sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Not fair...

COM MÚSICA



Gostamos de pensar que, se formos bonzinhos, se nos portarmos bem, se formos justos… o universo retribuirá.
Observamos no entanto que, infelizmente, nem sempre é bem assim.

Onde está a justiça numa mulher violada engravidar enquanto outras tentam desesperadamente ter filhos sem sucesso?!
Onde está a justiça em crianças perderem pais extremosos enquanto outras sofrem tormentos que parecem não ter fim nas mãos dos seus progenitores?!
Onde está a justiça em pessoas fantásticas sofrerem horrores devido a doenças ou acidentes enquanto verdadeiros filhos da mãe saltam levemente de nenúfar em nenúfar gozando de perfeita saúde?!
Etc, etc, etc…

Mas não só de “Injustiça Divina” sofremos na vida…
Não vou sequer entrar no campo da injustiça social, humanitária, etc… daria pano para mangas mas não era o que tinha em mente.
A realidade é que somos frequentemente injustiçados por quem nos rodeia, inclusivamente por quem está próximo e gosta genuinamente de nós, diria talvez até mais do que pelos outros. Acredito que, na maior parte das vezes, não seja voluntário ou sequer consciente… a tendência natural do ser humano não é propriamente ver o “outro lado” e, olhando predominantemente para o nosso próprio umbigo, muita coisa nos passará garantidamente ao lado.

A injustiça sendo das coisas que mais me revoltam, acredito em  fazer-lhe frente sempre que necessário. Tento estar constantemente atenta para não a praticar eu mesma e acho saudável e proveitoso fazê-la notar aos outros o que, embora nem sempre aconteça, muitas vezes faz com que seja assim corrigida.

Acontece que, para que isso seja possível, é necessária por um lado empatia e por outro capacidade de análise racional dos nossos actos e percepção do impacto das nossas acções nos outros. Ora, por razões diversas, geralmente de teor emocional, isso nem sempre é possível.

O exemplo mais flagrante do que estou a tentar transmitir é a adolescência, fase tão encantadora como terrível da vida do bicho homem. Altura em que geralmente as crias se revoltam contra os pais, cuspindo palavras e praticando actos de uma total injustiça.
Acontece no entanto com pessoas de todas as idades e em todo o tipo de relações.

Ora bem…
Acredito que a máxima que tenho em cabeçalho deste blog seja o caminho para atingirmos a serenidade, a paz de espírito.
Nesta questão (como em todas as outras…lol) parece-me fundamental a “sabedoria para perceber a diferença”… A realidade é que há injustiças contra as quais não vale a pena lutar, não vamos “mudar” nada.

As pessoas só vêem aquilo que querem ver e, volta não volta, ficam momentaneamente cegas e não há nada a fazer. Revoltarmo-nos contra esse estado das coisas serve para tanto como revoltarmo-nos contra o facto de termos partido uma perna, é um desgaste inútil.
Eventualmente os próprios um dia se dão conta disso, ou não… mas quanto a mim são casos em que convém termos “a serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar”.

Temos tendência a gritar a nossa indignação pois, vá-se lá saber porquê, temos a ilusão de que a vida deveria ser justa.
Pois meus amigos, azarete, não é.
Passar por este tipo de situações é tão natural como mandar uma biqueirada no pé da cama ou  levar uma joelhada nos tintins… Faz parte… ;)


3 comentários:

  1. Não é a primeira vez que te leio acerca do tema: mexe mesmo contigo. Damos por garantida a amizade dos amigos, e, muitas vezes, os acidentes são simplesmente fruto de descuido, coisas sem nenhuma importância que só vêm somar a muitas outras que andámos a armazenar. É como canta o Chico: "E qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água". Mas é mais fácil pedir contas aos amigos, já que eles não julgam, não prendem, não multam. Eu não acredito que se consiga prestar atenção a tudo, prever tudo. Como diz um famoso psiquiatra: "Faças o que fizeres, está mal feito".

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  2. A injustiça mexe sem dúvida comigo...
    Não percebo no entanto o que o resto do teu comentário tem a ver com o meu post. (?)
    Aliás, devo confessar que nem sequer percebi o que querias dizer, talvez por isso não consiga fazer a relação...
    Buááááááá...
    ;)

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  3. Já o tinha dito, há por esse lado uma fortíssima inteligencia emocional. De tempos a tempos, venho a si e raramente fico indiferente, as linhas têm um sentir proporcional aos dedos que as escrevem, têm coração.
    Hoje, parei aqui:"Onde está a justiça em crianças perderem pais extremosos enquanto outras sofrem tormentos que parecem não ter fim nas mãos dos seus progenitores?!" e aqui: "Acredito que, na maior parte das vezes, não seja voluntário ou sequer consciente… a tendência natural do ser humano não é propriamente ver o “outro lado” e, olhando predominantemente para o nosso próprio umbigo, muita coisa nos passará garantidamente ao lado". Fez-me ter presente a alienação parental que de perto acompanhei...voluntária, consciente e naturalmente maquiavélica, porque foi disso que se tratou.
    Garantidamente e seguindo umas outras linhas suas, sou apologista da substituição de "face amarfanhada" por uma outra, invariavelmente é assim que nos distinguimos. Neste caso concreto e por conta de um desfecho inesperado há uma impotencia, presente, de substituição facial num umbigo que nem meu era.
    Um beijinho

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