quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A peito

COM MÚSICA

Recentemente cheguei a uma conclusão que muito me tem ajudado; se as coisas boas e agradáveis que nos dirigem têm normalmente a ver com a nossa pessoa, com o que somos, com o que fazemos, o contrário já não é, na maior parte das vezes, verdade.


Embora não seja evidentemente sempre o caso, quando alguém de alguma forma nos magoa, quer seja através de palavras ou da sua omissão, de acções ou da ausência das mesmas, tem geralmente muito mais a ver com ela própria do que connosco.

Isto pode dever-se a “factores externos”; mau estar físico, um dia complicado, preocupações, stress, as fases da lua, sei lá eu…
Ou, ninguém sendo perfeito, aos nossos bugs, postos em evidência na relação com os outros. 
Mau feitio, agressividade, egoísmo, inveja, insegurança, ciúme, preconceito, prepotência, susceptibilidade, rancor, mentira, intolerância, etc, etc, etc… são coisas que facilmente, de alguma forma, podem atingir os outros, o que não quer dizer que o tenham obrigatoriamente “merecido”.
A tomada de consciência deste facto traz-me bastante serenidade e paz de espírito.

Como me dizia no outro dia um amigo, a quem tentava “vender” a teoria;
 “…foste omissa nas conclusões "meio filosóficas" que aparentemente deverão explicar porque motivo todos devemos seguir à risca o exemplo de Jesus Cristo.” lol

Confesso, envergonhadamente, não estar familiarizada com o exemplo de Jesus Cristo. Acho no entanto que percebi o que queria dizer, que julgo ter a ver com a história do “oferecer a outra face” e tal e coiso…
Não é nada disso que apregoo. ;)
Acho simplesmente que “entender” esta questão nos ajuda a ultrapassar a dor, digamos que funciona como um analgésico.

Assisti a um que outro episódio de uma série com reconstituições e relatos de sobreviventes de ataques de animais selvagens; crocodilos, ursos, tigres, pumas, elefantes, lobos, tubarões…
As pessoas foram desfiguradas, retalhadas, amputadas, algumas perderam familiares ou amigos. Passaram certamente por momentos atrozes, de dor física e psicológica.
Não houve no entanto uma única que demonstrasse ressentimento para com o animal em questão. Todas pareciam perfeitamente conscientes de que o que tinha acontecido se devia á natureza dos mesmos e ao azar das circunstâncias.

Este foi um exemplo caricatural do que estou a tentar transmitir mas que serve bem o propósito.
Não nego o sofrimento envolvido e estou certa de que, qualquer um deles, de futuro, terá muitíssimo cuidado para que a situação não se repita.
No entanto, esta compreensão das causas dos ataques parece trazer-lhes uma certa paz. 
Alguns deles, de certa maneira, até se “puseram a jeito”; o do tigre, por exemplo, enfiou o braço dentro da jaula… encara no entanto como uma consequência natural ter ficado sem ele.

A mágoa, o ressentimento, o levar a peito as situações e a vontade, ás vezes, de retribuir só provocam mais dor. 
Sermos capazes de, enquanto lambemos as feridas, perceber o que aconteceu e tentar resguardar-nos de futuras situações semelhantes, se possível, parece-me muito mais proveitoso e inteligente. ;)


6 comentários:

  1. Hmmm desculpa lá mas este teu post foi um bocado "pontiagudo" (if you know what I mean)... mas deixa lá, eu não vou levar as coisas a peito e não vou pensar menos de ti por isso.

    ;-)

    ResponderEliminar
  2. Nuninho querido do meu coração, tu, que já me conheces há vai para lá de um tempão, já devias saber o quanto as conversas crípticas me fazem amarinhar pelas paredes acima. Aflige-me não perceber o que me estão a dizer, preciso dos pontos nos iis e que me falem preto no branco.
    Dito isto, a única coisa que entendi do teu comentário foi que não era coisa boa com certeza, pois utilizaste a palavra "ponteagudo", o que é ponteagudo pica e o que pica dói... :(
    Podes ser um bocadinho mais claro?

    ResponderEliminar
  3. Olha, até estou contigo.
    Exceptuando as melgas. E outros parasitas sugadores. Entendo a natureza delas, e tudo, e tudo. Mas se pudesse exterminá-las a todas, qual entendimento, qual caraças! Só dou a outra face se estiver a dormir.

    ResponderEliminar
  4. "...julgo ter a ver com a história do “oferecer a outra face” e tal e coiso…
    Não é nada disso que apregoo. ;)"
    Grunf! ;)

    ResponderEliminar
  5. Olá! Muito boa tarde!

    Este blogue foi-me 'apresentado' por uma amiga que circula pelas 'lides' do facebook.

    Ainda não tinha tido oportunidade nem disponibilidade para o visitar e, verdade verdadinha, tinha-me esquecido. Ao arrumar o meu quarto, encontrei um texto que tinha impresso e que consta deste blogue, sobre as amizades, que achei maravilhoso. Acredito que as coisas acontecem quando têm de acontecer: despertou-me o apetite e, voilá!, aqui está uma nova seguidora! :)

    Acho este espaço francamente maravilhoso, repleto boas energias, e de um conjunto de palavras e pensamentos inteligentemente partilhados.

    Parabéns e obrigada!

    ResponderEliminar
  6. Eu é que agradeço, não é todos os dias que se lêem palavras simpáticas como as suas. ;)

    ResponderEliminar