quinta-feira, 27 de junho de 2013

Um pedacinho de paraíso.



Apesar de o nosso pai já ter morrido há muitos anos, só agora distribuímos a herança.
Palavra que desperta o nosso imaginário infantil, fazendo-nos pensar em Ferraris, mansões, diamantes e Picassos.
A maior parte delas não são no entanto tão exuberantes… ;)
Por muito que não tenha sido propriamente um euromilhões, a minha permitiu-me no entanto fazer uma coisa que não fazia há muitos anos: respirar.

Comecei por reabilitar uma casa a dar já nítidos sinais de decadência, concertando ou substituindo tudo o que estava a “rebentar pelas costuras”, num que outro caso em sentido próprio.
Decidimos fazer uma viagem para lavar a alma pois há anos que não saíamos deste nosso jardim à beira mar plantado.
O que sobrou, ditava a prudência que o pusesse de lado para poder continuar a dormir com alguma tranquilidade.

Acontece que estamos a falar da matéria que o meu pai nos deixou aqui na terra… esbanja-la toda em coisas tão efémeras e no fundo insignificantes, confesso que me estava a fazer alguma confusão.
Decidi então criar algo de mais duradoiro, de mais sólido, algo que de certa forma o trouxesse mim quando me lembrasse que era graças a ele que o tinha.

Quando saímos de casa por algum tempo costumamos deixar fechados os estores, mergulhando-a em escuridão. Deixamos as plantas numa “marquise” que é praticamente o único sítio que fica com luz.
No verão passado tínhamos mais do que é habitual e quando as lá fui depositar fiquei maravilhada com o ambiente naquele mar de verde.
Nesse momento, que nem Andie MacDowell no Green Card, decidi que um dia haveria de ter uma estufa, nem que para isso tivesse de me casar com um francês narigudo…
A herança permitiu-me assim escapar a esse terrível destino. ;)

Entre a ideia e a sua concretização surgiram evidentemente muitas dúvidas. Não é propriamente como se o dinheiro não nos fizesse falta. Não é no entanto também como se nos fosse salvar o coiro.
Soubera eu o que estava a gerar que não teria tido um único segundo de hesitação, o nosso Jardim de Inverno tendo aumentado em mil por cento a minha qualidade de vida.

A nossa zona é extremamente ventosa, poucos são os dias que dão para realmente curtir o espaço exterior. Assim, o nosso pequeno jardim acabava por servir mais de papel de parede (ao qual é necessário cortar a relva e apanhar as ervas daninhas, ainda por cima) do que de real espaço de lazer.
Ao fazer uma estrutura em vidro à frente da sala, ficámos com uma antecâmara para o mesmo, passando assim a poder goza-lo sempre que há um raio de sol, verão ou inverno.

Este pequeno espaço paradisíaco é uma verdadeira ode aos sentidos. O ambiente feérico que proporciona a luz filtrada pelo verde das plantas, o cheiro a terra húmida e a jasmim de madrugada, o burburinho da água  no minúsculo lago ou os pássaros a cantar, tudo leva a um estado de paz e profundo bem-estar.

Quer seja durante o dia a ler um livro na rede ou a tricotar na espreguiçadeira, ou de noite, a beber um copo á luz das velas tremelicantes e aromáticas, sinto-me sempre bem. Almoçamos lá, jantamos lá, tomamos lá o pequeno almoço. Sempre que posso refugio-me lá, aproveitando cada minuto, cada segundo, cada intervalo.
Sozinha ou acompanhada, em família ou entre amigos, o ambiente é sempre mágico. Parece que aquele Oasis, como lhe chamaram, transmite boas vibrações.
Cinco minutos lá dentro (ou será que deveria dizer lá fora?!) e fico outra, regenerada, carregada de energia positiva, de serenidade, de paz de espírito.

Férias de sonho, destinos paradisíacos?!
Sim… mas passa tão rápido e sentimo-nos tão de passagem…
Este meu capricho (?!) fez com que o sítio onde me apetece mais estar de férias é mesmo em casa. Este sitio idílico tem o que nenhum resort de luxo em Bora Bora alguma vez terá, tem um pedaço de mim.

Podia ter este dinheirinho no banco para aconchegar os fins de mês?! Podia sim senhores. Era mais feliz se o tivesse lá? Duvido… duvido muito.

Carpe Diem


Obrigada, pai!!! :)

COM MUSICA
Enya - Amarantine

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