sábado, 23 de janeiro de 2010

Missy is missing...

COM MÚSICA



Estou num momento de crise, de pequena crise, felizmente, mas que não deixa de o ser pelo seu “tamanho”…
A minha gata desapareceu há duas noites.
Tudo verdade… é o quinto gato em pouco mais de quatro anos a fazer-me passar por este tormento.
Os que não gostam de animais, passam  a partir de agora a ler este post com condescendência… os outros percebem o que quero dizer. Explicar, acho que não é possível…

O que aconteceu? Não sei… Quanto a mim entrou no cio a meio da noite e, não obtendo  as atenções desejadas do Castrati cá de casa, fez-se à vida a ver se teria mais sorte lá fora.
A partir daí, tudo é possível. Pode andar a divertir-se com os gatos das obras e volta-me para casa um bocadinho mais cheia. Mas também lhe podem ter acontecido todas as coisas a que se arrisca um gato que anda na rua… pode ter sido roubada, atropelada, morta por cães… infelizmente não seria inédito.

Devo dizer que eu não tenho sorte nenhuma com os gatos desde que vim para esta casa. Bem sei que ter gatos em apartamento ou numa moradia é completamente diferente. Mesmo assim, só para dar um exemplo, a minha irmã tem o mesmo casal de gatos há mais de cinco anos e nunca lhes aconteceu nada.

Dito isto, para os que ainda não tenham percebido, para mim bicho é bicho, homem é homem, e não há que confundir… Tempos houve em que era um bocado diferente, em que  tinham um papel muito mais importante na minha vida emocional.  Depois nasceu o meu filho... julgo que os animais ás vezes sirvam um bocado de substitutos para eles.
No entanto, quando acolho um animal em casa, passa sem dúvida a fazer parte da família. Partilha as nossas rotinas, o nosso carinho, a vai ganhando um espacinho no nosso coração.  Quando desaparece das nossas vidas fica um vazio.

Como julgo já ter referido aqui, prefiro pegas de caras a pegas de cernelha logo, esta coisa de não ver o meu problema de frente, causa-me bastante angústia e desconforto. Se soubesse o que tinha acontecido ao raio da gata, poderia começar a tomar medidas para ultrapassar a situação. Poderia processa-la psicologicamente por forma a minimizar, dentro  da medida do possível, o sofrimento.
Mas não sei se amanhã acordo e a #%$&## da gata não estará à porta do meu quarto a exigir comida. Se alguém me irá telefonar a dizer que encontrou o seu corpo. Se estará neste momento a comer carapaus na cozinha de uma velha do Linhó.
Ou seja, perante o facto de que a minha gata não está neste momento comigo e há um buraco onde antes estava a sua presença, não sei como reagir.

Se temos uma relação afectiva com o ser em questão, não podemos evitar ficar tristes com a situação. Não podemos, nem devemos, na minha humilde opinião… se não tivermos a capacidade de sofrer também nos tornaremos insensíveis ao reverso da medalha. São coisas que acontecem na vida, os sustos e os desgostos fazem parte do percurso, é mesmo assim.

Por outro lado a nossa imaginação, extremamente útil para arranjarmos formas de tentar recupera-los, também tem uma certa tendência a atormentar-nos com what ifs
Dado que somos tendencialmente pessimistas por natureza, são mais os cenários negros que nos vêm à cabeça do que os  happy endings

Há no entanto que ter atenção para que não descambe… para isso, tenho vários truques…

Para começar, há que tomar rédeas à situação no sentido de deixar a minha consciência totalmente tranquila, tomar todas as medidas possíveis para tentar resolver a coisa, fazer tudo o que esteja ao meu alcance.

Depois é cortar as vazas á tal imaginação… se vejo que estou a começar a ir por um caminho que me levará a cenários que me vão fazer sofrer, como seja imaginar o próprio bicho em sofrimento, mudo imediatamente “de assunto”. Proíbo o meu cérebro de continuar a ir nesse sentido, obrigo-me a pensar noutra coisa.

O facto de identificar exactamente em que galho está cada macaco também ajuda. Adoro a minha gata, mas é só uma gata, não é o meu filho. Relativizemos… por muita falta que me vá fazer se desaparecer da minha vida, não é exactamente o fim do mundo.

Finalmente, nesta situação concreta, em que ainda há esperança, ponho as expectativas em pausa.
Não se pode fazer luto, o tão importante luto que fazemos de tudo aquilo que perdemos, sem que haja certezas. Também não nos devemos meter na cabeça que tudo vai correr bem porque, se não correr, caímos de mais alto.
Viajo então até a um limbo onde me recuso a lidar emocionalmente com o assunto. Se não houver desenvolvimentos entretanto, o tempo faz milagres, traz-nos de lá e ajuda-nos a lidar com a dor, de uma forma ou de outra.

Dir-me-ão que estou a racionalizar muito, que esta conversa é toda muito bonita mas que estou “na fossa” na mesma…
Olhem que não, olhem que não… muita gente se martiriza e em situações idênticas, sofre muito mais do que o “absolutamente necessário”…
Que será, será… and life goes on. ;)

3 comentários:

  1. missy@rights4cats.pauterça-feira, 26 janeiro, 2010

    C,
    no FB descobri a rights4cats.pau e aderi!
    Depois de em casa tanto ouvir falar de liberdade direitos e garantias...
    Nas redondezas sao todos eunucos!
    Ando na luta!!!
    Conto voltar em breve.
    miau, miau

    ResponderEliminar
  2. Minha querida Cristina,não te queria estar na pele; não saber, e todas as coisas que nos passam pela cabeça e que nos tiram o sono é o inferno em figura de dúvida.
    Sem querer "dourar a pílula", o que seria parvoíce e absolutamente ineficaz, resta a hipótese, plausível, de Janeiro ser, de facto, o mês dos gatos... Quando era miúda tinha gatos, que adorava, e era sempre em Janeiro que se piravam para dar as suas voltas, aparecendo mais tarde porcos e escanzelados.
    Não me atrevo a pensar, menos a dizer, um "vais ver que é isso que se passa", até porque já te aconteceu antes e sabes do que a casa gasta. Resta-me pedir ao "anjo dos gatos" que cuide do assunto, da Missy... e de ti.
    Um abraço do fundo do coração.

    ResponderEliminar
  3. Obrigada Alex, eu sei que se alguém me pode compreender és tu... :(

    ResponderEliminar