COM MÚSICA
Algures durante a adolescência, perante o grande ponto de interrogação que era a minha vocação profissional, levaram-me a fazer um daqueles testes psicotécnicos, na esperança de uma luz sobre o que poderia ser o meu caminho.
Para além de me informarem que tinha um QI superior ao do chimpanzé, disseram que poderia “ser” basicamente o que quisesse, desde que para aí estivesse virada. Foi extremamente elucidativo.
A realidade é que não consegui escolher uma carreira…
Senti-me extraordinariamente atraída por algumas profissões mas, por razões que me ultrapassam, não encarreirei por nenhuma delas.
Fui seguindo a minha vida ao sabor do vento, fazendo um que outro curso, tendo um que outro trabalho, sem nunca me fixar em nada de concreto.
Todos nós conhecemos pessoas que não têm literalmente “tempo para nada”, que o passam a trabalhar para ganhar dinheiro e o pouco que lhes sobra a descansar do esforço.
Dizem que perguntaram uma vez ao Dalai Lama o que mais o surpreendia na humanidade, tendo ele respondido; “O homem, porque trabalha muito e perde muita saúde pra ganhar dinheiro, e quando o tem, perde muito para recuperar a saúde!!
Ora bem, cheguei à conclusão de que a afirmação de que tempo é dinheiro não podia estar mais certa… a maior parte das pessoas não tem é conta nesse banco para lá depositar os cheques…
Durante o meu percurso de vida tenho passado por épocas mais prósperas do que outras, não foram obrigatoriamente as mais felizes.
Não estou com isto a querer dizer que o dinheiro seja dispensável, estando bem ciente de que nos permite ter qualidade de vida, numa época em que quase tudo se paga.
Estou no entanto convencida de que é um daqueles venenos que tomados na dose certa podem salvar e usados descontroladamente matar.
Como toda a gente, faço sacrifícios em seu nome, pois há que ter com que pôr a sopa na mesa.
Nos nossos dias, no entanto, ganhar dinheiro facilmente se pode transformar em pescadinha de rabo na boca, e não estou a falar das que se fritam e comem com arroz de tomate.
A realidade é que quanto mais temos, mais queremos, e quanto mais queremos mais dinheiro temos de gerar para o obtermos.
Casas, carros, roupas, viagens, gadjets… tudo nos sai do pelo, a não ser que tenhamos ganho o euromilhões.
Por cada coisa que nos damos ao luxo de pagar, alguma outra perdemos certamente, entretidos que estávamos a tratar de a conseguir.
Cheguei recentemente à conclusão de que sempre fui extremamente ambiciosa, acreditando piamente na célebre afirmação de Benjamim Franklin.
O dinheiro não nos pode comprar tempo, mas o tempo equivale sem a mínima dúvida a muito dinheiro.
Acredito que as horas com o meu filho não tenham preço, o tempo que passo a ler-lhe histórias antes de dormir, a ajuda-lo a fazer os trabalhos de casa, os jogos que jogamos juntos, os passeios, as conversas. Não há dinheiro que pague o podermos dispor de umas horas para curtir um amigo ou simplesmente para o ajudar se disso precisar. Não é possível quantificar a qualidade do tempo passado sem stress, sem pressas, sem correrias, as horas passadas na companhia daqueles de quem gostamos, a fazer o que nos apeteça. E não podemos sem dúvida sempre fazer o que nos apetece mas podemos pelo menos tentar que aquilo que temos de fazer nos apeteça.
Ás vezes tenho a sensação de que a humanidade perdeu a noção das coisas. O homem anda tão ocupado a produzir riqueza, para conseguir atingir o que a sociedade moderna tem para lhe proporcionar, que se esquece de que muitas das melhores coisas da vida são à borla.
Trabalha tanto para lá chegar que não se dá conta de que está a gastar uma fortuna… em tempo. ;)
...é bem verdade amiga....as coisas mais simples são as melhores e a melhor delas é ir a tua casa jogar jogos!
ResponderEliminarPronto, mais uma agarrada... lol
ResponderEliminarÉs uma querida, Joaninha, merci. ;)