sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

De boas intenções está o inferno cheio

COM MÚSICA

Recentemente enviei um mail que despoletou uma explosão atómica no seio de um grupo de pessoas…

O dito cujo estava recheado de boas intenções, era simpático e educado.
As reacções que provocou foram de bradar aos céus… um diz mata outro diz esfola… palavras irreflectidas, azedas, insinuações, acusações, agressões…
Gerou-se um clima de tensão, de má onda, de ressentimento, o que era exactamente o oposto do efeito desejado.
O que é ainda mais grave, a pessoa que tentava ajudar foi quem saiu mais magoada disto tudo. Foi o chamado tiro pela culatra.


Inútil será dizer que fiquei absolutamente mortificada com esta história.
A cada novo mail que chegava, dava-se-me uma volta ao estômago. Só me apetecia gritar que parassem. Considerei no entanto que não deveria interferir, por risco de piorar ainda mais a situação.
Falei em privado com vários dos implicados. Todos compreenderam, felizmente, que o assunto tinha descambado, que não era minha intenção provocar uma guerra daquelas. Quase todos me desresponsabilizaram totalmente do resultado final.

É aqui que a porca torce o rabo…
Sou responsável, sim!
Se não tivesse enviado o raio do mail, nada disto teria acontecido. Ou pelo menos se não o tivesse enviado em “Reply to All”…
Pensei que uma reflexão sobre o assunto em questão fosse proveitosa para todos.
“Não podias prever…” disseram-me alguns…
A questão é que podia, sim. Se tivesse pensado três segundos, poderia ter previsto o desastre. Fui descuidada. Sabia bem o feitio das pessoas com quem estava a lidar e poderia não ter provocado a sua reacção. Podia ter enviado a minha mensagem em privado.
Senti-me como se tivesse desastradamente apoiado o cotovelo no botãozinho vermelho…


Neste momento estão vocês, queridos leitores, a perguntar-se por que raio é que a gaija vem para aqui contar estas coisas… lol
Escrevo porque a atitude dos que me apoiam me choca um bocadinho, suponho… Se me desresponsabilizam, provavelmente também o fariam a si próprios. Acho essa atitude muito negativa. Se não errámos, não há nada a corrigir, não há reflexões a fazer.
Ora houve aqui nitidamente uma atitude errada, uma negligência, que teve como consequência grande sofrimento. Há ilações a tirar sim, para que a história não se repita.
E há pedidos de desculpas a fazer (que estão feitos, por sinal, e nunca é demasiado repeti-los).

Para que possam melhor compreender o que estou a tentar transmitir, utilizemos outro exemplo.
Como julgo já ter mencionado aqui, a minha avó materna morreu atropelada.
Tinha 74 anos, sã que nem um pêro, ia para a ginástica. Atravessou a Av. da República fora da passadeira, com o vermelho para os peões. Um carro apanhou-a em cheio, morreu logo ali.

Agora imaginemos que não tinha tido morte instantânea. Imaginemos também que a ambulância tinha demorado imenso tempo a chegar, que o pessoal hospitalar tinha sido descuidado, que os médicos tinham sido negligentes, acabando então por morrer mais tarde.
Quem teria sido o causador da sua morte?
É certo que ela própria a provocou, ao menosprezar as regras básicas do comportamento rodoviário. A realidade é que o condutor vinha em excesso de velocidade, não tendo por isso conseguido evita-la. E esta parte é real, não só no nosso “supônhamos”…

Será que, neste nosso exemplo hipotético, a causa da sua morte não teria sido a assistência deficiente? Possivelmente.
Mas não seria de qualquer maneira caso para o condutor reflectir sobre a sua atitude na estrada? Para pedir desculpa à família?!

Não me martirizo pelo que fiz, não me castigo, já me desculpei. Vivo com a dor que causei com arrependimento mas sem mágoa, pois sem dúvida não foi intencional.
Mas, por me obrigar a todo este raciocínio, por arcar com as consequências dos meus actos, provavelmente estarei muito mais apta a não voltar a fazer outra do género do que os que encolhem os ombros e dizem “a culpa não foi minha…”
No que diz respeito aos outros... bem, como se costuma dizer, os actos ficam com quem os pratica. ;)

2 comentários:

  1. WRONG !

    O culpado é o Bill !

    Não conheço a história mas conheço várias que resultaram do uso da tecla “replay to all”.

    Foi o Bill que introduziu esta no Outlook … “ replay to all” !
    Se cada um tiver 100 endereços em média ( o que é muito fácil) e se um começar com um e-mail para todos os seus endereços e sucessivamente as respostas forem “to all” , ao fim de apenas 5 “ondas “ de “replay to all” se ultrapassa os 6.5 biliões de habitantes !

    A tecla “replay to all” é muito perigosa… demasiado perigosa… a julgar pelo que aconteceu com a marcação recente de um jantar que fiz com alguns amigos… mas que felizmente depois de tudo … acabou a bem …



    lol…

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  2. Sabes, há situações em que as pessoas apenas estão à espera do motivo e acredita que em muitos casos, basta apenas um "bom dia", para desencadear uma cena de atiranços à cara, vasculhanços nos baús e por aí a fora.

    Conheço bem de mais terrenos no género. Convence-te que qualquer um nesse conjunto que tivesse o azar de desejar bom Natal, teria o mesmíssimo resultado. Não desencadeaste absolutamente nada, ali só havia já a vontade de trocar galhardetes.

    E não me respondas que de qualquer forma a culpa foi tua. É tanto tua, como de um qualquer que tivesse o azar de dizer (escrever) fosse o que fosse, porque a vontade já estava toda lá ;)

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