domingo, 14 de outubro de 2007

Onde entra o beber, sai o saber.

Em questionários, à pergunta "bebe?" costuma haver como alternativas de resposta "sim/não/socialmente"...
Talvez se devesse acrescentar: "costumo engrossar-me socialmente"... talvez ao serem confrontadas com esta hipótese de resposta as pessoas se enxergassem...

Na minha pesquisa sobre o assunto encontrei um artigo que entre outras coisas diz o seguinte:
"A publicidade não se cansa de nos mostrar a imagem sempre jovem e bonita de quem bebe, reforçando a magia desta substância como símbolo de poder e de sucesso. Esta fascinação entra no dia-a-dia do cidadão comum, como facilitador de relações interpessoais e de integração grupal, porque o vinho faz parte das festas e está sempre presente nos momentos agradáveis de convívio social. Ele é tido como um bom lubrificante social, desinibe e é socialmente bem-aceite. Bebe-se porque se está contente e fica-se «contente» porque se bebeu."

I rest my case...

Mas no mesmo artigo diz também o seguinte:
"Porém, o processo gradual da degeneração do uso socialmente sancionado e controlado do álcool para o abuso descontrolado ocorre por motivos vários. Definir o limite individual entre o consumo social moderado e o consumo problemático é uma tarefa difícil. A capacidade de uns e a incapacidade de outros em controlar o seu modo de beber continua a ser um enigma."

A maior parte das pessoas já apanhou "uma piela" na vida, grande parte delas já apanhou várias, algumas apanham-nas com uma certa regularidade... onde está a fronteira para o alcoolismo?
A realidade é que acho que tendemos a ser demasiado tolerantes, demasiado complacentes, relativamente a este assunto.
Notem que a minha adega tem telhados de vidro... já apanhei pifos descomunais...

A maior parte de nós conhece alguém que o faz regularmente.
Malta que transforma os eventos sociais em ego-trips, impondo-se aos demais. Que fala mais e mais alto, que acha que tem "mais razão", que se está basicamente a cagar para o prazer, ou falta dele, que os outros possam tirar da ocasião. Parece que para eles quem não esteja no mesmo estado alcoolizado não se sabe na sua opinião divertir...
Quem não assistiu já ás chamadas figuras tristes, aos espectáculos patéticos proporcionados por uma falta momentânea de auto-censura? Quantas vezes os risos de uma noite não se transformam em embaraço na manhã seguinte?
Quem não viu já pessoas supostamente pacíficas tornar-se agressivas, pessoas tímidas tornar-se lascivas, etc...?
Quantas vezes não vimos pessoas, supostamente adultas e responsáveis, sentar-se ao volante de um carro neste estado?

Se lhes tentarmos chamar a atenção para o facto de que no casamento do João apanharam um pifo, no baptizado da Mariazinha também, na formatura do Joaquim grossos estavam e na despedida de solteiro do Artur já não davam uma para a caixa... zangam-se connosco! Pois claro então, momentos festivos são para celebrar... e reuniões de família também... e jantares com os amigos... e almoços de fim de semana... e qualquer ocasião em que haja álcool nas imediações... e quanto mais melhor que isso de beber um copito é para meninas... eu cá aguento o álcool como ninguém.

E o que fazemos nós?
Metemos o rabinho entre as pernas e ri-mo-nos, relevamos, brincamos com o assunto, fazemos graças e arranjamos alcunhas que lhes atribuimos com ternura...
Comemos com eles, deixamos que nos lixem as ocasiões com as suas exuberâncias, com os seus disparates, ou vamos atrás para não ficar mal vistos pelo bobo da corte, para não dar parte fraca.
Afinal de contas eles são fantásticos, são alegres, divertidos, inteligentes...

E se ninguém os tentar parar, um dia podemos encontra-los caídos no passeio com um tetrapack de Quinta da Eira na mão ou espetados contra uma arvore.

Aqui jaz António dos Anzois Carapuça, carinhosamente denominado "A esponja", era um gajo porreiro e divertido, deixou dois filhos pequeninos mas, what the hell, alguém os há de criar...

Violento este meu post?!
Talvez, não podem ser todos divertidos...
"Tudo o que é demais cheira mal", prefiro ser considerada a chata de serviço, a careta, a empata fodas (assim como assim já estou habituada) do que ser testemunha calada de uma triste degradação humana...


Je Bois - Boris Vian

11 comentários:

  1. Não é que eu não concorde, mas depois deste post não vou beber nada à tua frente que não seja capilé.

    E o rapaz apessoado que aparece na foto - George Clowny, penso eu - não era dono de um café? Agora também está no negócio dos bebes?

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  2. Deixa estar Carlos, comparado com certas e determinadas pessoas o teu uísquezinho ou um copo que outro de tinto passaria completamente despercebido... :-) LOL

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  3. Olá Cricri,

    Vou agora comentar o post da Lei da Atracção por fazer agora mais sentido depois dos posts mais recentes.

    Da minha observação pessoal, constato sim que a Lei da Atracção parece funcionar.

    Por outro lado, constato também que é muito comum nós termos sentimentos e intenções contraditórios, instáveis ou incobertos:
    1) Por vezes queremos certos aspectos de uma coisa mas não queremos outros aspectos.
    2) Por vezes queremos uma coisa num dia e não queremos noutro, e depois voltamos a querer.
    3) Por vezes queremos uma coisa mas temos medo da não a merecer, o que é uma forma de não querer.

    O resultado desta salada de intenções, é uma salada de atracções. O resultado... é a nossa vida.

    Pelo que a revelação da "Lei da Atracção" de nada serve sem nós passarmos a controlar a nossa fábrica de atracções, isto é a nossa fonte dos desejos e dos medos: as nossas mentes.

    Faz sentido?

    Love and Kisses,

    p

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  4. Sim, faz todo o sentido... mas se não se entender a Lei da Atracção a "preto e branco" o que dizes está "previsto".
    O que não quer dizer que seja fácil...

    Aliás, devo-te dizer que cada vez mais acho que nada na vida é fácil e que é possível ser-se feliz sim mas que, seja por onde for que se lá chegue, dá sempre muito trabalhinho. Uma pessoa não se pode distrair um segundo que já está a fazer merda... é a nossa tendência natural... LOL

    Relativamente aos teus três pontos tenho a dizer o seguinte:
    1º) Não há bela sem senão... não se pode querer só as partes boas de uma coisa. A questão é só portanto decidir se se quer de facto a "coisa" em questão (com os seus prós e contras) ou não.
    E quanto a isto tenho aqui a fazer uma observação: "querida Maria já não sou anormal..." ou melhor, provavelmente continuo a ser, mas agora quero ganhar o Euromilhões... (tenho cá as minhas razões, LOLOLOLOLOLOL ;)
    2º) Isso de querer uma coisa num dia, outra no outro e passar a vida aos pulinhos, chama-se inconstância e é muito mau para a felicidade. As coisas não acontecem do pé para a mão e se quando acontecem já não é isso que queremos estamos mal...
    3º)Quem é que decide se merecemos alguma coisa ou não? Este ponto dava pano para mangas... LOL
    Mas basicamente sim, se acharmos que "não merecemos", não queremos.

    Ou seja, concordo contigo, teríamos de controlar as nossas mentes e perceber o porquê das nossas reacções, o que está longe de ser fácil.
    A parte boa da coisa é que acredito que esta coisa tb funcione parcialmente, de uma forma genérica...

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  5. Ainda sobre a lei da atracção. Aquilo que chamamos lei da atracção pode ser muito simplesmente um fenómeno de "self-fulfilling prophecy".

    Se estamos bem, tipicamente fazemos as coisas com mais desenvoltura, com mais discernimento, e elas resultam bem. Por outro lado, se estamos bem tendemos a ver sobretudo o lado bom das coisas ou dar pouco valor ao lado mau.

    Se estamos mal, tendemos a fazer erros, a deixar cair as coisas da mão, a apagar ficheiros por engano. Isso aumenta os nervos e leva-nos a fazer pior ainda. Por outro lado, filtramos tudo o que nos aparece para só ver o lado mau. Sempre que pensamos nalguma coisa, decidimos "morrer de véspera".

    Tanto uma situação como a outra são tendencialmente retroalimentadas: o bom amplifica o bom e o mau amplifica o mau.

    Tal não quer dizer que a "atracção" seja uma "lei", no sentido da "lei da gravitação universal": nunca vi uma maçã a subir sózinha em direcção à árvore, mas há pessoas felizes e com uma atitude positiva diante da vida a quem um dia aconteceu uma desgraça irremediável, como perder um filho e pessoas intratáveis a quem saíu o euromilhões ou um cônjuge que os ature.

    E uma "lei" com excepções não é uma lei, embora possa ser uma tendência. Neste caso, resultante da sua própria dinâmica.

    Lá diz o povo, na sua sabedoria ancestral "ajuda-te e o Céu ajudar-te-á".

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  6. Ois malta!
    Antes de mais quero dizer que adoro vir ler isto - posso não deixar o meu comment - mas adoro ler estas coisas que tu escreves cristina!

    É engraçado porque qd leio os teus posts acontece-me muitas vezes identificar-me com as tuas ideias, é mais ou menos quando a pessoa lê um livro e nalgumas partes pensa que o autor do livro nos conhece pois descreve emoções/sentimentos (muito intimas) em situações idênticas às que nós já passamos na vida.
    O que me leva a concluir que não és uma perfeita anormal ---> tens sentimentos/ideias/emoções parecidas com o comum do mortal ;)

    Quanto à 'lei' da atracção: I LOVE IT !! Dá-me uma enorme sensação de controlo/segurança quando sei que a felicidade sou eu que a faço: I make it happen (or not); é giro 'jogar' com o mundo/vida com essa segurança e essa responsabilidade: no one to blame but myself! São raras as coisas que podemos mesmo controlar e o decidir ser feliz é uma cena altamente fácil (nisso não estou de acordo quando dizes: 'nada na vida é fácil e que é possível ser-se feliz sim mas que, seja por onde for que se lá chegue, dá sempre muito trabalhinho'); é fácil na medida em que és TU que tomas essa decisão e controlas essa decisão... se encontras dificuldades na vida, essas dificuldades são exteriores - coisas que tu não controlas - massssssssss podes decidir ser feliz apesar de haver dificuldades na vida as quais tu não controlas, mas dentro de ti tomaste a decisão de ser feliz - essas ditas 'dificuldades' são pedras no caminho que te vão dando oportunidades para concretizares a decisão que tomaste: ser feliz....

    O universo está sempre a por essa tua decisão em causa - mas não consegue controlar essa decisão, pois é a unica coisa que a pessoa pode mesmo decidir (sozinha) sem 'pedir licença'a ninguem.

    Pode parecer meio teorico mas acredito que ser-se feliz (overall) é uma decisão nossa a qual uma vez tomada e aceite cria uma certa segurança que controlamos e que nos fortalece perante as tais dificuldades da vida. O unico trabalho que existe é aceitar a decisão.

    Agora sobre este post: beber ou não beber... very hard... se por um lado o alcool tem um efeito de lubrificante social por outro pode causar embaraço especialmente on the day after.... Ja as operações de marketing apenas mostram a parte do convivio social da boa disposição aparente causada pelo alcool - mas tb acaba sempre a dizer algo do genero 'beba com moderação' mas que raio é beber com moderação?!?! É que uma cerveja atrai outra e outra e outra... oh my god... às duas por três a moderação morreu... fazer o quê?

    Não sei ....

    Bêjosssssss a todos!

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  7. Respondendo ao Carlinhos:
    Estou de acordo que a "Lei" da Atracção não possa ser rotulada de Lei. Mas acho que apesar de tudo, e para mim inexplicavelmente, acaba por ser mais do que aquilo que descreves e que não deixa no entanto de ser verdade de qualquer maneira.

    "...a quem saíu o euromilhões ou um cônjuge que os ature."?!
    LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
    A ti saiu-te o cônjuge que te atura, parabéns... LOLOLOLOLOLOLOLOLOL

    Respondendo à Martinha:
    Para começar, obrigada querida leitora, fico muito contente que aprecie "as sopas" ;)

    Quanto à "lei" da atracção, o facto de seres tu a controlar a situação não quer dizer que seja fácil...
    Se quiseres é como se fosses piloto de rallyes, tipo sabes dominar o carro, da-te gozo guia-lo, controla-lo, mas não quer dizer que seja fácil.

    Quanto a este post, a questão que me ponho é onde acaba o "bebedor social" e começa o bêbedo?!

    Quase toda a gente bebe ocasionalmente e muitas das pessoas que bebem apanham um pifo volta não volta...

    Quando as mesmas pessoas se engrossam sempre que têm oportunidade... quando em ocasiões sociais deixa de ser excepção para ser "regra" o estado de embriagues, mais ou menos acentuado... quando qualquer desculpa é boa para apanhar uma narsa, começo a achar preocupante... Sobretudo quando essas pessoas não estão mínimamente preocupadas com o assunto.

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  8. Cri, eu adicionaria mais dois pontos em relação a factores preocupantes (sobre o álcool):

    - Quando já nem é preciso desculpa para apanhar um pifo, basta existir álcool aleatório á frente.

    - Quando não se tem sequer a noção que se está grosso (especialmente quando toda a gente à volta já topou a milhas).

    - E especialmente, quando se perdeu a noção que as grossuras são frequentes e repetidas (fase em que se entra em denial e a pessoa torna-se agressivo a quem aponta o facto.

    Isto vem da minha experiência com o assunto (como sabes).
    E se bem que não atire pedras (já apanhei a minha quota parte de pifos...). De cada vez mais penso que não há desculpas. Nem para o pifo solitário nem para o pifo social.

    Um tipo quando se engrossa deixa de ser quem é. Na melhor das hipóteses capota no sofá ou no chão ou faz figura de parvo. Na pior das hipóteses espeta-se a ele(a) e à família contra o muro.

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  9. Don't understand a single word

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  10. @Matt: You're not missing a thing m8, we were really talking about turnips.
    :-)

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