Quando, há cerca de dois anos, decidi atirar-me
de cabeça, aventurando-me no mundo das artes, fartei-me de procurar o
significado da palavra. Não consegui encontrar uma definição “universal” do que
é a arte, só opiniões diversas. Pessoalmente não tenho opinião
formada sobre o assunto, só sei que é o que quero fazer para o resto da minha
vida.
Encaro, no entanto, esta recém descoberta
vocação de forma completamente diferente do que provavelmente o teria feito se a tivesse
descoberto na juventude. Quando temos a vida pela frente, cheios de sonhos, de
objectivos, parecemos uns touros, levamos tudo à
frente. Se tivesse vinte anos, estaria provavelmente a candidatar-me a tudo
quanto é concurso, a sonhar com exposições internacionais, a tentar ganhar nome
no meio. Só que entretanto percebi o que,
para mim, é realmente importante na vida e fama e riqueza estão longe do topo
da lista.
Como não me farto de repetir neste blog, há
muito que me dei conta de que a coisa mais preciosa que temos na vida é o tempo, não só o nosso como o que partilhamos com os outros. É finito e não sabemos quando se esgotará, pelo que o
melhor é aproveita-lo bem. O meu, quero gasta-lo na companhia das pessoas de quem gosto, mantendo um ritmo de
vida pouco acelerado, quero gozar a minha casa, a minha família, os meus
animais, as minhas plantas.
Se não tivermos muito cuidado, uma vocação engole-nos. Dantes, ai de quem me falasse de trabalho nos momentos de lazer. Ficava logo virada do avesso,
ansiosa, desconfortável. Hoje em dia a minha cabeça não trabalha, diverte-se,
só ao meu corpo pesa a actividade. Sou eu que agora me torno chata, sempre a falar
dos meus projectos.
Trabalho muito, muito mesmo, trabalho muitas
horas por dia, todos os dias. Quando não estou a “fazer” estou a criar na minha cabeça, a
planear, a investigar, a estudar, a organizar, a divulgar. Nunca antes tinha
tido quaisquer problemas de sono, agora tenho agora terríveis “insónias criativas”,
como lhes chamo. Dei-me conta no outro dia de que adquiri uma adicção, não sou
capaz de passar um dia sem meter mãos à massa, sem fazer alguma coisa. Uma
amiga tem a teoria de que é o meu equivalente de meditação.
A realidade é que, a ideia de voltar a fazer
seja o que for na vida que não seja isto, não é para mim opção. Descobri uma
parte do meu ser que desconhecia e que não quero voltar a perder. Hei-de fazer
tudo o que estiver ao meu alcance, apostar tudo o que tiver para apostar, para
levar a água ao meu moinho, para conseguir um dia viver da minha arte,
humildemente, sem luxos, holofotes ou manias das grandezas.
Apesar de ainda ter muito para aprender,
aliás, na minha opinião, devemos aprender até morrer, dei agora nitidamente um
salto na direcção de uma identidade como artista. De todas as técnicas que utilizo,
a feltragem molhada é, sem qualquer sombra de dúvida, a minha preferida. Ultimamente,
não tenho praticamente feito outra coisa. Estou, neste momento, a preparar a minha
próxima exposição, que será no final de Setembro. Partilharei detalhes mais tarde,
dado que ainda estou em combinações com a galeria. Irá chamar-se “Lã & Luz”
e será uma colecção de peças iluminadas. Não sei se será um resquício dos meus
tempos da fotografa ou uma inspiração do que me vai na alma, no coração,
sinto-me iluminada por dentro, com um quentinho bom como o da lã…
Se não conhece ainda o meu trabalho, pode passar a conhecê-lo no meu site, onde encontrará também links para as redes
sociais. Gostos e partilhas são muito bem vindos. ;) Quer já esteja familiarizado com ele ou
não, sugiro que venha ver as minhas peças ao vivo, pois faz toda a diferença.
Dedico este post a todos aqueles que possam ainda estar à procura do seu chamamento. Sejam pacientes, nunca é tarde e
sabe bem em qualquer altura. ;)
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