COM MÚSICA
Há dias, a seguir a um telefonema desesperante, comentei com o meu filho, à laia de desabafo:
- “Ai, Pedro, o bicho homem é tãooo complicadinho...”
- “É por causa do que tem a mais do que os outros...”
- “E o que é isso?”
- “A fala!!!”
Perguntei-me então se não terá alguma razão.
A nossa linguagem, que deveria servir para nos fazermos entender, surte frequentemente o efeito contrário.
Quando um cão nos rosna, de dentes arreganhados ou um gato põe as orelhas para trás fazendo wóóóóóóóú, captamos a mensagem com toda a clareza. O mesmo acontece se o primeiro nos vier cumprimentar a dar ao rabo ou o segundo se deitar ao nosso colo a ronronar.
Com os humanos a coisa já funciona de outra forma...
Já todos devemos ter passado pela experiência de alguém nos dizer que gosta muito de nós, ou que pelo contrário não gosta, quando toda a sua linguagem gestual, o seu olhar, as suas acções, nos sugerem o contrário.
Ou de nos afirmarem que “não se passa nada”, quando os sentimos, sem grande margem para dúvidas, preocupados, tristes, chateados, etc...
Todos conhecemos pessoas que dizem A e fazem B, que fazem afirmações ou emitem opiniões totalmente diferentes consoante o ouvinte, que ao relata-los alteram ás vezes de tal forma os acontecimentos que criam uma realidade diferente...
Etc, etc, etc...
Quando a palavra é escrita, a coisa complica ainda mais, por não vir acompanhada de tom de voz ou expressão facial. O discurso escrito, mais ainda do que o oral, permite frequentemente variadíssimas interpretações, sem que o autor possa detectar ou esclarecer, no momento, eventuais mal entendidos.
“A falar é que a gente não se entende”, frase que tenho ouvido tão frequentemente nos últimos tempos e me faz amarinhar pelas paredes acima... terá afinal algum fundo de verdade?!
Terei talvez de dar a mão à palmatória.
Compreendo que se controle a palavra no sentido de preservar os sentimentos alheios. Que não ponhamos cá para fora tudo o que nos passa pela cabeça, simplesmente porque temos cordas vocais e acesso a uma linguagem articulada. Entendo as “mentirinhas inocentes”, os floreados, as metaforas, a ironia, as formas de expressão, as figuras de estilo... Sou apologista da auto-sensura, do pensar antes de abrir a boca, do não falar a quente.
No entanto, na minha ideia, a palavra deveria reflectir aquilo que realmente somos, aquilo que sentimos, aquilo que pensamos, e a realidade é que, na maior parte das vezes, não o faz.
O resultado é que dizemos uma coisa e as pessoas muitas vezes ouvem outra. Atribuem segundos e terceiros sentidos ao nosso discurso, tentam ler nas entrelinhas, duvidam, questionam as nossas razões, põem palavras em boca alheia.
As pessoas não se entendem a falar porque o que dizem, muitas vezes, não é de todo o que gostariam de, ou deveriam, dizer.
A maior parte delas não faz pegas de caras, só de cernelha e dado que tendemos a ver os outros à luz do que somos, partem do princípio de que funcionem da mesma forma, transformando o mundo numa verdadeira Torre de Babel.
“Say what you mean, mean what you say”
- “Ai, Pedro, o bicho homem é tãooo complicadinho...”
- “É por causa do que tem a mais do que os outros...”
- “E o que é isso?”
- “A fala!!!”
Perguntei-me então se não terá alguma razão.
A nossa linguagem, que deveria servir para nos fazermos entender, surte frequentemente o efeito contrário.
Quando um cão nos rosna, de dentes arreganhados ou um gato põe as orelhas para trás fazendo wóóóóóóóú, captamos a mensagem com toda a clareza. O mesmo acontece se o primeiro nos vier cumprimentar a dar ao rabo ou o segundo se deitar ao nosso colo a ronronar.
Com os humanos a coisa já funciona de outra forma...
Já todos devemos ter passado pela experiência de alguém nos dizer que gosta muito de nós, ou que pelo contrário não gosta, quando toda a sua linguagem gestual, o seu olhar, as suas acções, nos sugerem o contrário.
Ou de nos afirmarem que “não se passa nada”, quando os sentimos, sem grande margem para dúvidas, preocupados, tristes, chateados, etc...
Todos conhecemos pessoas que dizem A e fazem B, que fazem afirmações ou emitem opiniões totalmente diferentes consoante o ouvinte, que ao relata-los alteram ás vezes de tal forma os acontecimentos que criam uma realidade diferente...
Etc, etc, etc...
Quando a palavra é escrita, a coisa complica ainda mais, por não vir acompanhada de tom de voz ou expressão facial. O discurso escrito, mais ainda do que o oral, permite frequentemente variadíssimas interpretações, sem que o autor possa detectar ou esclarecer, no momento, eventuais mal entendidos.
“A falar é que a gente não se entende”, frase que tenho ouvido tão frequentemente nos últimos tempos e me faz amarinhar pelas paredes acima... terá afinal algum fundo de verdade?!
Terei talvez de dar a mão à palmatória.
Compreendo que se controle a palavra no sentido de preservar os sentimentos alheios. Que não ponhamos cá para fora tudo o que nos passa pela cabeça, simplesmente porque temos cordas vocais e acesso a uma linguagem articulada. Entendo as “mentirinhas inocentes”, os floreados, as metaforas, a ironia, as formas de expressão, as figuras de estilo... Sou apologista da auto-sensura, do pensar antes de abrir a boca, do não falar a quente.
No entanto, na minha ideia, a palavra deveria reflectir aquilo que realmente somos, aquilo que sentimos, aquilo que pensamos, e a realidade é que, na maior parte das vezes, não o faz.
O resultado é que dizemos uma coisa e as pessoas muitas vezes ouvem outra. Atribuem segundos e terceiros sentidos ao nosso discurso, tentam ler nas entrelinhas, duvidam, questionam as nossas razões, põem palavras em boca alheia.
As pessoas não se entendem a falar porque o que dizem, muitas vezes, não é de todo o que gostariam de, ou deveriam, dizer.
A maior parte delas não faz pegas de caras, só de cernelha e dado que tendemos a ver os outros à luz do que somos, partem do princípio de que funcionem da mesma forma, transformando o mundo numa verdadeira Torre de Babel.
“Say what you mean, mean what you say”
...ora nem mais...falam falam e não dizem nada! as vezes um abraço diz tudo...um sorriso ou mesmo até um pontapé amigável, já da para perceber o qto se gosta da pessoa. Não te chateies...que eu tb não, vive um dia de cada vez e ignora aqueles que falam muito e bebem pouco!
ResponderEliminarbeijinhos
Não me chateio nada... este post nem sequer tem nada a ver com a conversa que refiro no início, veio simplesmente a propósito, por causa do comentário do Pedro.
ResponderEliminarEra um tema sobre o qual já tinha pensado escrever há muito tempo, mas dá que pensar, não?!
A mim dá... ;)
...não dá para pôr tipo" gosto disto" ??? ;)
ResponderEliminarDá... no Facebook...lololololol
ResponderEliminarÉ lá que a malta costuma likar... lol
... mas reconheçamos que é um exercicio deveras estimulante perceber o que esta para trás do que dizem as palavras...
ResponderEliminarTalvez... mas perigoso, dado que ninguém é infalível... ;)
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