segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mudam-se os tempos, mudam-se as realidades…

COM MÚSICA


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Ora cá estou eu outra vez a pôr-me a jeito para levar no toutiço… não faz mal, já começo a estar habituada. ;)
A legalização dos casamentos gay, ultimamente não se ouve falar de outra coisa…
Confesso que o casamento, homo ou hetero, para mim, não faz grande sentido… mas isto sou eu a falar e não tento vender o meu peixe a ninguém.
Acho que em tempos que já lá vão tinha a sua razão de ser, hoje em dia, pessoalmente, não a consigo encontrar.
Há quem lhe atribua a função de perpetuação da espécie… parece-me bastante ingénuo nos dias que correm.
Há relativamente pouco tempo era socialmente inaceitável a reprodução, a manutenção de uma família, sem anilha no dedo, uma vergonha, uma escandaleira… os tempos mudaram.
Quando os meus pais se separaram, em 72, ainda fui apontada do dedo pelos outros meninos… “os pais daquela estão separados!”. Lembro-me de, anos mais tarde, perguntar a colegas meus como era viver numa casa onde os progenitores coabitavam… nessa altura já se tinha tornado quase uma raridade, pelo menos no meio em que cresci.
Hoje em dia, os casais casados coabitam alegremente com os casais juntos e com indivíduos separados ou divorciados, sem que se sinta qualquer tipo de discriminação social a esse nível.
Recebi hoje um mail onde se lia que “A homossexualidade humana - inexistente em 99% das espécies é, a esta luz, um desvio genético, uma doença. E uma doença terminal, já que se, por absurdo, todos virássemos "gays" a espécie humana acabava...”
Yá!... E se a minha avó tivesse rodas era camião…
Não tenho conhecimentos para saber qual o grau de homossexualidade que existe na natureza mas, como todos sabemos, no bicho homem, mais ou menos abertamente, existe desde tempos imemoriais…
Se existe e perdura por alguma razão há de ser. Confesso que não sinto necessidade de saber qual. Alguns indivíduos sentem-se atraídos por outros do mesmo sexo, é um facto e para mim chega. Se querem casar (como diz uma amiga “fico à espera do primeiro divórcio”) porque não haveriam de o fazer?
Ora bem… o que me faz muita confusão é a reacção visceral que algumas pessoas têm relativamente ao assunto… as agressões verbais, os insultos, os palavrões, utilizados quando falam sobre ele. Sentem-se visível e genuinamente incomodados.
Pergunto-me que diferença lhes faz… em que é que os casamentos entre indivíduos do mesmo sexo os afectam ou, no limite, afectam seja quem for a não ser os próprios, como em qualquer outro casamento.
Se falássemos da ainda mais polémica adopção por casais gays, mais facilmente os conseguiria compreender…
Não tendo opinião formada sobre o assunto, também eu me pergunto a que ponto não será importante no desenvolvimento de uma criança a influência de indivíduos de ambos os sexos, com as suas respectivas características.
Then again, há tantas famílias uni parentais… e os orfanatos também não me parecem propriamente contribuir muito para um desenvolvimento equilibrado…
Passons… não é de facto esta a questão que me fez escrever este post…
Segundo a Wikipedia, “As pessoas casam-se por várias razões, mas normalmente fazem-no para dar visibilidade à sua relação afectiva, para procurar estabilidade económica e social, para formar família, procriar e educar os seus filhos, legitimar o relacionamento sexual ou para obter direitos de nacionalidade.”
A parte das crianças não foi legislada… de resto, em termos humanos, porque raio haveria de ser diferente para homo ou heterossexuais? Porque umas relações deveriam ter mais legitimidade do que as outras?
Como se costuma dizer “eles andem aí”… é um facto consumado. A homossexualidade existe e sempre existiu… tapemos o sol com a peneira?!
Porque haveria o amor entre homem e mulher de ser mais válido do que entre indivíduos de mesmo sexo? Conheço relacionamentos homossexuais muito mais dignos desse nome, dedicados, autênticos e duradoiros.
Um amigo escreveu no Facebook “… não têm nada que casar só porque SIM.” e os outros casam porquê, exactamente?! ;)

10 comentários:

  1. Estou a pensar num "post" em parte sobre o mesmo assunto, por isso venho só dizer-te que concordo basicamente contigo: tanto se me dá como se me deu o que façam e qual o formato do contrato conjugal que tenham (respeito essa liberdade) e tenho muitíssimas dúvidas na questão da adopção (para mim, não há um direito à adopção, nem de homos nem de heteros, quanto muito haverá um direito a ser adoptado por parte de crianças em necessidade e neste caso prevalece qual o melhor interesse da criança).

    Agora não me surpreendem muito as reacções agressivas ou insultuosas: há imensa gente que, coitada, passa a vida a pensar no que é que os outros andarão a fazer.

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  2. Epah, isso é o lado para que durmo melhor! Como digo em relação a todo e qualquer casamento: só se estraga uma casa.
    Mas se formos a ver bem, a Ordem dos Médicos, corporação toda poderosa num país cuja constituição proíbe as corporações, NUNCA disse expressamente que a homossexualidade NÃO é uma doença. Portanto, os preconceitos até são naturais.

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  3. Pois concordo em género, número e grau!

    E pouco ou nada já tenho a acrescentar ao tema, também não vejo porque não hão-de casar, se assim o querem, força. Aguardo é o primeiro divórcio ;)

    Em relação à adopção e depois de uma história da humanidade cheia de filhos de casais hetero, assim para o tarado e que governaram este mundo, talvez devêssemos pensar melhor e rever posturas. É que afinal ainda não foi encontrada a fórmula de sucesso e não há garantias que lá por terem pais de sexos diferentes, venham a ser adultos felizes e saudáveis.

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  4. Bom dia,

    Sou uma antiga aluna do Licéu Francês,gostaria de a contactar
    mas não através deste blog. Será
    possível?

    Obrigada

    Helena

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  5. Claro que sim, Helena, tem a minha morada de email aqui no meu perfil do Blog. ;)

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  6. Ups, afinal, não sei porquê, tinha desaparecido, mas já voltei a por. ;)

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  7. A ideia da igreja ser o maior opositor é muito engraçada, pois se os padres pudessem casar é muito possível que aumentasse o número de casamentos homossexuais!

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  8. A minha costela liberal ganhou à costela conservadora, e se fosse caso disso votaria também sim… mas se fosse possível, com reservas…

    É que deixa de existir no léxico uma palavra para um casamento de dois seres de sexos diferentes, sendo que a palavra casamento passa a ter uma leitura algo diferente ( a parte biológica deixou de existir ) do que tinha anteriormente.

    Será que tal se resolve com novo léxico ?

    homocasamento
    heterocasamento
    homocasado(a)s
    heterocasado(a)s

    havendo palavras para tudo e mais alguma coisa é redutor termos uma só palavra , "casamento".

    E já agora, pergunto se num futuro próximo uma relação a 3 ( ménage à trois , também é ancestral… ) pode ser também casamento ?

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  9. Acho que o ménage a trois não foi legislado, Pedro... ;)

    Confesso que essa questão "filosófica" sobre a definição de casamento a mim não me apoquenta.
    Há no entanto outra, que também envolve palavras, que me deixa curiosa... Num casamento gay, como se chamam os cônjuges? No masculino serão ambos "marido" e no feminino "mulher ou esposa"?

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