quarta-feira, 4 de abril de 2007

Micro/Macro e complementaridade

Não se deixem iludir pelo título que vão perceber o que quero dizer... isto não é o Mataspeak... LOLOLOLOLOL

Ontem vimos um filme (aliás, vimos meio filme, que é comprido como o caraças e à uma da manhã resolvemos deixar o resto para outras núpcias...) de que gostei bastante.
Para quem esteja interessado é o Beyond Borders, com a Angelina Jolie.
Bem, o filme trata basicamente de ajuda humanitária.
É um grupo de malta que anda pelo mundo a ajudar.
Até ao ponto onde vimos, já tinham estado em África e no Vietname (ou Cambodja, já não sei...).
Um era médico, os outros nem por isso, e andavam juntos nessa guerra contra a miséria humana, a vacinar, tratar, alimentar, toda aquela gente perfeitamente desprotegida...

Dei por mim a pensar que gostava de fazer qualquer coisa do género... não em zonas de conflito, como era o caso no filme, que não tenho vocação para "reporter de guerra", mas num sítio menos perigoso, pelo menos a esse nível.
Fui para a cama a pensar nisso, apesar do sono e do atraso a limpar mijas da cadela...
Cheguei à conclusão de que não iria.
Fiquei confusa...
Senti tanta empatia com aquela gente, então não ia porquê?
Não ia porque tenho um filho.
Porque acho que as duas coisas não são compatíveis...

Hoje passei o dia, entre outras coisas, a pensar no assunto.
E cheguei a uma conclusão: hà gente para tudo.
Tenho estado a falar em voluntariado e ajuda, mas aplica-se na realidade a muito mais coisas...
Cada vez mais me dou conta de que existem vários mundos por aí.

Lembro-me uma vez, ainda eu namorava com o meu futuro-ex-marido, de estar a ir para Coimbra de comboio...
Tinha um teste de História da Arte na semana seguinte e estava a estudar.
Ás tantas levantei os olhos do livro, virei-me para um amigo que ia comigo e comentei qualquer coisa do género "que giro, sabias que o Picasso, blá, blá, blá...?"
Ficámos um bocado a falar sobre o assunto e voltámos a mergulhar cada um no seu livro.
O amigo em questão também estava a estudar... física.
Ele ás tantas voltou a levantar os olhos do livro e disse "sabes, tenho imensa inveja tua... eu também gostava de poder falar sobre o que estou a ler, mas tu não ias perceber nada..."
E era um facto.
Não teria percebido na altura, nem agora, nem nunca...
Nem isso nem uma data de outras coisas...

Ou seja, há uma data de malta que trabalha em campos cujo conceito eu nem consigo perceber quanto mais o detalhe...
O que que faz exactamente um físico de partículas?
Ou um engenheiro genético?
Como é a vida de um atleta profissional?
De um militar?
De um Astronauta?
De uma dona de casa com dez filhos?

Eu trato das finanças de minha casa, há quem trate do orçamento geral de estado...
Eu ponho betadine nas feridas do meu filho, há quem faça cirurgia cerebral...
Eu dou ordens à minha cadela, há quem dê ordens a um exercito...
(o micro e o macro tinham a ver com esta parte, caso não tenham percebido)
Ou seja, por este mundo fora há gente para tudo.
Há gente com tarefas em grande escala e gente com tarefas em pequena escala.
Há gente com vocação para coisas tão diferentes que parecem de facto mundos diferentes, ao ponto de, como no meu exemplo do comboio, ás vezes até ser impossível o diálogo...

Dando outro exemplo relativo a voluntariado, uma coisa que, como já devem ter percebido me atrai bastante.
Neste momento não tenho vida para fazer nenhum, mas há anos que ando a considerar a ideia.
Não era capaz, por exemplo, de trabalhar numa União Zoofila, por muito que goste de animais... Tenho o maior respeito e admiração por quem o faz, mas eu não era capaz. Ia ficar doente a pensar nas condições em que viviam os bichos...
Sinto-me no entanto capaz de trabalhar no IPO. Estranho não? Mas acho que tenho estômago para tentar alegrar alguém doente. Para deixar cravar as unhas de alguém com dores na minha mão porque sei que alivia. Para acompanhar alguém para que não morresse sozinho.
Uma coisa é mais válida do que outra? Não me parece...
A dona de casa com dez filhos tem menos valor do que o astronauta?
Não me parece também.

Cada um deve fazer o que sabe, o que pode, aquilo para o que sente vocação.
Eu sentir que, se fosse fazer voluntariado para Africa, ajudar aqueles meninos que não têm ninguém, que não têm nada, me ia impedir, a mim, de fazer um bom trabalho relativamente ao meu próprio filho é condenável?
Também não me parece.
Cada um sabe de si.
Há de haver quem consiga conciliar as duas coisas, eu sei que não conseguiria, não tenho coragem, energia, força para tal.
Se fizesse uma coisa ia garantidamente descurar a outra...

Mas será que não estou a criar um voluntário para ir para Africa? Ou um cirurgião? Ou um astronauta? (espero que não "uma"mãe de família, mas mais uma vez cada um sabe de si... LOL)
Ou seja, o que é importante é que haja de facto gente para tudo.
Que uns descubram a cura para as doenças e outros as apliquem.
Que uns investiguem a maneira de ir ao espaço e outros lá vão.
Que cada um dê o máximo de si, perceba o que gosta de fazer, o que é capaz de fazer e depois o faça bem...

Desta vez, mal ou bem, estava inspirada.
Ainda hei de voltar, nesta onda, ao tema daquele meu outro post que foi um flop total... LOL

4 comentários:

  1. São 10:32 da manhã, demasiado cedo para comentar seriamente o que escreveste (lá chegarei mais tarde).

    Mas não posso deixar de te dizer algo:

    Os acentos estão uma desgraça, para que é que te serve o corrector ortográfico que instalaste se não o utilizas? Ou escreveste isto no Word ou no Internet Explorer? Hmmm?

    Tsk Tsk... :-)

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  2. Olha filhote, nã sê...
    O corrector está instalado e estou a usa-lo.
    Escrevi isto directamente online.
    Não sei portanto o que te diga...
    Talvez que deixes de te preocupar tanto com paneleirices?
    LOL

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  3. Sobre o macro e o micro, tão nobre é a missão pequena como o grande, se a fizermos com o espírito certo:

    "O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do senhor. Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo ser como o senhor." (Mt,10,24)

    Sobre referências foleiras ao Mataspeak, estás perdoada:

    "Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado." (Mc,3,28)

    Mas não abuses da sorte.

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  4. Também eu quis durante muito tempo fazer voluntariado, ajudar alguém, fazer alguma coisa por este mundo, que não seja só mencionar o mal que ele está. Achava que não tinha tempo, jeito, paciência, nem sabia bem por onde começar... O desejo ficava lá no "to do list" ad-eterno...

    Curiosamente, o pedido de ajuda é que veio ter comigo. Hoje ajudo naquilo que sei fazer, ou seja desenvolvo uma série de trabalhos gráficos pro bono para uma associação sem fins lucrativos, que ajuda crianças, idosos, famílias acrenciadas, etc. (as if you don't know...).

    Para eles a ajuda é grande, para mim é cagada. Como quantifico então a minha prestação? É uma ajudinha porque não me custa nada, ou uma boa ajuda porque é importante para eles terem folhetos, brochuras etc. para irem pedir dinheiro aos manda-chuva? Basicamente caguei!

    Hoje em dia, acho que quando se quer mesmo muito qualquer coisa, isso acaba por vir ter connosco one way or another...

    (Eu quero muito ganhar o euromilhões, eu quero muito ganhar o euromilhões... bolas!)

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