quinta-feira, 2 de abril de 2020

PANDEMIA – pequeno manual de sobrevivência emocional


   Não sei se terá passado pela cabeça de algum de nós a possibilidade de vir a viver o que vivemos neste momento. Num abrir e fechar de olhos, quase sem pré-aviso, encontramo-nos perante um cenário apocalíptico. Parece que, estilo Rosa purpura do Cairo mas ao contrário, entrámos para um daqueles filmes catástrofe de qualidade duvidosa. Julgo que não restem dúvidas para ninguém de que isto é mau e de que o pior ainda está para vir.
   Apesar de ser uma situação que, pela sua globalidade, nenhum ser humano vivo tinha experienciado até ao momento, não é a primeira pandemia que a humanidade enfrenta. A realidade é que nenhum de nós sabe como encarar uma situação destas e isso pode tornar-se aterrorizador, mais do que a própria doença. Acredito que, mais do que nunca, todos vivamos numa autêntica montanha russa emocional.
   Cada um terá a sua forma de lidar com esta provação. Partilho convosco a minha, as 3 regras de ouro que muito me têm ajudado a não descarrilar, a não ceder aos ataques de ansiedade e angústia que me batem regularmente à porta.
   A primeira é não lhes dar importância. Dada a gravidade da situação, é mais do que natural que nos assaltem, a sua duração e intensidade dependem no entanto de nós. Neste ponto do campeonato há que assumir que a humanidade está em sofrimento, que não há como escapar-lhe e, como tal, enfrenta-lo com coragem. Não é tempo para pieguices. Doi?! Aguenta! Dói ter um filho, partir uma perna, perder alguém que nos é querido, sentir amor não correspondido, a vida está cheia de dor… eventualmente passa. Tenhamos sempre presente que por cima das nuvens o céu está azul e o sol brilha. A pior coisa que podemos fazer são conjecturas sobre o futuro. Adivinhamo-lo muito difícil mas, no que toca a detalhes, a nossa imaginação apresentar-nos-á mil e um cenários dantescos, a maior parte dos quais não se virá a concretizar. Este é o momento de seguir a sábia frase; prognósticos, só depois do jogo!
   A segunda é; não se pré-ocupem, ocupem-se. Ocupem-se muito, não se deem descanso, não baixem os braços. Quer andem na rua (por não terem outra opção, espera-se) ou estejam fechados em casa, há sempre muito que possam fazer. Passar o dia colados às notícias não me parece, nitidamente, a opção mais saudável. Limpem, arrumem, organizem, criem, inventem, estudem, mas não parem, não se entreguem ao ócio. Dediquem-se áquilo que antes não tinham tempo para fazer. Aprendam coisas novas, explorem a vossa curiosidade, os vossos dotes, ponham projectos em marcha. Cansem o corpo e ocupem a mente, não deixem espaço para o disparate, para pensamentos parvos que não levam a lado nenhum.  
   Finalmente, calma aí com o distanciamento social. Podem estar momentaneamente proibidos os abraços e os beijinhos mas as palavras continuam a ter uma enorme importância, um enorme peso. Não se isolem, não se afastem, continuem a relacionar-se, mesmo que à distância. Temos o privilégio de, neste sentido, viver numa época maravilhosa, com uma série de ferramentas ao nosso dispor. Aproveitemo-las, não para ajudar a difundir fake news, ou espalhar o pânico mas para nos apoiarmos uns aos outros. Para compreendermos que estamos todos no mesmo barco e não nos sentirmos sós. Para conservarmos o imprescindível calor humano. 

Não sei se, tal como alguns esperam, o mundo vai mudar para melhor a seguir a isto, dado que


Mas






COM MÚSICA

2 comentários:

  1. Obrigada querida Cris, por tão bem sintetizares "and put it words", o que nos vai indo pela alma estes dias, falo por mim. Muaaaaa

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