por uma fase adolescente, é na minha opinião a única explicação para que veja a vida tão a preto e branco.
Tudo/Nada, Adoro/Odeio, Sempre/Nunca... Helloooooooooooooo?!
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL

Inútil será dizer que discordo absolutamente da maior parte do que diz.
Cada vez mais me convenço de que os seres humanos são ainda mais diferentes uns dos outros do que possa parecer à primeira vista.
Como se costuma dizer há gostos para tudo.

Se tecnicamente a autora não crucifica propriamente aqueles que estão ou gostariam de estar numa relação duradoira, o conceito em si é no entanto impiedosamente espezinhado... LOL
Uma relação a dois, seja ela qual for, é composta por variadíssimas fases, tal como a criatura de um post recente deste blog, vai constantemente evoluindo...
Ora imaginemos que criamos porcos... é perfeitamente legítimo que algumas pessoas não os deixem crescer... afinal de contas os leitões são muito mais saborosos...
Claro que um leitão dá para muito menos tempo do que um porco... e oferece muito menos variedade no que diz respeito a enchidos, costeletas, febras, entrecosto, lombinhos para assar...
Mas é perfeitamente legítimo que alguém afirme que gosta de leitão mas não gosta de porco...


A minha questão aqui é se não gostarão de leitão mais porque não têm pachorra para deixar crescer o porco, porque não estão para se dar ao trabalho de o alimentar, de tratar dele, para ter direito aos chouriços e ao presunto...
Casos há igualmente em que apostam no porco errado, com demasiado empenho, durante demasiado tempo, e mais tarde quando já fizeram a matança, julgam todos os outros porcos pela mesma bitola.
Já chega de porcos... Oinc, oinc...

A realidade é que as paixões não duram para sempre.
Vão-se transformando noutra coisa.
Essa coisa ou é boa, seja em que moldes for, ou não vale a pena.
Ora, como também se costuma dizer, "o amor é cego".
Eu diria antes que quem é de facto cega é a paixão... e quando esta cegueira passa finalmente, não é obrigatório que ao vermos a luz esta nos agrade...
Nem todos foram feitos para se entender.
É perfeitamente possível apaixonarmo-nos por alguém totally wrong for you, "I say tomato, you say tomata"...



A questão então é usar a parte do "coragem para mudar as coisas que posso mudar".
Senão, dêem lá atenção à letra da música do Rui Veloso que está a tocar...
Então o gajo sabia que ela não ia gostar do concerto... estava no direito dela não? Nem toda a gente gosta de favas com chouriço... Mesmo assim, decide vender a porra do anel de rubi... (para já, para já, por que raio tinha o gajo um anel de rubi??? Hum... tem pai que é cego... cá para mim a gaija safou-se de boa, um dia chegava a casa e encontrava-o com o melhor amigo...) bem, lá vende o anelito, obriga a desgraçada a ir assistir ao concerto, e quando ela confirma que não gosta, faz-lhe uma cena, fica de trombas e percebe finalmente que não foram feitos para se entenderem?!
Helloooooooooooooooo?!
Das duas uma, ou vai cada um ao seu concerto (liberdade de escolha...), ou aquele que vai por gosto não exige ao outro (que está a fazer o sacrifício de o acompanhar) que goste (chama-se respeito e consideração pelo próximo) ou há tantas coisas em que discordam que o melhor é ir cada um para o seu lado...
Não temos que ter todos os mesmos gostos, as mesmas maneiras de ser e de de lidar com a vida, as mesmas escolhas... mas convém talvez que estas sejam compatíveis.

Para sempre?! Não sei... talvez sim, talvez não... para começar o que quer dizer "para sempre"? Para sempre enquanto dura, enquanto o balanço é positivo...
Agora que não haja dúvidas que qualquer relação é feita de compromissos, de exigências, de cedências, de sacrifícios... que dão trabalho, que há momentos melhores e momentos piores... como em tudo na vida.

Também se pode comer só leitão...
Se bem que a malta que praí anda a papar leitõezitos de limãozinho na boca, na minha opinião não se importava nada na realidade de um dia destes ter direito a um bom chouricito...


Paixão-Rui Veloso - Rui Veloso-Paixão

5 comentários:

  1. Há algo de muito errado em comparar uma relação a ter um porco para a engorda (ou não) e posterior abate
    ... Arrepiou-me um bocado...

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  2. O que quer dizer que, ou não me soube explicar, ou não percebeste a parte da comparação que interessava... acontece.
    Quando digo que na vida gosto de pegas de caras e não de pegas de cernelha tb não estou a atribuir cornos a ninguém...

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  3. Após implorantes insistências do blogger, este comentário até agora relegado a uma troca de mails vê a luz do dia como comentário oficial...

    quote: "Mas é perfeitamente legítimo que alguém afirme que gosta de leitão mas não gosta de porco..."

    Quanto ao leitão ou porco, cada um cumpre o seu fim no seu momento e, a meu ver não se pode dizer que um é melhor que o outro, seria como dizer que que só o Munster, e por arrastamento só o queijo francês, é o melhor do mundo... as qualidades organoléticas de cada um são diferentes e se bem que o porco renda mais em quantidade e variedade, que decorre essencialmente do seu tamanho e maturidade, já o leitão rende pela sua qualidade intrinseca que é ainda ser de leite... não se pode é abusar exclusivamente de um género somente, votando o outro ao ostracismo, e não querer sofrer as consequências dessa opção!

    Outra questão, que não é acessória, é a de não se poder esquecer que, quando se consome anos a fio do mesmo chouriço, sem sequer alterar o conduto ou a forma como se come, passados 1, 3, 7, 13 anos, chegará certamente um momento em que não sabe a nada, em que sabe só e unicamente à mais entediante e penosa rotina, deixa simplesmente de fazer sentido. Se ainda por cima por nossa ignorância e falta de vontade de autoconhecimento, de cultivar a nossa relação gastronómica com o chouriço, consumirmos daquele industrial pensando que é o verdadeiro e único feito do mais fino porco preto, então ainda maior será o desespero quando nos capacitamos da rotina que passámos a viver.

    Ainda assim dou-te razão, quando deixas implícito que há que deixar crescer o porco, engordá-lo, procurar as mais variadas receitas e hábitos fugindo àqueles de todos os dias e aos ancestrais, preparar a matança, e depois do frenesim passional da matança, ir consumindo com parcimónia de todas as iguarias que se fizeram, até aquelas que eram desconhecidas e que foram uma aposta, um risco. Mas no melhor pano cai a nódoa e, se bem que a matança seja sempre feita no inverno, pode sempre vir a mosca e estragar grande parte da carne antes que ela esteja devidamente curada ou que o fumeiro tenha feito o seu efeito...

    Quanto à aposta na criação do porco errado... não sei se não será pior do querer ser candidato a porco mas ser ignorado pelo talhante, sem conseguir ter a oportunidade de pelo menos tentar, porque o talhante por vezes é míope e não vê um boi à frente quanto mais um porco, ou então está tão ocupado a tragar sofregamente varas de leitões que não vê o porco que tem à frente... porco esse que lhe daria não só chouriços ou linguiças mas salames, farinheiras, paio branco, cabeça de chara, spek, presunto, coppa, rojões, rissois, caciatorini, para já não falar das carnes frescas e seu amesendamento...

    Para concluir, faço realmente minhas as tuas palavras, "Para sempre?! Não sei... talvez sim, talvez não... (...) Agora que não haja dúvidas que qualquer relação é feita de compromissos, de exigências, de cedências, de sacrifícios... que dão trabalho, que há momentos melhores e momentos piores... como em tudo na vida.

    Quanto à nossa amiga, penso que os poucos graus Kelvin que se fazem sentir a 10.000 pés lhe têm congelado as sinapses e embotado um pouco os neurónios... e digo isto sem maldade mas por gostar dela...

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  4. 1º- "Implorantes insistências do blogger" os túbaros...
    2º- Que raio são cabeça de chara, spek, coppa, e caciatorini?
    E... rissois de porco???! (já estou a ficar com fome, caraças...)
    3º- Esquece, se queres manter-te anónimo não te podes pôr a divagar sobre iguarias que mais ninguém conhece
    4º- Lixadote não é?! Esta coisa de se escrever sem saber para quem... Ah pois é, bébé... LOL

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  5. Concordo contigo em geral e em particular num aspecto: há gostos para tudo, que cada qual deverá ser livre de gozar como lhe der na bolha. Achar que uma filosofia de vida monogâmica é inferior (ou superior, é indiferente) a uma filosofia poligâmica/poliândrica é tecnicamente um moralismo, exactamente igual a "não #@§€rás antes do casamento". Quem o fizer está-se a pôr a jeito para ser comparada a uma beata de sacristia, por muito que isso a surpreenda.

    A única regra verdadeiramente livre e libertária que existe sobre estes assuntos é a seguinte: o que um, ou dois, ou três ou duas dúzias de adultos não-coagidos fazem na privacidade dos seus aposentos e das suas vidas é lá com eles. "Full stop".

    Dito isto, simpatizo com o comentário do nunof. Custa-me que o leitão, um dos mais simpáticos e estaladiços expoentes da nossa culinária, se veja porcamente envolvido em tal polémica. Isto apesar da suína metáfora fazer sentido.

    Finalmente, respondendo à tua pergunta ("porquê um anel de rubi?"). Rimas a martelo. Porque o concerto era no Rivoli. Se fosse no Sá da Bandeira, o gajo empenhava o isqueiro de pederneira. O problema é que da casa do Carlos Tê à do Rui Veloso vai uma curta distância, e o tipo de vez em quando escorrega numa casca de melância.

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